Doze Passos Para Esconder Um Amor escrita por Lizzie-chan


Capítulo 8
Em hipótese alguma pergunte sua opinião


Notas iniciais do capítulo

Waa, demorei dessa vez, não? É que não importava o quanto tentasse, não estava gostando do final do próximo capítulo! Só consegui fazer algo sobre isso agora! Desculpem a demora!
Não pretendo demorar mais tanto assim, acho que logo logo vamos ver o fim dessa fanfic xD

Mas de qualquer jeito, boa leitura!



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Naquele dia, Elesis pensava, finalmente havia entendido o velho ditado de como o amor pode doer. No sentido literal.

Quer dizer, sua perna quase a estava matando. Realmente, o amor era muito doloroso, principalmente se for de uma pirralha que gosta do mesmo cara que você. O amor dela dói, arde e te faz queimar em fúria.

E pensar que a ruiva achava que o amor só te fazia triste ou feliz demais para ser verdade. Quem dera fosse só isso.

Após o treinamento com os novatos, a líder da Caçada não vira mais Lass por algum tempo. Não tinha certeza do real motivo, estava tão nervosa que nem sequer conseguia formular hipóteses.

Fora imaginação dela ou o albino tentara beijá-la na enfermaria?

Ela quase pudera sentir o toque, o calor, tudo. Em seus sonhos, era incrível, era inimaginável e indescritível, mas ela nunca chegara a pensar que pudesse acontecer de verdade. Devia ser apenas sua mente lhe pregando uma peça. Não era possível, não mesmo.

Até parece que o ninja ia desenvolver interesse por ela de um dia para o outro.

Era bem verdade que os dois estavam mais próximos, mas também, estranhamente, mais distantes do que antigamente. Mais próximos porque seus momentos pareciam ter significados mais profundos, mais distantes porque ela frequentemente o evitava.

Ou pelo menos era o que fizera havia quase dois meses, desde a cena comprometedora que haviam tido em seu quarto. No começo, sua timidez era algo com que era capaz de lidar, mas, após aquilo, chegara a um nível que não sabia mais como controlar.

Sempre que estivesse com ele, coraria. Disso nem tinha mais dúvidas.

Só não esperava ser capaz de ficar mais vermelha do que já conseguia.

Era apenas um dia normal, ou quase isso. Não tinham missões, haviam sido dispensados naquela semana, a menos em caso de extrema emergência. A Grande Caçada não conhecia férias, então estavam sempre preparados para um possível alerta vermelho.

Naquele sábado, haviam decidido ir ao mercado de equipamentos para comprar alguns itens novos, concertar algumas armaduras e armas danificadas e estocar mais poções. Quase toda a Caçada estava lá, graças à animosidade de Amy, que os conduzira ao local.

O mercado não estava muito cheio, e as armaduras de defesa mágica pareciam estar anormalmente baratas, então seria um dia realmente incrível para as compras.

A ruiva mancava por uma das lojas, olhando atentamente o material exposto, verificando as propriedades de cada item. Realmente, as coisas estavam bem baratas, valia totalmente à pena, mas não conseguia se concentrar nisso. Sua perna doía muito, ainda não estava bem desde o acidente com os novatos. Aparentemente, de acordo com Arme, a ruiva conseguira trincar o osso e, apesar de não ser nada que a obrigaria a algum comportamento extremo, demoraria muito para ser curado.

A especialidade da maga era com ferimentos como cortes ou perfurações, mas não fraturas e ossos trincados, então preferira deixar a líder da Caçada se curar sozinha a fazê-la algum mal ao tentar ajudá-la.

Elesis entendia suas boas intenções, mas isso não queria dizer que seu tornozelo ia deixar de estar inchado, nem que as passadas fossem doer um pouco menos. Apesar de tudo, os preços estavam muito interessantes para serem deixados de lado apenas por causa disso.

Então não dissera nada sobre o incômodo aos amigos, mesmo tendo plena certeza de que Arme desconfiava de seu estado.

*

- Hey... Elesis não parece um pouco estranha? – Amy murmurou, olhando de esguelha a ruiva, que passeava alguns manequins para o lado.

- Ah, sim, parece – a maga concordou, dando um sorriso triste. – Ela está machucada.

- Machucada? – Lire entrou na conversa, franzindo a testa. – Como assim machucada? Eu não soube disso.

- Ela rachou o tornozelo no treinamento com os novatos que Lothos mandou ela e Lass fazerem três dias atrás – explicou a roxinha, suspirando. – De qualquer jeito, nem vou tentar falar para ela descansar um pouco, ela com certeza não vai ouvir.

Foi quando notou o olhar no rosto de Amy que percebeu que o que dissera lhe dera um ótimo plano.

- Quem precisa sentar? Isso é simplesmente perfeito.

*

A ruiva parou na frente de um manequim, olhando curiosa para a bonita armadura vermelha. Pela descrição, fora banhada com sangue de dragão e, como a maioria dos itens em promoção, tinha altas propriedades mágicas. Esticou os dedos, ansiosa em tocar a estrutura, testar o peso e a flexibilidade que permitiria a seus movimentos.

Antes que chegasse ao metal, uma mão segurou a dela. Olhando para o lado, encontrou o olhar com o de Amy, que sorria satisfeita. Pouco atrás dela, parecendo um tanto surpreso, estava Lass.

Elesis o encarou, os olhos arregalados, do mesmo modo como ele a olhava.

- Então, venha aqui – começou a dançarina, puxando-a e cortando o contato visual entre os dois. A líder da Caçada a seguiu de bom grado, esperançosa de que o albino tivesse ficado onde estava antes.

Chegaram ao provador e Amy parou frente a uma das portas de madeira, empurrando a ruiva sem cerimônia para dentro de um. Elesis virou-se e olhou-a surpresa, sua expressão inquirindo respostas silenciosamente.

- Arme me contou que está machucada. Fique aqui, eu pego as armaduras para você, só precisa vestir – a rosada sorria, compreensiva.

Elesis levantou uma sobrancelha, desconfiada, mas não disse nada. Verdade seja dita, estava doendo muito, e até que parecia um tanto reconfortante apenas aceitar o que a mais nova oferecia.

Então entrou no provador e sentou-se no banquinho disponível, olhando no espelho e enrolando a ponta de seu rabo-de-cavalo no dedo indicador enquanto esperava. Estava um tanto inquieta. Amy aparecera com Lass naquela hora, quando a chamou. Aparentemente, ele não as havia acompanhado até os provadores, mas nunca podia ter certeza. O que a dançarina pretendia?

Não estava certa do por que, mas tinha a impressão de que a rosada sabia de alguma coisa, ou ao menos desconfiava fortemente. Não que fosse algo estranho, após o baile da rainha todos achavam que os dois mantinham uma relação secretamente. Romântico amor impossível, coisas do gênero, que ela já havia desistido havia um tempo de tentar entender.

Bem, não tinha muita escolha àquela altura. Por mais que não quisesse ser encurralada em alguma situação possivelmente constrangedora, sair e ir embora antes que a dançarina voltasse era menos do que viável, considerando o quanto sua perna realmente doía. Por que parecia que estava piorando cada vez mais?

- Elesis, aqui, ó – algumas roupas foram jogadas por cima da porta de madeira do provador. A ruiva suspirou, pegando-as e colocando sobre o banquinho após levantar-se, começando a se despir rapidamente.

Olhou desconfiada para a primeira peça que pegou. Um... vestido? Vermelho claro, pelo menos a cor combinava com ela. Mas o que era aquilo? Quer dizer, estavam numa loja de armaduras, por que Amy lhe dera um vestido? Estreitou os olhos.

Oh, ali realmente tinha coisa.

Vestiu-se rapidamente, saindo em seguida. Ia dar muito trabalho colocar as roupas que usava antes novamente, e já estava despida mesmo, que diferença faria? Realmente, a dançarina pretendia deixá-la louca ou algo assim?

Lá estava, parado uns dois metros a frente dela, um curioso albino. E quando seus olhos se encontraram novamente, ficaram presos um no outro, e foi inevitável que corassem.

Ela por que, bem, estava vestindo algo um tanto promíscuo em sua opinião. Nem o vestido do baile era tão indecente quanto o que usava naquele momento, pelo menos ao ver da ruiva.

Ele por que, certo, não estava pronto para olhá-la ainda após o que quase havia feito na enfermaria. Era uma realidade cruel, dolorosa, e, ao mesmo tempo, que lhe parecia um soco no estômago.

Quer dizer, ele não havia começado tudo aquilo por que queria descobrir as respostas? Então por que agora que as sabia, sentia-se tão incomodado?

- Você não acha que ela está linda? Vamos, diga sua opinião, Lass! – Amy o empurrou, fazendo com que voltasse à realidade.

Lá estava Elesis, a sua frente, a mesma garota que tentara beijar havia três dias. Ela usava um bonito vestido vermelho, que delineava perfeitamente suas discretas curvas, tornando-a uma garota nada menos do que atraente.

Parecia linda como nunca.

Esse pensamento o fez corar.

Elesis, por outro lado, já estava vermelha havia algum tempo, olhando enraivecida para a dançarina quando ela se pronunciara. Voltou o olhar para o albino, percebendo surpresa, então, como ele a avaliava, e mais do que depressa se tornou mais rosada, mais que seus cabelos, mais do que o mais belo e brilhante carmim. Aquilo era possível? Nem tinha ideia.

- Você está realmente... – começou Lass, surpreso de que as palavras estivessem deixando seus lábios. Era quase involuntário expressar seus pensamentos verbalmente.

Antes que pudesse terminar, ela rapidamente entrou de novo no provador e bateu a porta.

A líder da Caçada encostou-se à madeira do portal, escorregando até o chão, sentindo que suas orelhas, pescoço e provavelmente até clavícula estariam vermelhos naquele momento.

Ela só não podia encará-lo ainda. Era loucura. Não conseguia olhá-lo sem lembrar do que quase fora um beijo entre os dois.

E agora ela havia conseguido o prêmio de melhor atuação do século, batendo a porta dramaticamente na cara dele. Sério, o rapaz provavelmente achava-a louca àquela altura, ela tinha certeza disso. E já devia estar certo de seus sentimentos, apesar de ela desejar fortemente que a segunda parte não fosse verdade.

Ser considerada deficiente mental era uma coisa que ela poderia mudar com o tempo, bem diferente do quanto uma confissão afetaria sua relação. Não que a ruiva já não a tivesse tornado péssima com seus comportamentos tão transparentes, mas provavelmente podia ser pior, com ela sempre podia ser pior, com o amor sempre podia ser pior.

Então se você não quer que ele descubra, nem quer parecer uma completa insana, em hipótese alguma pergunte sua opinião, ou deixe sua amiga com possíveis tendências suicidas – porque, oh, ela com certeza ia matá-la após o que a fizera passar – questionar por você. Vai ter sérios problemas se isso acontecer.

Era nisso que estava pensando quando uma batida na porta cortou sua linha de raciocínio.

- Elesis, você está demorando pra sair. Você está bem? – a voz do outro lado a fez suspirar.

Verdade seja dita, estava zangada com Amy, mas isso não queria dizer que não notava a preocupação em seu tom de voz. Levantou-se devagar, mas quando mexeu a perna esquerda, sentiu a dor novamente, mais aguda do que das outras vezes, levando-a de volta ao chão com um grunhido indistinto.

- Elesis! – a voz da rosada se tornou mais alta. – Tudo bem? Tudo bem? Destranque a porta que eu abro. Você consegue?

- Sim... – a ruiva praticamente sussurrou, suando frio. Estava muito pior do que antes. Será que forçara demais o tornozelo?

Esticou os dedos e puxou a tranca de metal, fazendo um clique baixou. Logo a porta foi aberta, e a dançarina mais do que rapidamente se agachou a seu lado, seus orbes castanhos desprendendo uma preocupação inominável.

- Desculpe te irritar. Mas precisamos cuidar disso logo – sussurrou ela, e a ruiva podia dizer que parecia realmente arrependida. – Lass!

Gelou quando ouviu o nome que deixara os lábios de Amy e, em um piscar de olhos, o albino estava lá, frente à porta. Fora tão veloz, ela não tinha certeza se ele ficara alerta, ansioso para aparecer, talvez até preocupado com ela, também, ou se apenas era um ninja realmente habilidoso.

A primeira opção lhe dava mais prazer, mas, como sempre, escolheu a segunda.

Levantou o olhar para o rapaz, e encontrou com aqueles orbes azuis oceânicos. Deixou um gemido de dor escapar por seus lábios, e nem sequer tinha tempo de pensar no quão envergonhada devia se sentir conforme ele se abaixava e a pegava no colo.

- Vou levá-la ao médico do quarteirão de cima. Pague pela roupa – vociferou ele rapidamente, seguindo como um raio até a saída.

Amy levantou-se e acompanhou-os com o olhar conforme eles sumiam. Realmente não queria causar tantos problemas, só usaria o fato de que Elesis não poderia andar por aí pra fazê-la vestir o que quisesse. Claro, tudo se tornou mais interessante quando chamou Lass, afirmando que desejava que ele a ajudasse a cuidar da ruiva, uma vez que estava ferida. Ele não contestou, apenas a seguiu, aparente preocupação em seu olhar.

Fora um dia produtivo. Por um lado, teria de pagar o vestido, mas por outro, tinha certeza de que Elesis gostava de Lass.

E que seu sentimento era recíproco.

*

- Então ela tinha uma rachadura no tornozelo? – Lass questionou, surpreso, o médico grisalho.

- Sim. E pelo que disse, ela andou com essa perna ferida por muito tempo – o senhor suspirou, olhando a garota que os observava quietamente deitada numa maca próxima à mesa. – Temo que a rachadura tenha aumentado, e os tecidos ficaram irritados também. Se continuar a forçar sua perna isso pode se tornar uma fratura. Sugiro que fique em repouso por algum tempo.

- Mas doutor, eu não posso repousar, eu preciso lutar – protestou ela, veemente, os olhos brilhando assustados. – Eu preciso...

- Certo, repouso. É só essa indicação? – o albino a interrompeu, olhando o médico seriamente.

Elesis desviou o olhar para ele, alarmada. Não podia contestá-lo, porém estava surpresa de que ele a tivesse interrompido.

- Só isso será o suficiente. Vai demorar cerca de três semanas ou mais para ficar completamente curado e...

- Três semanas? Doutor, eu não tenho todo esse...

- Três semanas? Certo, irei providenciar – Lass assentiu, ainda sério. – Por favor, continue.

- Mas...

- Procurem não forçar, não ande enquanto não estiver completamente curado e venham me ver após esse tempo. Vou dizer se está tudo bem mesmo – o homem suspirou, se levantando. – É só isso, já podem ir.

O albino levantou-se e inclinou a cabeça em sinal de respeito.

- Muito obrigado mesmo, doutor – disse.

E então se virou e tomou a ruiva nos braços novamente, levantando-a com a maestria com que um soldado ergue uma espada. Era como se tivesse feito aquilo a vida toda.

Seguiu rapidamente para fora, nem dando à jovem tempo de agradecer também. Pagou as despesas na recepção e então seguiram seu caminho.

Quando ele a levara ao consultório, já era relativamente fim de tarde, e o tempo da consulta fora o suficiente para que o céu se tornasse escuro e pontilhado de estrelas.

Elesis estava nervosa, mas ao mesmo tempo feliz. O médico passara uma pomada em seu tornozelo e por enquanto não estava mais doendo, então ela tinha tempo o suficiente para se concentrar em quão próxima estava do albino.

Era a terceira vez que ele a segurava daquele jeito. Estava quase se sentindo uma princesa.

Devia sentir-se culpada, mas não queria. Futuramente lembraria disso com dor, com a tristeza da certeza de que nunca o teria para si, e que aquilo tudo não passava de fantasias de sua mente. Mas ela queria aproveitar, pelo menos daquela vez, enquanto podia. Deixar seus devaneios de adolescente vencerem.

- Lass... – sussurrou, chamando a atenção dele.

O albino parou seu caminho em direção ao mercado, olhando-a, as sobrancelhas franzidas. Sua voz estava tão fraca. Estaria se sentindo mal, ainda?

- Desculpe por fechar a porta na sua cara – começou ela, a voz hesitante e falha. – Sabe, naquela hora...

- Tudo bem – respondeu ele, dando de ombros minimamente. Pode notar o quanto ela estava vermelha, e como encarava sua camisa, evitando seus olhos. Sentiu-se subitamente nervoso também.

- O que você ia dizer... Naquela hora? – a voz dela era tão baixa que ele não poderia ouvi-la se não se tratasse de um ninja.

O rapaz corou imediatamente, pego de surpresa.

- Eu ia dizer... – engoliu em seco, começando a andar novamente. – Ia dizer que está linda com esse vestido.

- Hm... Sério? – ela escondeu o rosto na camisa do albino, nervosa. Queria tanto perguntar, e as respostas faziam-na tão feliz...

- Sim...

- Obrigada – murmurou, fechando os olhos com força.

Lass sorriu, fingindo por um momento que não via Amy e os outros esperando por eles perto da loja na qual ela se machucara e apenas observando para Elesis.

Achar aquelas respostas fora realmente difícil, e aceitá-las era ainda mais complicado. Mas parecia valer a pena ao poder olhá-la, tão feliz e envergonhada, entre seus braços.

Não que ele gostasse disso, mas não era bobo o bastante para tentar se enganar. Tinha certeza de que estava irremediavelmente apaixonado por ela.

Fazia tempo que não sentia um sentimento como aquele.

E era inexplicavelmente quente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Vou receber opiniões? ;D
Eu... Hm, não odiei esse capítulo, só que o meu favorito continua sendo o de não encher a cara xD Aquele ficou muito bom!
E o que acharam da Amy e seus planos mirabolantes? Adorei inventar isso pra ela, e quer saber, eu gostei desse cap u.u Mas a minha opinião não conta, então me digam a de vocês!!!
Não vou falar muito hoje que tenho que ir fazer umas coisas, só fiz um esforcinho pra postar ainda hoje ;D Então façam meu esforço valer à pena hein!!

Beijitinhooooos
PS: Bem-vindos leitores novos! Espero que estejam gostando!