The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 11
Capítulo 11




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Em toda a sua vida, Katherine confiou cegamente na mãe, ouvindo o que ela falava, concordando com ela, amando ela. A última coisa que ela poderia pensar depois de todos aqueles anos, era que a mãe poderia ter mentindo para ela.  Mentido sobre tudo.

Niah continuava com sua cara de desinteressada, mas Katherine sabia que ela fervia de curiosidade por dentro. Enquanto Paim, por outro lado, estava ficando cada vez mais branca. Seu olhar vagava de Katherine a Niah sem nem ao menso reparar nos dois garotos parados atrás delas, Katherine conseguia sentir o olhar de Finn sobre ela, mas não quis se virar.

- Mãe? - Paim piscou e tornou a olhar para ela.

- Katherine, onde você esteve nesse tempo todo?

- É meio complicado - ela disse - Mas eu posso explicar, eu...

Ela desistiu de tentar formular uma resposta. Ela não conseguia explicar. Como alguém explica que esteve preso no Inferno?

- Q-quem... - Paim gaguejava, e Katherine conseguiu ver as juntas de seus dedos ficarem brancas quando ela segurou com força no batente da porta - Quem é essa?

Ela não parecia tão surpresa com o fato de sua filha ter uma cópia, e sim de tê-la trazido até sua casa.

- Ninguém que você queira conhecer, confie em mim - Niah falou, empurrando Paim para o lado e entrando na casa.

Todos a seguiram, mas Paim continuou um bom tempo do lado da porta, encarando o chão, ela parecia estar murmurando alguma coisa.

Finn cheirava o ar, e Blake estudava a mobília, enquanto Niah varria o espaço com os olhos, quase sem mexer a cabeça.

- Mãe... - tornou a dizer Katherine - Temos umas coisas para te perguntar.

Paim não parecia estar ouvindo, ela fitava Niah e parecia querer chorar. Niah percebeu o olhar sobre ela e pulou em cima do pescoço de Paim, Katherine tentou separá-las, mas Blake segurou sem braço, impedindo que ela se metesse.

- O que você esta fazendo? - ela gritou. - é a minha mãe que está sendo estrangulada!

- Eu sei - ele disse entre os dentes. - Mas é Niah que a está estrangulando, você não vai querer se meter.

Ela gritou mais uma vez e olhou para a mãe, ela segurava o próprio pescoço enquanto Niah continuava segurando-a.

- Como  eu não percebi antes? - Niah disse - Uma desprovida, é claro.

- Uma o quê? - perguntou Katherine.

- Desprovida - repetiu Niah. - Uma bruxa desprovida de magia. Era por isso que você estava murmurando, não? Chamando suas irmãs, mas adivinhe só: ninguém nunca vem por uma desprovida.

- Eu não sou quem você pensa.

- Claro que não - disse Niah friamente - Eu pensei que você era apenas uma mãe normal, mas olha o que descubro, que o diabo em pessoa criou a minha cópia, muito convincente.

Ela finalmente soltou Paim, que caiu de joelhos no chão, esfregando o pescoço e tossindo. Blake não precisou segurar Katherine, ela não se mexeu.

- Você... - ela não terminou a frase.

Paim olhou para ela, seus olhos estavam fundos e escuros novamente, e ela parecia a ponto de chorar.

- Katherine, eu tive...

- Não! - gritou a garota, recuando quando a outra estendeu o braço. - Você não mentiu pra mim... você não faria isso.

- Kat, eu tive que fazer isso, ela era minha melhor amiga, e você precisava estar segura, eu...

Katherine piscou. Do quê ela estava falando? Não era aquilo que explicava sua raiva, e sim que sua mãe era uma bruxa. Paim arregalou a boca, visivelmente arrependida, mas já era tarde de mais, agora até mesmo Finn prestava atenção.

- Fazer o quê? - perguntou ele, se pondo ao lado de Katherine.

Paim não respondeu, então Niah ameaçou estrangula-lá novamente.

- Responda! - exigiu ela entre berros. - Fazer o que?

- Eu sempre quis ter uma filha - começou Paim - Desde pequena, esse era o meu maior sonho. Mas eu sabia que isso nunca poderia acontecer, já que eu era uma desprovida. Nós não podemos ter filhos... Então dua mãe me pediu para cuidar de você Katherine, ela me pediu para deixá-la em segurança...

Katherine não acreditava no que estava ouvindo. Ela recuou balançando a cabeça até trombar com uma parede e se jogou no chão. Aquilo não poderia ser real.

- Quem é a mãe dela? - perguntou Blake.

O rosto de Paim ficou duro.

- Isso eu não falo.

- Fala sim - disse Niah, segurando o pescoço de Paim e elevando um pouco seu corpo do chão. - A não ser que você queira morrer, claro.

- Eu prefiro morrer - Paim disse com a voz rouca, ela estava ficando sem ar. - ... do que trair minha melhor amiga.

- Já que é assim... será um imenso prazer da minha parte - começou Niah, mas Katherine se levantou de um pulo engolindo as lágrimas e puxando o braço de Niah para baixo, com uma força que ela nem sabia que tinha.

- Não - ela disse, depois voltou a si e pigarreou - Ninguém morre.

Niah fitou a outra como se estivesse gritando com ela mentalmente, e Katherine segurou o olhar, respondendo a cada xingamento. Niah desistiu da briga, mordendo a própria língua e soltou o pescoço de Paim, fazendo com que ela caísse com força no chão.

Katherine se ajoelhou ao lado dela, tentando ajudá-la a se sentar.

- Você sabe que seja lá quem for essa mulher - disse Katherine - Ela é minha mãe.

- Ela é mãe de vocês duas - completou Paim para o horror de Katherine - Ah, por favor, vocês são quase a mesma pessoa, não deu para adivinhar que são irmãs.

- Não é muito comum alguém andando com a mesma cara que a Filha do Diabo - devolveu Niah - Mas parece que as bruxas conseguiram fazer disso a realidade.

- Ela amava vocês.

Niah a encarou como se estivesse com nojo.

- Amava tanto que confiou a filha a uma bruxa? - ela cuspia as palavras - E ainda à uma desprovida? É tanto amor que chega a doer. Mas mesmo assim ela entrega a outra filha ao Diabo.

Paim fechou os olhos com força, como se estivesse com medo dessa pergunta desde sempre.

- Ela precisava.

- É claro que precisava.

- Chega! - gritou Katherine. - Já podemos ir, você já ouviu a verdade, agora vamos.

- Você não vai voltar para aquele lugar! - Paim segurou o calcanhar de Katherine. - Você não viu quão ruim aquele lugar é?

- Vi - respondeu ela. - Mas continua sendo melhor do que aqui.

Ela andou até a porta e saiu da casa, parando na entrada. Ela fechou os olhos ao perceber que estava no mesmo lugar em que seu pai tinha parado anos atrás, ela se virou e encarou sua janela, tentando imaginar o por que dele ter ido embora. Mas agora, pelo menos, ela sabia que aquele homem não era seu pai, ele não poderia mais afetá-la.

A porta se abriu e Katherine saltou, Niah saiu e parou na frente dela.

- E quem disse que eu deixo você ficar no meu Inferno?

- Posso?

Niah sorriu, parecia ser o sorriso mais verdadeiro que Katherine viu de sua parte até aquele momento.

- Prefiro ter uma irmã perto de mim do que no meio do ninho das bruxas.

Katherine soltou uma risada em forma de suspiro e balançou a cabeça. "Uma irmã perto de mim" as palavras ecoavam em sua mente, e pareciam ser as únicas que se encaixavam. Ela poderia ter perdido a família que pensou que tinha mas pelo menos, ela tinha uma irmã.

**************************************************************

Sentada naquela cama, Katherine conseguia pensar que aquela poderia ser sua cama. Tudo parecia mais confortável quando se está num lugar sabendo que não tem mais para onde ir. Por mais estranho que parecia, ela poderia estar no Inferno e saber que aquele era seu único lugar.

Algo parecia mais leve dentro dela, como se ela sempre soubesse que sua casa não era realmente sua casa, como se aquela mulher não fosse realmente sua mãe. Uma parte dela não se importava em saber que Paim não era sua mãe, mas a sua maioria se sentia mais trída do que qualquer outra coisa, ela já amava Paim, não teria mais como mudar isso.

Ela se levantou da cama e procurou seu sapatos no escuro, mesmo mais leve do que antes, ela não conseguiria dormir, talvez uma xícara daquele chá que ela tomou de manhã pudesse ajudar.

Se o Castelo já parecia sombrio de manhã, quando se está de noite e escuro, ele conseguia parecer pior. A escuridão era tanta que ela tinha que andar de vagar para não tropeçar no próprio pé ou cair naquela escadaria que parecia não acabar mais. Só depois do que pareceu uma eternidade, ela chegou até o salão, e teve que andar até a entrada só para conseguir se apoiar na parede e andar até a grande mesa.

Um único retângulo de luz cobria o chão, a brecha na parede e no emaranhado de trepadeiras deixava alguns clarões de luz da lua iluminarem o chão, ali ela conseguiu se orientar melhor e andou até a única porta que não tinha entrado ainda.

A cozinha deveria ser por ali, e ela tinha quase certeza de que não encontraria um monstro preparando a comida (ou pelo menos desejava isso) quando chegasse até lá, então atravessou a porta.

A sala era comprida, não como a maioria das cozinhas que ela já vira na vida, parecia muito grande para ser uma cozinha comum.

Um fogão grande e solitário ficava preso na parede oposta a entrada, e várias prateleiras vazias cobriam uma parede perpendicular a ela. Uma bancada comprida se estendia no centro do local, cheio de panelas, pratos e pias, enquanto vários bancos cobriam suas laterais e alguém se sentava em um deles.

Katherine demorou um tempo para reconhecer a pessoa, mas quando reconheceu, soltou um suspiro cansado e se sentou ao lado oposto dele.

- O que faz aqui? - perguntou Finn tomando mais um gole do conteúdo de sua xícara.

- Estou sem sono.

- Então somos dois.

Um longo tempo de silêncio se passou enquanto ela o observava até que ele resolvesse falar.

- Você quer alguma coisa?

- Eu vim aqui na verdade a procura de uma xícara de chá - ela apoiou o cotovelo na bancada.

- Veio no lugar certo então - ele esticou o braço e pegou uma xícara e um jarro de seus lugares colocando-os de frente para ela. - Aqui está.

- Obrigada - ela disse começando a se servir e só depois de sentir o líquido esquentando seu corpo tornou a falar: - O que te mantem acordado?

- Você.

Ela se engasgou com o chá, que escorreu um pouco por seu queixo, ela se limpou rapidamente.

- O que?

- Fiquei pensando em quem poderia ser sua mãe.

- Ah - ela exclamou tentando esconder o desapontamento. - Nem eu quero ficar pensando nisso, você também não deveria pensar.

- Eu sei - ele a fitou - Só não consigo parar.

Eles ficaram se encarando de novo, até que Katherine resolveu engolir todo o resto de seu chá e se levantar, ele a copiou e os dois voltaram juntos para seus devido quartos. Ela conseguiu acertar o caminho no escuro enquanto ele estava a seu lado, ele parecia a estar ensinando como andar naquele breu mentalmente.

Eles chegaram no último lance de escadas e se separaram.

- Boa noite então - ele disse por fim, quando chegou a porta de seu quarto.

- Boa noite. - respondeu ela entrando no próprio quarto e se apoiando atrás da porta ao fechá-la.

Ela piscou com força e encarou o quarto. Aquela pressão quente dentro dela que aparecia cada vez que ela estava ao lado dele já a estava irritando, mas ela também não queria que aquela sensação fosse embora.


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