Malditos pesadelos que atormentam

Maldita culpa que persegue

Será possível existir

Alguém que me liberte?

O rastro de fumaça que se elevava no céu, mostrava o caminho para os fundos da mansão do tutor de Caroline. A jovem apresou-se para ver o que era enquanto o cheiro nauseante de carne queimada invadia sua respiração.

Sentiu algo se revirando dentro de si, o que a fez cambalear por um instante, já acontecera isso outras vezes, mas não com a intensidade de agora.

Um suspiro entrecortado a fez paralisar onde estava e a analisar a imagem a sua frente.

Lena estava amarrada em um grande tronco de árvore no meio do terreno e ardia literalmente em chamas, que pareciam dançar em volta dela e a provocar Caroline.

“Você é a culpada!” – ela quase conseguia as ouvir sussurrando.

-É isso que acontece quando alguém me desrespeita. – Eric estava próximo e demonstrava seriedade por trás de um sorriso sem graça.

A jovem se curvou para frente ao sentir novamente a estranha pressão dentro dela, mas ainda encarando Eric com ódio.

-Você é um monstro! – rosnou para ele.

-Se olhasse para você nesse instante diria a mesma coisa sobre si. – sua expressão era calma, o que só irritava Caroline cada vez mais.

-Ela não tinha culpa! – choramingou, a raiva que se formava dentro dela tentava se esvair pelos olhos, algo que ela não permitiria na frente dele.

-Mas ela tinha a obrigação de manter você na linha, o que ela faz com essa simples obrigação? Nada mais, nada menos do que tentou esconder tudo o que você fazia, agora não teremos mais esse problema.

Ele retirou o grande casaco de pele que usava e colocou sobre a jovem.

-Agora vamos entrar, está ficando frio. – disse com um tom de pai protetor.

Caroline olhou confusa para ele, não conseguia entender seu comportamento, uma hora a tratava mal, como se ela fosse um animal e na outra mudava completamente de postura e cuidava dela como se fosse sua filha.

Talvez ele fizesse aquilo de propósito para confundi-la, ou quem sabe ele sofresse de alguma doença psicológica?

Ele entrou sem esperá-la e ela acabou seguindo-o relutante, mas não havia mais o que fazer para salvar Lena, estava morta.

E a culpada era ela.

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Isabele passou mais uma noite sendo perseguida por vultos em seus sonhos. Formas fantasmagóricas gigantes que passavam como raios, causando-lhe calafrios.

Ela andava sendo perturbada por pesadelos desde que se mudara para lá, eram sempre bastante reais e que a fazia acreditar que realmente estavam acontecendo.

Ela desviava das árvores que apareciam do nada a sua frente e ouvia apenas sua respiração e coração acelerados.

Ela parou durante alguns instantes para descansar apoiada em uma árvore, mas foi o tempo necessário para que ela enxergasse-o novamente.

Continuava a andar lentamente em sua direção, sempre um centímetro mais perto, sem nunca desviar o olhar.

-Eu desisto... Você venceu... De novo. – falou exausta.

O vulto lançou-se sobre ela e tudo ficou escuro.

Ela havia morrido mais uma vez. Como morria todas as noites.