Heart In Flames escrita por arya


Capítulo 23
Capítulo 23 - A Proposta


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando!



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O primeiro pensamento de Piper foi: Porque eu não fiquei quietinha na minha cama invés de fazer um escândalo?

Quando acordou estava tão desesperada em ver Leo, que se esqueceu de que ele não tinha nenhum juízo. Quando gritou o nome dele, Leo saiu correndo até a enfermaria e esqueceu-se de ligar algum daqueles dispositivos esquisitos que impedem que inimigos, romanos, e monstros em geral cheguem despercebidos.

Mas agora era tarde demais. Argo II estava sendo invadido, e Piper começou a entrar em pânico. Eram quinze romanos a bordo, e pelo menos mais quarenta num navio, esperando ordens para atacar se necessário. Isso lhe pareceu uma pequena desvantagem. Além de que, ela havia voltado pro mundo dos vivos há pouco tempo e não estava totalmente recuperada. E Hazel e Nico, totalmente cansados da magia.

E o som da desordem encheu seus ouvidos. Tinires metálicos, berros de comandos, pragas, e todos aqueles barulhos que indicam uma batalha sendo travada. Frank se virava com dois filhos de Marte. Ser atacado por seus meio irmãos devia ser bem desagradável. Ele se transformou em uma águia, e voou arranhando o rosto de um, e depois na forma humana, rapidamente imobilizou o outro com uma das muitas espadas que o navio estava munido. A pesar de não lutar muito com elas e preferir arco e flecha, Frank estava se saindo muito bem. O problema é que ele não queria matar. E quando não se mata um inimigo ele volta mais cedo ou mais tarde para vingar-se.

Ela olhou pro lado e viu Leo, usando seu fogo para assustar alguns romanos, enquanto Hazel os deixava inconscientes com a espata. Boa dupla, os dois. Claro que Leo precisava tomar cuidado com o fogo. E, aliás, esse era o grande problema. Eles não tinham espaço para lutar. Os romanos não se importavam em deteriorar o navio, mas a cada ranger da madeira se partindo, era uma dificuldade a mais depois que a batalha acabasse. Teriam que consertar tudo para poder seguir com a missão. E o tempo que gastariam nisso poderia ser a diferença entre a vitória de Gaia e a deles.

Nico convocava uma espécie de horda de zumbis para impedir os romanos, e Hedge fazia o que mais gostava: usar seu taco de beisebol de uma forma bem destrutiva. Mas quanto mais romanos seus amigos barravam, mais iam entrando no navio.

Piper estava escondida atrás de caixas de madeira, observando tudo e tentando pensar loucamente em uma maneira de conseguir vencer a superioridade numérica dos inimigos. Se Annabeth ou Percy estivessem aqui, tudo seria melhor. Ela faria um plano maluco, e Percy podia empurrar o navio dos romanos para longe. O que eu posso fazer?

E veio a idéia mais maluca possível na sua mente, quando se lembrou do dia anterior.

–Piper, tudo que precisa fazer é apertar a esmeralda nova, e o cinto vai ficar invisível. Ei! Não faça essa cara, eu passei umas boas horas pra desenvolver isso! Acha que é fácil alterar um artefato divino? Eu ainda não entendi como que essa invisibilidade funciona, mas parece que quando o cinto está em perigo simplesmente finge que sumiu, e só você vai saber que isso não é verdade. Naquela hora quando você desmaiou e a gente tentou guardar, eu descobri isso. Parece que ele foi destinado a você, e só você. Mas se por algum motivo a invisibilidade não funcionar, ou sei lá, é só você apertar a esmeralda.

–Para que a esmeralda serve se ele já fica invisível sozinho? E ele está cheio de jóias, você acha que vou conseguir na hora do desespero apertar a certa?

–É, eu acho que ela não vai falhar, mas eu queria ter certeza de que ele estaria a salvo... –Leo começou a dar gargalhadas maléficas.

–Ah, fala sério! Eu sei que essa porcaria não é tão inútil assim. Me diz logo o que a esmeralda faz de verdade.

–Por que não descobre você mesma?

Emburrada, Piper apertou a esmeralda. De início não percebeu nada, mas depois olhou pra suas mãos, e elas não estavam lá. Nem seus pés. Correu pro espelho mais próximo, e ela parecia um fantasma campista. Ficou tão animada com o presente de Leo que lhe deu o maior beijo de todos.

***

Ela procurou pela esmeralda, e a apertou. Discretamente foi se despindo. Deixou as roupas atrás da caixa, e procurou Reyna.

A filha de Belona travava um combate singular com Hazel. A boa notícia: não percebeu a presença de Piper, então os ajustes no cinto que Leo fez funcionaram. A má notícia: Hazel estava levando a pior. Reyna é uma ótima lutadora, mas Piper sabia que se Hazel não estivesse com as forças tão esgotadas, a luta seria no mínimo, equilibrada.

E então, num súbito momento de loucura, puxou Reyna para trás. Isso deixou a pretora confusa tempo suficiente para Hazel se recompor. O problema é que ela quis atacar, e isso não fazia parte dos planos de Piper, que eram basicamente negociação com uma carga pesada de charme do cinto. Mas não ali. Precisava falar com Reyna sozinha.

Reyna começou a golpear o vento, e Piper ficou feliz por continuar invisível. Se o cinto falhasse por alguma razão, na melhor das hipóteses iria morrer de vergonha sem as suas roupas. Na pior... Bem, provavelmente não sobreviveria pra passar essa vergonha.

Num segundo, Hazel assoviava. No outro, um cavalo pulava em cima de Reyna, e infelizmente, também de Piper. Ela ouviu o estrondo das tábuas se partindo, e o vento rasgando seus ouvidos com a queda. Quando atingiu o chão do porão, ela se permitiu um grito de dor. E depois se arrependeu dessa idiotice.

–Quem esta aí? Apareça, por sua honra!

Reyna tateava na escuridão, procurando por qualquer sinal de vida inimiga. Muito estranho... Em um momento estava em uma batalha, em outro caiu nesse lugar escuro.

Foi quando viu uma luz, um pouco fraca no início, mas quando reparou na presença da Atena Parthenos, foi como se a luminosidade que ela emitia fosse aumentando. Sem pensar, se aproximou da estátua gigante.

–Meus deuses... Como eles conseguiram? Como Annabeth pode... –Reyna foi interrompida.

–Você invadiu meu navio, com uma quantidade totalmente injusta de guerreiros. Eu poderia matá-la facilmente, mas não vou. Irei te dar uma chance de reverter tudo isso. E você verá que nunca fez nada tão sensato em toda sua vida do que me obedecer. –Piper torcia para que a porcaria do charme do cinto aumentasse o seu próprio.

Reyna sentia uma voz doce, mas ao mesmo tempo autoritária. Sentiu que se jogaria de um penhasco alegremente se ela mandasse.

–Você irá abortar sua missão. Irá retirar os romanos daqui, sem causar mais danos. E não irá mais nos incomodar, ou ao Acampamento Meio-Sangue.

Não era isso que Reyna queria? Ela nunca decidiu atacar. Apenas fez isso por dever, e por honra. Mas em seu íntimo, sempre quis apoiar Annabeth, e aparentemente é a única de Nova Roma que acredita que Gaia só será vencida com a união de gregos e romanos.

Mesmo assim, ela hesitou em obedecer. Seus pés não deram o passo para frente que ela precisava para tentar sair de lá e ordenar retirada. Sentia como se um fio de cabelo estivesse sendo arrancado dela, mas de fora para dentro da cabeça. Lutava para não cair no charme.

Piper não queria usar o charme do cinto em Reyna. No começo ela usou, mas quando percebeu o poder fluindo de si, desistiu. Isso poderia enlouquecer a pretora facilmente, e ela ainda não tinha controle suficiente para garantir que nada de mal saísse disso. E, além disso, achava que conseguiria convencer Reyna do jeito honesto à parar, afinal, eles tinham a estátua. Mas se em ultimo caso nada funcionasse, teria que usar suas armas. Então ela apertou o botão da esmeralda, e decidiu se mostrar.

–Sou eu. A grega, filha de Afrodite. Acho que você se lembra de mim. Piper. Amiga de Jason. –A palavra amiga foi como cinzas em sua boca. Eles eram muito mais que isso naquela época, e Piper sabia que em algum lugar no coração de Reyna havia algum ódio do namoro dos dois. Um ódio que nem Reyna sabia existir. –Pelo jeito você percebeu a nossa estátua. Não precisamos continuar com isso. Nós duas sabemos que semideuses guerrearem entre si é um erro fatal. Vamos conversar honestamente. Sem truques de charme e tudo mais.

A pretora suspirou, frustrada.

–Eu não posso voltar atrás, entende? Octavian inflamou essa fogueira. Os romanos não perdoam dívidas facilmente. O que esperava que aconteceria quando seu amigo disparou contra nós?

–Meu amigo não. Eidolons. Nós nunca quisemos começar isso. Já para os servos de Gaia, foi extremamente conveniente. Se nossa união é tudo que pode detê-la, por que não ficar feliz com a total ausência dela? Vamos destruir uns aos outros enquanto a deusa se fortalece. Não consigo imaginar uma situação que a favoreça mais.

–Octavian não se importa se foram Eidolons. A Legião não se importa, Piper. É de um ódio milenar que estamos falando. As coisas não podem ser resolvidas tão fácil. O disparo foi apenas um estopim. É por essa razão que os dois acampamentos são isolados um do outro. A guerra entre gregos e romanos não pode ser evitada.

–Sim, ela pode. Porque a dívida inicial será quitada. A estátua, Reyna! Ela vai nos unir novamente, não teremos mais motivos para guerrear. E se vocês continuarem com isso mesmo com nossa causa comum, só posso concluir que Atena, digo, Minerva não olha por vocês. Pois é a maior estupidez de todas.

Reyna pensou. Pensou até sua cabeça começar a doer de novo. Ela sabia que a garota tinha razão, fosse charme ou não. Ela sabia porque isso é o que ela mesma pensa. Mas não poderia ir contra as vontades de seus próprios homens, poderia? Será que os romanos seguiriam suas ordens, ou as de Octavian?

Num momento de coragem, ela decidiu que iria fazer as coisas do seu jeito. Já perdera tempo demais estragando tudo para não contrariar as vontades da Legião. Reyna é a pretora, e eles teriam que seguir suas ordens.

–Você tem razão, McLean. Vou ao menos uma vez seguir meu coração. Espero não me arrepender.

–Sei que não vai. Nós vamos conseguir, Reyna.

Piper sorriu de forma encorajadora. Falava mais para convencer à si mesma do que à Reyna.

–Então espero que você tenha roupas por aí. Não quer subir nua para proclamar nossa aliança, ou quer?

Piper corou, e procurou por roupas no porão. Tinha que ter alguma coisa! Quando desistiu de só ver armas, fios, mantimentos, e mais armas, pediu silenciosamente para sua mãe. Por favor, tenho feitos grandiosos para realizar em seu nome.

E quando olhou para baixo estava vestindo as roupas mais chamativas que já viu. Se já odiou o vestido branco do dia em que foi reconhecida, odiou este roxo ainda mais. Percebeu que Reyna vestia um igual, mas o dela era laranja. Afrodite poderia ter feito um simbolismo de aliança mais discreto.

E então, Piper pisou na tábua certa, e uma escadaria escondida se revelou. As duas deram as mãos com pouca relutância. Subiram para fazer algo totalmente novo. Piper implorava à todos os deuses para que gregos e romanos pudessem finalmente viver em paz, e colaborarem um com o outro.


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Notas finais do capítulo

Será que isso vai dar certo?