Os Sobreviventes escrita por Bruno Almeida


Capítulo 11
Novos Amigos




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— Fodeu! — Falou Felipe olhando para a parede de aço, de pelo menos 3 metros, à nossa frente. — Nunca conseguiremos entrar com aquelas coisas na porta!

Ficamos ali, na entrada da cidade observando o muro, e os vários mortos-vivos. Como Felipe dissera, jamais conseguiríamos entrar no Abrigo, por aquela entrada.

— Não vamos desanimar! — Falou Britany, apoiando-se em mim. — Vamos dar a volta na cidade e ver se conseguimos encontrar uma outra entrada que tenha menos mortos-vivos.

— Ela está certa não podemos desanimar agora... Pelo menos não depois de termos perdido tantos, e chegado aqui tão perto. — Disse Annie.

Ouvimos passos correndo na nossa direção vindo da mata atrás de nós. 

— Vamos dar o fora daqui! — Falou Samantha. 

Não precisou falar duas vezes. Britany apoiou-se em mim para poder andar mais rapidamente. Apesar de me retardar, eu não a deixaria ali com a perna inflamada para morrer, eu ainda tinha um pouco de humanidade. Os passos aceleraram, até que podemos ver uma criancinha loira, de no máximo 10 anos, com os olhos completamente cinzas. Cruzamos a rua e Felipe arrombou uma porta com um chute. Entramos e ele ficou segurando a porta enquanto Carol e Annie arrastavam uma cômoda para fecharem a porta.

Britany foi para o outro lado da sala, e sentou-se no sofá. Sua perna sangrava. Passos vieram apressadamente da cozinha e um homem sem a bochecha pulou sobre Britany. Corri em sua direção, porém Samantha foi mais rápida. Pegou o jarro que se encontrava sobre a mesa, e acertou na cabeça do morto-vivo fazendo com que ele caísse aturdido. Aproveitei a deixa e peguei uma cadeira de madeira, e comecei a acerta-lhe nas costas. Ele desmaiou. 

— Vamos dar o fora daqui! — Falei.

Corremos para a cozinha. Annie levantou Britany e perguntou-lhe se estava tudo bem. Britany respondeu que sim. O resto da casa estava vazio. Fomos para a porta da cozinha. Dava acesso a outra rua. 

— Vamos pegar facas. — Disse eu.

Eu encontrei um facão e peguei-o para mim. Os outros ficaram com facas.

— Vou abrir a porta no três. — Disse Samantha pegando a maçaneta. — Um... Dois... Três.

Abriu a porta e nós saímos rapidamente. A garotinha que estava na porta da frente deve ter percebido o nosso barulho e correu para a nossa rua. Apareceu a uns cinco metros e sem hesitar levantei o facão e acertei-lhe em cheio no crânio, arrancando um pedaço de sua cabeça. Ao ver aquela cena, todos nós nos dobramos e vomitamos. 

Evitei olhar novamente para aquilo e segui o caminho com o estômago ainda embrulhado. As ruas estavam bem piores do que a da minha cidade. Para todo lado existia, carros motos, e bicicletas jogados e virados. Era um completo inferno. 

A única coisa boa, era que as ruas que estavam afastadas do Abrigo, não estavam cheias de mortos-vivos. Aparecia, um ou outro de vez em quando. 

Entramos em uma pequena loja escura. O cômodo em que nos encontrávamos estava vazio.

— Temos que entrar em algum prédio alto. — Falou Carol. — Se chamarmos a atenção do pessoal do Abrigo, talvez eles tenham um helicóptero. 

— Talvez. — Falou Samantha.— Apesar dela ser uma vadia, ela tem certa razão... De que outra maneira poderíamos entrar por ali? Eu sei, e todos vocês sabem que não haverá outra entrada ou que se existir outra entrada estará tão cheia de mortos-vivos quanto aquela.

Ficamos somente ali parados por um tempo. Analisando as opções. Que não eram muitas.

— Votação. — Falei. — Todos sabemos dos riscos das duas opções. Se tentarmos chamar a atenção do Abrigo, a pedido de um helicóptero eles talvez não tenham um, e acabaremos chamando a atenção dos zumbis. E, se dermos a volta na cidade, também é provável que esteja cheio de mortos-vivos. Quem vota por tentar chamar a atenção do Abrigo? — Perguntei.

Eu levantei a mão, e todos os outros também. 

— Tudo bem! — Falou Annie. — Vamos ter que ir em um prédio bem alto. E, os prédios altos que tem nessa cidade, ficam todos próximos ao Abrigo, então teremos de tomar todo o cuidado possível. Precisaremos de pano e de tinta, muita, muita tinta...

— E, se possível fogos de artifícios. — completou Britany.

O plano parecia ser bom, só havia um probleminha. Não seria tão fácil achar tantas coisas e chegar a um prédio bem alto. Um barulho na porta fez com que todos ficássemos preparados. Novamente. O barulho não vinha do lado de fora, e sim do outro cômodo. Ficamos calados e começamos a andar para a saída.

"Eu tenho certeza" escutamos um murmúrio do outro. "Foram vozes" voltou a falar. Nos entreolhamos.

— Tem alguém aí? — Perguntou Carol.

— Sim! Sim! — Agora o barulho estava completamente audível. — Quem está aí? — Perguntou a voz masculina, com certeza de um adolescente. — Vocês são do Abrigo? — Disse ainda com a porta fechada.

— Não! Mas estamos tentando ir pra lá... Abra a porta por favor. — Pedi.

— Alguém aí está infectado? — Perguntou agora outra voz, também masculina. 

— Não! — Respondeu Felipe. — Ninguém aqui está infectado.

A porta abriu-se e o cano de uma arma despontou. Calibre 38. Paramos bruscamente. Ficamos ali com um nó na garganta. Um garoto com uma camisa xadrez regata, e uma calça jeans preta segurava a arma, firmemente. 

— Desculpem-me! — Falou ele. — Me chamo Nick... E, hum... Vocês não parecem estarem infectados. — Ele nos avaliou um por um apontando a arma. — O que foi isso aí na perna dela? — Perguntou apontando a arma pra Britany.

— Ela caiu e se machucou numa árvore. — Falou Annie apressadamente. 

Ele fez uma cara cética, do tipo "conte essa pra outro trouxa." 

— É sério! — Falei. — Ela machucou-se numa árvore. O ferimento está roxo e da pra perceber que não é tão recente, se fosse uma mordida ela já teria se transformado!

Ele pareceu acreditar em minhas palavras. Abaixou a arma e colocou-a no quadril.

— Desculpem-me por isso... É, que já perdemos tantos!

— Entendemos! — Falou Britany. — Tem mais alguém com você?

Ele apontou para a porta atrás de si e disse:

— Claro. Venham! — Ele entrou e nós o acompanhamos. — Esses são Clarice, e Daniel. — Falou ele apontando para uma garota loira, com sardas, de no máximo 18 anos, e para um garoto loiro, que sem dúvidas era irmão da garota.

— Oi... — falamos num tom neutro.

E eles responderam "oi" da mesma forma. 

— Precisamos ir ao Abrigo. — Falou Carol. — Vocês tem alguma ideia de como chegar lá sem sermos mortos?

O garoto loiro olhou-a como se ela estivesse fazendo uma piada.

— Acha realmente que se soubéssemos estaríamos aqui?!

— É... Verdade. Foi uma pergunta tosca. — Ela explicou a eles o nosso plano.

Eles ficaram bastante pensativos por um tempo. Se encarando. Até que enfim a garota quebrou o silêncio.

— Parece arriscado! — Falou Clarice. — Mas vale a pena tentar... já estamos mortos mesmo!

— É... — Completou Daniel. — Vamo lá.

Saímos da loja em direção ao centro da cidade. Nossa chegada foi bastante fácil até, apesar de alguns mortos-vivos. Chegamos a um prédio bem alto. E, entramos.

— Vasculhem tudo. — Falou Nick. — E, você. — Ele apontou pra mim. — Vamos buscar os fogos de artifícios.

— Você sabe onde tem? — Perguntei.

— Na esquina virando a direita, tem uma lojinha. — Falou Nick. — Lá com certeza vai ter. 

Acenei, para que meu grupo fosse em frente.

— Voltaremos num minuto. — Falei.

Saímos do prédio. Uma senhora correu na minha direção e enfiei-lhe o facão na cabeça.

Entramos correndo na lojinha e pegamos o necessário. 3 caixas de fogos de artifícios. E, esqueiros e fósforos. Quando saímos da loja, uma mulher correu na nossa direção.

Meu coração parou.

Ali na minha frente, vinha vindo o único zumbi que eu jamais teria coragem de matar em toda a minha vida. Minha mãe.


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