P.O.V Glimmer
Meu dia começa como todos os dias da minha vida, GLAMUROSO! A não ser quando me lembro dos insetos ao qual preciso esmagar com meu sapato de bico fino ao longo do dia para demonstrar respeito na escola. Bem mais isso é apenas um fato. Vamos ao meu preparamento matinal. Katniss passa aqui para me pegar com seu carro conversível, e eu preciso estar pronta o mais rápido possível.
Visto meu roupão, e dirijo-me até o banheiro, escovo os dentes e inicio meu ritual de maquiagem, a maquiagem é a expressão do rosto, uma maquiagem tem o poder de transformar asiáticas amarelas em legítimas modelos da Vogue segundo minha mãe, então realmente é algo extremamente importante e indispensável na vida de uma mulher.
— Vermelho rubi ou rosa chiclete? — pergunto para mim mesma sobre a cor de batom que devo usar. — Rosa chiclete é claro! — Digo piscando para mim mesma diante do espelho e analisando meus longos cílios enquanto aplico meu gloss labial brilhante para realçar a cor rosa presente em meus lábios. — Perfeito, agora vamos para o look! — continuo narrando meus afazeres para mim mesma.
Sabe, pode até parecer solitária a vida de filha única, mas quando me vem na mente dividir minhas coisas, e uma pirralha assaltando meu closet, com certeza posso viver com a ídeia de não ter sobrinhos.
Opto dessa vez por uma mini-saia rosa bebê, uma regata branca com detalhes em renda, e meu sapato de bico fino nude, o qual é minha marca registrada.
Agora vem a parte em que espero Katniss buzinar... Isso demora uns 5 minutos, o tempo necessário para qualquer garota organizar seus pensamentos.
Preciso recuperar meu homem, defender minha permanência como presidente do conselho estudantil, e também manter minha reputação para ser coroada rainha do baile da primavera deste ano. Está tudo errado, primeiramente estou sem meu homem, o que me deixa sem um par para o baile, e nunca, nenhuma encalhada se tornou rainha desde a fundação do meu colégio, um par perfeito é quase uma lei para ser coroada. Por segundo, se perder minha candidatura, não poderei escolher o tema para o baile o que geraria um armageddon, Deus lá sabe qual tema medíocre Clove pode inventar! Meu reinado está em jogo, e não posso deixar aquele insetinho imundo roubar tudo o que tenho, me empurrar na direção do precipício!
Ouço Katniss gritando do lado de fora da minha casa, desço apressada, decididamente consegui me perder em meus pensamentos.
— Poxa vida Glimmer! Já faz três minutos que estou gritando que nem uma doida na frente da sua casa, não quero acordar seus malditos vizinhos! — Ela diz, o que confirma no que eu acreditava, estar perdida dentro da minha mente.
— Quieta Kat, lembra do que conversamos? A operação Resgatando o Boy Magia está prestes a começar! — Ela pisca seus olhos em minha direção dando a partida com seu carro, irei recuperar meu gato de qualquer forma, é questão de honra.
O quarterback tem que andar com a Chefe das líderes de torcida, e a líder do Clube de Debates tem que andar com o Sr. Bullyng seu melhor amigo. A ordem precisa ser reestabelecida!
A melhor forma de trazer essa ordem, é trazendo o Sr Bullyng para fazer uma vizitinha a querida Clove.
— Vamos passar no Super mercado Kat, tive uma ótima idéia! — disse dando uma irônica gargalhada.

P.O.V Clove
Hoje no ônibus, Cato me chamou para sentar ao seu lado, dessa vez aceitei, não era mais como antigamente pois agora sei que ele não está fazendo isso para algum tipo de piada ou brincadeira idiota, é por que realmente ele quer a minha companhia.
Conversamos sobre todas as coisas possíveis, contei a ele sobre minha obcessão por borboletas, e ele me contou sobre sua obcessão sobre a banda Green Day, e de como era de insuma importância conseguir completar uma coleção de CD's sendo uma grande conquista pessoal para ele. Eu achei tão engraçado dar tanta importância para esse tipo de coisa, mas quem sou eu para falar isso quando se têm inúmeros quadros repletos de borboletas naturalmente preservadas das mais diversas espécies e cores pendurados pelo quarto. No final todos somos obsecados por algum tipo de coisa.
Quando descemos do ônibus, Cato tomou minha mão, eu poderia recusar, mas o engraçado é que eu não queria, não queria soltar sua mão, por que estaria mentindo se não senti-se nada por ele, ele é um garoto completamente diferente do monstro que eu criei dentro da minha cabeça. É como uma floresta desconhecida, é preciso se aventurar nela para descobrir seus mistérios. E é isso que quero fazer, quero continuar com isso, quero ver até onde podemos chegar, quero ter certeza de que tudo isso é real.
Estamos caminhando tranquilamente pelo patio quando, algo molhado ricocheteia minhas costas, levo rapidamente a mão, a textura é pegajosa, levo a mão ao nariz, decididamente é um ovo.
Será que tudo fora uma emboscada? Será que tudo não passou de mais uma brincadeira? Será? Cato faz uma cara severa e vira-se para trás. Viro-me também visualizando os engraçadinhos. Glimmer, Katniss, Gale e Peeta, realmente não esperava que fossem outras pessoas.
— Precisamos reestabelecer as coisas — Glimmer começa — você não pode sacudir a pirâmide queridinha, por que não importa o quanto ela balance, nós estamos no topo, e você soterrada na base, toda coberta de ovo — ela sorri enquanto outro ovo rompe-se no meu braço.
— Isso é tudo o que você pode fazer? Ovo? Não tentou inovar, você fez isso a três anos atrás esqueceu? — Digo tentando soar superior a ela.
— Claro que lembro é por isso que trouxe ovos especiais, ovos diferentes para não repetir a travessura — Ela puxa uma caixa de sua bolsa. — Rapazes mandem ver! — Ela finaliza pegando um ovo, e entregando a caixa para Peeta e Gale.
Sou bombardeada por ovos podres, e nada posso fazer, nada. Meu olhos querem chorar, mas eu não posso, não posso parecer fraca diante dela, preciso ser superior. Luto comigo mesma inibindo as lágrimas.
Quando a caixa termina, estou nojenta, totalmente ensopada, e com um mal cheiro terrível, sou um lixo. E quando penso que tudo acabou Glimmer vem em nossa direção.
Cato não falou uma palavra durante todo o processo, mas sua expressão demonstra que não faz parte disso, pelo menos é o que parece.
Glimmeranha para diante dos pés de Cato. Será que estou completamente errada e cega em relação a ele? Meu coração palpita.
— Faça aquilo que precisa ser feito! — Ela diz entregando o ovo para ele, ele parece não compreender, ele olha para mim incrédulo, depois olha de volta para ela.
— Claro Glimmer — Ele responde aproximando-se dela.
Eu sonhava com esse tipo de ato rebelde desde meus 12 anos. Desde o momento em que ela subiu ao trono e jamais saiu dele, desde que ela instalou o caos sem consentimento. Cato acabara de amassar o ovo podre encima dos cabelos loiros extremamente lisos da garota.
— Você fede queridinha — digo olhando para ela sorrindo, depois disso voltando minha visão para Cato.
— Glimmer, está tudo acabado, não tem volta, e você acha que inferiorizando a Clove você vai fazer eu voltar pra você? Está muito enganada, esse tipo de situação só me afasta, se continuar com esse tipo de coisa, terei que fazer de conta que você não existe — Ele termina deixando-a de boca aberta.
Glimmer parecia estar gladiando com seu interior, alguém que sempre tem o que quer não está acostumada com este tipo de tratamento, só o que lhe resta é sumir daqui e voltar para o lugar de onde veio. Os cabelos da garota ficaram repletos de casca de ovo, e bastante pegajosos, jamais imaginei que veria esse tipo de coisa, Glimmer com um dos itens marca registrada de suas brincadeiras sendo usado contra ela. Foi algo soberbo, e merecedor de Oscar!
Ela não venceu desta vez, assim como não vencera na última vez que tentara me afrontar, e enquanto se retira do local praguejando e urrando excentricamente, fico assistindo-a desaparecer.
Penso em Cato e em como ele foi corajoso, valente. Como os cavalheiros que matavam dragões para salvar suas amadas das histórias que minha mãe contava quando eu era muito pequena. Até esqueci do fato de estar coberta de ovo podre, houveram tantos pontos altos nestes ultimos 5 minutos, que acho que estar um lixo torna-se o ponto mais baixo de tudo isso.
— Clove, você está tremendo!— Cato diz quando despe seu casaco do time de futebol americano, entregando-o para mim.
Coloco o casaco, e mesmo em meio a todo aquele mal odor, consigo sentir seu perfume impregnado.
— Decididamente não posso ficar aqui desse jeito — Digo mirando o portão principal.
Ele não muda de expressão, é meio óbvio, não posso frequentar as aulas estando nojenta dessa forma. E isto é um fato.
— Tudo bem, eu passo na sua casa para deixar o material sobre as aulas que ambos participamos em comum, pode ser? — Ele diz com um sorriso irresistível no rosto.
— Claro! Por mim tudo bem! — Digo enquanto começo a me afastar — Até mais tarde! — Concluo.
Demorou um pouco até chegar em minha casa apé, mas depois de um banho de aproximadamente 30 minutos, estou novinha em folha.
E sou suspeita em falar, que sempre que Glimmer realiza essa brincadeira comigo, minha pele fica mais macia. Meu rosto abre um sorriso quando me dou conta da bobagem que acabei de pensar.
Olho em direção do casaco de Cato pendurado na cadeira da escrivaninha, é então que me dou conta de que ele virá até aqui hoje a noite!