Os Sobreviventes escrita por Bruno Almeida


Capítulo 10
Desastrosa Chegada


Notas iniciais do capítulo

Estamos nos aproximando do fim. E, agradeço a todos por acompanharem até aqui.



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Mortos-vivos. Foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Corri naquela direção. Denny e Felipe não perderam tempo. Denny me acompanhou velozmente e Felipe correu pra dentro do carro, já o mantendo ligado. 

Passei por a estrada e entrei no outro lado da floresta — o que as meninas estavam. Peguei um tronco no chão, do tamanho de um braço e o levei comigo. Denny pegou uma pedra. Avistamos as garotas paradas. Desacelerei o passo. Elas estavam bem.

Britany estava ajoelhada no chão na frente de dois garotos. Nos aproximamos. 

— Está tudo bem? — Perguntei à Annie.

— Sim. — Respondeu aproximando-se dos garotos. — Vocês estão bem? — Perguntou ela aos dois garotos de no máximo 10 anos.

Os garotos choravam.

— Mã... Mamãe, matou papai. — Falou o maior. — Ela... ela... mordeu o pescoço... — enxugou as lágrimas. — dele... e correu atrás da gente.

— Tudo bem! Vai ficar tudo bem. — Annie pegou um dos garotos no braço. — Ela te mordeu?

— Não... — Falou.

— E seu irmãozinho?

— Também não. 

Os garotos estavam sujos de lama. 

— Onde fica sua casa? — Perguntei.

— Fica perto , do posto de gasolina.

— E... esse posto fica onde, exatamente?

— Eu não sei — falou. — Estamos andando desde ontem à noite!

UAU. Esses garotos deveriam estar mortos de tanto caminharem. 

— Vamos levá-los para o carro. — Falei.

Peguei o meno nos braços e o carreguei. Chegamos ao carro, que ainda estava ligado. Ao nos ver Felipe, desligou o motor.

— Estão bem? — Perguntou descendo do carro.

— Sim! — Falou Carol. — Só com muita fome mesmo... e, uma necessidade incessante de tomar um banho.

Entramos no carro. Dessa vez quem assumiu o volante foi Samantha. Eu, Denny, Felipe e os dois garotos fomos no banco de trás. 

Sei que estávamos com pressa de chegar no Abrigo, mas acho que Samantha estava muito apressada já que estava em velocidade máxima. Eu estava praticamente colado ao banco. Samantha nem sequer piscava os olhos.

— Samantha... — começou Carol. — Dá pra ir um pouquinho mais devagar, eu não estou sentindo minha bunda de tão apertada que está no banco.

— Esse carro é muito lento.

É... Realmente Samantha era louca. Nós estávamos indo a uma velocidade brutal. Samantha desacelerou. E, entrou em uma pequena estrada secundária, de terra.

— O que está fazendo? — Perguntou Annie.

— Indo até aquela casa ali. — Mostrou, com um aceno de cabeça.

Realmente havia uma casa... na verdade um casarão. Tinha 2 andares e parecia uma mansão. A frente do casarão era enorme e tinha grama, até a beira da floresta.

— UAU. — Foi a única coisa que consegui falar.

Samantha freou. A casa parecia vazia. Samantha abriu a porta do carro, e saiu deixando o motor ligado.

— Você pretende entrar? — Perguntou Denny.

— Sim, eu pretendo. — Respondeu já subindo as escadas. — Ou, você prefere morrer de fome?

Abri a porta do carro e acompanhei-a. Ela estava certa. Não havíamos comido nada desde que tudo isso começara. Acho que estava na hora. Eu seria capaz de comer até um elefante inteiro se me dessem.

Todos os outros saíram. 

Ficamos na beira da escada contemplando a entrada.

— Acha que tem zumbis aí? — Perguntei.

— Acho que não. — Falou Samantha.

— Não acho seguro deixar eles dois entrarem. — Falou Britany. — Vou colocá-los no carro.

Concordamos com um aceno de cabeça. Aqueles garotos já tinham passado por muita coisa. Britany os colocou no carro e trancou todas as portas.

— Vamos entrar. — Falou Samantha já pegando a maçaneta. 

Trancada. 

— Vamos ter de arrombar. — Falou Felipe.

— Não acha mais fácil quebrar uma daquelas janelas de vidro? — Perguntei. — Dá pra todos passarem.

Concordaram com um aceno de cabeça. Apesar de ser mais fácil, não era mais confiável. Isso chamaria a atenção dos zumbis caso , tivesse algum ali. Peguei uma pedra grande e acertei-a na janela. 

— Vamos lá. — Falou Samantha quebrando as bordas de vidro que tinham ficado, e já entrando lá dentro.

Entrei em seguida. Todos fizeram o mesmo. Já dentro da casa vasculhamos tudo e não encontramos nada. Nenhum morto-vivo. Porém, encontramos o que precisávamos: comida. Pegamos petiscos, chocolate, cereal e leite. Comemos na cozinha. Britany levantou-se.

— Vou buscar as crianças. — Falou ela. — Também devem estar com fome.

Britany saiu correndo da cozinha e entrou na sala, saindo do nosso campo de visão. Dois minutos mais tarde ela voltou como se tivesse visto um fantasma.

— Mortos-vivos lá fora. — Seu olhos estavam cheios de lágrimas.

Nos levantamos rapidamente.

— Quantos? — Perguntei. 

— Vários... Eles... eles estão tentando entrar no carro! Ai meu Deus!

Nossa sorte é que o carro estava bem trancado. Nosso azar, é que não teríamos como mantê-los fora, pois o vidro estava rachado. Fechei a porta da cozinha. E, corri para as escadas que davam acesso ao segundo andar.

Chegando ao segundo andar fomos para as janelas para ficarmos a par da situação. Tinha no mínimo uns 10 mortos-vivos. Todos de meia-idade vestido de modo camponês. Voltei a cozinha e peguei uma faca, afiada. Os outros não perderam tempo e fizeram o mesmo. O motor do carro soou. VRUUM... Corremos de volta ao segundo andar. O carro falhou e desligou. 

— Eles estão tentando fazer o carro andar. — Falei.

Olhei ao redor, e todos estavam junto à janela para verem. Com excessão de Britany. 

— Cadê a Britany? — Perguntei.

— Ela estava aqui a um minuto. — Falou Annie. — Que droga... Ela vai ajudar as crianças... Fodeu!

Algo tomou a atenção dos mortos-vivos. Eles correram na direção da parte de trás da casa. Com excessão de um que continuou na janela do carro. Descemos aceleradamente. Sai pela janela.

Ergui minha faca, e enfiei diretamente no pescoço do morto vivo, que caiu aturdido. Botei minhas mãos ao redor de sua cabeça e girei-a rapidamente. Ouve-se algo como osso quebrando, e o corpo nunca mais se moveu. Abrimos as portas do carro.

Felipe pegou o volante. E, acelerou para a parte de trás da casa. Britany estava em cima de uma árvore. Os garotos que estavam dentro do carro choravam.

— Acho melhor deixá-la lá! — Exclamou Samantha.

— Não mesmo! — Berrou Annie. — Ela é tão importante quanto todos os outros!

Ignorando o comentário dela Felipe acelerou atropelando uns 4 mortos-vivos. Deu marcha à ré. Acelerou novamente, batendo na árvore, e derrubando todos os zumbis com excessão de um. Britany caiu no capô do carro berrando de pavor. Abri a porta do carro e atingi o zumbi que se aproximava dela. Os outros zumbis já estavam se pondo de pés.

— Vamos! — Falei pegando no braço de Britany e puxando-a para o chão. 

Assim que ela colocou os pés no chão caiu. Em sua perna tinha um rasgo que vinha desde a panturrilha ao calcanhar. Peguei-a nos braços e comecei a voltar para dentro do carro. Algo se movimentou abaixo do carro e se pôs de pé. Um morto-vivo. Parei instantaneamente. Ele olhou pelo vidro do banco de trás e abriu a porta que estava semi-aberta. O garoto que estava sentado ao meu lado a alguns minutos, começou a gritar em desespero. O morto-vivo puxou-o para fora do carro e Denny saiu para atacar o zumbi. Infelizmente foi tarde demais. O morto-vivo já tinha arrancado um pedaço de carne do pescoço do garoto. Denny acertou a nuca do zumbi. E, quebrou-o o pescoço. Outro zumbi que estava debaixo do carro pegou a panturrilha de Denny e o puxou violentamente. Denny caiu. Corri com Britany nos braços e chutei o rosto do morto-vivo. Isso foi suficiente para fazer com que ele o soltasse. Joguei Britany dentro do carro e entrei. Em seguida, Denny entrou.

— Vamos dar o fora daqui! — Berrei.

Felipe tentou ligar o carro, mas nada aconteceu. Todos os outros estavam paralisados. Tentou novamente e nada. O motor começou a soltar fumaça. Que merda. 

Abri a porta do carro novamente.

— Vamos ter que correr. — Falei. 

Todos me olharam como se eu tivesse enlouquecido. 

— Se ficarmos eles se levantarão logo. — Berrei. Todos continuaram parados. Coloquei os pés pra fora e comecei a correr na direção da estrada principal. 

Eles me seguiram. E, é claro, trouxeram uns "amiguinhos". Três mortos-vivos, seguiam eles. O garoto caiu. E, gritou desesperadamente. O que foi a última coisa que ele fez na vida.

Passaram-se uns 3 minutos até que eu chegasse à estrada principal. Suava feito um louco. Os outros me acompanharam. Britany vinha apoiada em Annie. Denny chorava feito uma criança. Fungava. Abraçou Samantha e disse:

— Eu te amo! Te amo muito! — Secou as lágrimas e beijou-a na boca. — Você foi a melhor coisa que me ouve. — Soltou-a e correu na minha direção. Abraçou-me. — Você foi o melhor amigo que tive em toda minha vida... me desculpem. Vocês precisam chegar ao Abrigo. 

Todos nós estávamos muito paralisados. E, o que ele queria dizer com "vocês" e não "nós" chegarmos ao Abrigo? 

Pegou minhas mãos e olhou nos meus olhos.

— Prometa que chegará ao Abrigo vivo, e que levará Samantha em segurança... PROMETA!

— Cara... — Comecei. — Por que...

Ele mostrou a panturrilha. E, nela tinham marcas de unhas.

— Eles me pegaram cara! Eu vou me transformar... 

Caiu em lágrimas. Meu coração se despedaçou. Meu melhor amigo, se tornaria agora em uma ameaça. Abraçou-me pela última vez, e foi até Samantha.

— Diga alguma coisa... — ele pediu.

— Eu te amo! — Ela falou caindo de joelhos impotente. — Eu te amo muito! Não me deixe... — Implorou. — Não me deixe, por favor... eu te amo... não me deixe!

— Você tem que ir! — Falou ele também chorando. — E, tem que conseguir chegar viva ao Abrigo... Eu, vou cuidar para que aqueles monstros lá atrás tenham um fim... 

E, com isso ele se foi correndo para a floresta, em direção a casa. Essa foi a última vez em que o vi. Samantha começou a correr em sua direção, mas Felipe pegou-a antes que ela entrasse na floresta.

— Ei! — Falou ele encarando-a. — Não pode deixar que ele te dê a vida, e desperdiçar a oportunidade que ele está nos dando.

Pensei que Samantha fosse continuar se debatendo, mas ela simplesmente virou as costas e começou a andar apressadamente pela estrada. Eu chorava. Mas continuei o caminho. Passamos o resto da tarde e boa parte da noite. 

A lua brilhava no céu, clareando tudo.

— Pessoal. — Falei, pela primeira vez desde a perda de Denny. — Temos que descansar!

Não precisei repetir. Fomos para uns 5 metros floresta à dentro. Atrás dos arbustos.

— Quem vigia primeiro? — Perguntou Britany.

— Eu! — Falou Carol. — Não estou com sono.

Carol subiu em uma árvore. E, sentou-se no topo.

— Deixe eu ver sua perna, Britany. — Falou Carol. 

Britany mostrou, o corte estava tomando uma cor arroxeada.

— Como foi isso? — Perguntei.

— Quando eu cai da árvore, minha perna rasgou em uma galha.

Deitei-me de costas para o chão. E, por incrível que pareça dormi instantaneamente. 

Acordei-me com o cantar de alguns pássaros. O sol já estavam nascendo lentamente. Pus-me de pés. Espreguicei-me.

— Vamos continuar, agora? — Perguntei.

A maioria do grupo já estava acordada. Somente quem dormia era Carol, e Felipe. Acordei-os para que pudéssemos continuar o cominho.

Passamos o dia inteiro caminhando. A nossa sorte foi encontrar um pequeno lago, do qual bebemos água. A viajem foi dura e difícil. Mas no pôr do sol, podemos observar toda a enorme parede do Abrigo, à distância. E, somente para que pudéssemos nos alegrar zumbis como jamais havia visto desde que tudo isso começara.


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