A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Amores, só pra você saberem que eu não revisei porque no iPad é uma bela bosta. Quando meu pai chegar com meu mouse hoje ou amanhã (Aleluia!) eu corrijo os erros que podem existir aí.
Bom capítulo!
Ah, se o formato não estiver normal, me avisem que eu arrumo um jeitinho de consertar.



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Algumas semanas se passaram desde o dia em que Ana descobrira que estava em maus lençóis. Seu pai desistira de permitir sua saída da faculdade dia de semana devido o ocorrido, o que a fez deixar seu apartamento só por um longo tempo por preguiça de sair no final de semana. Ela teria que ficar nos dormitórios de qualquer forma, já que ele ficou selado por duas semanas para uma investigação crimimalística. Os resultados foram um tanto frustrantes, pois só havia uma pegada de tamanho 42 e nada mais. - Não era dela e nem de Lucas, já que o garoto calçava 39 e ela 37. - Por tanto, mesmo que ela estivesse em perigo, a polícia não podia fazer nada a não ser investigar. O único consolo dela foi que o detetive Rick James estava disposto a ajudá-la, pois insistia na teoria de que ela fosse algum tipo de objeto de obsessão do "Blue Killer". - A mídia insistira que o assassino deveria ter um nome, e acabaram por pôr aquele. Ana, particularmente, achava comum.

E após toda aquela confusão e todo aquele desespero, ela ainda frequentava as aulas normalmente. Ethan era um excelente professor, ensinava com maestria. Tanto literatura quanto teatro. A maioria dos alunos já o consideravam o educador favorito com os métodos favoritos. Apesar do clima extremamente desconfortável que havia em artes cênicas devido Jéssica estar na turma, a aula fluía maravilhosamente. Tão maravilhosamente que eles já discutiam sobre fechar um dia com o teatro principal da cidade e fazerem uma peça de teatro. A história ainda não havia sido decidida, mas a maioria votara que o professor fizesse parte e escolhesse. - Apenas duas pessoas votaram contra. Sobrenomes? Ambos começam com S.

Quando as coisas finalmente se acalmaram, o destino resolveu pregar uma peça em Ana. Ela acordara no pior dia do ano. - Seu aniversário de 24 anos. Todos sabiam que aquela data não era nada comemorativa, nem para ela e nem para seu pai. E muito menos para Roberta, que se sentia péssima ao ver o marido em luto pela primeira esposa depois de tantos anos. A morte de Elizabeth Smith foi muito drástica e triste que acabou por deixar uma marca eterna neles dois. Ana nunca mais comemorou aquela data, somente uma única vez aos seus dezesseis anos. Não fora uma festa tão ruim, apesar de seu pai ter passado-a praticamente trancado dentro do quarto.

*Flashback

"20/09/2005 - Sweet terrible Sixteen." Ana lera o que tinha escrito no calendário que ficava em cima de sua escrivaninha com certa hesitação. Não estava tão animada para aquele dia quanto seus amigos, ainda se sentia péssima ao acordar de manhã e lembrar que sua mãe se jogara da janela do quarto ao lado do seu. E o mais difícil era ver o rosto em luto de seu pai, que provavelmente nem iria na festa que seus amigos prepararam para ela. Afinal, na mente dele não eram seus dezesseis anos, e sim o aniversário de seis anos da morte de Elizabeth Smith; a quem todos adoravam e ele amava, ainda, profundamente. E o fato de não saber o porquê dela ter tirado a própria vida o agoniava ainda mais.

Ana achava que pelo menos no turno da manhã ela poderia caminhar pela casa com um semblante triste e depois ir até ao "quarto proibido" e sentar na janela que seu pai mais odiava. E apesar de odiar o antigo quarto de casal, ele não tinha coragem de se mudar, a casa representava muita coisa.

Era uma tradição dela sentar e cantar a canção de ninar que sua mãe cantava quando iam dormir. Queria prestar luto antes de ir comemorar mais uma volta da Terra em torno do sol desde o dia em que nasceu como fazia todos os anos, mas assim que colocou o roupão e saiu do quarto repetindo a letra da canção, seu celular vibrou. No visor dele apareceu: "Desce agora! Estamos aqui - L."

Ela realmente queria estar alegre pelo gesto deles, e quase ficou, até passar pelo escritório de seu pai e o ver sentado na mesa - Já de manhã. - segurando o porta-retrato com uma foto em preto e branco de Elizabeth. Foram muitos anos ouvindo: "Meus pêsames" ao invés de "Meus parabéns". Então mesmo que quisesse estar feliz, as circunstâncias só a deixavam mais deprimida. Mas, para deixar seus amigos satisfeitos, desceu as escadas. Ao chegar à copa ouviu algumas vozes. Ela suspirou. Ficou em frente ao espelho por algum tempo, tentando emitir alguma coisa parecida com um sorriso. Quando finalmente conseguiu moldá-lo, cruzou os braços abaixo dos seios e foi em direção à cozinha dando passos muito curtos e lentos, como se não quisesse chegar.

A primeira coisa que viu ao parar no arco que ligava a copa à cozinha foi Lucas parado ao lado esquerdo do fogão de última geração que nem ela e nem o pai sabiam mexer direito. E logo depois sentiu o cheiro do bacon invadir as narinas. Ignorou completamente as outras três pessoas sentadas na enorme mesa de café-da-manhã e foi em direção a ele. Sua boca se encheu d'água, fazia tempo que não tinha comida decente em casa, pois ninguém tinha vontade de cozinhar.

Ficou parada ali olhando para Lucas um bom tempo, esperando algum tipo de explicação ou que o café fosse servido. Ana só se virou para trás quando reconheceu as vozes que vinham do lado esquerdo da cozinha que murmuravam alguns comentários engraçadinhos como: "A educação mandou lembranças" ou "Bela roupão, comprou aonde?".

— Bom dia. E parabéns. - Disse Lucas com um sorriso educado no rosto.

Era engraçado como ele sempre sabia o que dizer. A maioria das pessoas diziam feliz aniversário mesmo sabendo que o dia seria somente de tristeza. Exceto Lucas, pois era o único que conseguia entender a situação.

— Obrigada. - O abraçou com cuidado para não correr o risco do óleo respingar nela. - Não precisava cozinhar nada, você exageram demais.

— É claro que precisava! - Exclamou Nate. - Você realmente acha que te poderíamos lhe deixar com fome no seu aniversário?

— Sim, poderíamos. Mas Victoria convence qualquer um a fazer o que ela quer. - Disse Pablo em um tom brincalhão. - E eu garanto que esse é só o começo da mordomia.

— Calúnia! - Disse a garota se levantando com um falso tom de ofendida. - Todos vieram porque concordaram, parem de jogar tudo pra cima de mim.

— É, parem de dizer mentiras sobre minha namorada ou os dois ficarão sem comer. - Disse Lucas pondo tudo que tinha feito em três pratos. Ele foi até os garotos e pôs os pratos na mesa.

Ana permaneceu parada ao lado do fogão enquanto encarava o vazio. Pensava em como eles podiam comemorar alguma coisa sendo que nem ela estava disposta a isso. Talvez achassem que não tinha o mesmo tipo de luto de Elliot e queriam que ela saísse de casa para não se contaminar com a depressão que consistia naquela casa. Ainda assim, ela não se perdoaria se sorrisse em um dia como aquele. Não sem o recuperamento total do pai.

— Ana? Está tudo bem? - Perguntou Victoria preocupada.

— Não. - A frieza com que ela disse aquilo assustou os quatro. Nenhum deles estava preparado. – Eu nunca vou estar bem no dia 20.

E fora assim que começara seu aniversário de dezesseis anos, em um clima nada confortável.

Mesmo assim o resto do dia foi tranquilo para os seus amigos. Conforme eles organizavam, ou mandavam seus empregados organizarem a festa de "Sweet Sixteen" de Ana, eles debatiam sobre como deixá-la animada.

Não era uma tarefa fácil, mesmo que ela tivesse dado um sorriso sincero quando finalmente comprou a pulseira que tanto queria para usar na casa de Victoria à noite. O plano deles era bem simples, dariam o livro que ela procurava como louca. O único problema é que ele estava em falta no estoque de todas as livrarias.

No final do dia, por volta das cinco e meia, a casa de Victoria estava decorada e preparada para a chegada dos convidados. Ela, seu namorado e Connor já se encontravam no local, enquanto Ana ainda estava em casa se perguntando se realmente deveria ir e deixar seu pai sozinho. Ela sabia que Elliot tinha de superar, mas entendia o quão grande era a dor dele.

Por fim decidiu-se, teria de pelo menos se despedir e avisar que voltaria tarde, mesmo se interrompesse o ar de melancolia.

Ana estava, novamente, dando passos lentos e curtos. A cada centímetro que ela se aproximava do escritório, mais angustiada ela ficava. Felizmente, a porta já estava aberta e seu pai estava procurando algum livro na estante.

— Elliot? - Ela bateu na porta e chamou seu nome, mesmo já o vendo. - E...eu vim a...a...qui pra avi...visar que estou indo para a...a festa, se quiser comparecer... Ainda dá tempo.

Ela teve que tomar cuidado com as palavras, e, por tanto escolhê-las, acabou gaguejando a frase. Quando seu pai se virou, ela finalmente o viu sorrir naquela data.

— Vai! - Disse ele rindo. - Você pode ir, ingrata. Enquanto eu fico aqui, prestando luto à sua mãe.

O fato dele ter chamado-a de algo que nunca, em hipótese alguma, ela seria, foi chocante; e muito doloroso. Algumas lágrimas ameaçaram cair, mas o nervosismo da garota se transformou em raiva, ódio. Ódio por sua mãe ter tirado a própria vida, ódio do pai que não superava, ódio de si mesma por pensar que ele poderia, e ódio de seus amigos por terem feito aquela festa.

Uma gota, misturada com raiva e tristeza, escapou de seus olhos. E foi o suficiente para tudo ir embora de uma vez.

— Ingrata?! - Ela gritou enquanto batia a porta com força na parede. Seu pai assumiu um semblante confuso com uma pitada de medo. Ela se aproximou dele e jogou o copo de bebida que ele tinha em mãos no chão. - Eu passei todos esses anos ajudando você, cuidando do serviço doméstico mesmo com você podendo pagar uma empregada, tendo pouca vida social porque não nunca queria sair por sua causa, eu me sacrifiquei grandemente; e a ingrata sou eu? Acha que não me sinto péssima todo setembro? Lembrando da janela aberta no dia do meu aniversário? Você é um idiota! Elizabeth está morta. Esse luto dramático, excessivo e depressivo é patético, porque não mudará o fato dela ter se suicidado de maneira desesperada por não gostar da porcaria que ela tinha de vida. Eu tenho pena de você, pena! E é por isso que quando eu fizer dezoito eu me mudo dessa merda de casa!

Ana saiu com o rosto distorcido, cheio de rancor pelos anos em que passou forçada a conviver com seu pai naquela situação. Elliot estava espantado e continuava parado em frente a estante boquiaberto, ainda tentando absorver o que acabara de acontecer com ele. Ele pensara também em como sua vida havia piorado depois que começara a beber. Já Ana, toda a sua compreensão tinha sido jogada por água abaixo depois daquela fala, não importava o que aconteceria depois.

Saiu de lá devastada, mas decidiu que aquilo não sairia dali. Ela apenas compareceria na festa como se nada tive ocorrido e estivesse tudo bem. Ana iria fingir que se divertiu e depois abraçaria seus amigos e daria a desculpa que estava com dor de cabeça para ir para casa e se trancar no quarto.

Era um plano perfeito, mas não foi assim que aconteceu.

...

O som dava para ser escutado na entrada da rua de tão altas e potentes que eram as caixas de som. Também era notável a presença de pessoas não convidadas tentando entrar na festa devido a enorme quantidade de desconhecidos do lado de fora. Não era seu ambiente favorito, mas seria última vez que passaria por aquilo, então estava tranquila.

Ao entrar percebeu sua boca se abrindo aos poucos, era tudo muito... Festivo? Ela não sabia ao certo se estava em seu aniversário ou em uma balada particular. O pior é que tudo que ela queria naquele momento era puro e perfeito silêncio.

Como uma resposta à suas preces, Nate apareceu dizendo que a levaria pro quarto de Victoria, onde os outros estavam.

— E aí aniversariante? Gostou? - Ela assentiu, sem saber se estava dizendo a verdade. - Olha... Eu convidei umas pessoas desconhecidas, ok? Para curtir e outras para ajudar, se não me engano, parece que Connor, Pablo e Lucas também.

— E, infelizmente, não achamos seu livro. Não sabe como tentamos, fizemos de tudo, mas não conseguimos. Sinto muito.

Ela estava um tanto distraída com a parte de trás da casa onde não havia ninguém, mas entendeu o que Connor falara.

— Está tudo bem, ele é muito difícil de encontrar... - Disse Ana com um pouco da melancolia que tentava esconder. - Mas eu acho que vou ficar um pouco no jardim dos fundos que não há ninguém, se não se importam.

Nate tentou segurá-la pelo braço e impedi-la enquanto Victoria protestava, mas ela conseguiu escapar antes.

No jardim havia muitas flores nos cantos, eram bonitas e delicadas, com exceção da rosa e seus espinhos. Ana ficou lá por bastante tempo, apenas respirando o ar puro e tentando não ouvir a música eletrônica que tocava em um volume que ela achava que não era possível ser atingido.

Após algum tempo, ela sentiu a presença de mais alguém lá. Pensou que fosse alguns adolescentes vindo se agarrar, mas ao olhar para trás viu somente um rapaz com um embrulho na mão e um olhar perdido, ele não notara sua presença até então. Ela não conseguia vê-lo direito, pois ali estava escuro. Tentou passar despercebida, mas quando tentou sair ele se virou em sua direção, e, por algum motivo, sorriu.

— Era você mesmo que eu estava procurando! Você provavelmente não me conhece, mas seus amigos me chamaram para ajudar com a bagunça depois. E como não se pode vir em uma festa sem presente... - Ele ergueu o embrulho e estendeu em direção à ela. Ana hesitara, mas o pegou.

— Espero que goste de ler histórias sobre cachorros... - Disse ele com um sorriso relaxado.

Mal sabia que era aquele o livro que Ana não encontrava de jeito nenhum devido à estréia.

— Ai Meu Deus! Marley & Eu? - Ela gritou! Sem pensar, abraçou o rapaz. - Eu te devo minha vida! Eu estava como louca atrás desse livro e você, um desconhecido, deu-me! Não posso acreditar... E nem aceitar! É lindo da sua parte, mas...

— Mas nada! Você já abriu. - Ele disse rindo. - É sério, fique com ele. Se você queria tanto, quem te deu é um mínimo detalhe.

— Ah! Um dia eu me caso com você! - Disse Ana exageradamente. - Qualquer coisa que quiser, fale comigo. Estou te devendo pelo resto da vida.

A menina estava deslumbrada com o livro, ficou agradecida demasiadamente sem ao menos saber quem ele era. Estava tão perplexa que até se esqueceu de lhe perguntar seu nome antes de responder o chamado de Connor, que gritava e procurava por ela junto com os outros. Antes que percebesse, foi tarde demais, o rapaz já havia ido.

...

— Ela era linda... - Ele repetia enquanto arrumava a decoração da asa de Victoria. - E agora está me devendo um favor! Ah, um dia irei cobrar, a se vou!

Pobre Ana, selara seu destino naquela noite?"

Atualmente

— Droga! Por que não consigo lembrar do rosto daquele cara? - Ela se perguntava. - Só pode ser ele... Só...

O borrão daquele momento não era consertado de jeito nenhum em sua mente, não se recordaria do rosto dele nem se o visse. Uma pena, já que essa era a maior pista que a morena tinha para achar o assassino frio que andava por aí matando meninas por ela. A única coisa que se lembrava dele era que era mais velho. Só não sabia o quanto.

— Mas vou saber! - Ela dissera enquanto retirava o cobertor de cima de si mesma e ia como louca até o banheiro antes que Ethan acordasse.


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Notas finais do capítulo

Vish... Está óbvio? Não está?
Quem é o Blue Killer?
Ana gosta de cachorros?
Será que eu peguei o melhor livro lançado em 2005?
Comentem, haha.



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