The Neuro-SHAMY-cal Equation Of Love escrita por Fabs


Capítulo 6
The Red Cheeks Duplication


Notas iniciais do capítulo

SEX(ui!) TO! ♥ Confesso que estava com outras idéias em mente e acabei mudando no meio do caminho, tornando esse capítulo meio espinhoso de escrever! Espero que gostem desse também! Qualquer dúvida, estamos à disposição! :D
Live long and prosper.



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—E por isso, a primeira reação funcional de defesa do olho é estimular o ducto lacrimal para que ele secrete a lágrima — explicou Amy em seu longo monólogo, aceitando um segundo lenço da simpática idosa com quem vinha conversando na fila do check-in — não é tristeza, ah não, só uma resposta biológica primitiva do meu organismo. Tenho absoluta convicção que não tem nada a ver com o fato de eu estar deixando o país onde nasci e fui criada, para evitar encarar o fato que o homem com quem eu tenho uma ligação essencialmente mental e platônica prefere uma morte derradeira num inferno escaldante do que chegar as vias de fato de uma relação verdadeiramente romântica comigo. Mas é muita gentileza sua, obrigada por perguntar.

Assoando o nariz sonoramente em meio a um sorriso lacrimoso, ela despediu-se com um aceno de cabeça enquanto observava a solícita senhora se afastar com a expressão facial típica de quem se arrepende de ser bonzinho demais com um maluco.

Então isso era tudo, pensou, voltando o olhar para o grande relógio da área de embarque. Trinta anos de vida, um título de doutorado conferido com todas as honras pela Universidade da California, a gerência do Laboratório de Estudo do Vício em Primatas, uma combinação de lingeries bombásticas que a deixava no limite entre sacrossanta e piriguete, e tudo o que ela queria era estar em casa, se esforçando para ver algum sentido num filme espacial futurista enquanto dividia um pacote de castanhas sortidas com... ele.

Inalcançável. Indiferente. Intocável. Esses adjetivos resumiam bem a pessoa para quem seus pensamentos eram incontrolavelmente atraídos. Nos dias que anteciparam sua decisão ela usava essas palavras como um mantra, repetindo-as incessantemente, disfarçando nelas o seu fracasso. Era menos doloroso atribuir-lhe dessa forma a culpa.

Ouviu o alerta sonoro da companhia de tráfego aéreo avisando que o seu vôo estava atrasado. Que ótimo, refletiu com amargura, mais uma para a lista.

Arrastando as malas até um banco próximo largou-se nele, exausta. Embora fosse verdade que voltara a usar a costumeira combinação de suéteres de lã, saia com meia-calça e sapatilhas de salto baixo, sentia-se extremamente desconfortável, como uma miss obrigada a caber num espartilho vários números menor que sua cintura, acenando para a plateia.

Como um macaco de circo vestindo uma fantasia quente de palhaço.

Como uma tola apaixonada embalada à vácuo pelas amigas num majestoso vestido azul, sandálias altíssimas e terríveis lentes de contato, só para impressionar um garoto.

Mais lágrimas quentes escorreram em protesto pelo seu rosto. Que droga, bioquímica cerebral, as pessoas vão tornar a fazer perguntas embaraçosas!

— Passageira Amy Farrah Fowler, por favor, comparecer ao departamento de segurança situado próximo ao portão principal, repito, passageira Amy Farrah Fowler, por favor, comparecer ao departamento segurança situado próximo ao portão principal.

Usando o lenço já muito amassado, secou o rosto com raiva, procurando desviar seus pensamentos para águas menos perigosas.

Inalcançável. Indiferente. Intocável.

Por um momento tentou distrair-se lembrando de uma piada de ciências há muito ouvida por ela. Como era mesmo?

“O que disseram para o átomo de hidrogênio quando ele foi preso?

Você tem direito a uma ligação!

Ao que ele respondeu: mas eu não tenho família!”

Tinha muito mais graça quando ele contava.

Ele de novo. Que tortura!

— Passageira Amy Farrah Fowler, por favor, comparecer ao departamento de segurança situado próximo ao portão principal, repito, passageira Amy Farrah Fowler, por favor, comparecer ao departamento da segurança situado próximo ao portão principal.

Não, não e não. Não estava funcionando. Reviver mentalmente todas as lembranças, alegrias e frustrações, vividas com Sheldon era abordar o problema pelo ângulo errado. Para começar aquilo nem precisava ser um problema para ela: em vez de remoer tudo o que o físico representava em sua vida simplesmente podia ignorar tudo o que já tinha passado ao lado dele. Negar sua existência, sua importância.

Assim como o papel que refuta Spock.

Suspirou várias vezes de olhos fechados, o peito arfando rapidamente enquanto transcendia a situação. Já podia sentir toda a miscelânea de sentimentos controversos evanescerem dentro dela. Foco! Você pode esquecê-lo!

Como estava enganada.

— Passageira Amy Farrah Fowler, por favor, comparecer ao departamento de segurança...

— Não é meramente passageira, é DOUTORA Amy Farrah Fowler! Quem sabe quando vocês começarem a demonstrar um pouco mais de respeito pelos títulos acadêmicos e utilizá-los da forma precisa as pessoas passem a ter mais, ei, tirem a mãos de cima de mim! Tirem já...! — Interrompeu uma voz conhecida, bastante ofegante, como se tivesse lutado para chegar ao microfone de alertas do aeroporto.

—Doutora Amy Farrah Fowler, pedimos encarecidamente que compareça ao departamento de segurança situado próximo ao portão principal, repito, doutora Amy Farrah Fowler...

Merda, o palavreado de baixo-calão se formou em desespero pela primeira vez na vida na mente de Amy, enquanto ela limpava depressa o rosto e saia desabalada em direção ao local informado. Ninguém pode dizer que eu não tentei.


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— Vim o mais rápido que pude — Informou a cientista, um pouco sem fôlego, à porta da ala da segurança.

— Agradecemos por comparecer, Dra. Fowler. — tornou a funcionária, educadamente, indicando que seguisse pelo corredor — Acreditamos que talvez possam ser necessárias maiores informações de identificação devido a falta de documentos do indivíduo em questão, entretanto, pedimos num primeiro momento para que nos confirme se conhece ou não essa pessoa... — anunciou, abrindo a porta da sala.

O queixo de Amy caiu.

Sabia, pelo aviso sonoro, que Sheldon estava ali, mas esperou encontra-lo juntamente com os amigos, talvez contrariado por ter literalmente sido arrastado ao aeroporto por Penny, Leonard e os outros. Quem sabe decepcionado por Amy não valorizar a cláusula de machucados e dodóis de seu acordo de relacionamento. Ou ainda condescendente com a situação, pronto para balançar a cabeça com superioridade e fazer algum comentário desdenhoso sobre sua partida...

Não esperava, porém, encontra-lo sozinho e ainda por cima tão visivelmente angustiado, tentando desvencilhar-se com todas as forças, porém sem sucesso, da pressão exercida pelo guarda do aeroporto (ainda que o homem o fizesse com um ar de riso e sem demonstrar a menor dificuldade), virtualmente lutando para chegar até ela.

Seu coração quase parou quando os lábios finos que ela tanto gostava entoaram silenciosamente o seu nome.

— Esse senhor acaba de nos causar um grande transtorno, doutora Fowler, invadindo o interior do aeroporto em uma moto Scooter, embora tenhamos um amplo estacionamento e funcionários habilitados a auxiliar, hmmm, pessoas menos espertas na direção a estacionarem informou com desagrado um terceiro funcionário que parecia ser o responsável pelo setor— é um milagre que não tenha ferido ninguém. Nesses casos costumamos imediatamente delegar o caso à polícia, entretanto o meliante em questão afirmou com muita propriedade que conhecia uma passageira que estava prestes a embarcar, no caso a senhora, e que era um caso de extrema urgência que...

Amyinterrompeu Sheldon, ofegante quer por favor, explicar a esse senhor quem eu sou para que possamos conversar? Em particular? salientou.

Pensamentos vorazes devoravam o cérebro da neurobiologista.

Eu confirmo sua identidade — disse ela, após visualizar o registro do namorado na tela, dirigindo-se ao funcionário mal-humorado — não se preocupe, apesar do incidente com a motocicleta eu posso assegurar que ele não é uma pessoa perigosa — arrematou, agora desviando seu olhar para Sheldon —a única coisa que não estou compreendendo muito bem é por que o Doutor Cooper veio até aqui me procurar com, segundo as palavras dele, extrema urgência...

— Ora, me parece então que o cavalheiro está impondo sua presença... começou o agente, olhando com interesse profissional de um para outro — caso a senhora queira registrar uma queixa contra este cidadão, doutora, teremos o prazer de encaminhar uma ordem de restrição...

— Tudo bem, eu já tenho ordens de restrições assinadas por Leonard Nimoy e Stan Lee, uma emitida por ela só quebraria o padrão — dispensou Sheldon com ar de pouco caso, voltando seu olhar para Amy, a voz cada vez mais baixa como se isso fosse impedir os outros de ouvirem — e quanto a você, não seja ridícula. Sabe muito bem porque eu estou aqui, arriscando a minha saúde para...

— Não, Sheldon, eu não sei! — explodiu Amy inesperadamente, batendo uma mão na mesa do oficial, em constraste com o comportamento absolutamente contido do outro — Eu realmente não sei porque você está aqui! Primeiro você ignora todas as minhas tentativas de estreitar nosso vínculo afetivo, depois, após muita obstinação da minha parte, quando eu finalmente consigo vislumbrar uma pontinha de esperança para nosso “namoro” se é que eu posso chamar assim essa... isso... que temos, você simplesmente sugere que avancemos um passo no paradigma do nosso relacionamento pedindo que eu me afaste de você! E agora...

Amy, eu... — experimentou Sheldon, falando mais baixo ainda.

— ... Agora você me aparece aqui, recém saído do hospital, em uma moto desgovernada para que? Para me lembrar que eu quebrei alguma cláusula do contrato? Ou então para apontar qualquer outro erro meu? Me mostrar o quanto eu sou patética por insistir em nós dois? — ela pousou a mão sobre os olhos, apertando-os com força. A voz começava a recobrar a altura normal, embora o semblante tenso e amargurado não se abrandasse — me diga, Sheldon, por favor, me diga de uma vez por todas o que você quer de mim?

Os gênios se encararam demoradamente, completamente alheios ao fato de que não estavam sozinhos. O silêncio opressor e as expressões faciais de ambos, contraídas num esgar de fúria passional, nada significavam se comparados a intensidade com que miravam um ao outro. Azul contra verde.

Cólera mútua ou incandescente coito visual?

— Você usou a preposição de forma errada — disse ele, após o que pareceram vários minutos, ou talvez tempo algum, engolindo em seco, tentando firmar a voz — eu não quero nada de você, só o que quero... só... — trincou os dentes.

As sobrancelhas de Amy se ergueram em alerta. Eram desnecessárias maiores indicações de que ele deveria prosseguir.

— Só o que quero... é você.

O rubor que emanava das feições agora furiosamente coradas de Sheldon parecia desprender o calor de uma reação química de combustão. Era tão notório que até mesmo o guarda, espantado, pareceu esquecer-se que devia imobilizar o físico.

— Não seja ridículo — foi a vez de Amy dizer impulsivamente, o vermelho de seu rosto rivalizando-se contra o do namorado — quero dizer — pigarreou, agarrando convulsivamente uma mecha dos cabelos — pode comprovar ex-post facto o que acaba de sugerir?

— Sim— aceitou Sheldon, consternado, traído pela sua própria metodologia científica, pela necessidade de comprovação de todos os fatos postulados. Aproveitando-se da distração de seu captor cuja mente parecia ter emperrado no ex-post facto para fugir de seu aperto, deu um passo incerto em direção à neurobiologista — como eu lhe disse, em nosso encontro anterior, sua presença constante tornava-se, cada vez mais, necessária para a manutenção da minha qualidade de vida, entretanto, na mesma oportunidade, observei que a exigência de sua assiduidade no meu dia-a-dia aparentemente tornava-se cada vez mais prejudicial, reduzindo exponencialmente a minha capacidade de concentração e afetando diretamente a missão diária de desvendar os entraves da física teórica, mais precisamente, o impasse a qual me encontro na contemplação da teoria das cordas.

— Sim, eu já sei disso — pontuou Amy, com um suspiro. Não precisava que ele a lembrasse dos eventos mortificantes daquela noite: o preparo, a expectativa, a rejeição... — por favor, prossiga.

— Muito bem— continuou, sua voz clara e objetiva, embora se sentisse nervoso como se estivesse ministrando uma palestra de um assunto que não tinha um amplo domínio, para uma plateia particularmente exigente — no decorrer dos dias que se seguiram, eu constatei que sim, eu estava certo, sua companhia é inebriante, tóxica, nociva. É muito difícil, para mim, Amy, conviver com você.

Ela desviou o olhar, amaldiçoando seus hipersensíveis ductos lacrimais. Foi quando decidiu que não precisava – não merecia — ouvir aquilo, que Sheldon deu um passo firme e definitivo em sua direção, agarrando-a pelos ombros com surpreendente firmeza, tornando imperativo que ela o encarasse de volta.

— Do mesmo jeito que é impossível, para mim, viver sem você — ele concluiu, os dedos longos e esguios lhe concedendo um breve aperto, o rosto transparecendo uma serenidade ímpar que coala nenhum seria capaz de despertar.

— O... o que...? — sussurrou, incapaz de formular qualquer outra sentença.

— Quero dizer, do ponto de vista orgânico, minhas células continuarão sintetizando glicose e expelindo as excretas do metabolismo fisiológico, o que é imprescindível à existência... mas não seria a mesma coisa — concedeu ele, correndo o olhar pelo rosto atônito da namorada — Por isso, Amy, espero que fique. Confio no seu apreço à ciência... — com muita dificuldade ele deixou de acrescentar “e à mim” — para tomar essa decisão . Se você se preocupa, ainda que minimamente, com o futuro da física, mesmo que esta não seja sua área de estudo, por favor, não vá embora.

Perdida em meio ao discurso proferido por ele e a inquietude de seus próprios sentimentos, tentava ordenar seu raciocínio. Precisava de algo mais palpável do que palavras vazias. Precisava de convicções, de certezas.

— Eu... eu não sei, Sheldon —balbuciou ela, desesperada por uma razão pra continuar na vida do físico, para insistir mais uma vez — me dê apenas um motivo para...

E, ignorando o fato que estava sendo observado por uma multidão de três pessoas inteiramente desconhecidas, que pudesse parecer um jovem moderno e descolado demonstrando publicamente seu afeto, ou ainda a variada flora bacteriana potencialmente letal que poderia habitar a boca de Amy, Sheldon a beijou.

Não foi como os beijos cinematográficos narrados na literatura romantica, onde o másculo personagem principal ergue sua amada entre os braços e inicia uma feroz sessão de entrelacemento de línguas, mas ainda sim, foi desajeitadamente doce quando ele encostou seus lábios nos dela, produzindo um suave estalo e uma onda massiva de hormônios que inundaram seu sistema límbico cerebral.

— Bem — disse Amy a um Sheldon visivelmente espantado com a própria iniciativa, assim que conseguiu recobrar o ar dos pulmões — esse me parece um motivo bastante razoável.

— Eu concordo com sua premissa, Amy Farrah Fowler — tornou ele ainda muito chocado, a infalível memória eidética associando o sonho que tivera anteriormente com o inesperado episódio que acabara de protagonizar, criando um conjunto de informações que até mesmo sua mente genial tinha dificuldades de processar.

— Sabe — começou o guarda em tom casual com o líder da segurança e a secretária do aeroporto, sem desgrudar os olhos do casal — o salário não é lá essas coisas... mas de vez em quando a gente presencia alguma coisa realmente maneira nesse lugar...

— Tipo o que? — perguntou a jovem com uma piscadela e um grande sorriso, mantendo a porta aberta para que Sheldon e Amy pudessem ir embora sem maiores transtornos judiciais.

— Espero que você não esteja se referindo outra vez, àquele dia que o pessoal do departamento suspeitou do desembarque ilegal de um indiano, e resolveu solicitar uma colonoscopia investigativa — bufou o empregado mais velho, inativando com irritação o inquérito que acabara de abrir contra o físico e explicando de má-vontade o episódio à funcionária novata, que fazia cara de interrogação — o cara gritou o nome de todas as constelações do sistema solar enquanto era examinado pelo policial.


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Notas finais do capítulo

AIMEUDEUSDOCÉU! ♥♥♥ SHELLY FICOU VERMELHO, SHELLY FICOU VERMELHO, SHELLY FICOU VERMELHO, SHELLY FICOU VERMELHO... (ad infinitum)