Minha Vida Fora De Casa! escrita por Jade Potter


Capítulo 12
Capítulo 12




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Assim que chegamos no restaurante ficamos conversando de coisas que demoramos muito tempo pra confessar. Meu pai confessou que nunca sentiu o que sente agora por minha mãe com ninguém, o que me fez ficar sem graça. Minha avó admitiu que nunca amou ninguém e não quer amar. E Matheus disse que preferia ficar fumando á arranjar alguém. Ele é um péssimo exemplo!

Já estava de noite, e o telefone do meu pai tocou, ele olhou com uma cara preocupada pra o celular e atendeu:

---Resolveu pedir desculpas? ---falou. Demorou um pouco e ele sorriu. ---Tudo bem, até daqui a pouco.

Desligou o celular e nos olhou.

---Quem foi? ---perguntei.

---Surpresa. Daqui a pouco ele chega. ---falou meu pai com um sorriso, e eu fiquei super ansiosa. E ainda estava esperando o meu amigo Rony chegar. Estava louca para minha família conhecer ele. Tanto que já estava ficando preocupada, será que aconteceu alguma coisa com ele?

Depois de um tempo, tudo ficou escuro, e eu percebe que tinham vendado os meus olhos.

---Ah perai! Quem é? É a minha surpresa? ---falei. E uma voz falou:

---Sim! ---falou meu tio Estevão. Eu quase desmaiei, olhei pra trás e sorri indo direto pra um abraço.

---O que aconteceu com você? Por que saiu de casa? ---falei.

---Por que eu fui idiota. Deixei uma briga de trabalho, atrapalhar a amizade entre eu e o seu pai. ---falou ele. Eu sorri, estava feliz em pensar que ele não se esqueceu de mim.

---Que briga? ---perguntou minha mãe. E foi aí que eu percebi que ela não sabia dessa historia. ---Do que é que vocês estão falando?

---Nada! ---falou meu pai. ---Foi só uma pequena discussão.

---Sim... Mas eu preciso saber. Tudo que tiver haver com você, eu preciso saber.

---Então da próxima vez eu falo. ---falou meu pai rindo. Nós sentamos na mesa e ficamos comendo.

Até que depois de um tempo um homem (e pela cara parecia ser medico) veio até nós.

---Alguém morreu? ---falou Matheus, e minha mãe o fuzilou.

---Não, mas está quase lá. ---falou, eu fiquei preocupada.  Será que aconteceu alguma coisa com... ---O Senhor Rony Mclarn teve um enfarto hoje á tarde, e pede urgentemente para vê-la.

Todos olharam pra mim. Quer dizer, eu nem tinha contado essa historia do Rony, mas eu tava nem aí. Levantei da mesa e minha mãe me puxou.

---Aonde você vai? ---falou.

---Ele é o meu amigo. Preciso vê-lo. ---falei.

---Mas é o seu aniversario. ---falou meu pai.

---Pai, eu já tive dezenove aniversários na minha vida, um a mais um a menos não faz diferença. ---falei e sai deixando todos parados me olhando.

*

Assim que entrei no hospital falei com a secretaria e ela me levou até a sua ala, onde eu respirei fundo e entrei.

Eu vi Rony deitado em uma cama e ele estava tão pálido e fraco, fiquei do lado dele, e quando ele abriu os olhos e me viu, sorriu.

---Que bom que veio. Eu sei que... Não é uma boa hora pra te tirar da companhia de seus familiares... Alias feliz aniversario! ---falou com uma voz fraca.

---Eu nunca me importei com aniversários, mesmo! ---falei e lagrimas saíram de meus olhos.

---Eu não falei que eu iria morrer depois que você fizesse dezenove anos? Cumpre minha promessa.

---Que coisa horrível de se dizer. ---falei. ---Não sei como vou sobreviver sem os seus conselhos.

---Simples: Aprenda a se dar conselhos. ---falou fraco e então começou a tossir.

---Pára de falar. Pode ficar pior e...

---Eu já estou pior. ---falou. ---Eu só quero... Te dizer... Uma coisa. Siga seu coração a cima de tudo. E tente... Voltar pra Nova York e... Mostrar indiferença...

---Ai meu deus! Eu vou chamar a enfermeira.

---Não! Eu não... Quero. O meu filho... Ele viajou... Não ligue pra... Ele. Deixe... Ele... Chegar. Diga... Que eu... O amo... ---e sem eu esperar Rony fechou os olhos devagar e nunca mais o abriu.

***

UMA SEMANA DEPOIS.

Eu estava olhando para o teto do meu quarto, provavelmente achando que ele ia cair em cima de mim. Estava com dor de cabeça desde a morte de Rony. Ele era o meu melhor amigo e se foi. Eu estava sozinha de novo. Não sabia o que fazer agora. Então só ficava lá, olhando o teto, achando que poderia sair algo de bom de lá. O que é claro não é verdade. Eu estava sozinha.

Minha mãe abriu o quarto e falou:

---Você tem que comer. Não come faz um dia inteiro. Eu sei que esse seu amigo morreu e ele era um grande amigo, mas a vida segue em frente.

Eu só olhei pra ela.

---Mãe! Pra você tudo é muito fácil, mas não é. Ele me ajudou a superar o Miguel!

---E você superou? ---falou ela.

---Não... Eu ainda amo ele. Mais deixei de chorar e não comer por causa dele, você sabe disso!

---Eu sei. Filha... Se ele foi um bom amigo, ele deve ter te dado esse conselho: Mostre-se forte!

---Ele falou. Mas...

---Você que sabe. Vou deixar a comida aqui, se quiser...

Eu olhei pra minha mãe me sentindo uma pessoa com uma alma em conflito. Decide sair um pouco.

*

Estava sentada no balanço do lado da minha casa, quando eu vi a mesma menina do dia de cabelos loiros sentada brincando na areia. Ela, assim que me notou, deixou os brinquedos de lado e ficou na minha frente.

---Oi! Eu te vi uma vez aqui. O meu nome é Clair e o seu?

---Bella. ---falei. ---Você gosta de brincar muito aqui?

---Sim. É o meu lugar favorito. ---falou. ---Você está triste.

---O meu amigo morreu semana passada. ---falei.

---Eu sinto muito. Mais isso é muita coincidência, também perde um amigo semana passada. ---falou ela.

---Serio? Quem?

---Rony. Ele não é bem o meu amigo, na verdade, ele é amigo da minha mãe. Eu tinha consultas com ele.

---Rony? ---eu estava pasma, era muita coincidência. ---Ele é o meu amigo que morreu.

---Nossa! Tem coisas que acontecem na nossa vida que não podem ser explicadas. ---falou.

---Tem razão! Por que você precisava dele?

---Meus pais acham que eu sou meio azoada. Que vivo no mundo da lua. ---falou, ela tinha mesmo cara de quem não ligava para as coisas. ---Não precisa falar o seu motivo, pela sua idade e pelo seu jeito, deve ser namorado. Não sei muito dessas coisas, mas...

---Acertou. Eu posso te fazer uma pergunta?

---Claro.

---Se você tivesse alguém, e essa pessoa te magoasse muito, e pra não sofrer você tivesse ido morar de novo com os seus pais, mas que precisasse voltar. O que você faria?

---Voltaria. Eu acho que se essa pessoa te magoou, ela quer te ferir. Então a fazer sofrer também, é o certo. Voltando, você pode fazê-lo entender que não liga mais, e isso o fará ficar todo arrependido e pode o fazer sofrer, quem sabe|!

Eu fiquei olhando aquela garota que devia ter no Maximo uns nove anos, e vi que eu era uma burra. Não! Serio. Voltar sempre foi o certo, sofrer só vai prejudicar a minha vida. Sorri pra Clair e falei:

---Você é um anjo! Obrigado pelo conselho. ---falei e dei um beijo em sua bochecha, ela sorriu e me viu entrar em casa.

*

Entrei em casa com tudo pronta pra arrumar as minhas coisas e parti a mil.

Minha mãe olhou pra minha cara e falou:

---O que aconteceu com você?

Meu tio Estevão viu minha cara e falou:

---Ela quer voltar.

---mas por quê? Filha, logo agora?

---sim. Preciso arrumar minhas coisas. ---falei subindo as escadas para o meu quarto.

Assim que entrei no quarto a minha mãe me seguiu logo atrás com as sobrancelhas erguidas.

---Filha, pelo santo cristo poderoso, não faça mais isso!

---Mãe, desculpa, estava com pressa.

---Vai pra onde, pelo amor de Deus?

---Vou voltar. ---falei olhando pra ela. ---É o certo, você, o Rony, aquela menina no parque, todos vocês estavam certos.

---“Aquela menina no parque” que menina?

---Eu conheci ela hoje, me disse tudo que eu precisava pra voltar. Só vou arrumar ás minhas coisas e comprar a minha passagem, vou hoje mesmo.

Quando minha mãe ia responder, a porta do meu quarto se rompeu em um estrondo e meu pai e Estevão entraram.

---O que você pensa que está fazendo arrumando essa bagagem? Só por que o seu amigo morreu não quer dizer que você tem que se mudar pro Japão! ---falou meu pai.

---pro Japão? Vocês ficaram malucos? ---falei.

---Foi o que sua mãe disse! ---falou Estevão.

---Olhe, eu sei que a situação não está fácil, mas não á necessidade de ir pro outro lado do mundo, nós... ---falou meu pai.

---PAI! ---gritei e todos olharam pra mim. ---Eu não vou pro Japão, e também não vou sair daqui por que o meu amigo morreu. Eu vou embora pra Nova York, por que é o certo. Vou continuar a minha faculdade, e seguir minha vida. ---falei.

Todos ficaram em silencio como se estivessem processando o que eu disse, de repente todos deram um sorriso.

---Graças a deus! Vai voltar pra sua faculdade. ---falou meu pai. Eu sorri e o abracei.

---Agora pelo amor de Deus, de onde vocês tiraram que eu iria pro Japão, não tem nada haver!

---A sua mãe é maluca. ---falou meu tio. E depois saíram, assim eu poderia arrumar mais uma vez a mala pra fora de Londres.

**

Eu já estava dentro do avião e de repente eu pude perceber que eu estava ficando maluca, quer dizer, eu estou voltando pra Nova York, o lugar onde eu fiquei sem eira nem beira. Meu subconsciente não quer voltar pra lá, por que tem medo, agora de algum modo o meu coração quer. E eu vou!

Dessa vez eu estava na parte executiva, onde os ricos ficam, eu me senti um pouco desconfortável, as mulheres todas cheia de poses e roupas e jóias, eu fiquei completamente deslocada.

Mais o melhor de tudo: nada de porqueira, comida de boa qualidade, e muito conforto.

*

Assim que o avião pousou, eu soube que tudo seria diferente, se tudo estivesse igual eu não estaria aqui sozinha, provavelmente o Miguel estaria me esperando. Ou talvez ele nunca me esperasse por que já estaria comigo. Mais não posso ficar me remoendo, afinal, eu estou aqui pra provar que eu superei e que vou fazê-lo sofrer também.

Peguei o meu taxe, pronta pra ir pra casa da Alex, mas aí me ocorreu uma idéia: Ele tem de ser o primeiro a me ver, quer dizer, ele é o principal motivo da minha volta.

Eu só não sabia o que fazer quando o visse. Depois de um tempo sem ver alguém importante pra você, você começa a se esquecer de como agir com essa pessoa.

Saí do taxe e entrei na minha casa, fazendo muito barulho. Não tinha ninguém.

---Alguém! ---gritei e não ouve resposta. Resolvi deixar ás minhas coisas lá, e ir pra casa da Alex. Ela deve ficar feliz com a minha chegada.

*

Andei um pouco, eu não ia pagar taxe de novo, é claro! E bate na porta da casa da Alex.

Assim que a porta se abriu eu vi uma garota de cabelos ruivos e desengonçados me olhando com uma cara de surpresa.

---BELLAAAAAA! ---berrou Alex.

---Oi. ---falei sem jeito. Eu entrei e ela me abraçou como se tivesse passado um ano sem me ver.

---ONDE VOCÊ SE ENFIOU? EU TAVA MALUCA TE PROCURANDO! ---gritou ela, eu já estava ficando surda.

---eu percebi. ---falei.

---por acaso alguém roubou o seu celular, ninguém tava conseguindo falar com você. ---falou ela.

---Eu que não queria falar com ninguém. ---falei. ---tava precisando de um tempo.

---E deu mesmo! O Miguel ficou maluco te procurando, todo dia vinha pra cá pra me atormentar. Eu mandei logo ele chispa, disse que você viajou pro Japão. ---falou ela.

---PRO JAPÃO? Não tem outro lugar que eu poderia ter ido?

---Ele iria atrás de você.

Meu rosto murchou como uma rosa mal cuidada. Por que esse sentimento ainda me atormentava? Bem que eu poderia esquecer logo ele.

---Desculpe tocar nesse assunto. ---falou. ---eu to tão feliz em te ver. Tava me sentindo tão sozinha aqui nessa casa.

---E o Vitor? ---falei.

---Ele casou! ---falou e eu quase me engasguei. ---disse que não agüentava mais essa pobreza e pegou um rico aí. Tão casado á duas semanas!

---Ele é maluco? ---falei. ---isso é a cara do Vitor.

---Eu sei! E então o que levou a você vir pra cá?

---Duas pessoas que eu conheci. Eles me fizeram perceber que eu tinha que dar a volta por cima e encarar. E é o que eu to fazendo, mas vou fazer pior. ---falei.

---Quem é?

---O Rony e Clair. O Rony é um homem, um psicólogo que me ajudou umas semanas. E a Clair ela é uma menina de nove anos. ---falei.

---Aceitou um conselho de uma menina de nove anos?

---Não foi só isso. Ela... Falou a mesma coisa que o Rony me falou. E então eu tive certeza que era um sinal, eu tinha que vir.

---Falou curto mais falou bonito. ---falou e me abraçou de novo.

Eu ri.

Nós sentamos um pouco e eu resolvi subi pro meu quarto antigo quarto, ver como estava.

Assim que terminei de ver ás minhas lembranças, eu ouvi alguém abrir a porta com força, desci ás escadas de novo e ouvi a voz do Miguel:

---Você não sabe o que eu encontrei, Alex! ---falou parecendo sufocado de emoção.

---o que foi?---falou fingindo surpresa.

---Eu vi ás coisas da Bella no nosso quarto... ---falou rápido, e por um momento eu gostei do modo como ele ainda considerava o quarto nosso.

---É serio! QUE BOM.

---Ai meu deus, eu quero tanto vê-la. Por que ela fez isso comigo...

 Eu entrei com tudo na sala e meu coração desabou, como se por um momento todo o ódio que eu sentia por ele tivesse evaporado, ele me olhava do mesmo jeito, e ao mesmo tempo muito confuso por eu ainda não ter pulado nos seus braços.

Sem querer uma lagrima acabou caindo dos meus olhos, o limpei rapidamente e o olhei o desafiando. Ele me olhou ainda com um sorriso e veio pra mais perto.

---Bella! Ai meu deus. Meu amor, por que não me ligou, por que saiu assim? Eu senti tanto a sua falta. ---falou ele e quando ia me beijar, eu me afastei e o olhei interrogativamente.

---Desculpe, estava ocupada. ---falei encerrando o assunto, ele me olhou triste, como se eu tivesse partido o coração dele, não o contrario.

---Eu amo você, onde esteve? ---falou ele ainda com um sorriso, só que mais murcho do que o de antes.

---E te interessa? ---falei e olhei pra Alex. ---Eu vou pra casa!

---Pra nossa casa? Eu sabia que você não me deixaria ficar...

---Eu também paguei... Não lembra? ---falei e saí deixando ele me olhando.


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Notas finais do capítulo

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