Os Sobreviventes escrita por Bruno Almeida


Capítulo 6
Uma terrível perda.




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Meu primeiro impulso foi dar um pulo pra trás, e acabei derrubando Felipe.

— Mas... — ainda estava assustado. — que... O que você está fazendo aqui?

O garoto ainda gritava, assustado e caído no chão sobre alguns pacotes de arroz.

— Vo... vocês... não estão... — ele gaguejava — mordendo? 

— Não... — respondi ajudando Felipe a se levantar. — Estamos tentando sair do colégio... Pra procurarmos nossas famílias, e ir pra o... Abrigo!

O garoto se levantou ainda com as pernas tremendo. Minhas mãos também tremiam... na verdade tremiam desde que eu vi o primeiro morto-vivo.

— Posso ir com vocês? — O garoto gordo perguntou.

— Claro! — Respondeu Annie, a garota ruiva, passando na minha frente e pegando na mão do garoto. — Onde você mora?

— Moro a duas ruas daqui.

Escutei um barulho de aço se quebrando.

— Ok. Vamos discutir isso mais tarde agora temos outros problemas. — eu disse. — Vamos entrem.

Todos entraram na pequena sala. Eu voltei correndo para o corredor de onde acabávamos de vir, entrando novamente na cozinha. Denny me seguiu. Olhei para a porta na frente da sala e vi que tinha no mínimo 5 zumbis dentro da cozinha, e entrando mais e mais. Eles pareciam confusos e aturdidos. Ainda não tinham nos visto. Eu estava à uns 3 passos do corredor. Voltei lentamente evitando fazer barulho. Até que tropecei na cadeira em uma cadeira de ferro, que se arrastou fazendo um som parecido com ZIIIIP. Todos os olhares dos mortos-vivos se viraram na nossa direção. Foi então que começou a correria. Virei de costas, e comecei a correr a toda velocidade com Denny já entrando na sala. Não me atrevi a olhar para trás. Continuei até que finalmente entrei dentro da sala. E, Felipe, o garoto malhado, fechou a porta. Ou melhor, tentou. Um braço cheio de sangue empatou que a porta fosse fechada. 

— Droga! — gritei.

Ahhhhh! Esse era o grito que ecoava dentro da sala. Denny começou a puxar a porta junto com Felipe. Joguei minha faca no chão e peguei o facão que estava com Britany. Ergui-o e baixei com toda a força que consegui acumular. O braço simplesmente caiu melando o chão de sangue. A porta finalmente estava trancada. Minha respiração ofegava. Samantha me empurrou com os punhos cerrados.

— Que porra você acha que estava fazendo? — gritou ela comigo.

— Não sei — sussurrei. — Achei que... se eu conseguisse chegar lá antes de eles entrarem conseguiria trancar a porta! — exclamei com as costas junto da parede. 

— E você? — ela gritou com Denny. — Agente poderia ter morrido.

— Acontece que não morremos! — gritou Annie com ela. — Quem você pensa que é? Eles estavam tentando ajudar. — falou ela apontando pra mim e pra Denny. — Quase fuderam com tudo, sim, mas tentaram ajudar.

Silêncio. Essa foi nossa reação. Silêncio. Talvez o silêncio seja uma boa coisa, pode ter vários significados.

— Obrigado  à vocês dois. — falou Annie.

Continuamos calados. Aquela garota com certeza tinha atitude. E atitude é algo que eu dou muito valor. Continuei parado suando frio. Annie foi até uma janela de vidro de tamanho médio. 

— Acho que dá pra todos nós passarmos! — disse ela.— Vamos, me ajudem a abrir.

Felipe correu e começou a ajudá-la a abrir a janela. Abriram com muita facilidade enquanto todos os outros, inclusive eu, ficavam olhando.

— Vamos sair agora. — falou Annie.

Levantei-me e fui até a janela. Olhei para o pátio, parecia que não tinha nenhum morto-vivo lá. Coloquei minha cabeça pra fora para ver melhor. Nada. O pátio estava limpo.

— Vamos! — exclamei. — O pátio parece limpo.

Esgueirei-me pela janela e sai. Fiquei ali esperando os outros. Olhando para todos os lados possíveis, caso aparecesse algum morto-vivo. Annie saiu e ficou à minha direita. Ficamos em silêncio enquanto os outros também saiam. Depois de uns 3 minutos todos já estavam do lado de fora.

— Saímos pelo portão? — perguntei com um sussurro.

— Acho que sim. — respondeu Denny.

Começamos a caminhar fazendo o mínimo de barulho possível. Vimos o portão. E, por incrível que pareça, algum desgraçado o havia trancado novamente. Olhei para os outros em busca de uma resposta.

— Vamos ter que pular. — falou Britany.

O garoto gordo, que estava atrás dos outros falou algo como um OH-OH olhei para trás e lá estavam três mortos-vivos correndo na nossa direção. O garoto gordo saiu em disparada pelo corredor. Isso atraiu a atenção de um dos mortos-vivos que foi atrás deles. Annie começou a correr atrás do morto-vivo que estava perseguindo o garotinho gordo, Samantha e Britany foram atrás dela.

Eu, Denny, Felipe e Carol McGreavy ficamos para matar os outros dois. Minhas mãos suavam. Eles já estavam bem próximos. Carol pegou uma faca pequena porém bem afiada e a atirou em um dos mortos-vivos. Acertou bem no pescoço o que fez com que ele desacelerasse caindo no chão e se contorcendo. Felipe correu para um lado e Denny para o outro. O morto-vivo veio na minha direção. Preparei-me levantando a faca, Carol estava ao meu lado. Também segurando uma faca. Quando o zumbi chegou à minha frente. Levantei a faca e lhe arranquei a orelha. Eu tinha mirado no olho. Pra minha sorte isso foi o suficiente para que o zumbi ficasse aturdido. O que deu tempo à Felipe enfiar a faca na cabeça dele. Levantei-me e corri na direção do zumbi que Carol tinha atingido, agora ele estava se pondo de pés. Ergui minha faca e lhe atingi dentro do olho. Um líquido nojento começou a inundar minha mão. Tirei a faca e limpei na roupa do zumbi caído no chão.

As garotas voltavam com o garoto gordinho sangrando.

— Ele foi mordido? — Perguntei.

— Não — respondeu Britany meio cansada. — Conseguimos matar o zumbi antes. Simplesmente o arranhou.

Samantha, entrou novamente no pátio principal e pegou uma cadeira. Voltou correndo.

— Com a barulheira que fizemos daqui a alguns minutos aqui estará lotado de zumbis — disse Samantha.

E ela estava certa. Pegou a cadeira e colocou encostada no portão. Subiu e começou a escalar o portão, com muita facilidade. Pulou e pronto. Estava do lado de fora. Todos nós fizemos o mesmo.

— Ai... meu... Deus. — falou Carol. — Olha só pra isso!

Até então as únicas imagens que tínhamos visto da cidade tinham sido pela televisão. Agora aqui do lado de fora, vendo tudo ao vivo e à cores, a coisa era bem pior do que podíamos imaginar. Um verdadeiro inferno. Mas, pelo menos na rua em que estávamos parecia não ter nenhum zumbi. Ouvimos alguns tiros. 

— A polícia. — Disse Britany. — Vamos aonde estão os tiros.

— Não podemos. — falei — Se eles estão atirando é por que é perigoso. Olhei para a tela do meu celular. Já eram quatro horas da manhã. E, estava sem luz novamente.

— É melhor acharmos um lugar para descansar até o sol aparecer. — disse Annie. — Talvez seja mais fácil procurarmos pela manhã.

Todos concordamos com um sim bem desanimado. Começamos a andar na direção de uma pequena loja que parecia estar aberta. Na placa lia-se:

LOJA DA TIA SALLY

Estávamos a uns 5 metros. Quando ouvimos um barulho estranho. Virei-me na direção de um carrinho de bebês. Olhei dentro e vi uma criança com os olhos cinzas. Um zumbi. Sua barriga estava completamente mordida. Virei o olhar para o outro lado. E, continuei. Abri a porta lentamente. Olhei lá dentro e não vi nada. Liguei a lanterna do celular. Os outros seguiram meu exemplo. Entramos na loja e viramos tudo. Não tinha nem sinal de mortos-vivos ali. Fechei a porta da frente. A boa notícia: era uma loja de roupas. A má notícia: era o fim do mundo.

— Podemos dormir aqui? — perguntou o garoto gordo.

Fiz que sim com a cabeça. Peguei alguns tecidos bem longos e espalhei pelo chão. Esses seriam nossos colchões. 

— Boa noite. — disse Annie à todos.

Respondemos como num coro boa noite. Fechei os olhos e dormi instantaneamente.

Acordei com um susto ouvindo um grito. Peguei minha faca instantaneamente, e a levantei. Olhei para o lado e entendi o que estava acontecendo. O garoto gordo estava sobre Britany, e seus olhos estavam cinzas.


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