Os Sobreviventes escrita por Bruno Almeida
Britany gritava a toda a altura. Levantei-me pra correr em sua direção. O garoto gordo estava com uma pele acinzentada e uma expressão diabólica. Britany segurava o pescoço do garoto com as duas mãos tentando mantê-lo longe. Corri. Britany não aguentaria nem mais um segundo. Ao invés de enfiar a faca no garoto eu chutei seu rosto. Já que ele estava à meio caminho do pescoço de Britany. O garoto gordo rolou no chão caindo perto de Annie que levantou-se instantaneamente e correu na direção oposta.
— Segurem-no — berrei.
Felipe estava perto do garoto que estava se pondo de pés. Segurou-o por trás. Comecei a correr na direção do garoto, mas quem deu o golpe final foi Samantha.
Felipe soltou o garoto que desmoronou no chão sujando os panos que eu havia colocado. Britany estava em completo estado de choque. Sua expressão estava impassível. Todos olhamos pra ela, e ela começou a chorar!
— Ei! Ei... — Annie se aproximou e abraçou-a. — Está tudo bem agora! Tá bom? — A garota tremia e fez que sim. — Ele... te mordeu? — perguntou.
— Não... eu acho que não. — ela virou os braços fazendo uma análise.
As lágrimas pararam. Todos estávamos parados ainda. Felipe pegou o corpo do garoto e levou para um canto da loja, cobrindo-o com panos brancos.
— Como posso confiar? — falou Samantha olhando pra baixo.— Alguém mais aqui foi mordido ou... arranhado?
Samantha estava certa. O garoto não tinha sido mordido, somente arranhado por um zumbi, e ainda assim se transformou.
— Ela está certa! — falou Britany se pondo de pés. Ela levantou a blusa tirando-a e ficando somente de sutiã e saia. Colocou a mão na barra da saia e baixou-a. Ficou daquele jeito imóvel e seminua. — Espero que isso responde à sua pergunta. — Ela vestiu-se novamente.
— Todos façam o mesmo! — exclamou Samantha se despindo. — Não posso andar com "amigos" que queiram me mastigar.
Todos fizemos o mesmo. Ninguém estava mordido ou arranhado. Eu estava somente de cueca, e fui procurar algumas calças e camisas para trocar as que eu estava usando, pois estavam sujas de sangue. Encontrei no fundo da loja uma camisa social azul marinho e uma calça jeans preta. Os outros fizeram o mesmo.
— Então... — Falou Annie se aproximando de mim. — O que devemos fazer agora?
— Vamos começar pela casa do Denny. É a mais próxima daqui.
— Certo. — falou ela. — Você... você acha que agente vai... conseguir sair daqui com vida? Sabe... chegar ao Abrigo.
Olhei pra ela por um longo momento admirando sua beleza.
— Se ficarmos juntos, sim! — falei. — Pessoal — disse um pouco mais alto. — Devemos começar pela casa do Denny. É a mais próxima daqui.
Todos acenaram concordando. Peguei minha faca e coloquei-a na mão firmemente. Me aproximei da porta e abri-a vagarosamente. Coloquei minha cabeça pra fora, à tempo de ver aquela multidão de corpos. Fechei-a rapidamente. O sol brilhava do lado de fora. Peguei meu celular e vi as horas: 8:15 da manhã.
— Com certeza não vai dar pra sair por aqui. — falei — Eles devem ter ouvido o barulho dos nossos gritos e vindo para essa região.
— Tem uma porta nos fundos da loja. — falou Britany. — Deve dar na outra rua.
— Tudo bem... — falou Denny. — Vamos ver então...
Nos encaminhamos fazendo o máximo de silêncio possível. Chegamos na porta e eu a abri lentamente. Realmente, dava acesso à outra rua. A boa notícia é que só tinham uns três mortos-vivos.
— Vamos sair. — falei. — Se preparem, tem uns zumbis aqui.
Abri a porta empunhando minha faca. Os zumbis olharam na nossa direção e correram. Achei um bastão no chão e o atirei na direção de um dos zumbis que estavam próximos. O bastão bateu eu seu estômago e caiu entre suas pernas fazendo com que ele caísse no chão. Os outros dois continuaram a avançar. Uma senhora e um velho de branco. Britany tomou minha frente juntamente com Annie e atingiram na cabeça dos zumbis na mesma hora. Os zumbis caíram e aproveitamos para matá-los. Com excessão de Felipe que correu na direção do que eu havia derrubado. E matou-o.
— Vamos continuar — disse eu já me pondo de pés.
— Não vamos conseguir continuar se formos lentos assim. — falou Samantha. — Precisamos de um carro.
— Ela está certa. — falou Britany.
— Eu sei fazer ligação direta. — falou Felipe.
— Vamos nos separar — falou Samantha. — Metade do grupo vai aquele lado da rua — disse apontando para o lado norte — e a outra metade pra lá. — disse ela apontando pro sul. — Nos encontramos aqui em 10 minutos.
— Espera! Espera... — falei — Não podemos nos separar. Temos que irmos juntos, afinal de contas tem um carro lá na frente — apontei para o norte. — E, outro ali — apontei para o sul. — São os únicos que não estão virados ou com pneus furados. — completei.
— Eu também sei fazer ligação direta — falou Denny. — Vamos fazer do jeito que Samantha disse, metade pra lá, com Felipe e metade pra cá comigo.
— Certo... — falei.— Vamos ser rápidos.
Annie, Britany, Denny e eu fomos para um lado. E, Carol, Samantha, e Felipe foram para o outro. Todos fomos correndo. Estávamos a no mínimo uns 100 metros do carro, quando paramos bruscamente. Uma multidão de mortos-vivos perambulavam logo na esquina. Uma mulher com um vestido rosa ensanguentado nos viu e começou a caminhar em nossa direção, mais rápido, mais rápido até que já estava correndo em nossa direção. Viramos as costas e corremos como se nossa vida dependesse daquilo — o problema, é: dependia. Ouvimos uma buzina e percebemos que o carro estava funcionando. Acelerei. Passamos de lado de uma moto caído e eu dei uma olhada no retrovisor. Aquela multidão estava na nossa cola. Vi Samantha descer do carro e abrir as portas laterais e o bagageiro para facilitar nossa entrada. O carro começou a dar para diminuir a distância. 50 metros, 40, 30, 20, 10 e pulei no bagageiro juntamente com Annie, e Denny e Britany entraram pela porta. O carro acelerou, baixei a porta do bagageiro, e percebi que desde que tudo aquilo tinha começado era a primeira vez que eu estava chorando. Annie colocou a mão em meu rosto com os olhos cheios de lágrimas.
— Se ficarmos juntos conseguiremos. — falou ela.
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