Heart In Flames escrita por arya


Capítulo 24
Capítulo 24 - União




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/340719/chapter/24

Leo levou um encontrão tão forte que o jogou direto nas caixas. E, como as porcarias de caixas que eram, se quebraram em mil pedacinhos quando ele caiu em cima delas. Estava sentindo uma dor terrível, e uma curiosidade imensa. Que panos eram aqueles jogados ali atrás?

Engatinhou até lá, e corou quando achou a calcinha e sutiã de alguém. Blusa laranja... E esses shorts... Piper? Onde ela está? E porque suas roupas estão aqui? Então é por isso que eu não a vejo lutando em lugar nenhum.

Leo sentiu uma espécie de medo misturado com raiva de quem quer que tenha pegado ela. Precisava fazer alguma coisa antes que... Bem, ele não queria nem pensar na possibilidade do que poderiam estar fazendo com Piper agora. Descobriu que estava odiando muito mesmo os romanos.

A batalha continuava, todos estavam cada vez mais cansados. Tinha se passado quanto tempo? 15 minutos? Leo tinha que fazer alguma coisa. A pobre tripulação do Argo II não tinha nem chance de sobreviver a isso. Os romanos estavam obviamente brincando com eles. Mas precisava salvar Piper e todos os outros. Não tinha idéia do que fazer. Seu poder de fogo não servia de nada num local tão fechado, nem mesmo pra assustar, afinal se eles não tivessem percebido que Leo estava apenas fingindo com aquelas chamazinhas de nada, seriam extremamente burros.

Levantou com cuidado, grato por terem parado de prestar atenção nele. A dor era muito grande, e Leo desconfiava que algumas farpas de madeira tivessem ficado presas à sua pele. Mal teve tempo para respirar, um adversário novo praticamente se materializou na sua frente. Como teria tempo para pensar numa solução?

***

Piper alisava seu vestido. Foi feito com o mais suave dos cetins. Ela se sentia uma princesa, apesar de estar totalmente desconfortável com o tamanho do decote e da falta de proteção que teria se os romanos não aceitassem a aliança. O mais superficial dos cortes poderia matá-la. Mas Reyna deu sua palavra. Piper precisava acreditar que agora não havia inimizade. Estava com um frio na barriga, como se estivesse prestes a fazer uma das coisas mais importantes de sua vida. Sentiu-se como no dia em que descobriu que era filha de Afrodite. Todos estariam novamente olhando para ela. Avaliando-a, estudando-a. O cinto não estava invisível, então ela acreditava que pelo menos por enquanto, estava segura. E, aliás, ele ficou ótimo com o vestido. Olhou para a mão calejada de Reyna que segurava. Essa garota aguentou mais infortúnios do que uma rocha aguenta o mar.

–Está tudo bem? –A pretora perguntou, ao perceber o olhar pesado de Piper.

–Bem, sim... Só estou meio assustada com a grandeza dessas coisas. E acho que chegamos. –Piper forçou o alçapão, que se abriu com um pouco de dificuldade. Ofereceu sua mão à Reyna e juntas subiram à batalha.

Piper teve que tapar os ouvidos, pois o grito de Reyna de “PAROU!” foi mais alto que o um coral de 50 mamutes. Imediatamente tanto gregos como romanos pararam seus massacres, e deixaram suas armas caírem, boquiabertos. Olhavam para as duas como se nunca tivesse visto algo tão estranho e belo em todas as suas vidas.

Reyna começou a falar, quebrando o transe.

–Hoje uma nova era se inicia. Vocês podem parar de lutar. Mas não parar de lutar para planejar um novo ataque amanhã. Vamos parar de lutar para sempre.

Percebendo a cara de interrogação de todos, e que se não se manifestasse, a imagem de aliança não seria bem fixada, Piper resolveu falar também. Dessa vez ela usou o cinto. Ele servia perfeitamente bem para influenciar massas.

–Somos todos semideuses. Somos todos frutos da união divina e humana. Porque lutarmos entre nós, enquanto um mal muito maior do que tudo que já vimos está se levantando? E esse mal não distinguirá gregos de romanos, mortais de ninfas, sátiros de passarinhos. Gaia acabará com qualquer coisa viva que puder. – Piper fez uma pausa, esperando que Reyna continuasse. Ela, felizmente, entendeu.

–Nos odiamos há tanto tempo que nem ao menos conseguimos nos lembrar do porquê, não é mesmo? Algum de vocês sabe da estátua roubada?

Uma agitação se iniciou no Argo II, romanos e gregos e sátiro berravam coisas diferentes e todas juntas, o que deixou Piper e Reyna sem entender nada. Piper balançou as mãos, num gesto que pedia silêncio.

–A Atena Parthenos. Todos esses séculos, ela nos fez ter ódio mútuo. Mas isso não é mais necessário. Agora que ela foi devolvida, e a dívida está paga, nós podemos reescrever a nossa história. Daqui pra frente podemos nos ajudar. Quantos conhecimentos gregos e romanos podiam ser fundidos e aperfeiçoados? Quantos inimigos nossos cairiam antes mesmo de ficar de pé? Somos incrivelmente fortes separados. Mas juntos, o impossível vai se tornar apenas uma questão de determinação.

–E é por isso que, de agora em diante, nós, romanos, somos seus aliados. –Reyna disse lentamente e colocou delicadamente um colar roxo com entalhes laranja no pescoço de Piper, em simbolismo. Piper não se lembrava de ter nenhum colar para dar a Reyna, mas olhou para sua mão e viu que segurava um laranja com entalhes roxos.

–E nós gregos também selamos nossa aliança. –Piper repetiu o gesto.

–Agora nos resta saber de vocês. Vão apoiar a causa e lutar juntos? Pelo menos enquanto Gaia nos ameaça? Quem está conosco dê um passo à frente.

Um silêncio sem fim se iniciou. Piper já estava ficando desesperada e ia começar a manipular aqueles semideuses, quando a sua pessoa preferida no mundo deu um passo à frente. Aliás não foi um, foi vários. Leo, seu idiota! Porque ele não parava de andar?

–Eu fiquei preocupado com você, mas agora estou orgulhoso. Totalmente orgulhoso. –E a beijou ali mesmo, na frente de todo mundo, no meio de uma delicada aliança. Piper rezava pra que isso não atrapalhasse as coisas. E quando viu todos aqueles olhos a observando, morreu de vergonha.

E então, Nico deu mais um passo. Toda a tripulação do Argo II deu mais um passo. E um romano também. E mais outro, e depois outro. Quando percebeu, todos estavam um passo mais a frente. Reyna foi até lá fora e acenou para o navio romano. Em algum código com as mãos, ela meio que fez eles entenderem que deviam se aproximar sem destruir. Passados alguns minutos, quando o navio estava próximo, Reyna subiu nele e conversou com a tripulação. Um a um, os romanos de lá a seguiram até o Argo II, que a esse ponto estava lotado de gente.

Mas no navio romano, Octavian continuava lá, com uma expressão que Piper conhecia muito bem. Ódio e repulsa. Ele nunca iria se juntar aos gregos.

–Já que a maioria está de acordo, acho que precisamos decidir o que vamos fazer. E acho que vai ser muito mais fácil agora que estamos juntos. –Reyna disse, e Piper percebeu como seu sorriso era verdadeiramente feliz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!