- Ei – disse Alexis, enquanto eu andava em direção dela e de Courtney – porque não se senta aqui?

- É, porque? – perguntou Courtney, com um sorriso meio malicioso como se estivesse debochando de mim – Está muito ocupada com as populares e não tem mais tempo para as amigas?

Continuei intacta no meu lugar e não disse nada. Eu ainda segurava os cadernos da aula de psicologia e olhava fixa para Courtney. Eu pensava em um jeito de me sentar e pedir desculpas. Mas nada vinha a cabeça. O refeitório todo estava olhando para nossa mesa. Eu fiquei com medo de Courtney gritar mais alguma coisa. Então, me virei, e saí do refeitório.

Não me pergunte porque fiz isso, mas não quis admitir que estava errada. Courtney não iria me perdoar tão cedo. Por mais “chato e ridícula e infantil” a briga tenha sido. Courtney é orgulhosa. E ela não me perdoaria agora. Eu sentia isso em seu olhar. Eu me afastei.

Cheguei ao quarto e me deitei na cama. Tinha ainda meia hora de descanso antes de voltar as aulas. Abri uns cadernos e continuei a fazer alguns deveres. Mas logo acabei. Eu não tinha agora nada pra fazer. Antes, eu me sentava na mesa com as meninas e ficávamos conversando sobre as coisas mais idiotas. E mesmo assim, eu tinha Jackson, mas eu não queria perdoa-lo agora. São apenas meus sentimentos. Acho que Jackson não me vê como uma amiga de verdade. Eu até pensei que “poderíamos ser amigos, talvez” mas vi que não. Jackson não é capaz de ser amigo de gente como eu. Não que eu quisesse ser amiga dele. Mas ele me mostrou que gente popular não era tão ruim assim.

Mas então me mostrou tudo errado, de novo.

Mas o que eu estava falando? Eu só conheço o menino a dois (e amargurados dias) que já fui chamada de nerd e homem. Realmente, os populares não são nada do que eu pensei que fosse. 

- Ei – olhei para a porta e lá estava Courtney, parada. Hoje, seu visual estava mais espalhafatoso ainda. Ela usava uma saia verde fluorescente e algumas pulseiras da mesma cor, fazendo a sua blusa branca dizendo “Keep Calm and Use Glitter” ficasse totalmente escondida. Ela usava um sneaker dourado totalmente: Exagerada. – Você queria me dizer alguma coisa no refeitório? – Já disse que a Courtney é totalmente orgulhosa? Ela nunca pedia desculpas. Ela ia até o fim, mas nunca pedia desculpas.

- Você me desculpa? – perguntei, me rendendo, ela apenas abriu um sorriso e se sentou na cama do meu lado – Eu nunca estive chateada com você. – ela disse, agora me abraçando.

Alguém bateu na porta e eu abri. Achei que fosse Alexis que (como sempre) ficava atrás da porta esperando a gente se reconciliar. Mas não era ela não.

- Ahn, oi – disse Claire, com uma sacola na mão cheia de roupas e sapatos, que na verdade, eu não entendi para o que servia muito bom – Eu posso entrar? – Continuei estática. Eu estava mesmo falando com a menina mais popular? Eu não entendi o que ela estava fazendo ali.

- Ahn, sim – falei, num fio de voz e dando espaço para que Claire desse alguns passos e ficasse quieta em pé, ainda com a sacola na mão – Você quer falar comigo?

- O que ELA tá fazendo aqui? – disse Courtney, dando ênfase no “ELA” como se estivesse se referindo a um monstro, ou algo assim – Saia Damons!

- Eu vim fazer o trabalho de biologia com ela, Courtney. – disse Claire, finalmente soltando sua voz meio fina que eu nunca tinha escutado antes – Se você tem um problema comigo me fale logo. Mas saiba que eu nunca fiz nada pra você me odiar tanto assim.

- Não ligo – ela disse, agora colocando os sneakers de volta no pé e abrindo a porta – Quando esse projetinho sair aqui do quarto, eu volto.

A Courtney podia me deixar com bastante raiva quando queria.

JACKSON POV

A Emily não queria minhas desculpas?

Então eu iria parar de correr atrás dela. Até que pra uma nerd, achei que ela não fosse tão chata. Mas ela é MUITO chata! Ela se irrita com tudo. Tudo bem, o que eu fiz foi meio “chato” mas nada que um pedido de desculpas não resolva.

Saí da porta do refeitório com o rosto vermelho de raiva. Eu não iria com certeza assistir as aulas, não teria mais aulas com a Emily, mas ainda a veria na detenção. Sabe quando você não quer de jeito nenhum ver mais a cara de uma pessoa? A Emily me deixava assim. Eu a odeio. Só por ela ser tão teimosa ao ponto de me deixar falando sozinho. Eu sou o dono dessa escola, ela não deveria ter feito isso não. Mas tudo bem, acho bom eu não fazer muita coisa, porque a Emily sabe meu pior segredo.

Eu sou bolsista.

- Ei, estressadinho – Tia Katie me parou, quando eu passava pela porta da sala dela. – Porque está tão vermelho?

- Raiva – falei rápido – Você quer alguma coisa Tia Katie? Eu tenho que voltar pro quarto – falei, tentando apressar as coisas.

- Tem visita pra você – ela disse, agora sorrindo, parecendo radiante como uma solteirona de quarenta anos – Seus pais estão na minha sala. Mas se cuida, eu sei que você não quer que seus amigos os vejam. Eu sei. Mas fique calmo.

Eu pensei nisso e me achei um cretino. Eu tinha assumidamente vergonha dos meus pais caipiras. Apenas engoli a seco e assenti para Tia Katie, que me puxou pelo braço e me colocou na porta de sua sala e saiu. Fiquei apenas parado, olhando a porta de mármore de tia Katie com alguns desenhos talhados em madeira.

Abri a porta, olhei em volta. Minha mãe estava sentada em um sofá com meu irmão de sete anos no colo. Meu pai estava em pé, olhando alguns detalhes da sala da Tia Katie. Meu irmão de 13 anos estava sentado do lado da minha mãe, olhando em volta.

- Meu filho! – meu pai disse, ao me ver na porta – Vem cá, me da um abraço Jackson!

Fui até o carro do meu pai e o abracei. Consegui sentir o seu cheiro de lavanda. Olhei para o lado, minha mãe sorria enquanto Will, meu irmão de sete anos dormia em seu colo, e Hills, meu irmão de 13 anos que tem nome de mulher sorria pra mim.

- Filho, vem cá, da um beijo na sua mãe – cheguei perto de minha mãe e a dei um beijo no rosto, a largando e abraçando Hills. – Você parece um menininho moderno agora – dizia minha mãe, já eu, não conseguia dizer nada demais.

- Diga alguma coisa – disse Hills, o menino que tem nome de mulher que adora me colocar nas piores situações.

- O que vocês vieram fazer aqui? – falei, agora sim, eu era um cretino daqueles!

- Te ver – disse meu pai, agora, sentado do lado da minha mãe – Seu irmão mais velho teve uma conferencia aqui na sua cidade e aproveitamos e viemos junto – Ah, eu tenho um irmão do exercito, seu nome é George – Feliz?

- Muito.

Eu estava feliz, certo?