Circo Do Meio-dia escrita por Keroro


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^-^
Arigato a minha Escar diva pela dica do nome Dante ♥



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Rússia – Cidade de Volgogrado

– Joseph! Bebendo outra vez? – Disse Maria, quando encontrou o filho sentado, no pequeno espaço entre dois galpões, com uma garrafa de Vodka em uma mão, e com mais duas secas ao seu lado.

– Deixe que eu morra em paz, sua velha maluca! – respondeu Joseph.

– Eu vou te mostrar quem é a velha maluca, seu... – JOSEPH! – Maria foi interrompida pelo grito de Julie, uma pequena garota com seus seis anos. Julie fazia parte do grupo de crianças da abertura do show “o outro lado do circo”.

– O QUE FOI JULIE? NÃO VÊ QUE ESTOU CONVERSANDO COM O JOSEPH? – Gritou Maria.

– Desculpe, Senhora Maria. Mas já está quase na hora do senhor Joseph entrar para apresentar o show e e e... Eu tinha que vir aqui chamar o senhor. – Falou Julie, atropelando algumas pausas.

– Joseph não está em condições de apresentar o show hoje.

– Eu estou em plenas condições, mãe! – falou Joseph, enquanto tentava se levantar, mais acabou se desequilibrando e caindo sentado.

– Em plenas condições? Não me faça rir seu filho ingrato! – falou, olhando para o filho.

– O que vamos fazer senhora Maria? – Julie perguntou.

– Eu vou arrumar alguém para apresentar o show no lugar deste imprestável! – A mulher respondeu, depois se virou e foi na direção dos estábulos.

O lugar estava praticamente vazio, se não fosse por um garoto – não se pode chamar de homem, já que ele tinha seus 17 anos -. O menino tinha a pele num tom meio pálido, os cabelos pretos, um pouco grandes e meio bagunçados. Os lábios estavam roxos graças ao frio.

Ele escovava um cavalo, um dos últimos do estabulo. Estava cansado, por passar todo o tempo escovando os 12 cavalos que haviam no local. Aquele seria o ultimo e depois ele poderia finalmente descansar. Ou talvez não.

– VOCÊ, GAROTO! – Maria gritou, indo em direção a criatura pálida no fim do estabulo. O garoto se virou lentamente e olhou para a mulher que se aproximava.

– Eu? – perguntou.

– Você vê mais alguém aqui? – ele fez que não com a cabeça – então é você mesmo. Como se chama?

– Meu nome é Dante.

– Ah, Dante! Você trabalha aqui desde pequeno não é? Tem uma ótima aparência, devo dizer.

Claro que aquilo era uma ironia, o garoto não podia estar com uma aparência pior.

– Você vai fazer a apresentação do show de hoje. – Disse Maria, olhando para Dante.

– O show? Eu não posso, tenho que escovar os cavalos. Não tenho nada haver com os shows.

– Eu sou sua senhoria, você deve me obedecer. Meu filho está impossibilitado de apresentar o show hoje. E você é o homem perfeito para o serviço. Veja essa cara de quem não come a dois dias...

– Na verdade três, dona. – interrompeu Dante.

– Que seja. Todo mundo vai ficar assustado só de olhar para você! AGORA ANDE, VÁ ATÉ O VESTIARIO E COLOQUE A ROUPA! O que está esperando? Um convite por escrito? Vai, vai vai!

O garoto largou a escova e saiu andando o mais rápido que suas forças permitiam. Foi na direção do que achou que era o vestiário, e por sorte era mesmo. Encontrou um terno preto e uma cartola, colocados em cima de um pequeno sofá que fora bastante maltratado. Vestiu a roupa e saiu.

Maria o esperava do lado de fora. Quando ele saiu, ela o olhou dos pés a cabeça e deu um sorriso de aprovação. Ela o pegou pelo braço e o levou até a entrada dos fundos da “tenda” do circo. Empurrou-o para que passasse pela porta. Lá, por trás das cortinas já estava boa parte do elenco. Um cara segurando uma serra-eletrica. Uma mulher com metade da boca cortada até a orelha – que Dante esperou que fosse apenas maquiagem, mais não era – e vários outros.

No canto, estava Julie. Sentada em uma cadeira que não deixava que seus pés tocassem o chão. Dante olhou para a garota na hora em que ela levantou a cabeça e sorriu, olhando para ele.

Cinco minutos depois Maria entrou outra vez dizendo que já era hora de começar e empurrou Dante para que ele entrasse no palco, o garoto entrou, não sabia se tinha conseguido decorar tudo o que tinha que dizer durante o show, mas nesse caso ele tinha um pequeno fone em seu ouvido, e um outro homem lhe diria o que tinha que falar na hora, se ele acabasse esquecendo.

Dante passou pela cortina vermelha, e viu o tanto de pessoas que estavam naquele lugar, prestando atenção a tudo que ele fazia ou dizia. Ele pensou em dizer algo como “CORRAM, ENQUANTO VOCÊS TEM TEMPO!” mais em vez disso ele disse:

Olá a todos. Sejam muito bem vindos ao Circo do Meio-dia. Agora são exatamente 19:40, e o outro lado do circo está para começar. – Dante anunciou ao microfone. Ouviram-se murmúrios vindos de todos que estavam na plateia, que estavam intrigadas sobre o que seria o “outro lado do circo”.

Quando todos tinham finalmente feito silencio as luzes foram apagadas e as portas de entrada e saída do circo foram fechadas. Quatro pequenas luzes, que mal clareavam o palco foram acessas e 5 crianças entraram em pequenas bicicletas, uma delas era a pequena Julie, elas estavam cantando:

– O circo do meio-dia é o melhor, pois no nosso circo se encontram palhaços. Não olhe para trás, moça bonita. Não olhe, pois nosso circo é um horror! Nosso circo é um terror. – A ultima frase foi dita por Dante, sua voz saiu um pouco grossa, graças ao pequeno medo que ele tinha do que ia acontecer com todas aquelas pessoas que estavam assistindo.

Então, as luzes foram apagadas.

Gritos foram ouvidos, e o barulho de algumas pessoas tentando descer os degraus da arquibancada. As quatro luzes foram acessas outra vez. Duas pessoas estavam caídas no fim da arquibancada, respiravam com dificuldade e quando o faziam, gemiam de dor. Tinham quebrado alguns ossos.

Outras pessoas olhavam para o palco, com cara de susto. Dante viu suas expressões e olhou para o seu lado. Nunca tinha assistido ao show depois do meio-dia, mais sabia que tudo aquilo era horrível. Ele não imaginava o quanto.

O homem que tinha visto anteriormente, segurando uma serra elétrica, segurava o braço de uma mulher. Dante esperou ver a mulher, ao olhar para o final de seu braço, mais não viu. Um outro homem vestido com uma capa, toda preta segurava o corpo da mulher, o pescoço dela pendia de um lado. Eles tinham quebrado seu pescoço.

Dante tentou se controlar para não acabar gritando ou correndo. Ficou no mesmo lugar, imóvel. As crianças que fizeram parte da abertura estavam sentadas, ao redor do palco. Julie era a que mais sorria olhando a cena. A mulher sem um braço, o pescoço quebrado. A plateia tinha um misto de medo e terror nos olhos. Um homem tentou correr até a porta de saída, mas a mulher que tinha a cicatriz no rosto apareceu na frente da porta, segurando um facão.

– Não pode sair, querido. Você tem que ficar e ver o resto do show. – Ela disse. Pela cicatriz você podia ver a língua da mulher se movimentando, enquanto ela falava. Um pouco de baba escorria por sua cicatriz.

O homem deu alguns passos para trás, fingindo que ia voltar a se sentar, mais depois correu na direção da mulher, tentando ataca-la. Ela desviou, e prendeu o homem com um dos braços.

– Nha, você foi um cara mal, querido. Terei que puni-lo. – falou, depois com o facão cortou o pescoço do homem, e depois soltou o corpo, que caiu no chão. Ela começou a girar o facão, olhando para as outras pessoas da plateia, como se desafiassem elas a irem até ela, e tentassem passar pela porta.

Ninguém mais tentou.

Dante continuou falando apenas quando era necessário. Temia dizer algo de errado e acabar sendo morto pela mulher da cicatriz, como o outro homem. No final do show, de 30 pessoas que haviam na plateia, sobraram apenas 12, o mesmo numero de cavalos que havia no estabulo.

– Escutem-me. Quem disser algo do que aconteceu aqui para alguém, essa pessoa será punida. Não é, crianças? – falou Dante, repetindo o que o homem dizia pelo fone.

– SIM, SENHOR! – as crianças responderam, sorrindo. Elas estavam com as roupas – que antes eram brancas – sujam com os pingos de sangue que vinham do palco. Mas parecia não se incomodar.

Todos da plateia saíram correndo de dentro do circo, empurrando uns aos outros. Com expressões de medo.

Dante foi para trás da cortina. Todos que fizeram parte do show olhavam para ele, fazendo uma pequena roda ao seu redor. Maria chegou empurrando todo, tentando abrir espaço, trazia um Joseph ainda bêbado ao seu lado. Ela olhou para o garoto, que estava mais pálido que antes, por presenciar todas aquelas cenas.

– VOCÊ FOI ÓTIMO! Eu sabia que você conseguiria Daniel. – disse Maria, sorrindo.

– Meu nome é Dante...

– Seja como for, isso é apenas um pequeno detalhe.

– Sim, um detalhe. – disse a mulher com a cicatriz.

– Viu? Até a Serapine concorda. Agora, eu quero te dar uma ótima noticia garoto. – Maria fez uma pausa, tentando tornar tudo mais dramático. – A partir de hoje você vai apresentar o show “do outro lado do circo”. Pode ficar feliz, Dante, ou seja lá como for o seu nome. Você não vai mais passar fome.

Ele devia ficar feliz, poderia comer todo dia, de agora em diante. Mas pelo contrario. Dante estava mais triste e com mais medo do que quando era apenas um garoto solitário, que cuidava dos cavalos, no estabulo.


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Notas finais do capítulo

Reviews? *u*



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