The Neuro-SHAMY-cal Equation Of Love escrita por Fabs


Capítulo 4
The Lovesick Somatization


Notas iniciais do capítulo

Yay! nem acredito! Quarto capítulo! #TODASGRITA
Todo review que leio me motiva, cada vez mais, a torrar um pouco meus neurônios em meio ao tédio que (as vezes) é o meu trabalho no período noturno, ajeitar o bumbum na cadeira, clarear as idéias, e, colocar em palavras, o que se passa na mente de uma fã que gosta de imaginar histórias (talvez não tão plausíveis) com seu OTP favorito. É divertido compartilhar essas idéias e gratificante quando elas são bem recebidas. Obrigada por lerem! /suaslindas ♥
Live long and prosper.



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— Muito bem, hora de sair da toca, até o diretor Siebert já cogitou vir aqui pessoalmente e arrancar você desse escritório — anunciou Leonard, abrindo com dificuldade a porta da sala de Sheldon ao mesmo tempo em que tentava não derrubar a grande bandeja que carregava consigo — trouxe um lanche e depois poderemos... AH MEU DEUS, SHELDON! O QUE É ISSO?




— Isso é física, Leonard, física! — vociferou Sheldon em tom depreciativo — era de se esperar que você já estivesse ao mínimo familiarizado com esse mundo ao qual você tenta pertencer!




— Quê? Não, não estou falando disso! — rugiu o outro, largando a bandeja num criado-mudo e apontando, chocado, para um ponto específico no espaço — estou falando d-disso aí! Ah, pelo amor de Deus, você-é-um-homem-adulto-então-haja-como-tal!


A cena era pavorosa. Para o espanto de Leonard (e felizmente não o do reitor Siebert ou outro acadêmico que porventura tivesse entrado na sala) Sheldon estava completamente nu, empoleirado sobre sua escrivaninha de trabalho. Conservava no rosto uma expressão que beirava a psicopatia ao mesmo tempo em que espanava do tórax despido uma grande quantidade de açúcar cristalizado. Seu escritório, que sempre fora um retrato fiel da mania de organização que o assolava desde a infância, hoje jazia no mais completo caos com saquinhos de chá usados, latas vazias e embalagens variadas de doces e salgadinhos espalhadas por todo o aposento. Mas o mais impressionante, no ponto de vista de Leonard, era a quantidade estratosférica de cálculos que o amigo tinha desenvolvido desde que anunciara na noite anterior que não voltaria para casa: Sheldon parecia ter considerado que cada milímetro da sala que não contivesse um algarismo, letra, símbolo ou constante numérica era um espaço perdido, de modo que, virtualmente, revestiu a sala, do chão às paredes, portas às janelas com papéis, cartazes e tabelas, lousas e quadros com sua incessante e obsessiva busca por respostas.

— Sinto muito Leonard. Tive que tomar uma medida extrema, porém necessária, para me desnudar de todas as amarras do convencional e me aventurar intimamente nos sinuosos percursos do saber — disse Sheldon num fluxo contínuo, os olhos focalizando com muita rapidez áreas diferentes do ambiente. Parecia febril. — e pare de me distrair, estou muito perto de conseguir algo aqui!

— Se por algo você quer dizer resfriado ou uma diabetes tipo II, então sim, está mesmo muito próximo de conseguir — impacientou-se Leonard, apanhando as calças de Sheldon do chão com uma expressão de repulsa e atirando-a sem cerimônias no amigo — Você está fazendo igualzinho como naquela vez em que fugiu de madrugada para arrombar um parquinho infantil, e se enfiar numa ridícula piscina de bolinhas, atormentar a Penny tentando trabalhar na Fábrica do Cheesecake e se comportar como um maníaco por uma semana inteira, só para descobrir a resposta de uma equação!

— Ora, me desculpe, mas sua raiva repentina é injustificável! — interveio Sheldon, apanhando suas roupas de má-vontade e saltando da mesa — não entendo como meu isolamento em prol da verdade que envolve todo o universo pode afetar você ou outras pessoas de alguma forma, muito pelo contrário, você e a humanidade estão se beneficiando da minha genialidade. Disponham!

— O quê... não afeta... como pode?! — Leonard balbuciava, estupefato. — seu egoísmo é inacreditável Sheldon! Por que as coisas têm sempre que girar em torno de você?

— Olha só se não é mais um dos aproveitadores da raça humana que vêm me falar de egoísmo agora— resmungou, contrariado.

— Olha aí, está fazendo de novo! Projetando nos outros o que está errado em você! — exclamou Leonard em tom acusatório — seria ótimo que você percebesse a tempo o grande engano que está cometendo Sheldon, antes que seja tarde demais.

—Por engano você se refere a curva direcional daquele fóton na página 16-B próxima á janela? — Questionou, esperançoso — Faz um certo tempo que estou notando como sua colisão substancial parece não levar em conta a curvatura do espaço-tempo.

Leonard encarou o amigo com um suspiro. Demorou um certo tempo para entender que o sentimento em relação a Sheldon não era raiva e sim pena.

— Sheldon, você tem conhecimento sobre a teoria psicanalítica dos mecanismos de defesa do ego?

— Claro que sim — sorriu Sheldon, com um abano de mãos, como se Leonard tivesse acabado de lhe fazer um elogio particularmente bonitinho — uma mente como a minha tem conhecimento a respeito de quase tudo, embora eu ache que psicologia seja uma grande tolice.

— Não nesse caso — tornou o outro, pragmático — a meu ver esse bloqueio que você está sofrendo nada mais é do que uma resposta somática do seu organismo de algo que esteja perturbando seu subconsciente.

— Interessante — disse Sheldon, com uma expressão muito peculiar que sempre surgia em seu rosto quando ele parecia estar considerando uma informação nova fornecida por um intelecto inferior ao seu — e o que sustenta sua hipótese?

— Me diga você — retrucou Leonard num tom profissional, aprendido com os anos de convivência com sua brilhante e intimidadora mãe — existe algum fato, acontecimento ou sentimento supostamente adormecido que o tem perturbado a ponto de interferir na sua aptidão para desvendar os mistérios da física teórica?

— Bem, devo admitir que alguns eventos recentes podem ter contribuído para esse impasse ao qual fui submetido — respondeu o cientista, reflexivo — penso que a troca compulsória da marca de enxaguante bucal que estou acostumado, a confusa espiral de sentimentos em relação à Amy Farrah Fowler e o comunicado oficial da BBC sobre o especial de 50 anos de Doctor Who tem me deixado realmente...

— Calma aí, calma aí — pediu Leonard tentando organizar as ideias — repete isso que você disse.

— Que a troca compulsória da marca de enxaguante bucal a que estou acostumado...

— Não isso! — interrompeu sem rodeios, embora já tivesse captado a mensagem — confusa espiral de sentimentos em relação à Amy? — Leonard agora encarava Sheldon com um sorrisinho, sentindo a exasperação com ele evaporar-se mesmo contra sua vontade — Sheldon, você está apaixonado?

Nesse ponto, um neurologista ficaria encantado em estudar o caleidoscópio de tiques nervosos que surgiram simultaneamente no rosto do Dr. Cooper.

— Apaixonado? — indagou Sheldon com uma fraca imitação de sua clássica risadinha de deboche — acho que a palavra que você procura...

— Não, não, essa é exatamente a palavra que eu procuro — cortou Leonard, animado — isso explicaria muita coisa: a dificuldade de concentração no trabalho, a necessidade de isolamento com o mundo externo, os suspiros amorosos e gemidos de saudade pelos corredores...

— Basta! — ordenou angustiado, seu rosto em geral pálido adquiria um leve tom róseo, em contraste com a veia pulsante de fúria em suas têmporas — Eu exijo que pare imediatamente de dizer essas... essas....

— Tolices?

— Baboseiras! — cuspiu Sheldon, ensandecido.

— Está vendo? — repetiu Leonard, agora rindo abertamente — você só está tão nervoso porque, lá no fundo, sabe que é verdade! Nem se deu ao trabalho de negar!

— Eu não preciso negar, porque é impossível! — tornou Sheldon entre dentes, andando tresloucado de lá para cá.

— Você sabe que é contra os seus princípios alegar que algo é impossível, sem antes validar cientificamente a hipótese — arriscouLeonard, agora mais sério, tentando trazer o amigo de volta para a realidade.

— Tem razão — disse Sheldon, com voz de derrota, largando-se em sua cadeira e suspirando profundamente com o rosto entre as mãos. Ficou assim durante algum tempo, até sua voz sair ligeiramente abafada por entre os dedos — supondo que seja verdade, que eu esteja mesmo... — ele engoliu em seco, como se estivesse assumindo que era um bruxo na frente de um tribunal da inquisição na idade média — apaixonado, pela Amy, me explique como isso pode ter acontecido? Durante toda a minha vida, apesar de sentir afeto por algumas pessoas específicas, sempre consegui manter um saudável distanciamento, que me permitia desfrutar da companhia de alguns mais próximos sem, contudo, subordinar a minha felicidade à necessidade de estar com alguém. Me diga Leonard, qual é a lógica disso tudo?

Por um instante fugaz Leonard lembrou-se da homenagem de Sheldon no casamento de Howard e Bernadette, e de como o físico dissera (não em Klingon, por exigência da noiva) que esperava que o casal fosse tão feliz junto como ele era sozinho. Tinha certeza que o mesmo se passava na mente dele.

— Às vezes você simplesmente não pode explicar logicamente tudo a sua volta. — argumentou Leonard em tom de consolo, sentindo mais empatia pelo amigo do que jamais pensou ser possível — faz parte da natureza humana... sim, até mesmo do Homus Novus... — acrescentou com um quê de irritação quando Sheldon abriu a boca para contestar — não ser capaz de controlar todos os seus sentimentos. As vezes o amor reduz a autonomia que temos sobre nossa vontade, nos deixa vulneráveis, é o preço a ser pago por entregar nosso coração a outra pessoa. Mas eu tenho fé que você perceba em tempo que é um preço que vale a pena pagar, porque as recompensas são muito maiores do que esse sacrifício a que somos submetidos.

Leonard mirou o amigo com atenção enquanto ele refletia, parecendo considerar tudo o que tinha ouvido. Era quase possível ouvir as engrenagens do cérebro do Sheldon maquinando para resolver o teorema mais complexo que lhe fora proposto.

— Então é por isso que me sinto assim tão... doente? Por conta de uma sensação abstrata que altera todo o funcionamento fisiológico do meu corpo a ponto de me impedir até mesmo de fazer o que eu faço de melhor: ser um gênio? — indagou em tom analítico — Essa é sua explicação?

— Hum... é, é sim...— ponderou Leonard, sentindo-se pressionado.

Sheldon refletiu por um momento.

— Faz todo sentido, obrigado Leonard. — declarou, levantando-se tão rápido que chegou a assustar o outro — vamos, preciso resolver logo esse entrave. O universo não se desvenda sozinho, sabe.

— Sério? — indagou Leonard surpreso, levantando-se também — como pretende resolver essa situação?

— Essa conversa me deu um bom palpite sobre o que fazer em relação à Amy — repetiu pela segunda vez num intervalo de poucos dias, enquanto apanhava sua bolsa e apagava a luz da sala.

— Como naquele dia no refeitório em que o Howard lhe deu um bom palpite do que fazer? — indagou, curioso, apressando-se para acompanhar o amigo — quando a Penny disse que você tinha feito uma burrada com a Amy, pensei que realmente tivesse seguido o conselho dele e vocês dois finalmente, você sabe... — ergueu as sobrancelhas, num gesto mudo e veemente daquilo que acabava de silenciar.

— Eu ouvi a história do Howard, mas segui o conselho da Bernadette, o de me afastar— explicou Sheldon, dobrando o corredor que levava ao departamento de física e cortando o caminho até o refeitório pela ala de robótica aplicada — me parecia muito mais confiável a opinião de uma pessoa com um doutorado em seu currículo acadêmico do que o papo furado de um engenheiro espacial do MIT...

— É claro... é claro... — concordou Leonard virando os olhos para o teto — o que quer fazer agora?

—Bem, vou fazer as revisões pertinentes no meu acordo de relacionamento, seguir o protocolo social de presentear minha namorada com um objeto vago e materialista que represente meus sentimentos verdadeiros em relação a ela e, se der tempo...

— SHELDON, CUIDADO!

Primeiro veio a dor de cabeça pungente, como se alguém tivesse arremessado um martelo contra seu lobo frontal, depois a desagradável sensação de que ele não era mais o mestre de sua bexiga, e, por fim, tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Confesso que não fiquei muito feliz escrevendo esse capítulo! Dói em mim (e provavelmente no Leonard) ter que ser dura com o Shelly bobão! Ele é só uma criança, gente, não merece... oh, wait...
Prometo mais alegrias no próximo! Quem vem? ♥