Às 9:00pm em ponto, Louise subiu no palco, com um sorriso no rosto. Ela estava muito mais bonita do que há cinco anos atrás e parecia estar se divertindo pra valer. Ela não era bem uma amiga, mas não tínhamos nada uma contra a outra.

- Boa noite a todos! - ela começou, chamando a atenção das pessoas na festa. - Primeiramente, muito obrigada pela presença de todos vocês! Já vi todos da sala e é incrível como estão mudados! Vamos começar?

Como resposta, todos ficaram em silêncio. Abracei Nate de lado e ele retribuiu o abraço. E Louise voltou a falar, agora lendo um dos vários papéis em sua mão.

- Em 1° de setembro de 2006, nossa turma teve a primeira aula em conjunto. Escola nova, pessoas novas, tudo novo. Alguns já vieram cheios de amigos, outros fizeram alguns durante o ano. Mas é fato que, desde as primeiras semanas de aula, os grupos já estavam formados. Como em todo colegial, havia o grupo dos atletas - uma foto apareceu ao seu lado. Todo o time de futebol da escola estava lá, sorrindo. Inclusive o Joe. - Ah, esses atletas. Ganharam centenas de medalhas e troféus, e milhares de corações. Mas, para o azar das outras garotas, eles saíam mesmo era com as líderes de torcida - a foto mudou: agora exibia as doze líderes de torcida com suas saias curtas e tops colados. Jennifer estava no meio delas, era a capitã.

Vários garotos assoviaram e Louise riu, prosseguindo:

- Essas garotas também não eram de se jogar fora. Animavam qualquer torcida de qualquer jogo. E digamos que costumavam animar outras coisas também, não é, meninos? - gargalhei alto ao ouvir isso. Não tinha um jeito melhor de dizer que eram as putas da escola. - Mas, além desses dois grupos, também tinha o dos inteligentes, ou nerds, como éramos conhecidos - a imagem mudou outra vez, agora exibindo os seis meninos e meninas que mais se destacavam na turma. Louise estava entre eles, com o cabelo preso e exibindo um enorme sorriso. Segurava um troféu, ao lado do Haz. - Rejeitados, humilhados pelos populares, mas sempre ganhando mais prêmios que o time de futebol. Tomem essa, seus cretinos! - ela riu, junto com todo mundo.

Antes dela continuar, a foto mudou outra vez. Agora exibia os "esquisitos" da sala. Eram três loucos por astronomia e revistas em quadrinhos, sempre andavam juntos e nunca falavam com mais ninguém. E, bem digamos que ninguém se esforçava pra falar com eles.

- Esses três eram mais humilhados do que nós, mesmo que eu sempre tentasse defendê-los. Eram chamados de esquisitos e excluídos, mas vocês se surpreenderiam se os vissem agora. Posso dizer que são os mais bonitos da festa. E, é claro, tem aquele grupinho que não se encaixa com ninguém, que anda por aí encarando as pessoas com olhares mortais, conversando alto na sala, fazendo bagunça, infernizando os pais com aquele barulho na garagem. Mas, é claro que, quando pegavam os instrumentos, todo mundo os adorava.

Quando a foto mudou, não pude deixar de rir junto com os meninos. Uma Julie de 16 anos com a cara toda suja de farinha tampava um pote de açúcar em um Jack cheio de chocolate em pó que quebrava dois ovos na cabeça do Timmy. Perto dali, um Rick completamente sujo de chantilly está rindo loucamente, sem saber que o Fred estava prestes a cair em cima dele. É, não fomos os únicos a rir. Todos riram, até Nathan. Essa foi a melhor aula de economia doméstica da história. Viramos basicamente cupcakes humanos. Quando as risadas pararam, Louise continuou:

- Mas, bem, isso não faz da nossa turma especial, faz? Toda escola tem esses mesmos grupos. A diferença é que, diferente das escolas normais, nossos três bailes tiveram o mesmo par de rei e rainha. E isso não podia ser diferente dessa vez, não é? Queria chamar aqui para serem coroados o rei Joseph Harris e a rainha Jennifer Edwards!

Ah, mas que sorte. Eles foram "coroados" antes do nosso showzinho. Vai ser uma maravilha. Joe subiu no palco primeiro que a Jennifer. Posso dizer que fiquei pasma quando o vi. Se ele era bonito há cinco anos atrás, hoje ele está maravilhosamente lindo e super gostoso. Cabelos loiros escuros e olhos azuis perfeitos, não estava de smoking, mas sim de blusa xadrez de manga curta por cima de uma blusa branca e calça jeans. Ele parecia o Jhonny Storm. Ta bem, isso foi um enorme exagero. Ninguém é capaz de ser tão lindo e gostoso como o Chris Evans, né?

Jennifer subiu um pouco depois que ele, com aquele vestido minúsculo, o abraçou e lhe deu um beijo que fez todos aplaudirem. Todos, menos a minha turma. Unidos e fiéis, é assim que nós somos. Felizmente, desviei a atenção dos dois quando Haz apareceu, de mãos dadas com a minha irmã. Ela estava linda, e ele também.

- JULIE! Finalmente achamos vocês. Olha só, cara, são os garotos da banda! Quanto tempo não via vocês!

- E aí, Harry - Fred cumprimentou com um aceno de cabeça. Nate permanecia imóvel.

- Juliette, o que você fez no seu cabelo? - minha irmã perguntou, assustada.

- Pintei, maninha. Lembra dos meus viados aqui?

- Claro que lembro. Eles não me deixavam estudar à tarde.

- Aaaah, essa é a pequenininha da Gio? - Rick perguntou, sorrindo. - Nossa, como você cresceu! E ficou muito bem, se quer saber.

- Obrigada - ela corou.

- Se importaria se ela fosse dançar comigo, Harry?

- Claro que sim. Brincadeira - ele riu. - Mas traga ela de volta logo, ouviu?

- Pode deixar.

Ele a puxou pela mão e a levou sabe-se lá pra onde. E logo os outros três deram um jeito de sumir também. O legal desses quatro é que toda vez que o clima começava a ficar tenso, eles simplesmente sumiam, só pra deixar o problema rolar.

- Nathan - Harry falou, fuzilando-o com o olhar.

- Harry - Nate retribuiu o olhar.

- Então vocês estão namorando mesmo, não é?

- Por que a preocupação? Ela é sua amiga, não sua mulher.

- Nathan - censurei-o. Briga no baile não, por favor. - Não estamos namorando, se é isso que você quer saber, Haz.

- Ah, não? Por que é o que parece.

- Mas isso não quer dizer que não estamos juntos - Nate acrescentou.

- Juntos... sempre achei que a Julie merecia alguém melhor.

- Ah, alguém tipo quem? Você? Que namora uma garota e fica de olho na irmã dela o tempo todo?

- NATHAN!

- Acho melhor você calar a boca, seu idiota. Você não sabe de nada da vida da Julie, eu sei tudo. Só quero proteger minha melhor amiga de um babaca como você.

- Ah, me desculpe então, não tive tempo pra perceber isso enquanto reparava que você não para de olhar pra ela nem um segundo desde que chegou.

- Eu acabei de ver vocês, idiota.

- Você pode até enganar aquela sua namoradinha, mas a mim você não engana, garoto. Eu vi você chegar e vi que você não tirou os olhos dela.

- Acho que você precisa de um óculos.

- Acho que você precisa de um bom soco na cara pra ver se para de ser tão ridículo e não fica olhando pra garota dos outros desse jeito.

- É, já vi que não vai dar pra evitar essa briga. Idiotas, por que mesmo eles estavam fazendo isso?

- Como se você tivesse coragem de me dar um soco - Harry riu.

- Ah, você acha que eu não tenho coragem, né?

Agora me diz: pra que é que o Haz foi provocar? Que garoto idiota, o Nate tem o dobro do tamanho dele, podia literalmente quebrar a cara dele com um soco bem dado. Ele teve a sorte de o soco não ser tão bem dado assim, mas foi forte o suficiente pra fazê-lo cambalear para trás, cobrindo o rosto com as mãos. Puxei o Nate pelo braço pra longe dali antes que aquilo piorasse.

- QUAL É O SEU PROBLEMA? - gritei, socando o ombro dele. - Você não podia simplesmente vir aqui e ficar numa boa pelo menos por uma noite?

- O cara não tira os olhos de você desde que chegou e depois ainda vem aqui pra me dizer que eu não sirvo pra você? Ah, por favor, ele mereceu muito aquele soco.

- A questão não é essa, Nathan! Harry é meu amigo, caramba, você não pode socar a cara dele toda vez que ele passar na sua frente!

- Então vai lá e diz pro seu amigo que eu não quero ele olhando pra você o tempo todo! Qual é, a namorada é minha, ele não tem nada que ficar te comendo com os olhos!

- Nathan, para de ser tão idiota e... espera aí, namorada?

- Nós não vamos continuar com essa coisa de só amigos pra sempre, ou vamos?

- Isso é sério? - sorri, esquecendo completamente que estava dando uma bronca nele.

- Só se você quiser.

- É o que eu mais quero.

Ele sorriu pra mim e me beijou logo em seguida. A briga, o soco no Harry, o Joe subindo no palco lindo daquele jeito... tudo aquilo parecia ter acontecido há séculos. A única coisa que importava agora era o fato de eu estar beijando meu namorado. Meu namorado, repeti, internamente, só meu. Meu Nathan.