LUZ NO FIM DO TÚNEL

-Mas que aura estranha de negatividade, de repente. –Disse Rangiku se esfregando. –Está sentindo, Yoru-chan? –Yoruichi a olhou e se esfregou também:

-Pois é, que estranho...

-Yoruichi-sama, do que estão cochichando? –Soi Fong queria meter-se na conversa.

-Nada, só algo que se passou por nós.

-COOOOORRRAAAM POR SUAS VIDAS! –Vinha com os olhos cheios de lágrimas desesperadas, correndo, Yumichika. –É O DEMÔNIO LÁ FORA, É O PRÓPRIO DEMÔNIO!

-Oe. –Chegou um ser estranho, meio molhado e com sangue em algumas partes, e feridas. –É apenas uma alergia não sei de quê. Sou o Capitão Komamura, não me reconhecem?

-É O DEMÔNIO, NÃO ACREDITEM, ELE COMEU O KOMAMURA E ESTÁ SE PASSANDO POR ELE! –Ele berrava exasperadamente.

-Mas que vergonha, esse cara é mesmo do meu esquadrão? –Kenpachi. –Bem, não importa, quedê este demônio? Faz tempo que não me divirto numa luta...

-Pois é, também quero saber! –Ikkaku com olhos loucos pela energia da batalha.

-ELE COMEU O KOMAMURA? É MELHOR QUE SAIBA CORRER, MALDITO! –Yoruichi com os olhos sedentos por sangue. –VOU ASSASSINÁ-LO AGORA MESMO!

-Yoruichi-sama, acalme-se, por favor...

-Tô com Você, Yoru-chan! –Rangiku. –Isso é tudo, menos justo!

-AACALME-SE É O C...

-Hmpf, preferia não ter de ficar preso no deserto com tais mulheres vulgares e loucas. –Byakuya.

-Oe, mina-saaaannn, sem confusão, por favor, afinal, há ou não um demônio? –Urahara.

-Se houver, ninguém toca, SERÁ MEU EXPERIMENTO! –Mayuri. –Faz tempo que quero um espécime desse tipo.

-Oe, o Ichigo não ia contar a história? –Muguruma. –A Mashiro até dormiu, de tanto que estão demorando.

-Hm, como se ela não dormisse mesmo que alguém explicasse rápido. –Love.

-Eu gostaria de saber é quando vamos embora... –Rose se lamentando. –Não há beleza ou poesia neste lugar.

-Alguém te avisou que era um deserto, antes de você sair de casa? –Hitsugaya o fitava com tédio. –Que cara frouxo. “não há beleza ou poesia nesse lugar” aaaah, vá pra p...

-Não seja tão insolente com o Vaizard-san, Shirou-chan. –Hinamori.

-Cale a boca, TRAIDORA DOS INFERNOS! –Berrou. –Venha logo e me tire daqui!

-Oe, não é desse jeito que se trata as pessoas! –Ichigo.

-Pois é, Kono baka! –Renji. –Quer mais umas porradas?

-Sem violência, por favor. –Isane. –Depois somos eu e a capitã que temos de lidar com os corpos.

-Komamura-san, venha para que eu dê um jeito em seus ferimentos. –Unohana. –Estão mesmo feios.

-Hiiiyori, sua peste, não é hora de puxar cabelo agora! –Hiyori puxava o cabelo de Shinji.

-Mas é que eu tenho que bater em alguém, seu maldito! –Berrou com os punhos cerrados. –É culpa sua essa droga toda: “Vamos salvar os shinigamis” você disse. “O velho depois vai ficar cheio de boa vontade conosco” você disse. “Poderei até voltar a ser capitão” Você disse. MALDITO, AGORA ESTAMOS PRESOS NESTA DROGA DE DESERTO! –Deu um soco na cabeça dele. –BAKA, BAKA, BAKA, BAKA!

-Essa menina é realmente insuportável. –Hitsugaya. –Alguém a mate, por favor, menos a Hinamori, porque ela é tão inútil que não serve nem pra isso.

-Não diga essas coisas ofensivas de mim, Shirou-chan. –Ela chorava. –Só porque eu não quis compactuar com a sua loucura no castelo? Não consegue ver como é insana essa ideia de isolamento?

-Seu desgraçado, pare de tratá-la desse jeito! –Rukia. –Só porque você é um maldito egoísta incompetente não quer dizer que possa sair por aí tratando os outros desse jeito! –Renji deu um chute nele.

-É melhor ficar bem quietinho aí.

-Mas que coisa... –Ichigo coçava a cabeça. –Parece que ficaremos aqui para sempre e eu não vou contar a história. Que pessoal complicado...

-Quanto você pagaria por silêncio e atenção? –Kuukaku.

-Nii-sannn... –Ganju. –O que você...

-O que foi, to tentando fazer negócio! –Brigou. –Deixo esses otários bem quietos em trinta segundos.

-Alguém falou em NEGÓCIOS?! –Urahara tinha olhos brilhantes. –Eu posso conseguir... –Ichigo o cortou:

-Passo.

-Mas que fooooome! –Oomaeda. E em coro com a sua barriga, a de Hachigen também reclamou.

-Você me entende! –Disse Oomaeda.

-Pois é. –O outro respondeu tristemente.

-Que gordos estranhos. –Soi Fong.

-Keeen-chaaaan, eu queria comer balinhas! –Yachiru pulava de um lado a outro insistentemente.

-Não tem como conseguir isso por aqui. –Kenpachi explicou.

-Mas que coisa... –Kira. –Em pensar que numa hora dessas, eu estaria deitado dormindo. A vida não é mais tão fácil como antigamente... –Se lamentava no fundo encostado à parede, desajeitado.

-Pois é... –Concordou vagarosamente Hisagi.

-Pera, pera gente, alguém aí viu o Ukitake? –Kyouraku. –Ukitakeeeeee! –Olhava dum lado a outro, tirando até o chapéu para ver mais longe. –Nanao-chaaan, você viu o Ukitake por aí? Unohana?

-Ele estava dormindo aqui há um segundo... –Ela franzia a sobrancelha.

-Vish... O doente vai morrer longe daqui. –Muguruma. –Que cansativo, queria terminar essa missão sem baixas.

-Nossa! –Yoruichi surpresa. –E eu achando que o Byakuya-bo e o Toshirou é que eram frios. –Riu incrédula.

-Procevê. –Kuukaku concordando.

-É Hitsugaya Taichou para você, Yoruichi-san;

-É sério, precisamos achar o Ukitake! –Kyouraku estava realmente preocupado.

-Ele não durará. –Mayuri.

-Heheh, e eu pensando que aquele velho nunca morreria! –Kenpachi. –Sempre quase morre, mas nunca morre!

-Pera, gente, o Sentarou e a Kyone sumiram também! –Nanao alarmada.

-Decerto se mataram depois que viram ele morto. –Mayuri com um sorriso psicopático.

–Hmpf, sendo aqueles fracos, realmente não duvido. –Byakuya.

-Minha irmã não morreu! –Isane.

-Parem de falar de morte, gente. –Ichigo.

-Se ele morreu, quer que façamos o quê? –Hitsugaya.

-Ninguém está falando com você, portanto está falando sobre a morte dele sozinho, enquanto falamos da morte dele sem te envolver na conversa. –Renji satisfeito por ter dito algo inteligente. –Portanto, não é “façamos” e sim: “ eu faça.”.

-Faz sentido... –Rukia.

-E você descobriu isso sozinho? –Byakuya ironizando. –E ele ainda fica com essa cara de quem descobriu petróleo. Hmpf, quanto tempo terei de aturar isso antes de voltar para minha mansão?

-Ah, que cara nojento! –Lisa. –Até perdi a concentração no que eu tava fazendo. –Ela entrou e pegou a conversa na metade. –E aí, gente, do que vocês tão falando?

-Onde você estava e o quê estava fazendo? –Ichigo com as sobrancelhas comprimidas em dúvida.

-Estava só...

-Acho que não quererá saber, Kurosaki-saaaaann. –Urahara.

-Ta pegando as coisas no ar, hein, Kisuke! –Yoruichi caiu na gargalhada.

-Oe, você ficou esse tempo todo sumida NISSO? –Rangiku riu também.

-O que que foi, gente? Às vezes a imaginação supera o resto das coisas e a gente tem que obedecer ao instinto.

-NANI? –Disseram a maioria.

-Do que estão falando, Ken-chan? –Yachiru.

-Não tenho ideia, papo de doido. –Kenpachi. –Eu só queria saber se esse papo de demônio procede.

-Já esclarecemos isso, não é um demônio, é apenas aquele capitão estranho. –Yumichika. –Oe, Ikkaku, parece que você está bronzeado.

-É?... Talvez tanto tempo no sol e... –Parou a frase. –O que quer dizer com isso?

-Que sua careca está brilhando menos.

-KONO... –Ikkaku.

-OK, ESTOU CANSADO DE ESPERAR! –Ichigo. –Vou começar a contar, quem não quiser que não ouça! –E sentou-se. Estranhamente recebeu a atenção que queria.

Todos se acocoravam em seu torno para ouvir, numa roda, sentados no chão, próximos uns aos outros pelo frio que fazia no ambiente. Afinal já era noite alta. As paredes pareciam ficar trinta vezes mais duras e geladas com a vinda do frio, e as tempestades de areia se chocavam contra as grossas paredes de vidro e faziam um som esquisito e seco, esmigalhado. A maioria deles –exceto apenas Kenpachi e Ikkaku que diziam ser coisa de gente fraca usar as roupas daquela maneira – haviam forjado espécies de burcas, com seus raoris e panos remendados, feitos longos mantos que ajudavam a suportar o calor de dia e aqueciam o corpo de noite. Urahara colocou no centro da roda um punhado de madeira seca que encontrara no buraco e acendera uma fogueira, mais peixes de fácil preparo para todos, e finalmente estavam prontos para ouvir.

-Bom, tudo começou quando fomos para... –Ichigo começava, até ser interrompido.

-Eu tenho uma coisa muito importante a dizer. –A voz veio serena, da escuridão, e então ele apresentou-se no centro do grupo. Com uma barba por fazer e os olhos fiéis e tentos. –Tenho uma missão sagrada para com todos vocês, irmãos e irmãs!

-Oe, Ukitakeeee, por um momento eu estive preocupado! –Kyouraku até sorria, menos tenso.

-Onde estão Kyone e Sentarou? –Nanao.

-Aqueles devotos servos do deus amarelo estão dormindo pacificamente nas areias divinas! –Seu sorriso era louco, aterrador e acolhedor ao mesmo modo. –E eu vim trazer a mensagem dele pra vocês. Sim, ele quer o teu bem, a tua graça, a tua vitória! “Bem aventurados aqueles que passarem dez vezes pelo deserto, e continuarem fortes! Eu sou o deus amarelo, ressurjo todas as manhãs, para aquecê-los, e me ausento para que descansem ao fim do dia. Eu... –Foi cortado por Ichigo.

-Só uma coisinha...

-O que é, meu irmão sagrado?

-É sério que você irá me interromper? –Todos o olharam, risonhos.

-É que... Sabe, Ukitake-san... –Hinamori. –Ele, ele, iria nos contar como chegou aqui, para que víssemos como voltar...

-UMA VEZ NOS CAMINHOS DO DEUS AMARELO, nunca mais nos libertamos da graça, minha pequena. Não precisa temer, não há o que temer quando...

-Pirou, o velho pirou! –Kenpachi ria.

-Eu não estou entendendo nada, me explique, KEEEENSEEEEEI! –Mashiro gritava com o dedo na boca, aborrecida feito uma criança que viu o pirulito cair no chão.

-E eu vou saber explicar? –Ele a olhou confuso. –EU é que quero uma explicação!

-O deus amarelo é a explicação de tudo! É a vida e a morte, a solidão e a companhia, ele é...

-Contraditório. –Mayuri.

-Pois é... –Urahara. –Não queria falar nada, mas já que o Kurotsuchi-san entrou no assunto...

-Alguém, por favor, cale este louco, ele tem de estar amarrado, não eu! –Hitsugaya.

-Cale a boca, Bakayaro! –Renji.

-Hmpf, eu sabia que isso iria acontecer. –Byakuya.

-Não é nada luxuoso, enlouquecer desse jeito. –Yumichika. –Seria mais divertido se ele ficasse violento.

-Taaaichoooou, não o deixe chegar perto de mim! –Oomaeda.

-Largue de ser idiota, Oomaeda, é só o Ukitake. –Soi Fong.

-Taaaichoou! –Isane.

-O que foi, Isane?

-Não tem um kidou de cura para resolver isso não?

-Não sei... –Ela respondeu confusa. –Certamente não esperaria que acontecesse isso com ele...

-PAAAASSAAARINHOSSSSSSSSSSSSSS, MEU CASACO CARO, MEU CASACO DE PELE, PELE DE VERDADE! –Do nada, levantou gritando Iba, e Kenpachi com o susto deu-lhe uma pancada na cabeça sem querer. Desmaiou.

-Isso aqui está mais louco do que pareceu quando chegamos. –Lisa, alarmada. –O que aconteceu com a SS depois que eu saí?!

-Pois é. – Hiyori. –Esses shinigamis são estranhos.

-Você já foi uma shinigami. –Shinji.

-Cale a boca, KONO...

-Isso está definitivamente fora do controle. –Ichigo.

-Ele também é o controle! Vocês não entendem, irmãos e irmãs, pois não foram iniciados! Mas ele nos está dando a chance de receber o seu amor, através dessa enorme provação, desse enorme deserto! IRMÃOS JUNTEMO-NOS E OREMOS!

-TÁ de sacanagem. –Yoruichi. –No começo eu achei engraçado, agora to ficando preocupada.

-Agora realmente acho que deveríamos amarrá-lo. –Rangiku.

-Hm, gosto de gente amarrada. –Lisa.

-Cara, que pervertida. –Yoruichi riu. –Consegue pensar nessas coisas numa hora como esta?

-Existe hora melhor para pensar?! Estamos cheios de adrenalina e desespero correndo nas veias, é a melhor hora!

-Pensando por esse lado... –Yoruichi.

-Hmpf, estamos definitivamente perdidos. –Byakuya.

-Oe, Hisagi! –Kira, alarmado de repente.

-O que foi, Kira? –O outro estava meio desligado.

-Não está sentindo?

-O quê?

-Uma sensação ruim. –Se esfregou.

-Não. –Franziu o celho. –Quer dizer, sinto. –Se esfregou também.

De repente, uma bola de fogo pôs em cacos metade da fortaleza de vidro espesso que demorara um dia inteiro de trabalho suado dos capitães para construir. Estava destruída, em cinco segundos.

-DES-GRA-ÇA-DOOOOOSSSSSS, MATAREI TODOS, JURO, VOU QUEIMÁ-LOS, TOSTÁ-LOS, TORTURÁ-LOS, E DEPOIS QUEIMÁ-LOS-EI NOVAMENTE, E QUEIMAREI TAMBÉM AS CINZAS, QUEIMAREI AS CINZAS DAS CINZAS! –Todos os olhos estavam arregalados.

-Pooooopopopopopoor favor, S-s-s-s-s-senhor Comandante, viemos salvá-los. –Hanatarou, com seu grupo de shinigamis anônimos. O Comandante o olhos com olhos em fúria, queimando vermelhos.

-O QUÊ VOCÊ DISSE?

-Naaaaada. Gomen nasai, Gomen nasai, Gomen nasai! –Abaixava o corpo seguidas vezes.

-E ainda disse que estava com mais auto-estima depois de ler um livro. –Choujirou, que usava uma roupa extravagante e carnavalesca baseada nas vestimentas inglesas do século dezoito. –Não sabe brilhar!

-Alguém disse brilhar? –Yumichika. –Porque eu sinto que não fui feito para outra coisa, além disso!

-Hmpf, sinceramente? –Byakuya ironizando.

-Eu digo o mesmo de mim. –Rose. –Minha fabulosidade sempre se sobressai!

-Acalmem-se, irmãos, queridos irmãos, venham, voltem a ouvir a mensagem divina...

-Taaaapa! –Kuukaku disse tarde demais, o capitão já havia largado a mão no rosto de Ukitake.

-BAKAYARO, QUE PORRA DE PAPO É ESSE? –E depois olhou a todos. –E VOCÊS, INÚTEIS? O QUE ESTÃO FAZENDO, ALÉM DE RODINHA DE CONVERSA? NÃO SÃO COMADRES, SÃO SOLDADOS! POR ACASO ACHAM QUE ISSO É PASSEIO? NÃO ESTÃO DE FÉRIAS, MALDITOS, NÃO ESTÃO DE FÉRIAS! FAZEM MAIS DE VINTE DIAS, QUE PORRA! –Tudo em seu torno estava pegando fogo, o que fez o grupo se diluir e distanciar.

-Yama-jiii, estávamos reunidos para o Ichigo-kuunn nos ajudar a pensar num jeito de escapar...

-CALE A BOCA, CALE A DROGA DA SUA BOCA, KYOURAKU SHUNSUI!

-Vish, o negócio está sério. –Yoruichi, baixinho para Rangiku.

-Pois é, nunca vi o velho assim.

-PORQUE DEMORARAM TANTO, OU MELHOR, PORQUE NÃO DESCOBRIRAM LOGO COMO VOLTAR? NÃO SÃO MEUS FILHOS, NÃO TENHO OBRIGAÇÃO DE FICAR BUSCANDO VOCÊS! SABE O QUE É ISSO? É UMA PUNIÇÃO DE CIMA, SIM, DIVISÃO ZERO, REI DAS ALMAS! VOCÊS SÃO TÃO INÚTEIS, TÃO INÚTEIS QUE... AH, MIL INFERNOS QUE VONTADE DE MATÁ-LOS A TODOS! –O silêncio só era quebrado pelo som frio do vento e das dunas se movendo em tempestades de areia. –Já chega. –Ele se acalmou, ele e sua reiatsu, que voltou ao normal vagarosamente, deixando de exercer aquela pressão absurda. –Vamos voltar logo. Não sou eu quem dá explicações, é o décimo segundo esquadrão... Francamente, Mayuri, Urahara, eu tinha fé em ambos. Mas se mostraram tão parvos quanto a maioria. Estou decepcionado com vocês, treze divisões!

-Não é para nós. –Hiyori ria. –Os shinigamis estão recebendo bronca. Olhe a cara de terror deles? Estão se mijando de medo do velho. Rá, não tenho que passar por isso, porque sou uma vaizard livre e indepen...

-CALE A BOCA, GAROTA! –Ele gritou tão de repente que ela ficou dura como uma estátua. –CALE A DROGA DA BOCA, vamos, vamos todos entrar no senkaimon e voltar logo. Vocês estão horríveis com essas roupas. –Estava mesmo decepcionado. –Sinceramente, eu esperava mais, eu esperava mais!

                Todos se juntaram quietos, e entraram no portal, de volta para casa. E entraram já num salão cheio de cadeiras para eles sentarem, com parte do décimo segundo esquadrão e um telão. Sentaram-se, e o vídeo autoexplicativo demonstrava exatamente o que havia acontecido, e o Comandante olhava tudo com olhos intentos:

-ESTÃO VENDO?! –Disse ao final do vídeo. –ISSO TUDO SÓ ACONTECEU, PORQUE SÃO INÚTEIS!

-Como? –Mashiro não tinha entendido nada do que assistira.

-Inúteis, o que houve foi apenas um evento raro, chamado “desvio de partículas espirituais” é como se uma névoa levasse as almas para outro lugar que não o escolhido durante o transporte. A chance de isso acontecer com todos ao mesmo tempo como aconteceu, é rara, é quase impossível. E isso só nos mostra que foi algo planejado. Ninguém me contatou, mas são ordens de cima, estou certo disso. Queriam nos testar, e agora devem estar se banqueteando, rindo das nossas malditas caras inúteis! Não conseguimos descobrir!

-Desculpe-me, Jii-san, mas ainda não entendi como saberíamos nos libertar. –Ichigo. –Foi tudo rápido demais quando estávamos no hueco mundo e...

-Onde acham que estavam?

-Num deserto? –Renji.

-Que gênio. –Byakuya ironizou.

-Não, idiota, a localização exata! –O Comandante. –Estavam numa parte isolada do Hueco Mundo! –Todos arregalaram os olhos.

-Talvez pela fraqueza que a viagem proporcionou ao sistema de vocês, não conseguiram distinguir o lugar, e com o calor e as condições físicas, era claro que achariam que estavam num planeta que era só deserto. Mas não era, há muitos quilômetros havia vilas de hollows. –Akon.

-NANI?  -Todos.

-Descobrimos isso quando investigamos o senkaimon. –Akon explicava calmamente. –Não havia vestígios de suas reiatsus lá. Ou seja, foram transportados de outra forma. Mas como, por quem? Para onde? Eram nossas dúvidas. Então as equipes de resgate foram aos lugares mais óbvios, mas confesso que eu realmente sempre achei mais provável o hueco mundo. É um lugar muito maior do que aparenta, e não temos dados o suficiente da planície, talvez por isso –e pela fraqueza, penso eu – Nemu não conseguiu descobrir onde estavam presos. Na verdade, o que os prendia eram vocês mesmos. Não havia barreira espiritual e...

-Espere um pouco, Akon-saaaannn. –Urahara. –Como diz isso, se eu tentei abrir a garganta diversas vezes, e o senkaimon e não consegui?

-É como eu disse antes, Urahara-san, o lugar para onde foram não é conhecido. Certamente a garganta não pode funcionar lá... Mas quando eu descobri isso, consegui, junto de minha equipe, criar uma espécie de bussola de reiatsu de capitão. Foi complicado no começo, mas em algumas horas houve resultados... E... –O Comandante o interrompeu:

-Kurosaki Ichigo, Zaraki Kenpachi, vocês não merecem ouvir o que eu tenho a dizer. Mas o resto merece, e eu deveria matá-los por isso. Despojá-los do título de shinigami...

-Nós não somos meros shini... –Hiyori.

-CALE-SE! –O velho bradou. E se acalmou novamente. –Segundo a apostila da escola de formação de shinigamis, no que toca à física do teletransporte, todas essas teorias de desvio de transporte estão bem explicadas e aplicadas em exemplos claros. Vocês tinham a plena capacidade de voltar sozinhos, através desse conhecimento, que DEVERIAM TER, INÚTEIS! O que faziam durante a academia?

-Sabe, é que faz tanto tempo, Yama-jiii... –Kyouraku envergonhado.

-Pois é, e eu, bem, eu também deveria estar perdoada... –Por questões de spoiler, Unohana não deu uma explicação mais longa.

-O Ukitake e o Iba estavam loucos, então também tem de ser perdoados. –Nanao.

-O Shirou-chan também estava um pouco desvi... –Hinamori logo foi cortada:

-Quem deixou que falasse por mim, TRAIDORA?

-SÓ EU GRITO AQUI! –O Comandante. –Não me importam as desculpas, deveriam saber e não souberam! Nem os melhores cientistas, ou os melhores lutadores. Ninguém pensou em tais possibilidades, e se isso fosse mesmo sério, poderiam morrer vítimas da própria ignorância. –Cabeças baixas e nenhum pio.

-Na verdade não, Senhor Comandante. –Ukitake. –Isso não passou de um teste espiritual, para medir a nossa fé!

-Alguém leve ele à equipe médica, está em delírio, não aguento vê-lo assim sem querer matá-lo! –O Comandante. –Levem também o Iba. Levem o Komamura, que está trêmulo.

-Eu... Estou, estou bem. –Komamura tinha olhos muito perdidos. -É só, a, cococococeira, coceirinha... Coçar, coçar, coçar... –E se coçava inteiro enquanto shinigamis anônimos levavam-no. Já Ukitake fez mais escândalo:

-Mas como assim? Não podem fazer isso comigo, sou um sacerdote sagrado! Irmãos, irmãs, isso é injusto! –Enquanto um levava-o, Iba ia num colo do outro, por estar desacordado.

-É... Desculpe-me, Comandante... –Lisa. –Mas, por que também estamos levando bronca? Dispusemos-nos a ajudar, mesmo nem sendo mais shinigamis reconhecidos. E, no entanto, estamos aqui levando essa bronca...

-Concordo. –Kuukaku. –Minha família seria recompensada depois e...

-Vocês também se formaram como shinigamis?

-Sim, mas...

-Então merecem também! Vocês têm noção do que houve? Se algum inimigo caísse sobre nós, estaríamos fodidos, completamente! São uns irresponsáveis. A partir de agora, cada um fará uma prova mensal, baseada nos estudos shinigamis, não quero saber, terão de fazer! –Ninguém questionou.

-Então não vai dispensá-los, ou demiti-los, ou algo assim? –Hanatarou.

-Claro que não, eu preciso desses malditos.

-Uufa! É que no fim, aquele livro não adiantou nada, estou aterrorizado! –Admitiu.

-Mas que coisa, quase não acredito que tudo acabou! –Ichigo. –Não vejo a hora de voltar para casa, que cansativo!

-E quem disse que acabou? –O comandante:

-A palestra de doze horas sobre física ainda nem começou! Sentem-se aí e prestem atenção, a não ser que queiram morrer derretidos pela minha ira.

-PERA, PERA, PERA, ACABOU? –Hinamori. –COMO ASSIM? E A HISTÓRIA DA YORUICHI-SAN COM O URAHARA-SAN E A SOI FONG-SAN? E A HISTÓRIA QUE O ICHIGO IA CONTAR? ESSE NÃO PODE SER O FIM!

-Fica pra próxima infelizmente, Hinamori-saaaannnn! –Urahara.

-É mesmo, não que eu me preocupe por mim, mas é pela Soi e pelo Kisuke. Sem contar que o combinado era só entre a gente, olha o tanto de gente que não vai entender o assunto aqui? Não seria justo.

-Yoruichi-sama, do que estão falando? –Soi Fong não entendia.

-AAAAH, NÃO ACREDITO! –Rukia. –Eu contei aquilo tudo e...

-O que contou, Rukia? –Ichigo e Renji falaram ao mesmo tempo. Ela ficou com o rosto rubro.

-Nada, nada...

-Como eu disse, não vale mais a pena manter relações com a Hinamori. –Hitsugaya.

-Se vale ou não, não me interessa. –Yamamoto. –Trate de tratá-la a partir de agora com cordialidade, rapaz. É uma ordem. E o resto de vocês, prestem atenção que o Akon já dará play na aula.