Eu sinto que algo não está certo

Algo não está se encaixando

Ou talvez seja apenas

O cheiro de algo queimando...

Caroline ficou alguns instantes travando a constante batalha de olhares com Isabele como sempre acontecia quando a via.

Olhares fixos e nenhuma troca de palavras, poderia até parecer alguma conversa por telepatia, mas não chegava a isso. Poderiam ter ficado minutos ou até mesmo horas naquilo.

Já estava se tornando um incômodo para a jovem encarar aqueles olhos mel e sua face que nunca demonstrava alguma emoção. Seus dentes se arreganharam instintivamente como um alerta, mas que Isabele não retratou como uma ameaça.

–Acho que já passamos da fase de ficar neste comportamento ridículo de encarar as pessoas. – disse como resposta a ameaça de Caroline, uma das poucas vezes que se ouvira sua voz.

A jovem estreitou os olhos ao ouvir a voz infantil, era completamente irônico ver alguém com a aparência de Isabele falando com tal seriedade. E apesar de concordar com o que ela dissera, não iria dizê-lo em voz alta, dar esse gostinho não era de seu agrado.

Caroline deu às costas a menina que aparentava ser uma boneca, mas sentindo que estava sendo fuzilada com os olhos pela mesma.

–Eu sei o que você quer saber. – declamou ainda em cima do telhado.

“Como podes saber disso?” – perguntou em pensamento para si mesma e continuou a andar no sentido contrário da mansão.

Isabele não a seguiu e manteve-se onde estava ela sabia que não era necessário implorar que ela voltasse, uma hora a própria iria pedir às informações que tanto buscava.

E não eram necessários poderes sobrenaturais para isso.

Ela voltou caminhando calmamente de volta para dentro da mansão a qual era abrigada desde seus oito anos. Não odiava viver lá como Caroline, mas nunca se acostumou com a ideia de ficar 24 horas confinada dentro de uma mansão.

Então como não podia sair e não tinha a mesma habilidade de fuga de Caroline, se refugiava no telhado e ficava a observar as figuras estranhas que vagavam pela floresta e ouvia os sussurros do vento balançando as árvores, ou será que era de algo? Ainda não descobrira ao certo.

Sabia apenas que não eram apenas os empregados, Chloe e seu tutor que andava por ali.

O assassino também andava por lá.

–Senhorita, está na hora de se retirar para seu quarto. – avisou o mordomo com um pequeno sorriso de simpatia.

Talvez quando tivesse sido contratado, Chloe vira que com o tempo ele poderia se passar por um tutor. A barba rala, a voz rouca e as expressões definidas já poderiam ter dado indícios disso.

Isabele não entendia como seu tutor deixara que ele trabalhasse em sua residência, mas como pouca coisa fazia sentido naquele lugar, não se importava muito. Mesmo que fosse incômodo o modo que olhava para ela, como se ela fosse uma deliciosa...

Refeição.

Ela assentiu de leve com a cabeça e seguiu para seus aposentos dando uma rápida olhada com o canto do olho.

Correu o mais rápido ao ver que ele não se encontrava mais ali.

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Caroline não lembrava que o caminho para a mansão de Eric era tão distante, talvez estivesse perdida.

Ao achar a estrada de terra já reconhecida por ela, passou a sentir um cheiro forte de carne.

Carne queimada...