Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Ah, não to com ânimo para notas legais e tal, então vamos ao capítulo.



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As palavras ecoavam pela mente de Finn. De repente, ele queria que o chão o engolisse.

- É... É meu? – conseguiu perguntar, depois de algum tempo.

Rachel o olhou como se ele a houvesse ferido com aquelas palavras. E ele sabia que talvez houvesse, mas naquele momento não se importou. Precisava ter certeza que a criança não era de Mattia.

- É óbvio que sim. Surpreende-me que você tenha pensado que... –

- Para de falar, por favor! – Finn cortou a morena, sentido a cabeça girar a cada palavra que saia de seus lábios. – Eu preciso de um tempo para mim, eu... Eu to saindo.

Finn tomou o casaco nas mãos e saiu pela porta, sem se importar com o grito indignado de Rachel, chamando por seu nome.

Não era como se ele estivesse esperando aquela noticia, afinal.

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Rachel deixou o corpo cair no sofá da sala de estar, apoiando-se no encosto macio, enquanto bebericava um chá quente de camomila. Já eram 17:00 horas e Finn ainda estava para fora de casa. Durante esse tempo, Rachel havia aproveitado para banhar-se e ler artigos na internet sobre gravidez.

Ela tinha que incluir brócolis, ovos, rúcula e vieira em sua alimentação. Esses alimentos ajudavam a desenvolver o cérebro do feto, além de evitarem má formação e ajudarem na coordenação motora. Também deveria consumir mais chocolate, precisamente todos os dias durante sua gravidez, já que fora comprovado através de estudos que filhos de mães que comiam chocolate durante a gestação sorriam mais, além de serem mais destemidos.

Rachel tinha que se exercitar mais. Pelo menos três vezes por semana, faria exercícios aeróbicos durante meia hora. Dessa forma, garantiria um coração mais saudável para seu filho. Além disso, essa simples mudança de hábito podia garantir que seu filho nascesse maior.

Não que ela pensasse que altura seria um problema para ele. Afinal, seu pai tinha 1,91 metro.

Ela não pôde evitar sentir-se triste ao pensar em Finn. Obviamente, ele não havia aceitado a noticia da gravidez de uma forma boa. Ela não podia culpa-lo totalmente por isso. A verdade é que fora muito direta para lhe informar sobre o seu estado e claramente saber abruptamente que uma mulher que você não ama está esperando um filho seu não é lá uma situação muito acolhedora.

Mas Rachel iludia-se – como sempre – com a ideia de que, de alguma forma, Finn fosse amar aquele bebê tanto quanto ela já havia aprendido a amar. Ela colocou uma das mãos sobre a barriga, acariciando-a com delicadeza. Sabia que seu filho não podia sentir suas caricias – afinal, ele nem mesmo tinha um sistema nervoso ainda – mas era irresistível colocar as mãos ali, sabendo que ele repousava dentro dela. O amor que Rachel sentia era totalmente inédito. E ela esperava que um dia Finn pudesse senti-lo também.

- O seu pai ama você. Ele só é um pouco cabeça dura, e se assustou com a noticia de que daqui a pouco você vai estar aqui. Mas ele te ama, você sabe? – ela falava com delicadeza, não se importando com o quão idiota era conversar com a sua barriga, porque na mente de Rachel ela se dirigia ao seu filho. – E a mamãe te ama também.

Ela se pegou com lágrimas nos olhos ao proferir aquelas palavras. Sim, ela o amava. Mas e Finn?

Rachel torcia para que aquela atitude em relação à gravidez mudasse.

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Finn deixou que suas pernas comandassem suas atitudes, pois, se fosse depender de sua mente, estaria perdido. Ele não conseguia parar de pensar na noticia que recebera um pouco mais cedo. Seus lábios ainda estavam entreabertos da mesma forma que estiveram desde que Rachel havia lhe dito que ele seria pai. Pai.

A verdade é aquela palavra não tinha muito significado para ele. Seu pai, Christopher Hudson, não significava nada para Finn, além do homem que infelizmente lhe deu genética e um sobrenome. Christopher era um homem abusivo com a mãe de Finn, Carole. Finn havia crescido em uma casa onde gritos e tapas eram comuns, até que um dia Carole criou a coragem necessária e, com a ajuda de Finn, dirigiu-se até a delegacia da cidade e denunciou o marido. Quando soube que estava sendo perseguido pela policia, Christopher fugiu. Na fuga, sofreu um acidente e faleceu. Em seu enterro, nem uma única lágrima solitária rolou pelo rosto de Finn.

Dessa forma, ele nunca desejou filhos. Duvidava que pudesse ser um bom pai, levando em consideração o histórico de péssimos pais em sua família.

Seu celular vibrou no bolso da calça. Puck. Finn respirou fundo e recusou a ligação. Tudo o que ele não precisava era ter que dar a noticia de que seria pai ao seu melhor amigo, já que nem mesmo ele sabia como sentia-se em relação à ela.

Ele andava sem rumo, mas de alguma forma fora parar em um pátio aberto, com lojas o cercando por todos os cantos. Ao seu lado, um homem dava às mãos a um garotinho pequeno, que falava e gesticulava sem pausa.

Finn não pôde evitar se imaginar naquela mesma situação em alguns anos: Andando pelo Central Park, de mãos dadas com uma pequena Rachel ou uma mini versão de si mesmo. Deixou que um sorriso fraco brotasse nos lábios. Mas o sorriso logo desapareceu.

Até mesmo ele sabia que ser pai não era só levar seu filho para passeios e comprar a ele bens materiais. Ele sabia que teria que dar ao bebê amor, atenção, cuidados especiais e uma parte de sua vida. Finn teria que amadurecer. Ele não tinha certeza se estava pronto para ser esse homem.

Mas ele sabia que teria que estar. Levaria algum tempo para se adaptar a essa vida, mas nunca, nem em um milhão de anos, Finn abandonaria o seu filho, assim como Christopher havia feito com ele.

E ele amava Rachel, afinal. Ela era linda, forte, inteligente e agora estava carregando seu bebê. Finn permitiu-se ficar feliz ao pensar nisso. Sentiu uma chama de esperança no peito. Uma chama que lhe dizia que tudo ficaria bem.

Pensando nisso, ele entrou em uma das lojas e meia hora depois saiu de lá com um sorriso grande estampado no rosto.

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Quando Finn entrou em casa, encontrou Rachel alheia ao mundo. Ela lia uma revista, distraída, com uma mão pousada sobre a barriga enquanto o corpo repousava no sofá. Rachel não se moveu quando a porta se abriu e parecia não ter notado a presença de Finn ali. Com cuidado, ele colocou o pacote que trazia nas mãos em cima da mesa de centro.

- Me desculpa. – ele disse, após alguns momentos observando a morena.

Rachel soltou um “oh” assustado pela boca, deixando a revista que estava em suas mãos cair. Finn olhou em direção à publicação, vendo o título da reportagem. “Como Encarar as Emoções do Pai Durante a Gravidez”. Ele respirou fundo, sentindo-se um completo idiota.

Finn abaixou-se e pegou a revista nas mãos.

- Você não precisa mais ler isso. – ele disse, com a voz culpada. – Eu quero ser o melhor para você. Para vocês dois.

Rachel balançou a cabeça, concordando. Era impressionante como cada palavra de Finn a emocionava. Naquele momento, ela não sabia se era por causa dos hormônios ou do amor que sentia por ele.

Ele sentou-se ao lado dela, no sofá, e colocou uma de suas mãos no joelho de Rachel.

- Me perdoa pela minha reação. – continuou Finn – Eu nunca pensei em ser pai. A verdade é que eu nunca tive um pai, e eu não sei por onde começar. Eu tenho medo. Tenho medo de ser um pai ruim para o nosso filho, – ao ouvi-lo falando “nosso filho”, Rachel quase não podia mais segurar as lágrimas. – Ou de decepcionar vocês dois de alguma forma. Eu não sei se estou pronto para a paternidade, e cada vez que eu olho para você... Lendo sobre gravidez, comendo as coisas certas ou simplesmente acariciando a sua barriga... Eu não sei, você parece tão tranqüila, parece saber o que está fazendo. É tudo tão natural para você. E eu sou uma bagunça – ele riu levemente, e Rachel o acompanhou. – Mas eu quero participar. Eu quero estar do seu lado, segurando seu cabelo toda vez que você vomitar. Eu quero fazer massagem nos seus pés; te acompanhar nos exercícios físicos e nos exames pré-natal. Quero ir com você àqueles cursos preparatórios para a paternidade e quero ler livros sobre gravidez. – Finn fez uma pequena pausa, dando espaço para respirar. – Eu estou assustado, sinto como se essa não fosse a minha vida, mas eu não vou te abandonar. Eu quero tentar ser um bom pai.

Rachel o encarou por alguns segundos, sentindo o coração se aquecer com cada palavra que Finn dizia. Seus olhos castanhos já estavam cheios de lágrimas, mas eram lágrimas de felicidade. Ela jogou os braços ao redor do pescoço de Finn que, depois de alguns momentos estático, passou seus braços ao redor da cintura ainda fina de Rachel.

- Você já é um bom pai. – ela disse baixinho, com o rosto enterrado no pescoço dele. Logo as lágrimas que ela vinha tentando segurar molhavam a gola da camisa de Finn, que também segurava suas lágrimas.

Parecia tudo tão certo naquele momento.

- Eu tenho um presente pra ele. – Finn disse, empurrando delicadamente o corpo de Rachel e alcançando o embrulho em cima da mesa.

Ela tomou o pacote nas mãos, sorrindo por entre as lágrimas teimosas. Ao desembrulhar o pacote, encontrou uma manta de dormir bege, enrolada de ambos os lados, com um gorro no formato da cabeça de macaco embutido. Rachel deu uma risada, e Finn sorriu também ao ver sua alegria.

- É lindo, Finn. Obrigada.

- Comprei bege porque nós ainda não sabemos o sexo, e acho que ele vai ficar muito fofo embrulhado nisso. – Finn continuava sorrindo, observando a morena dobrar com cuidado o primeiro presente de seu bebê.

Logo ela estava abraçando Finn novamente.

- Nós vamos fazer isso, não é? – Rachel disse, com a voz um pouco abalada.

- Nós vamos, Rach. – Finn respondeu com a voz firme, dando um pequeno beijo no topo da cabeça morena.

Eles sabiam que não seria fácil. Mas de repente, tinham a certeza de que tudo daria certo. De alguma forma, tudo ficaria bem. Porque eles tinham um ao outro, afinal. E aquilo era o mais importante. 


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Notas finais do capítulo

É isso, etc etc.
Beijos e tchau.