Ilusão escrita por Mara S


Capítulo 10
Um Final Quase Feliz




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A chuva não parara quando Dante chegou ao local onde havia deixado Beatriz. Caminhou até o quarto decidido que não contaria toda a história para jovem temendo assustá-la com possíveis retornos de Livia, não sabia se era o certo, mas era melhor que afirmar que a luta não fora tão bem sucedida como imaginava. Apesar de aprisionada a mulher; nada confirmava a hipótese de que ela não poderia voltar, qualquer que fosse seu objetivo que ainda não estava claro para Dante. “Despertar algo bem maior” a frase continuava a martelar em sua cabeça... Infelizmente, nada podia ser feito. As soluções viriam com o tempo, assim esperava. Com um suspiro profundo abriu a porta do quarto e encontrou Beatriz sentada na cama com um olhar misto de preocupação e irritação; pelo menos tudo estava bem, Dante pensou.

Beatriz o analisou antes de falar curiosa:

- Então... Parece que tudo saiu bem.

- Sim. Não tudo, mas acredito que esteja a salvo.

- O que você quer dizer com “não tudo”?

- Quero dizer que cada dia que passa parece que a ambição humana cresce mais ainda... Eles usaram você pra algum ritual envolvendo demônios poderosíssimos, como a que vi. Ela não me disse muitas coisas, demônios não gostam de dialogar. De qualquer forma ela está no lugar que não deveria ter saído e a seita ou o que quer que seja não vai mais procurar vitimas para rituais demoníacos. O cara morreu mesmo. – Dante respirou cansado e sentou-se no chão apoiado na cama, tirou suas pistolas e a Rebellion e continuou – Eu não sei como eles ainda teimam em tentar trazer demônios para cá, como se fosse algo possível de se controlar, como se já não tivesse muitos problemas com os que ficaram por aqui.

Beatriz apenas o fitava curiosa. Parecia que Dante estava realmente irritado com algo que ainda não sabia o que seria.

- Se você conseguiu vencer por que está tão desanimado?

Dante olhou demoradamente sua espada antes de responder a pergunta de Beatriz.

- Você não precisa saber disso, além do mais, não tem nada a ver com seu problema. Isso eu já resolvi – Dante mentiu sem muito orgulho de está-lo fazendo.

- Eu já percebi. Tudo bem se não quiser falar sobre a parte que não deu certo na luta. – respirou profundamente antes de continuar o diálogo – Sabe... Você me pareceu ser um cara legal; espero que não se deixe abalar pelas coisas ao seu redor.

- Realmente, na maior parte das vezes eu não me deixo abalar.

Percebendo que aquela conversa estava caminhando para a relação de Dante com seu passado e que logo chegaria ao assunto que menos queria discutir no dia: Vergil - decidiu mudar o foco da conversa e voltar ao normal.

- Gostou de seu descanso? – Dante falou de repente voltando-se para ela.

Beatriz por alguns segundos ficou quieta pensando se realmente Dante estava bem, mas logo decidiu também esquecer o assunto discutido e com ar de indignação respondeu:

- Se você vê como descanso tudo isso... Ficar presa aqui enquanto você faz sei lá o que.

- Sinto um quê de preocupação na sua voz. Obrigado. – Dante falou sorrindo levantando-se com ar triunfante.

- Voltou ao normal, eu vejo. – Beatriz falou erguendo uma das sobrancelhas. – É natural que me preocupe.

- Sim... – falou com um tom jocoso voltando para o corredor.

Beatriz o seguiu inconformada. – Nada mais que isso. Não imagine demais.

- É você que diz. A propósito... – Dante que já estava na saída voltou-se para Beatriz que havia parado a poucos metros dele com os braços cruzados. – Eu ainda estou esperando discutirmos sobre a forma que vai pagar pelos meus serviços.

- Está? Eu não me lembro de ter concordado que haveria qualquer tipo de diálogo. – falou em um tom de difícil interpretação.

Dante naturalmente interpretou da maneira que lhe convinha e caminhando até ela disse:

- Eu estive pensando...

Dito isso se aproximou mais do rosto de Beatriz e lhe beijou antes que ela pudesse apresentar alguma resistência. Um beijo longo que pareceu ter roubado qualquer força de Dante. Assim que o soltou falou maliciosamente:

- Acho que está bom, depois de me prender, acredito que um beijo é mais que o suficiente. Além do que, isso nunca poderia continuar. Foi uma missão.

Abriu a porta deixando um Dante sem reação, o que não era comum, ainda dentro da casa.

Depois de alguns minutos Dante voltou para o lado de Beatriz enquanto ela caminhava pelas ruas desertas. A chuva agora caia fracamente. Não trocaram uma palavra por longos minutos até que o silêncio foi cortado por Beatriz que parara bruscamente.

- Espero te encontrar em outras circunstâncias.

Dante que não havia percebido sua ausência olhou para trás, a procurando, sem entender bem aonde ela iria chegar.

- Bem, aqui estamos nós em uma circunstância diferente, você está indo comigo para Devil May Cry.

- Você sabe que eu não vou. Eu agradeço pelo o que fez comigo e também peço desculpas pelas pequenas coisas...

- Claro... Por que estou surpreso? – falou colocando as mãos no bolso. De alguma forma havia se acostumado com a presença de Beatriz, mesmo sendo tão diferente... Talvez fora isso que o atraíra. Somente agora percebendo o estrago que havia feito com ele.

- Bem eu vou seguir minha vida... Creio eu que de uma forma um pouco diferente. Sua culpa. – sorriu antes de concluir – A cidade não é tão grande assim. Quem sabe um dia, não?

- Que não seja caçando demônios...

Ela riu de uma forma muito bonita e acenando com a mão virou-se na direção contrária.

- Boa sorte. – Dante falou esperando que Beatriz não ouvisse, mas ela disse enquanto caminhava:

- Depois de tudo isso... Vou precisar.

Dante a observou desaparecer ao longe antes de voltar sua caminhada que nunca pareceu tão longa para a loja. Foram raros os momentos em que se sentia tão fraco, refletiu, e essas últimas horas o deixaram assim... Fraco.


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