Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Mais uma lindissima recomendação, obrigada Nath *-* ameeeeeeeei!
E obrigada a todas as minhas lindas pelo carinho e pelas reviews ok?
Eu adianto que esse é meu capítulo predileto, o que mais amei escrever, então tenham uma ótima leitura *-* s2



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O corpo de Rachel tremia violentamente, enquanto a neve molhava seus cabelos. Mas ela não ligava. O frio exterior era melhor do que continuar na mesma casa que Finn, olhando seu rosto bonito e sentindo o vazio do peito dele lhe atingir com uma força rude. As lágrimas que teimavam em lhe embaçar a visão nunca seriam derramadas. Não por ele. Não por causa do amor, que tinha um perfil químico similar ao do transtorno – obsessivo – compulsivo.

Ela sabia, desde o começo, que seria uma péssima ideia se envolver com um homem como Finn Hudson. Não porque ele era mulherengo ou egoísta. Mas porque alguém fez de sua alma só um enfeite e ele pensava que estaria tudo bem fazer isso com os outros também.

Rachel Berry nunca foi uma garota apegada à ilusões. Apesar de ser uma amante incondicional de John Hughes, sua era dos príncipes e princesas acabara aos sete anos. Ela não achava, como todas as suas amigas, que o garoto dono de seu primeiro beijo seria seu marido anos mais tarde. Ela nunca havia se iludido: Talvez porque o casamento dos pais fracassara, talvez porque sua mãe fora embora e depois seu pai descobrira que era homossexual. Ela não sabia. Só sabia que o amor era uma incógnita que ela não tinha vontade alguma de desvendar.

E então ela se apaixonara por seu pior inimigo. Sem explicações ou avisos.

Ela sabia que haviam crianças morrendo de fome e países em guerras civis, mas naquele momento ela só queria achar um caminho pra seguir. Uma direção. Quão egoísta era aquele pensamento?

Ela sentou-se em uma pedra localizada no meio da praia. Rachel não fazia a mínima ideia de como havia chegado à praia. Não se lembrava de que direção havia tomado, nem nada disso. Mas ela ficou por ali, observando o cenário tão lindo, apesar de gótico, que se formava ali. Rachel riu cinicamente. Alguém lá em cima tinha um humor tão negro quanto o de South Park.

Ela parou de rir e simplesmente ficou observando a neve, a areia e as ondas do mar. A neve caia, invadindo a areia. Como dois elementos aparentemente tão heterogêneos podiam se unir e formar um quadro tão perfeito quanto aquele? Se Quinn estivesse ali, com certeza diria que aquilo era obra do destino. Será que o destino estava querendo lhe dizer que ela e Finn eram como a areia e a neve?

Ela deu uma risada rouca. Não. Elementos diferentes só se atraiam e formavam ligações perfeitas na física e geografia. Na vida real eles se repeliam, e era idiotice insistir em uma ideia obsessiva de algo que provavelmente nunca vai funcionar.

Mas por que ela não conseguia simplesmente desistir de Finn?

Ele não a amava. Era frio. Só queria seu corpo nos dias em que estivesse interessado. E seus sentimentos? Finn não os queria. Fingia não ver o que ela sentia e estava preso à acontecimentos do passado, dos quais Santana havia comentado.

Mas ela também não estava presa ao seu passado, afinal? Sempre enxergando a realidade e não se permitindo sonhar com alguma coisa diferente. Tentando fazer sempre tudo certo pra não perder mais ninguém. De alguma forma aquilo tinha que estar ligado à seu passado.

Eles não eram tão diferentes afinal.

Ela percebeu que desde que se descobrira apaixonada por Finn, nunca fora ela mesma. Primeiro tinha sido a garota assustada que se escondia da realidade em filmes de romance e chocolate Godiva. Depois se transformara no que a sociedade machista pensava ser a mulher perfeita. E agora havia tentando causar em Finn um ciúmes que não existia. E nenhuma daquelas mulheres eram Rachel Berry.

Então talvez ela devesse fazer o que havia feito naquela noite. Não procurar um caminho. Seguir uma direção sem pensar se é a certa ou a errada, simplesmente pelo impulso que a vida lhe mandar.

Não correria atrás de Finn, mas não desistiria dele, também. Seria simplesmente ela mesma, fazendo e dizendo as coisas da maneira mais natural possível. Àquela altura do campeonato, ela não tinha nada a perder, só a ganhar.

Pensando nisso ela se levantou da pedra e começou a seguir os passos deixados por ela na neve. Quando chegou a casa sentia-se infinitamente melhor.

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No dia seguinte Finn levantou-se da cama com pesar. Havia tido uma noite conturbada e pouco sono. Sentia-se como um zumbi, mas um zumbi feliz. A razão pela qual havia se preocupado com Rachel era óbvia: Tudo havia começado com sua mãe, anos antes, e depois com Ally. Ele a havia perdido. E desde então tinha uma necessidade quase doentia de fazer as mulheres ao seu redor sentirem-se bem consigo mesmas.

Ele desceu as escadas de madeira, encontrando uma Rachel pensativa encostada na janela com uma xícara fumegante nas mãos. Ela usava uma trança jogada em seu ombro e uma blusa de tecido fino de mangas compridas. Parecia extremamente introspectiva e distraída.

- Bom dia. – ele disse, um pouco sem jeito. Não ouviu resposta da parte dela.

O quão infantil uma mulher revoltada poderia ser?

Finn resolveu que preferia passar aquele dia sem brigar com Rachel. Não poderia a culpar de todo por não querer falar com ele. Por isso a única coisa que fez foi se dirigir a cozinha e comer seu café da manhã em silêncio. Rachel havia feito Biscottis de chocolate e deixado café quente em uma garrafa térmica. Ele a agradeceu mentalmente, já que acordava incapacitado de cozinhar qualquer coisa.

Ela entrou na cozinha e deu um rápido olhar a ele, com um sorriso breve em seguida. Finn sentiu sua mente recém “acordada” dando voltas em torno dela mesma. Ele tinha cada vez quase mais certeza de que Rachel sofria de bipolaridade. Ela se dirigiu à pia e começou a lavar sua xícara, deixando um silêncio inquietante entre os dois.

- Ela era bonita, Finn? – Rachel perguntou, de repente.

Finn deixou a xícara parada a meio caminho da boca, e arqueou as sobrancelhas.

- De quem você está falando? – ele perguntou, tentando não ser rude. Ele pode perceber que era complicado para Rachel tocar naquele assunto. Afinal, ela já havia terminado de lavar sua xícara, mas continuava de costas para ele, apoiada na pia.

Ela respirou fundo e se virou para ele. Seu rosto era um misto de emoções e ele não conseguia identificar qual se sobressaia no momento.

- A garota que te transformou nesse grande cubo de gelo, Finn. Ela era bonita?

Finn ficou em silêncio, encarando Rachel. Parte de si queria gritar com ela por se referir à Ally, sua Ally, como a garota responsável pelas atitudes de Finn no presente. Mas ele sabia que Rachel provavelmente só estava curiosa quanto ao seu passado, e não sabia sobre a história de Ally e Finn.

- Havia uma mulher antes, Rachel. Não uma garota. E ela era sim muito bonita. – disse Finn, sem nem ao menos saber porque estava dando a ela informações sobre seu passado.

Rachel assentiu e saiu da cozinha, parecendo um pouco entristecida. Finn deu de ombros, lembrando-se que até mesmo o maior gênio do século XXI achava as mulheres um grande mistério. (N/A: Referência à Stephen Hawking, o melhor cientista do século e um grande ídolo, casado quatro vezes se não me engano).

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Puck sorriu quase imediatamente, ao abrir os olhos. Isso tudo porque a primeira coisa que seu olhar captou foi a massa bagunçada de cabelos loiros espalhada pelo travesseiro ao lado do seu. Ele pegou uma mecha do cabelo de Quinn entre os dedos e inalou o perfume de Jasmim que exalava dos cabelos dela.

Quem um dia imaginaria que Noah Puckerman acordaria feliz como um filhotinho por ter dormindo – no sentido literal – ao lado de uma mulher?

Tudo havia ocorrido perfeitamente bem no dia anterior. Quinn havia revelado alguns de seus temores e Puck lhe contado sua infância perturbada e sua adolescência problemática. Sem julgamentos. Sem olhares desconfiados. Eles simplesmente se conheceram entre um passeio e outro por Nova Iorque. Puck apresentou à Quinn um restaurante tipo lanchonete com tema dos anos 50 e a loira o levou à um de seus bares prediletos. “Eu e Rachel costumamos vir sempre aqui” ele lembrava-se dela ter lhe dito na noite anterior.

Então ela decidira mostrar à Noah um lugar bem particular: seu apartamento. Mais precisamente o seu quarto. Eles não haviam feito nada mais do que dar uns amassos, porque Quinn achava cedo demais e Puck não queria de forma alguma que pensasse que ele fosse algum tipo de pervertido – apesar de Noah sentir muito desejo pela loira. Então a nevasca começara a cair do lado de fora e Quinn pedira para que Puck ficasse e dormisse em sua casa. “Não, não será incomodo algum” ela disse, e isso foi o suficiente para convencê-lo a ficar.

Puck sentiu o corpo de Quinn se remexendo, imerso em seus braços e lhe deu um beijo no topo da cabeça loira.

- Bom dia. – ela murmurou, com a voz ainda rouca.

- Bom dia, Quinny. – Puck respondeu carinhosamente e se levantou.

- Aonde você vai? – ela ainda tinha os olhos azuis fechados, incomodada pelo sol.

- Te mostrar meus dotes culinários.

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As palavras de Finn ainda ecoavam pela cabeça de Rachel. “Não era uma menina e sim uma mulher, uma mulher muito bonita”. Ela não sabia por que havia insistido em perguntar à Finn sobre a mulher de seu passado, mas ela não conseguiu manter a sua boca fechada.

Agora, tudo o que ela queria era sair pela porta da frente e andar sem rumo de novo. Era tão ridículo ficar deprimida por causa de um homem que não compartilhava do mesmo amor que você, mas ela não conseguia controlar seus sentimentos.

Rachel se ajeitou no sofá acoplado à janela. Estava na biblioteca desde a conversa com Finn, observando como a neve caia sem parar e com cada vez mais intensidade. Naquele momento, a única coisa que poderia fazer seria ir à casa de Brittany e Santana, mas ela imaginava bem o que um casal estaria fazendo preso dentro de casa; portanto, a única coisa que lhe restava, era pegar um bom livro e ficar remoendo as sensações dentro de si.

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Finn assistia a um jogo de basquete, tentando inutilmente se distrair. Inutilmente porque seus pensamentos voltavam a toda hora para as feições tristes de Rachel. Ele não entendia o que estava acontecendo ali. Porque ela estava sempre triste? E porque diabos ele se importava? Não era como se Rachel fosse sua amiga, afinal.

Mas de alguma forma o desânimo dela era o dele também. Ele queria Rachel de volta. Queria todas aquelas brigas novamente. Qualquer coisa era melhor do que sentir culpa toda vez que olhava para o lindo rosto magoado dela.

Finn tinha que fazer algo. Não por Rachel, mas por ele mesmo. Viver sentindo culpa não era um bom jeito de viver. Levando em consideração que Rachel e ele viveriam juntos até que toda a missão estivesse completa, seria uma tortura sentir-se culpado por tanto tempo assim.

Então ele se lembrou das palavras de Rachel na noite anterior. “Eu não sou só um corpo, Finn”.

Finn deixou que as palavras ecoassem por sua mente até que encontrasse uma solução. Então ele a encontrou. Ele não era nenhum tipo de guru feminino ou algo do gênero, mas sabia muito bem o que as mulheres queriam.

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Quinn ria descontroladamente, olhando a figura de Puck usando seu avental cor-de-rosa tentando desgrudar uma das panquecas da frigideira, que provavelmente era um caso perdido, pois estava com as bordas queimadas e uma fumaça mal-cheirosa saia de lá.

- Belos “dotes culinários”, hein Sr. Puckerman? – disse a loira. Puck a olhou um pouco ofendido, mas acabou rindo também. Sim, ele era uma negação na cozinha.

- Quinny, me desculpa pela sua frigideira. E pela cozinha fedida. E pelo seu estomago que deve estar implorando por alimentos.  – ele disse.

Quinn andou até ele e o abraçou por trás, dando leves beijos em sua nuca. O moicano sentiu arrepios por todo o seu corpo e largou a frigideira em cima da pia, virando-se para a loira e passando seus braços em torno do corpo dela.

- Você sabe que te respeito, mas eu sou um homem, amor. – ele arqueou as sobrancelhas depois que terminou de falar, fazendo uma careta estranha.

Em outra ocasião, Quinn teria rido. Mas não agora. Não quando ele havia acabado de chamá-la de amor.

- Então você me ama, Noah Puckerman? – ela perguntou, tentando fazer com que a pergunta parecesse descontraída e não uma cobrança.

Noah pareceu ficar envergonhado, pois trouxe o corpo dela pra mais perto do seu, de forma que seu rosto ficasse enterrado no pescoço de Quinn.

- A verdade é que eu não sei o que é amor, Quinn. Eu não consigo defini-lo ou dar características a ele. Mas você me deixa ser eu mesmo e eu não me sinto um completo idiota por sê-lo. – ele separou-se um pouco da mulher e a olhou nos olhos – Tudo na minha vida sempre foi complicado e você parece tão simples. E eu me sinto bem ao seu lado e quero você nos meus braços a todo momento. E isso é confuso pra mim. Assim como é o amor. Apesar de isso ser clichê e maricas, eu não ligo. Eu nunca imaginei que diria isso pra outra pessoa exceto minha mãe, - nesse momento os dois riram – mas eu te amo Quinn Fabray.

O silêncio que se abateu a seguir foi totalmente constrangedor. Quinn parecia estática e Puck mexia nos próprios dedos, talvez com medo da reação da loira.

Então ela o beijou. Mas não um beijo comum. Aquele era diferente de todos os outros que ambos haviam tido até aquele momento. Era um beijo com paixão.

Suas línguas pareciam travar uma batalha sem fim, a qual nenhuma das duas queria vencer. As mãos de Quinn corriam pela cintura de Puck, e logo exploravam seu corpo por baixo do avental. Ele acariciava a nuca dela com uma mão e tinha a outra parada no fim de suas costas. Quando eles pararam o beijo, se olharam estáticos.

- Você não se esqueceu do que eu te disse um pouco antes, não foi? Eu sou um homem...

Quinn se afastou dele, sorrindo com os lábios levemente inchados.

- E qualquer homem que fique totalmente sexy em um avental cor-de-rosa e diga que ama após o primeiro encontro, merece uma recompensa. – ela sorriu maliciosa e o pegou pela mão, levando ele para fora da cozinha.

- Você tem certeza? Quer dizer, sexo é...

- Quem aqui falou em sexo? – ela o interrompeu, deixando-o confuso. – Estou falando de fazer amor.

Puck sorriu com isso. Queria dizer que ela o amava também, não queria?

- Mas parece que alguém aqui não está muito afim... – ela continuou, marota.

Puck balançou a cabeça quando viu a loira se encostar-se à parede em frente ao quarto e abaixar uma das alças da camisola de seda que usava.

- Eu vou fazer você se arrepender de ter dito isso, Fabray.

Quinn riu e entrou no quarto, sendo seguida por Puck. Aquela nevasca tinha vindo em uma ótima hora.

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Rachel entrou em seu quarto. Estava cansada de ler e ver a neve lá fora. Aquela nevasca já estava se tornando realmente estressante, afinal de contas ficar sozinha em um dia frio não era bem a ideia de diversão que Rachel tinha.

Ela jogou o livro que estava lendo em sua cama e foi só aí que percebeu que havia algo diferente em seu quarto. Um bilhete escrito “Me desculpe? Se a resposta for sim, por favor, dirija-se ao jardim. Se for não, então vá ver se eu estou na esquina, Berry”. Rachel olhou para o bilhete curiosa, mas logo sorriu. Era Finn. Só podia ser Finn.

Ela colocou uma jaqueta quente, um cachecol e luvas vermelhos e tênis. Depois desceu rapidamente as escadas, sentindo-se ansiosa como nunca. Ao chegar ao jardim, porém, não viu nada de diferente.

- Sabia que desculparia. – disse uma voz atrás de si.

Rachel se virou, tentando segurar o sorriso. Finn estava parado lá, vestindo um gorro e uma jaqueta de couro. Além disso, tinha nos lábios o sorriso torto que ela adorava tanto.

Ela andou até ele lentamente, colocando os braços pra trás do corpo. O sorriso de Finn se estendeu mais um pouco ao ver como ela parecia uma garotinha tímida.

- Ninguém resiste a mim, sabe. – ele continuou quando Rachel chegou perto o suficiente. Ele deu um sorriso convencido e ela balançou a cabeça em sinal de negação, rindo também.

- De verdade Rachel, você não é só um corpo. – ele começou, com a cabeça baixa. – Eu me senti mal por fazer você sentir-se assim. Você pode ser irritante e tudo mais, mas definitivamente é uma boa pessoa e eu me importo com o seu bem-estar, apesar de ser humilhante demais admitir.

Rachel se perguntou se estava ouvindo corretamente, porque a palavras de Finn lhe pareciam irreais. Mas elas não seriam suficientes pra apagar tudo o que a morena estava sentindo desde o dia anterior.

- Por isso eu fiz uma coisa pra você. Vem aqui. – ele tomou a pequena mão dela nas suas, e de repente ela esquece-se de todos os problemas. Toda a dor e a humilhação indo embora como em um passe de mágica.

Rachel seguiu Finn até a pequena garagem inutilizada que ficava ao lado da casa. Quando entraram, ela pareceu confusa. As paredes da garagem eram brancas, e havia vários balões e nuvens desenhados por toda sua extensão. No chão, várias canetinhas Sharpie espalhadas. Do lado esquerdo, bem próximo ao chão e perto do começo da parede vertical, estava desenhada uma grande cabeça feminina que se parecia demasiadamente com a de Rachel.

- O quê...? – ela murmurou.

Finn colocou um dos braços em seu ombro.

- Ontem você me disse que não era só um corpo. E apesar de eu gostar muito dele, admito que nos conhecemos bem pouco, levando em consideração que moramos juntos há mais de 1 mês (N/A: O tempo correu minha gente rs) e passamos 90% desse tempo brigando e os outros 10% fazendo sexo. – ele riu quando o rosto dela corou. – Mas você é muito mais do que um corpo que atrai o meu. E eu quero te conhecer. Digo, conhecer seus sonhos, pensamentos e medos. Então, me mostra quem é a Rachel.

Ela olhou para o rosto de Finn, tentando esconder o quanto aquela atitude significava para ela.

- Você é tão altruísta quando quer... – ela disse, revirando os olhos e se abaixando para tomar a canetinha vermelha nas mãos.

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- Então quer dizer que seu pai é gay? – Finn perguntou, interessado.

Ele e Rachel estavam sentados no chão da garagem, saboreando o resto dos Biscottis de Chocolate que haviam sobrado no café da manhã. Durante 1 hora, aproximadamente, Rachel escrevera na parede palavras desconexas. Finn ficara o tempo todo só a observando. Mas depois que a parede estava repleta de palavras e cores, ele pediu que a morena explicasse cada uma delas.

E então, com um pouco de vergonha, ele viu todas as suas convicções sobre Rachel caindo Terra abaixo. Ela havia morado com o pai e a mãe por sete anos. E então um dia sua mãe simplesmente fugira, deixando para ela somente uma foto de sua adolescência, quando fora eleita Miss Ohio. “Ela era uma daquelas lindas mulheres que tinham sonhos Hollywoodianos”, Rachel lhe dissera. Seu pai, Hiram, descobrira sua verdadeira sexualidade em meio ao tumulto de criar uma menina pequena e se redescobrir após o abandono. Com muita paciência, ele passou a explicar à pequena Rachel que ninguém amava outra pessoa por seu sexo, religião ou raça. Amava-se pelo cheiro, pelo toque e pela paz que o outro trazia. Daquela forma, Rachel sempre achou totalmente normal a homossexualidade e não prestou objeção alguma quando seu pai conheceu Leroy, quando ela tinha 11 anos, seu companheiro até hoje. Leroy e Hiram se completavam, e Rachel sentia cada vez menos falta de uma mãe. Mas o abandono refletira em muitas de suas atitudes no presente, ela admitia.

- Por isso você tem tanto medo de se entregar a algo novo. – disse Finn, quando Rachel terminou de lhe contar sua história. – Tem medo de que alguém te abandone novamente, não é?

Rachel o olhou, incomodada por Finn parecer enxergar sua alma.

- Talvez. Mas o passado reflete muito na pessoa presente de hoje, não só pra mim, como para todos os outros. Você deveria saber disso, Finn. Nós não somos tão diferentes afinal...

- O que está querendo dizer com isso, Rachel? – perguntou ele. Será que Santana havia contado algo sobre Ally para Rachel?

A mulher ao seu lado simplesmente deu de ombros e murmurou um “nada em especial”. O silêncio ficou entre os dois depois das palavras de Rachel, sendo quebrado somente pelo barulho de Finn mastigando os Biscottis.

- Você desenha muito bem. – disse Rachel, após observar sua figura na parede.

- Obrigada. É um hobby pra mim, desde quando eu era pequeno. Acho que era minha forma de exteriorizar o que estava sentindo sem incomodar ninguém... – ele encolheu os ombros como um menininho assustado, e Rachel percebeu que Finn tinha mais coisas em seu passado do que uma mulher que quebrara seu coração.

Ela o observou, sentado ali parecendo absorto em pensamentos. Tinha certeza que era difícil para ele falar sobre o passado.

Finn se surpreendeu ao ver Rachel ficando de joelhos à sua frente e ao sentir os braços dela lhe acolhendo.

- Você é uma pessoa especial, Finn. Apesar de tudo. – ela disse baixinho, e ele apertou mais ainda o abraço.

Finn não entendia o porquê, mas sentiu muita necessidade de não solta-la. Não agora. Não naquele dia.

- Obrigada, Rach. – ele disse no mesmo tom de voz de Rachel.

Os dois foram envolvidos pelo magnetismo costumeiro que se abatia quando se encontravam em um mesmo cômodo. Mas daquela vez algo era diferente. Finn queria beijá-la, mas mais do que isso, ele precisava beijá-la agora. E foi isso que fez.

Com delicadeza ele afrouxou um pouco o abraço e levou uma de suas mãos ao rosto delicado dela. Os olhos castanhos o observavam com certas indagações, mas ele não ligou em respondê-las. A outra mão, que se encontrava na cintura de Rachel, a trouxe pra mais perto. Ele observou mais um pouco aqueles lábios, até que não pôde mais.

Ele encostou seus lábios nos dela levemente, nada mais do que um roçar de lábios. Mas aquele simples movimento fez com que um choque passasse por seu corpo e, como se pedisse sua permissão, Finn foi introduzindo sua língua dentro da boca de Rachel devagar. Primeiro tocou os lábios da morena com a ponta dela, e observou com prazer quando eles se entreabriram e os olhos dela se fecharam. Depois ele colocou sua língua, acariciando a dela, e sentiu seus olhos se fecharem também.

As mãos de Rachel, que se encontravam em seus ombros, subiram para sua nuca, fazendo uma deliciosa “massagem”: A caricia era tinha um pouco de pressão e se parecia muito com uma. Os lábios dos dois se tocavam a todo momento, enquanto suas línguas se enlaçavam em uma dança ritmada.

O beijo era lento, mas ao mesmo tempo tinha desejo aplicado ali. Finn aplicou um pouco mais de pressão nos lábios dela e passou os dedos lentamente por toda a sua espinha. Rachel havia tirado a toca de Finn e agora brincava de intercalar carícias entre sua nuca e o emaranhado de cabelos.

Havia algo ali, naquele beijo, que trazia a ele certo erotismo. Algo diferente. Mas naquele momento nenhum dos dois queria entender. Eles não precisavam disso, só queriam sentir-se completos como da última vez. Sem nem ao menos perceberem, Rachel já se encontrava no colo de Finn.

Finn finalizou o beijo com uma mordida e leve “puxada” no lábio inferior da morena. Ela o olhou com uma expressão confusa.

- Você... não quer? – perguntou, sentindo seu coração bater rápido.

Ele sorriu e passou o nariz pela orelha dela, aplicando um pequeno beijo ali.

- Eu quero muito, e duvido que você não consiga sentir. – ele disse, sussurrando e dando uma risada rouca. Como Rachel estava em seu colo, a animação de Finn deveria estar bem evidente a ela. – Mas não aqui.

Ele a empurrou de seu colo levemente, e depois se levantou. Deu as mãos pra ela e a puxou para cima também. Ela ainda tinha uma expressão confusa no rosto.

- Você merece mais do que uma garagem velha. – ele disse, com delicadeza. – Você não é só um corpo Rachel.


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Notas finais do capítulo

Reviews, gatas? *-*