Armadilhas Do Amor escrita por Lady Mary


Capítulo 6
Matando aula




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/341180/chapter/6

Jean ficou confuso por um instante, mas então revidou. Os dois eram só um misto de socos e pontapés. Eu estava ficando desesperada.

- Parem! Por favor! - Eu gritava. As lágrimas escorriam pela minha face e eu soluçava. Mas eles não me ouviam. Eu sei que Jean merecia levar a maior surra da vida dele, mas eu não sou o tipo que gosta de brigas, e estava preocupada com Leo. Porém ninguém via, estávamos em um local mais isolado da casa.

Jean empurrou Leo que caiu meio tonto. Jean se aproximava de mim e fiquei com medo, mas lembrei de uma coisa. Leo me fazendo cócegas na tarde do dia anterior. Eu me defendendo. Dessa vez, coloquei toda a minha força.

- Ai, caralho! - Gritou Jean, se encolhendo com minha joelhada. Leo levantou e os dois começaram a brigar novamente. Eu saí correndo, e por um milagre encontrei Douglas e Jonathan conversando.

- Me ajudem, por favor! - Consegui dizer entre as lágrimas.

- Calma, o que houve Lu? - Perguntou Douglas, preocupado.

- O que foi? - Perguntou Jonathan, meio bêbado.

- O Leo e o Jean! Eles estão brigando! - Eu disse, e saí correndo de volta para o lugar onde os dois estavam, na esperança de que Douglas e Jonathan estivessem me seguindo.

Jonathan, mesmo estando meio bêbado, se meteu no meio segurando Leo, enquanto Douglas segurava Jean.

- Porra, o que vocês estavam pensando? - Perguntou o Douglas. Eu corri e abracei Leo.

- Ai meu Deus, Leo. O que você estava pensando? Você se machucou muito? - perguntei.

- Tudo bem, eu estou bem, mas e você?

Eu não queria responder àquela pergunta. Eu não estava bem, mas não queria demonstrar isso. Enterrei meu rosto no peito de Leo, enquanto ele me abraçava.

- Então, acho melhor nós irmos, né? - Eu disse.

- Só uma coisa. - Disse Leo, indo em direção a Douglas que discutia com Jean.

- Mas o que você..?

- Cara, chega ok? - Disse Douglas ao ver Leo se aproximando.

- Tudo bem, não vou mais perder meu tempo com esse mané - respondeu Leo - mas olha aqui, se você encostar um dedo na Luana de novo, eu te mato, otário.

Eu fiquei assustada com a ameaça de Leo. Jean se levantou em direção a Leo, mas Douglas o segurou e o fez sentar novamente.

- Ei, você ta bem? - Perguntou Douglas.

- Estou sim, - menti. - obrigada por ter vindo.

- Não tem de que, se precisar de alguma coisa me liga, ok?

- Beleza, valeu.

Leo colocou o braço em volta de meus ombros e fomos embora. Não trocamos uma palavra durante o trajeto. Deviam ser umas duas da manhã quando chegamos em casa.

- Você está bem? - Perguntou Leo.

- Eu que pergunto! Meu Deus, aquela briga foi horrível! - Eu disse.

- Eu vou tomar um banho, ok? - Disse Leo, mudando de assunto.

- Beleza, eu também vou. Tomei um banho bem demorado e vesti um moletom enorme e um short. Calcei minhas pantufas e bati na porta do quarto de Leo. Ele abriu a porta.

- Ah, oi Lu, entra.

Eu entrei em seu quarto, pela primeira vez. Tinha uma grande cama de casal, uma escrivaninha com um notbook e um monte de cadernos espalhados e algumas fotos em um mural. Ali tinha muitas fotos: Com o Rafa, Nanny, Camila, Dudu, Gabriel, Jonathan, Rosa e várias pessoas que eu não conhecia. Eu olhei para uma foto e a reconheci. Tinha uma garotinha de cabelos loiros cacheados presos em duas "marias chiquinhas", por volta dos 5 anos. Ela estava em cima de uma bicicleta cor-de-rosa e segurava um coelho de pelúcia, exibindo um grande sorriso. Tinha as bochechas gordas rosadas, um pequeno machucado no joelho e vestia um vestidinho estampado com flores. Desviei os olhos de minha foto e olhei para Leo. Eu o abracei.

- Obrigada. - Falei baixinho.

- Me desculpe, Lu.

Eu o soltei, fitando-o.

- Como assim desculpa? Você me ajudou!

- Se não fosse por mim, se eu não inventasse de te levar pra essa festa, nada disso teria acontecido.

- Cale a boca! Leo, como você poderia imaginar que... - não terminei a frase. - A culpa não foi sua!

- Mas eu...

- Shh! Olha isso - eu disse, apontando para sua face.

- Não é nada... - Disse Leo, virando o rosto tentando esconder, mas era tarde demais, eu já tinha visto seu olho roxo.

- Eu vou buscar gelo.

- Lu, não precisa!

Tarde demais, já estava na cozinha. Voltei com alguns cubinhos de gelo envoltos em um paninho macio.

- Vem cá. - eu disse a Leo, sentando na cama dele. - Coloque a cabeça no meu colo.

Ele tentou protestar mas eu não dei-lhe chance e ele aninhou a cabeça sobre minhas pernas. Eu encostei o pano com os cubos congelados na bolsa arroxeada sob seu olho.

- Ai!

- Desculpe!

- Lu, sabe de uma coisa?

- O que?

- Você fica muito sexy chutando o saco do Jean.

Eu dei uma risada.

- Bobo.

- Chata.

Eu sorri para ele.  

Quando os gelos derreteram eu joguei a toalha para o lado, me aninhando no peito nu de Leo.

- Ai..!

- Desculpe! - Levantei rapidamente.

- Está tudo bem. - Ele disse, suspirando e me abraçando, puxando-me para mais perto de si.

- Olha, eu não quero nunca mais ter de falar nisso, ok? - eu disse.

- Claro, Lu. - Ele beijou minha testa e me abraçou ainda mais apertado, pousando uma mão em minha cintura. Ele tentou colocar a mão por dentro de meu moletom mas dei um tapinha em sua mão, que foi recolhida imediatamente.

Eu bocejei.

- Estou exausta.

- Eu também.

Ficamos conversando por um bom tempo e não lembro de quando adormeci. Acordei ainda aninhada nos braços fortes de Leo. Podia sentir o cheiro de seu perfume e era bom ficar ali, e então eu fiquei quietinha, até porque ainda estava com muito sono para acordar realmente.

Logo Leo acordou, e começou a se espreguiçar.

- Ahn, bom dia, Lu.

- Bom dia.

- Dormiu bem?

- Claro, e você?

- Também.

- Acho melhor eu me arrumar para ir a aula.

Leo riu.

- Acho que não vai dar tempo, Lu. Já são 9:30.

Eu levantei rapidamente.

- O que? 9:30? Corre, Leo! Estamos super atrasados!

Leo me puxou novamente para a cama.

- Relaxa Lu. Já deve estar em mais da metade da aula. Vamos ficar em casa hoje, ok?

- Mas e se tiver assunto novo ou algo assim?

Leo revirou os olhos.

- Dá para relaxar pelo menos um dia?

- Ok, mas... hoje quem vai fazer café sou eu. - Eu disse, levantando da cama e descendo até a cozinha. Fiz café para mim e para Leo e servi em duas xícaras enquanto ele me olhava. Peguei uma barra de cereal e a comi, enquanto bebia o café aos poucos.

- Você ama essas barrinhas light's né? - Disse Leo.

- Elas são uma delícia. - Eu disse, estendendo a barrinha na direção de Leo, oferecendo um pedaço. Ele mordeu um pedaço.

- Argh, isso é horrível! Como você consegue comer esse negócio?

- Eu gosto, ué.

Terminei minha barrinha e joguei a embalagem fora.

- E então, o que vamos fazer agora?

- Que tal darmos uma volta, aproveitar que nossos pais acham que estamos na escola?

Ai ai ai... - Eu disse, rindo e mordendo o lábio. Leo se aproximou, mas eu saí de perto dele.

- Então vou me arrumar. Subi até meu quarto, escovei os dentes e troquei de roupa. Desci as escadas e Leo estava vendo TV.

- Vamos? - Ele perguntou.

- Claro! Mas... pra onde?

- Ah, sei lá, a gente pode só dar um rolê pela praça, no calçadão, ver o mar...

- Beleza!

Nós ficamos passeando pelo calçadão, vimos o mar que estava lindo e Leo me comprou um pingente de coruja perfeito.

- Ah Leo, é lindo! Obrigada! - Eu disse, enquanto ele prendia o pingente em minha corrente e dei-lhe um beijo no rosto. Ele ficou me olhando e eu me levantei.

- Leo, podemos dar uma passadinha no hospital, rapidinho?

Leo parecia meio decepcionado por um rápido instante, mas disse:

- Ah, beleza.

Chegamos ao hospital e entramos no quarto de Rafa. Ele estava acordado.

- Ei, que bom que vieram! Estava morrendo de tédio! - Disse ele, sorrindo. - Tudo bem?

- Oi Rafa! - Eu disse, e dei-lhe um abraço. - Eu estou... ótima, e você? Está se recuperando bem?

- Eu to bem, quase não sinto mais dor, também, as enfermeiras vivem me chapando de analgésicos. - Ele riu. - Mas, ei, vocês não foram pra aula hoje?

- Ah, não! Porque... - Leo me fitou. - bem, porque perdemos a hora. - eu disse.

- Ah! Mas, ei Leo, o que é esse olho roxo, cara?

Leo olhou para mim, e eu olhei para minhas mãos.

- Nada não, só... dei umas porradas em um otário aí.

- Ah... mas, o que rolou, mano?

- Nada.

- Nada não foi né.

Meus olhos começaram a arder.

- Ele me chamou de filho da puta, aí eu soquei ele e ele me socou, ok? - Disse Leo. Rafa começou a rir.

- Ah cara, fala sério. Não acredito que você vai mentir pra mim! Eu te conheço, você não ia bater em alguém só por causa disso e eu sei quando você está mentindo. Quem foi?

- O Jean. - Disse Leo.

- Aff! Aquele otário aprontou de novo? O que ele fez dessa vez?

- Ele tentou me agarrar. - Eu disse, baixinho. Uma pequena e maldita lágrima escorrendo pela minha face. Virei o rosto para esconde-la.

- O que? - Perguntou Rafa, descrente.

- Aquele filho da puta agarrou a Luana e se eu não chegasse a tempo... não quero nem pensar no que aconteceria! - Disse Leo, quase gritando.

- O que? Assim que eu sair dessa maca eu vou dar uma surra naquele otár...

- Cale a boca, Rafa. - Eu disse.

- O que?

- Desculpe, só... nunca mais quero falar disso, ok?

- Ah, ok, me desculpa Lu.

Eu sentei na maca e ele me abraçou, aninhando minha cabeça em seu peito.

- Ei Lu, acho melhor nós irmos comer alguma coisa e depois ir para casa, ok? Temos que chegar antes da minha mãe. - Disse Leo.

- Ah, ok. - Eu respondi, me levantando. Dei um beijo no rosto de Rafa. - Trate de melhorar, ok?

- Pode deixar, princesinha.

Eu sorri para ele.

- Tchau.

- Tchau.

Leo passou o braço pelos meus ombros.

- Vamos.

Já fora do hospital, Leo perguntou para mim:

- Aonde você quer comer?

- Ah, sei lá, em qualquer lugar. Eu não conheço nada por aqui, me leve para algum lugar legal.

- Ok.

Leo me levou para um restaurante muito bom, minha barriga agradeceu, eu estava faminta. Me comprou um sorvete e fomos para casa. Gostei da manhã de hoje. Foi meio constrangedor acordar com Leo do meu lado, mas ele era uma companhia muito boa. Chegamos em casa. Nem sinal de Rosa.

- Obrigada, Leo.

-Por que?

- Ah, pela manhã de hoje ué. Pelo passeio no parque, o pingente, o sorvete. - Eu sorri.

- Ah, isso não é nada.

- É sim. Sério.

Ele revirou os olhos.

- Ei Lu.

- O que?

- Já te disse como você fica gostosa com essa saia?

Eu ri.

- Cale a boca.

Leo se aproximou de mim e eu vi que ele não estava fazendo piada dessa vez.

- Leo o que voc...

- Shh.

Ele se aproximava cada vez mais. Desta vez eu não tinha para onde fugir, e talvez, apenas talvez, não quisesse fugir mesmo. Comecei a ficar nervosa. Porque eu estava assim? Notei que meu coração batia rapidamente. Minha respiração estava acelerada. Ele pressionava minha cintura contra parede com uma das mãos, e com a outra segurava minha nuca. Seu rosto perfeito estava muito próximo ao meu, seus lábios, lindos, a poucos centímetros dos meus. Minhas emoções se misturavam e se fundiam em uma grande confusão de sentimentos. Eu não sabia o que pensar. Não queria pensar. Dizem que amar é como se um abismo se abrisse aos seus pés. Porém, para mim, foi como se pela primeira vez eu sentisse o chão sob meus pés.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Então Chegou o tão esperado momento!
Ps: Não rolou nada entre o Leo e a Lu quando eles dormiram juntos, ok?
Beeijo, até o próximo capítulo ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Armadilhas Do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.