Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 26
#23 - Conselhos e Certezas


Notas iniciais do capítulo

YOOO AMORES!
Primeiramente, obrigada a quem comentou no último capítulo:
#Kashir
#Julia Marques
#Vlad Ember
#Misty Heartfilia (Becca-chan)
#Sassu
#Monkey D Amanda
#Beatriz Carvalho
#Guelbs
#Breaker
#Miyabi Hinata
#Anne Frank
#Yui Chan

Segundamente (?): GENTEEEEE, NÃO TENHO PALAVRAS PRA AGRADECER VOCÊS PELA FORÇA QUE ME DERAM *u*
Obrigada mesmo por me incentivarem no último capítulo! *U* Acho que esse ficou um pouco melhor, e o próximo (já estou na metade) está ficando bem legal *o*

Terceiramente (?): A música de hoje é
~Jar of Hearts - Christina Perri, Glee Version (não achei no kboing, então vai o link do YouTube mesmo: https://www.youtube.com/watch?v=dU0CiybAXis) SÉRIO, OUÇAM A VERSÃO DO GLEE! Eu ouvi a versão da Christina Perri no video oficial e achei uma bosta e-e

Quartamente (?): Nos vemos lá embaixo!



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Escolher os filmes foi até divertido.

Tsubaki não me deixou pegar nenhum filme com coisas explodindo. Eu insisti, mas ela estava determinada em “não me deixar violenta hoje”. Tsubaki não entendia a beleza de se ver algo voar pelos ares. Em compensação, também não a deixei nem chegar perto dos romances. A última coisa que eu precisava era a ver a história de amor perfeita de alguém.

Eu não ia pegar nenhum drama, não queria chorar. E também não queria pegar um terror ou suspense e ficar gritando na frente do Soul. Então só nos restaram as comédias mesmo, e filmes infantis. E após séculos de “brigas” para chegarmos a um acordo, pegamos Projeto X, Valente e Bob Esponja – O Filme.

Isso tudo, é claro, com Black meio chateado atrás de nós, reclamando que a Tsubaki o estava abandonando, e ela o mimando para melhorar seu humor. Era uma cena bem engraçadinha, e eu não sabia se aquilo me fazia sentir bem ou mal. Ver os dois juntos era um show a parte, mas eu não parava de lembrar do Soul e do Kid. Mais do Kiddo, na verdade, quando parei para pensar. A gente tinha ficado mais ou menos assim no dia que fomos a praia, se tocando o tempo todo.

Aí eu lembrava de algo legal sobre ele, sorria um pouco, aí ficava mais preucupada ainda e fechava a cara. Meu plano de tentar não pensar não estava sendo muito efetivo, por mais que meus amigos estivessem me distraindo bem mais do que pensei que conseguiriam.

Depois de pagar os filmes, fui com Tsubaki e Black até o apartamento deles para pegar as coisas da minha amiga. Fomos o caminho todo rindo do Black*Star, que estava contando a história da última missão deles dois do modo menos realista possível. Aí Tsubaki o corrigia, mas ele dava um jeito de piorar ainda mais a situação, até chegar ao ponto em que o inimigo era uma fusão do Chuck Norris com o Godzila, que lutava usando sete espadas diferentes enquanto o Excalibur discursava.

Não tinha como ficar séria com isso.

Quando finalmente chegamos ao apartamento deles, Tsubaki não demorou nem dez minutos para arrumar a mochila e sair, o que pareceu irritar um pouco o Black. Ele ficou um tempinho reclamando que estava sendo abandonado com menos de um dia de namoro, mas Tsubaki respondeu que eles teriam todo o tempo do mundo, e isso acalmou-o um pouco. Além disso, os dois deram um beijo de despedida que me deu vontade de me esconder embaixo da cama e começar a chorar. Ou alugar um quarto de motel para eles.

Depois que Black finalmente largou a namorada e fechou a porta, Tsubaki veio para o meu lado, suspirando.

– Algo me diz que ele é um namorado ciumento. – Comentei, sorrindo, enquanto enlaçava meu braço no dela e a arrastava para as escadas.

– Um pouco... – Admitiu, dando uma olhada para a porta do apartamento antes de se virar pra mim e sorrir. – Talvez seja porque começamos a namorar a pouco tempo. Mas eu gosto, sabe. Além disso, não é sobre o Black que eu quero conversar...

Franzi a testa, dividida entre falar tudo de uma vez ou esperar. Estava com um pouco de vergonha de explicar tudo, nem sabia como começar. Mas se eu não contasse logo, talvez não fosse haver oportunidade mais tarde – como ia conversar sobre isso com Soul em casa? Então respirei fundo.

– Acho que a história pode ser meio grandinha.

– Sem problemas. – Tsubaki garantiu.

E foi só olhar para ela, com aquela expressão tão compreensiva, que tudo começou a jorrar. Tsubaki já sabia que eu e Soul estávamos nos dando um pouco melhor ultimamente, então comecei do pesadelo. Contei que eu havia acordado de noite gritando e com ele me abraçando, e que Soul ficou comigo a madrugada toda, mesmo estando com sono, e que ele parecia com ciúmes de mim com o Kid essa manhã, mas ainda ficava perto da Liz como sempre. Confessei que eu tinha matado aula para ficar com o Kiddo – o que rendeu um sorriso meio pervertido da minha amiga – e que o Soul devia ter percebido, porque ficou com a cara fechada para mim, e eu decidi conversar com ele. A partir daí, eu realmente tive dificuldades de contar, já que não queria chorar no meio da rua, mas estava sendo quase impossível evitar.

Tsubaki me abraçou, e ficou me olhando de um jeito meio perplexo enquanto eu explicava como Soul disse que estava com ciúmes, que me amava e que me beijou. Ela pareceu bem orgulhosa quando continuei falando que eu o beijei de volta, mas lembrei do Kiddo, me afastei e disse que não tínhamos mais volta.

– Mas agora eu estou tão confusa, Tsu-chan! – Exclamei baixinho, com medo que as outras pessoas na rua ouvissem. Funguei discretamente e continuei: - Eu fui para o quarto depois disso, e não conseguia parar de pensar se fiz a escolha certa ou não. Porque eu e Soul não demos certo por causa de um monte de erros nossos, mas talvez tivesse volta. Mas eu não quero voltar, porque não confiaria mais nele, e agora eu tenho o Kid, e eu não poderia simplesmente largá-lo, estou apaixonada por ele. Mas o Kid nunca disse nada sobre me amar, ou gostar de mim, sabe, a gente nunca trocou uma palavra sobre isso. E pra piorar, eu o traí, Tsu-chan. Não sei como vou encará-lo agora. A gente tinha um encontro hoje, e até desmarquei, porque não seria capaz de nem olhar para ele sem me sentir culpada.

Respirei fundo, e continuei:

– Eu sei que devo ter feito a escolha certa quando disse para o Soul que não tínhamos mais volta, mas ainda assim eu estou confusa, e isso é horrível. Eu nem sei o que pensar disso tudo. Eu só queria que tudo não fosse tão... complicado.

Suspirei, me sentindo um pouco melhor depois de desabafar. Olhei para Tsubaki, ansiosa por sua reação, e só então notei que já estávamos na rua da minha casa. E ela parecia pensativa. Por fim, disse:

– Vamos no supermercado? A gente compra leite condensado pra fazer brigadeiro, e mais alguma gordice. E temos mais tempo para conversar.

– Okay.

Passamos direto pelo meu prédio, e eu dei uma olhada para cima. As luzes do apartamento estavam acesas, a do quarto do Soul também – ele já devia ter chegado. Também, já deviam ser umas seis e meia, se ele não estivesse em casa depois desse tempo todo...

Não sabia se aquilo era bom ou ruim. Porque eu tinha que ter me envolvido com um cara que morava na mesma casa que eu?

Me virei para Tsubaki, que continuava com aquela expressão, e questionei:

– E então? O que você acha?

– É complicado... – Tsubaki murmurou. – Mas posso ser sincera?

A expressão séria dela me assustou um pouco, mas ainda assim assenti. Tsubaki me abraçou por cima dos ombros e começou, com a voz doce:

– Sabe, Maka, é normal que você esteja confusa. Você gostava muito do Soul, e desistiu dele faz pouco tempo, ele ter se declarado assim realmente mexe com uma garota, mesmo que você não sentisse nada demais por ele. Mas você voltaria com ele? Esquece o Kid, pensa só em você e no Soul. Você realmente acha que vocês ainda tem uma chance?

A encarei, surpresa.

– Como assim, “esquecer o Kid”? – Perguntei, franzindo a testa. – Não posso simplesmente esquecer ele, Tsu.

Ela apenas riu, e insistiu.

– Vamos lá, é só não tomar uma decisão baseada nele. Você não pode escolher desistir do Soul simplesmente porque não quer magoar o Kid, entende? E ao que parece, foi isso que você fez. Então, se não houvesse ele, se fosse só você e Soul, você voltaria?

Eu não tinha pensado sobre aquilo. O Kid sempre estava no meio dos meus motivos, era até difícil tentar ignorá-lo. Mas tentei imaginar que nada havia acontecido entre nós, que ele fosse só meu amigo, e pensar só no Soul.

Andamos em silêncio por alguns segundos, enquanto eu organizava as minhas idéias, e por fim olhei para a Tsubaki e confessei:

– Acho que não, Tsu... Eu não confiaria nele mais. Igual hoje, ele saiu e eu comecei a pensar que tinha ido atrás da Liz. Toda vez que ele saísse seria assim, eu me sentiria mal por desconfiar, mas me sentiria idiota se não desconfiasse. – Fiz uma careta, finalmente notando o quanto aquilo era verdade, e continuei: - Seria igual a minha mãe e meu pai. Eu sei que eles se amavam no começo, mas no fim tudo que os mantinha juntos era, sei lá, a força de vontade da minha mãe. Não quero ter esse tipo de força de vontade.

Tsubaki sorriu, e me perguntou:

– Não quer tentar?

– Não. – Confirmei. Meu coração apertou, mas ainda assim repeti: - Talvez se não houvesse passado tanto tempo, se a nossa conversa de hoje houvesse acontecido no dia do baile, ou na manhã seguinte... Mas agora é realmente muito tarde. Ele já foi um idiota comigo, ele já ficou com a Liz na minha frente, e não acho que conseguiria simplesmente ignorar isso. O problema é que eu não consigo parar de pensar que também o estou magoando, e não quero magoar o Soul, apesar de tudo. Eu gosto dele. Nem que seja só como amigo.

Ergui o olhar, esperando a reação da Tsubaki. Ela me deu um sorriso orgulhoso.

– Isso já é alguma coisa. Mas se você sabe que não teria volta com o Soul, não devia estar confusa, não é?

– Não é bem assim. – Resmunguei. – Eu sei que não daria certo, mas ainda fico pensando nele. Além disso, Soul disse que me ama. O Kid nunca falou nada parecido para mim, Tsu, e eu só consigo chegar a conclusão de que, se ele não falou, talvez ele não se sinta como eu, e...

– Ou talvez o Kid esteja tímido porque gosta de você. – Tsubaki me interrompeu. – Ou talvez ele esteja inseguro por causa do Soul. Ou talvez ele esteja com medo de ir rápido demais e te assutar. Ou talvez ele ache que está tão óbvio pra todo mundo que ele te ama que nem precisa falar. Maka, não passou pela sua cabeça que se alguém te ama mesmo nessa história, é o Kid?

Finalmente chegamos no supermercado, e enquanto entrávamos e Tsubaki pegava uma cesta e ia me arrastando direto para a seção de gordices, comecei a pensar naquilo. Eu realmente não tinha considerado nenhuma daquelas hipóteses. Franzi a testa, me dando conta que aquilo podia, sim, ser verdade. Kiddo sempre agiu como se gostasse de mim. Mas ainda assim, eu me sentia insegura. Eu sabia que estava apaixonada por ele, então podia estar exagerando. Quando se está apaixonado, qualquer coisa boba é um sinal.

– Tsu-chan. – Chamei, mexendo nervosamente na barra do meu vestido. – Você acha mesmo que o Kiddo gosta de mim?

Ela desviou o olhar das prateleiras de coisas cheias de açúcar para me dar um sorriso doce.

– Com certeza! – Me garantiu, erguendo as sobrancelhas de um jeito que mostrava que aquilo era óbvio. – O Kid está totalmente caído por você, Maka. Faz tempo, e todo mundo já notou. Na verdade, acho que você foi uma das últimas a perceberem, porque desde antes do baile ele já te olhava de um jeito diferente. Ah, quanto você tem aí? – Se interrompeu, olhando pensativamente para as opções de leite condensado.

Revirei o bolso rapidamente, me distraindo com o modo que meu coração tinha começado a bater rápido. Era aquela esperançazinha começando a dar as caras.

– Cinco dólares. – Informei, dando um sorriso meio sem graça. – É, talvez seja isso mesmo... Mas então porque ele nunca disse nada?

Tsubaki pegou duas caixinhas de leite condensado, colocando-as na cesta. Depois me guiou até a seção de biscoitos recheados, enquanto argumentava:

– Eu acho que ele pensou que não fosse necessário... Como eu disse, estava óbvio fazia um tempo. Mas quer saber?

– O que? – perguntei, escolhendo uns dois pacotes de cookies.

– Só um minuto. Vamos sair, aí eu falo.

Fomos até o caixa, e não demoramos nem cinco minutos. Apesar do horário, não tinha muita gente no supermercado. Peguei as sacolas, já que Tsubaki estava levando a mochila, e saíamos. Ao contrário do supermercado, as ruas estavam mais movimentadas agora, cheias de pessoas vindo do trabalho ou da escola. Me senti um pouco paranóica de alguém escutar nossa conversa, mas acabei deixando isso de lado quando Tsubaki disse:

– Talvez você esteja esperando um pouquinho demais do Kid, Maka. Você queria que ele dissesse que te ama, mas veja bem, um garoto não sai falando por aí que ama uma garota assim, do nada. Eles são mais de demonstrar, e isso o Kid fez, e muito. E também, - ela continuou, encolhendo os ombros diante da minha expressão perplexa. – o Black*Star nunca disse que me ama. Ele disse que gostava de mim, no baile, e depois repetiu isso quando me pediu em namoro, mas foram só essas duas vezes, e nunca falou “eu te amo”.

– Mas ele te ama! – Exclamei, surpresa.

– Ama, sim. E não precisa ficar falando para eu saber. – Tsubaki revidou, com a voz compreensiva. – E o Kid deve ser um pouco como o Black, nisso. Aliás, o Kid é até mais fechado que o Black, me admira que ele demonstre tanto o quanto gosta de você quando estão juntos.

Olhei para a Tsubaki, admirada ao notar que aquilo era verdade. Fazia sentido. Comecei a me sentir meio idiota, eu e o Kid estávamos ficando e eu queria que ele disesse eu te amo? Aquilo era realmente necessário? E ele já havia ficado comigo em tantos momentos, já tinha mostrado tanto que se importava comigo, que eu não devia simplesmente começar a duvidar do nada.

Como se lesse meus pensamentos, Tsubaki continuou:

– Aliás, Maka, até hoje de manhã você tinha certeza absoluta que o Kid gostava de você. Só começou a duvidar porque o Soul disse que te ama, mas sabe? Eu não acho que ele te ame.

Me inflei toda, um pouco por orgulho ferido, e um pouco por simplesmente estar surpresa com aquilo.

– Tsubaki, o Soul não mentiria sobre isso! – Discordei, bufando. – A gente estava falando sério. E depois de tudo que ele me disse... Não, realmente não tem como o Soul estar mentindo.

Tsubaki riu de leve, o que me irritou um pouco, mas logo ela explicou:

– Não acho que ele estivesse mentindo... Talvez ele acredite que é verdade. – Ponderou. – Eu acho que ele até gosta de você, mas nem tanto como acha que gosta...

Franzi a testa, sem entender.

– Como assim?

– Veja só, se ele gostasse mesmo de você, pra começar não teria ficado com você e com a Liz no dia do baile. Depois, ele ficou de cara fechada para o seu lado, e acho que se estivesse mesmo apaixonado, isso não aconteceria. Ele não conseguiria.

– Mas eu também fiquei de cara fechada. – A interrompi, tentando defendê-lo.

– Sim, mas você ficou destruída. E só começou a melhorar porque se envolveu com o Kid. Não adianta ficar vermelha, é verdade! – Tsubaki riu, e eu fiz bico, indignada. – No dia que a gente foi na praia, não sei se notou, mas você tentou não ficar tão próxima do Kid, Maka. Enquanto o Soul nem fazia questão de fingir que não estava ali pela Liz. Você só ficou mais normal com o Kid quando viu o Soul beijar a Liz de novo, na sua frente. Depois que você começou a ficar mais perto dele que o Soul começou a ser mais legal com você, não é? – Perguntou.

Assenti, sem saber ao certo onde ela queria chegar.

– Isso foi ciúmes. Porque até ali, o Soul não tinha se dado conta de como você e o Kid estavam realmente próximos. – Ela explicou. – Depois de ver vocês na praia, a tarde, ele notou que realmente estava te perdendo, e se continuasse a ser um idiota seria para valer. Deve ter achado que voltando a ser normal, você iria se sentir confusa e ele teria uma chance, mas não foi isso que aconteceu.

– Eu só fiquei aliviada por ele estar voltando a ser meu amigo. – Confirmei.

– Exatamente! – Tsubaki bateu palmas. – E saber que você matou aula pra ficar com o Kid deve ter sido a gota d’água!

Assenti, diante do olhar de “tudo faz sentido” da Tsubaki, e admiti:

– Não entendi nada.

Tsubaki suspirou, e explicou:

– Isso provavelmente vai doer um pouco, mas não acho que haja um jeito de falar isso de um jeito muito delicado. Resumindo: eu não acho que o Soul te ama como ele pensa te amar. Eu acho que ele só está com medo de te perder.

Realmente doeu. Não sabia bem se era o choque, mas não consegui nem processar direito a informação. Como assim, Soul não me ama?

– Se ele está com medo de me perder, não é amor? – Insisti.

– Não exatamente... Pode ser só orgulho. Não me entenda mal, concordo que ele gosta de você. Só que não é tanto como vocês pensam.

– Mas ele me esperou até de madrugada! – Repeti, tentando de qualquer jeito dar um motivo para aquilo não ser verdade.

Nem sei porque fazia aquilo. Eu já havia aceitado que não tinha como nós ficarmos juntos, então devia ser irrelevante. Mas não era.

– Você também esperaria se a Blair sumisse de uma festa com um cara, não é? – Tsubaki perguntou, mas não esperou a minha resposta. – Eu te esperaria. Sabe, naquela noite, eu demorei para dormir, e só consegui porque fiquei dizendo a mim mesma que você estava com o Kid e nada iria acontecer. Isso é algo que qualquer amigo faria, Maka.

Franzi a testa. Era verdade, a Blair havia me esperado. Mas ainda era difícil de entender.

– Então, você está dizendo que tudo de romântico que a gente viveu era só ele sendo meu “amigo”?

– Não, não. – Tsubaki negou, calmamente. – Vocês dois realmente se gostavam no início. Só não era tão forte assim... E na primeira vez que algo deu errado, ou seja, no baile, as coisas descarrilharam demais para voltar ao que era antes. Você só está confusa com o Soul porque está se apegando no que poderia ter sido, e ele só decidiu te falar que te ama agora porque ficou assustado com a possibilidade de você tê-lo esquecido. Entendeu? Mas amor é outra coisa. Se o Soul tivesse te deixado em paz com o Kid, eu diria que era amor, porque ele se importou com a sua felicidade.

Assenti, finalmente entendendo a linha de raciocínio da minha amiga. Aquilo doeu. Era difícil acreditar que o Soul não gostava de mim. Na verdade, eu ainda discordava um pouco, não conseguia acreditar que tudo o que ele me disse, e aquele beijo, foram só frutos do orgulho ferido dele. Soul não era assim. Mas Tsubaki tinha razão no principal: nós dois havíamos mudado demais na nossa relação desde o baile para as coisas simplesmente voltarem ao normal.

Eu mesma havia dito aquilo ao Soul. Não era tão difícil de aceitar. Não podíamos ter nada sem confiança, e nesse quesito, nunca mais seríamos os mesmos.

Supirei, me dando por vencida.

– Acho que você está certa... Mas o que eu faço em relação ao Kiddo, Tsu? – Perguntei. – Isso não muda o fato que eu beijei o cara que disse a ele qua não significava mais nada. Como vou encará-lo?

Tsubaki respirou fundo, me olhando com uma pontinha de pena, e disse:

– Acho melhor você contar para o Kid.

Fiquei tão surpresa que demorei para processar a informação.

– Contar o que?

– Tudo. – Tsubaki alertou. – Que você e o Soul conversaram, que ele te beijou, que você se afastou e disse que não.

– Não posso fazer isso! – Disse, assustada. - Se eu contar, o Kid pode começar a desconfiar de mim e do Soul, principalmente porque moramos na mesma casa. E mesmo sem isso, como eu vou ter coragem para falar algo assim?

Tsubaki sorriu, encorajadora.

– Você é corajosa, vai conseguir! E não, Maka, ele vai confiar mais em você. O Kid vai saber que você é sincera com ele. As pessoas não desconfiam dos outros por contar a verdade, elas desconfiam quando alguém mente ou esconde algo. Já pensou se ele acaba sabendo por outra pessoa depois?

– Você não contaria!

– Não, mas tem o Soul. Se ele estiver num momento de raiva, não duvido que contaria, a gente nem pensa quando está com raiva. – Tsubaki disse. – E o Black também sabe. Pra ele deixar escapar é a coisa mais fácil.

Suspirei, ansiosa. Eu sabia que Tsubaki tinha razão, mas só de pensar em dizer aquilo para o Kid eu já travava. Como eu iria encará-lo? Eu nem conseguia imaginar a expressão dele quando soubesse. Raiva? Mágoa? Decepção? Eu não queria ver nada daquilo nos olhos dele. Estava acostumada demais com aquele olhar caloroso para poder lidar com outra coisa.

Tsubaki notou meu desconforto, e me puxou para um abraço.

– Você pode pensar mais sobre isso depois. Não se force demais agora, só não esqueça que isso é importante. Certo?

– Certo. – concordei, por fim.

Fomos em silêncio o resto do caminho, eu estava perdida demais nos meus próprios pensamentos, e Tsubaki respeitou isso. Fiquei imaginando se eu teria coragem de contar sobre aquilo para o Kid. Como eu faria? Não saberia nem por onde começar. Eu me sentia mal só de imaginar.

Não demorou muito e chegamos no meu prédio. Estava passando direto pelo saguão, distraída demais com tudo o que havia acontecido hoje, até notar um pedaço de papel na minha caixa postal. Deixei Tsubaki sozinha, esperando pelo elevador, e corrí até lá, puxando o papel.

Era o folheto de um curso de informática, e já ia amassá-lo e jogar no lixo, quando notei um relevo nele. Virei a parte de trás e havia algo escrito ali. Eram apenas duas palavras, escritas numa letra irregular e pontuda: “precisamos conversar”.

Eu conhecia aquela letra.

Respirei fundo e dobrei o papel, escondendo-o no bolso antes de correr até onde Tsubaki me esperava, bem a tempo de entrar no elevador antes que fechasse.

– O que era? – Ela perguntou.

– Nada. – dei de ombros. – Só um folheto.

Já haviam coisas demais para se preocupar. Depois eu lidaria com aquilo.


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Notas finais do capítulo

Oi! Nos encontramos novamente!
Então, espero que tenham gostado!

~MOMENTO PROPAGANDA~
Essa semana eu repostei uma oneshot minha, que eu havia postado num conjunto de oneshots MAS apaguei a história original. Então, como eu tenho uma paixão platônica por essa em especial, postei de novo e-e
Se alguém quiser dar uma olhada: http://fanfiction.com.br/historia/538840/O_Cara_Legal_do_Nebraska/
Ah, é original!

Só isso! ^^
Kisuus, e até o próximo ;*