O beijo continuou, quase me tirando todo o ar. A pequena pausa que Castiel fez para recuperar-mos o ar foi suficiente para eu recuperar a minha consciência e reunir forças para afastá-lo.

–P-Pára Castiel! - disse eu, empurrando-o um pouco para longe de mim mas não muito pois ele me segurava de maneira a que não me afastasse muito.

–Obriga-me se conseguires. - desafiou-me ele, voltando-me a puxar e a beijar.

Voltei a perder um pouco do meu controle e fechei os olhos, mas mesmo assim consegui poisar as mãos no seu peito e tentei obrigar-me a empurrá-lo, mas estava com tão pouca força que o meu empurrão não causou efeito nenhum. Sentia como que os braços cansados por o ter tentado empurrar para longe de mim e fiquei chateada comigo própria por ser tão fraca.

Senti ele dar uns passos para a frente e para eu não cair, dei uns para trás, indo contra o sofá. Ele inclinou-se para mim e eu para trás. Como reacção automática agarrei-me a ele, rodeando o seu pescoço com os meus braços, com medo de cair para trás. Esta minha reação só o fez aumentar a intensidade do beijo, tornando-o mais viciante. Eu queria o beijo dele, mas ao mesmo tempo não queria. Esta enorme confusão que ia na minha cabeça baralhava-me as ideias, o que me irritava um pouco.

Ele fez deslizar a sua boca dos meus lábios para o meu pescoço, dando pequenos beijos na minha pele destapada, fazendo-me arrepiar.

–Castiel... pára... - pedi eu com custo.

Senti que ele rira-se um pouco enquanto deslizava a ponta do seu nariz na minha pele e ia-me beijando quando quisesse. Da ponta do nariz passou para os lábios de novo e enquanto fazia caminho de novo para a minha boca, a sua respiração ia-me arrepiando a pele. Entreabri os olhos assim que ele parou e dei com os olhos dele procurando os meus. Já vira aquele olhar algumas vezes, mas nunca o vira tão intensificado.

–Queres que eu pare? - perguntou-me ele.

Queria responder que sim mas a voz custava-me a sair. Demorei um pouco demais do que devia, mas com muito esforço eu consegui dizer:

–Q-Quero...

Ele sorriu-me de forma irónica e irritante.

–Não é isso que os teus lábios dizem.

Comecei a voltar mais a mim por causa da sua mania irritante de me provocar.

–Mas é o que eu estou a dizer.

–Então tenta afastar-me. - desafiou-me ele.

Fiz deslizar as minhas mãos desde o seu pescoço até ao seu peito e quando o ia empurrar ele beijou-me logo de repente de novo. O problema dele foi ter começado a despertar a minha ira, pelo que empurrei afastando-o de mim. Ele parou de me beijar e largou-me. Castiel pôs uma mão de cada meu lado e afastou-se um pouco de mim, para que eu conseguisse por-me direita.

–Tu gostas de mim. - afirmou ele.

–Não. - disse.

Ele riu-se ironicamente.

–Mentes muito mal, Melinda.

Virei-lhe a cara.

–Não estou a mentir.

Senti ele a aproximar-se e voltei a olhá-lo.

–Pára Castiel. Já chega.

Ele parou e olhou-me. O seu olhar mudara. O seu olhar quente passara para magoado e meio irritado, ao mesmo tempo, escondido por um olhar de raiva notório.

–Porquê? Por causa do teu querido Nathaniel?

–E se for, que tens haver com isso? - desafiei.

–Não vou perder para um cara daqueles!

Ele aproximara-se um pouco ao dizer isto e as nossas respirações voltaram a misturar-se. Via a sua determinação patente no seu olhar e sabia que ele fará qualquer coisa para concretizar o que acabara de dizer.

–Já alguma vez se beijaram? - perguntou-me ele de repente.

–E volto a repetir: o que tens haver com isso?

–O meu beijo é melhor que o dele?

Fiquei irritada por ele me conhecer o suficiente para decifrar sempre as entrelinhas do que eu digo que apenas abri a boca, irritada, pensando que ele só merecia que eu dissesse um não bem redondo.

–Nem tem comparação!

Ele deu-me um sorriso irónico, mas bastante irritado.

–Mentes tão mal. Vou-te mostrar que o meu é melhor.

Dito isto voltou-me a beijar. O seu beijo agora era mais bruto, como se ele estivesse desesperado por me fazer mudar de ideias. Ia para me afastar, mas ele segurou a minha cara com as suas mãos, impedindo que eu parasse aquele beijo. Podia simplesmente para de mexer a minha boca para para com aquele beijo, mas o beijo de Castiel era simplesmente viciante como uma droga. Tentei empurrá-lo mas ele já esperava essa reação de mim, pelo que não teve efeito.

Foi quando senti uma lágrima a escorrer pela minha face, seguida de mais outras. A lágrima seguiu para o nosso beijo e o sabor salgado fez-se notar. Castiel parou logo de seguida, como que alarmado e olhou-me. As lágrimas escorriam e eu já não o afastava mais.

–Melinda, eu...

A vergonha por estar a chorar à frente dele fez-me desviar o olhar do dele. Ele soltou a minha cara e eu desviei-a.

–Desculpa.

Foi nesta palavra que nunca ouvira sair da boca de Castiel que ele saiu quase a correr. Ainda olhei para ele, mas ele já saia da biblioteca. Nunca ouvira Castiel pedir desculpa... mas a forma como ele disse mexeu dentro de mim de uma forma dolorosa.

"Castiel..." tentei dizer, mas apenas a palavra saiu na minha cabeça.

"Castiel... Castiel...! ..."

–Cas...tiel. - sussurrei finalmente.

Ouvi passos no corredor, mas não eram nem de Castiel nem de Nathaniel. Eram rápidos e notava-se que eram produzidos por sapatos de rapariga. Rapidamente limpei a cara, peguei na minha mochila e sai dali. Não estava ninguém no corredor, pelo que já deviam ter ido embora. Sai da escola quase a correr, rezando para que ninguém me visse, principalmente Nathaniel, e me perguntasse o que se passara e porque tinha cara de quem chorara. Já me fora embaraçoso ter sido Castiel a ver-me chorar... não queria que mais ninguém visse o meu lado fraco e frágil que tenho.

Cheguei a casa o fui logo a correr para a casa de banho para ver se os meus olhos de choro já desapareceram. Violette não estava dentro de casa. Possivelmente estava de novo no jardim a desenhar tudo o que podia. Não queria que ela me visse naquela hora pois ela era das poucas pessoas que percebiam se algo se passava comigo. Apenas me atirei para cima da cama e evitei pensar em algo, adormecendo logo de seguida.