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Damon teve tempo de sobra pra pensar no dia que teve, em David e todas as pequenas coisas que isso implicava. Ele era um menino inteligente, desconfiado e tinha um bom gosto musical. Mesmo sendo estranho dizer isso sobre uma criança.

Algumas semelhanças faziam lembrar de si mesmo.

Esperava que no mínimo David não tivesse inclinação para tomar decisões erradas no futuro. Seu passado estava cheio delas, mas o conjunto o trouxe para a situação atual então evitava o ressentimento.

Outra coisa que estava ocupando sua mente era a influência da imprensa e como isso afetaria a vida de todos.

Nesses cinco anos a imprensa havia bombardeado sua vida sem dó, mas nessa altura do campeonato já estava calejado da vida e esse tipo de influência não o atingia como pessoa.

Existia o Damon Salvatore, cantor, bem-sucedido, rockeiro, canalha e era esse estampado em todas as revistas, na TV, nas rádios e pelo mundo. E outra era apenas Damon, mas esse cara tão pouca gente conhecia que até ele mesmo esquecia disso.

Uma risada saiu dos lábios de Damon lembrando das aulas que teve de  midia trainning e assim tinha bagagem o bastante pra aguentar a vida Hollywoodiana.

A obsessão por sua vida amorosa.

Sem contar a investigação sobre sua infância. Teve que aprender manobras e lidar do melhor jeito possível com o assunto.

Esse tipo de pressão não era o que gostaria que acontecesse na vida de David, que era apenas uma criança. Mesmo que não o atingisse diretamente com o garoto agora, Elena passaria pela situação.

Damon se assustou quando percebeu estar chegando ao condomínio onde morava.

Deitado na cama pensou que se tornar pai mudara a perspectiva da vida.

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O lançamento do perfume foi um sucesso.

Quatro dias depois, Damon estava voltando para San Diego e manter sua visita de inspeção. Esperava que April fosse boa mesmo e não estivesse desperdiçando seu tempo.

Bonnie não ficou por muito tempo, estava atrasava para o trabalho e April pareceu tomar um choque ao se dar conta que Damon era Damon.

Céus! Torceu para a garota não ser o tipo de fã apaixonada e dedicava algum tipo de blog sobre ele. Já era complicado estar ali clandestinamente. Tudo que não precisava agora era de rumores na internet. Afinal, onde há fumaça, há fogo.

David parecia mesmo se entender com April, brincava, fazia cócegas nela e sempre a abraçava.

Vez ou outra Damon pegava April olhando para ele do jeito que as fãs olhavam. Como se estivesse prestes a pular em cima dele, olhos apaixonados e reações parecidas.

Não que ele não amasse seus fãs, mas estar nas mãos de um deles com um segredo dessa proporção era outra história.

— Então você é pai do David? – Ela murmurou a palavra para o menino não ouvir. Damon apenas confirmou com um aceno de cabeça. – A Elena nunca me contou que era você.

Que surpresa!

— Ela não tem motivos para isso. Nós não nos falamos há muito tempo.

— Já foi visitá-la?

Damon negou com um olhar.

David tocou o braço de Damon e lhe deu boa noite. Mesmo depois de algum tempo do menino ter ido dormir, percebeu que ainda estava sorrindo.

— Ele já dormiu?

— Já. Ele é uma criança muito boa. Pretende ficar na cidade? – April perguntou com um sorrisinho nos lábios.

— Não posso ficar muito tempo na cidade.

— Passei no teste? – A garota perguntou com os braços sob o peito.

Então Bonnie havia contado.

— Não é nada pessoal, mas eu preciso saber quem é a pessoa que fica com David. Gostaria de te pedir um favor. – April não fez oposição. – Não conte nada disso para ninguém. É importante isso continuar do jeito que está agora.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo.

— Tudo bem. Isso realmente deve ser mais complicado do que eu possa entender. – A babá finalizou e deixou Damon aliviado.

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Damon passou as duas semanas entre Los Angeles e San Diego para ter mais tempo com David.

Agora o menino o chamava para brincar, cantavam em um karaokê infantil e saíram apenas os dois para lanchar no Burger King próximo ao apartamento.

— O hambúrguer está gostoso? – Damon perguntou enquanto o menino devorava o lanche, que parecia grande demais para uma criança. Não parecia ser o caso.

David murmurou alguma coisa com a boca cheia de batatas fritas e parecia ser um sim.

— A mamãe sempre me traz aqui e a April também. – O menino comentou depois de engolir as batatas e agora estava se distraindo com o brinde infantil. – A tia Bonnie não gosta.

— Também gosto de lanchar aqui. Você quer fazer mais alguma coisa?

Silêncio.

— Quero ver a minha mãe. ‘Tô com saudades dela.

A declaração pegou Damon de surpresa. Nos últimos dias Bonnie nunca dizia muita coisa a respeito, mas David parecia irradiar alegria quando visitava a mãe no hospital. As vantagens de ser criança é que ele não se importava em ir a um hospital, desde que pudesse vê-la.

O caminho para o hospital foi pura tensão. O cantor já sabia que Elena não estava muito feliz de Damon ressurgir das cinzas e ela ficar longe de David.

A primeira coisa que notou depois do choque inicial, era de que Elena havia adotado os cachos e estava com o cabelo mais curto.

Por sorte o médico que estava de plantão no dia era o mesmo que estava cuidando do caso.

Ela via a TV do quarto, mas aparentemente não prendia totalmente a atenção.

Os olhos da morena se iluminaram quando David entrou no quarto com toda sua alegria infantil e foi direto para a cama da mãe. Damon viu uma luz em meio à fraqueza.

A morena demorou até notar quem estava parado no batente da porta.

Ele gostaria de despejar tudo que estava apertado na garganta, que ela não tinha direito de deixá-lo de fora dessas questões, que foram cinco anos e ainda estava muito aborrecido por só saber poucas semanas atrás.

— Então é David, huh? – Foram as primeiras palavras depois de cinco anos.