Roommate escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 5
#5




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– Acorda, bela adormecida. - Abri meus olhos lentamente enxergando Kurt ajoelhado na cama, enquanto segurava minha mão e distribuía beijos pela mesma. Demorou alguns segundos para eu me lembrar de ter dormido na casa de Kurt, com Kurt. – Qual o motivo o sorriso?

Me sentei na cama, ainda sonolento. Esfreguei os olhos tentando permanecer acordado depois de uma noite maravilhosa e encarei Kurt, que ainda estava em seus pijamas, com seu cabelo bagunçado e de acordo com seus olhos quase se fechando, havia acabado de acordar.

– Porque você é perfeito e eu tenho mais dois dias ao seu lado! – Levei minhas mãos até o rosto de Kurt, sorrindo e me inclinando até selar nossos lábios. O beijo começou com um selinho mas fomos aprofundando o beijo sem nos importar de termos acabado de acordar.

– Hora de acordar, meninos. – Carole bateu na porta nos avisando. Kurt respondeu que já estava descendo e então saiu da cama. Depois de muita birra da parte do meu namorado, ele me convenceu a me levantar, tomar um banho e descer para tomar café.

Na sala estavam Rachel e Finn, ainda de pijamas. Do outro lado do corredor eu podia ouvir a voz de Burt perguntando à Carole como se batia os ovos. Sorrindo, Kurt foi até a cozinha, e eu segui em direção oposta indo até a sala e me sentando num sofá ao lado do que o casal estava.

Na televisão passava algum tipo de jornal que eu deveria conhecer, mas nem prestei muita atenção nisso. Me prezei apenas em apreciar o cheiro que vinha do outro cômodo. Em alguns minutos nos chamaram para tomar café da manhã. Nada mais do que algumas panquecas e waffes, mas o que importava não era a comida, mas sim o gosto de lar. Todos acabaram a refeição em poucos minutos, então me ofereci a lavar a louça com a ajuda de Kurt.

– Quais nossos planos para hoje? – Perguntei enquanto o entregava um prato de porcelana. Kurt esperava a louça para enxugar.

– Pensei em um cinema ou talvez um passeio na praia. Nada muito agitado pra hoje.

Me virei para Kurt e capturei seus lábios em um selinho calmo. Assenti com a cabeça e voltei com as tarefas da casa. Lavamos alguns pratos e assim que terminamos, Carole e Burt avisaram que estariam saindo para comprar algumas coisas para a casa. Finn e Rachel haviam ido para a casa da judia e a casa era só nossa. Olhei para Kurt, que estava com um sorriso sacana no rosto.

– Está pensando o mesmo que eu? – Perguntei abrindo um sorriso igual o dele.

– Sim. – Kurt me pegou pela mão e me arrastou escada acima. Tropeçamos em alguns degraus, mas conseguimos chegar no segundo andar vivos. O castanho me puxava pelo braço, animado, até seu quarto. Entramos e fechamos a porta, os dois com um sorriso enorme no rosto.

[...]

Não ouvimos barulho nenhum de carro ou de chaves, só percebemos a presença de alguém em casa quando a porta do quarto de Kurt foi aberta sem nenhum aviso prévio.

– Kurt!

– Pai! – Kurt parou o que estava fazendo na hora ao ver o pai na porta. Arregalei meus olhos e olhei na mesma direção que o castanho olhava. O olhar de Burt ia pela bagunça do quarto e as roupas de cama espalhadas pelo chão.

– Filho, o que é isso? - Kurt desceu da cama correndo em direção ao pai, tentando achar um jeito de se desculpar, porém Burt foi mais rápido. – Quantos anos vocês tem? – Olhei para Kurt, que olhou pra mim. Não aguentamos e começamos a gargalhar. Burt havia entrado no quarto e encontrado eu e Kurt pulando na cama, feito duas crianças, ao som de Las Ketchup.

Tudo começou quando entrei no dormitório de Kurt sem bater e encontrando-o na mesma situação. Depois do flagra, Kurt tentou me convencer que era totalmente revitalizante fazer isso, além de puro. Resolvi tentar também. Burt nos encarava com uma sobrancelha levantada. – De qualquer jeito, meninos. Vim ver se estava tudo bem... continuem... isso. – Burt saiu e eu pude ouvir uma risada do mais velho.

Kurt e eu concordamos que já era tarde para ficarmos pulando na cama. Nos arrumamos e descemos as escadas, encontrando a casa vazia novamente. Após deixar um bilhete e revirar a casa inteira em busca das chaves do carro de Kurt, finalmente estávamos seguindo nosso caminho até o cinema.

– Bom dia, o que desejam? – Disse a atendente que ficava na bilheteria do shopping.

– Quais os filmes que estão em cartaz?

– Hoje não temos estréias... – A mulher disse checando em seu computador. – Temos reapresentações apenas. Os filmes que estão passando Harry Potter and the Half-Blood Prince, Operation Valkyrie e The Fast and the Furious 2.

Olhei para Kurt, Kurt olhou para mim e sem precisarmos falar nada, sabíamos qual filme escolhermos. – Dois para HP. – Disse tirando minha carteira do bolso. Kurt nem se incomodou em tirar a sua, pois sabia que eu iria recusar que ele pagasse, como todas as outras vezes.

– Aqui está. A sessão começa em 10 minutos. – A moça nos entregou dois bilhetes e se despediu, começando a atender outro casal que estava na fila. Caminhei junto com meu namorado até a entrada do cinema.

– Pipoca? – Perguntou ele já dentro. O cobrador pegou meu ingresso e eu entrei também, logo depois de Kurt. Assenti com a cabeça e fomos até o guichê de doces. Acabamos por comprar uma pipoca pequena com manteiga e refrigerante. Entramos na sala escura, onde o filme estava prestes a começar e nos sentamos em duas poltronas vazias, no fundo da sala.

Peguei a mão de Kurt e frisei meu olhar no telão, aonde o filme começara. A sala estava cheia demais para uma sessão às 10:00hrs da manhã. Depois de ouvir todos agradecerem pela falta dos trailers, começamos a prestar atenção na trama.

É claro que durante algumas partes do filme qual eu e Kurt sabíamos de cor, nós parávamos de prestar atenção para trocar algumas carícias. Até demais.

[...]

– Kurt, você está chorando? – Perguntei assim que olhei Kurt.

– Não é todos os dias que você vê Dumbledore morrer. – Ele disse limpando as lágrimas e sorrindo. Nunca tive tanta certeza de que Kurt era o melhor pra mim. Apertei sua mão, não me dando conta dos olhares estranhos que recebíamos e seguimos até o carro.

– Tenho certeza que esse vai ser o melhor final de semana de todos.

Assenti com a afirmação do meu namorado e entramos no carro. Kurt iria dirigir dessa vez. O cinema não ficava muito longe da casa do castanho. Aproveitei o tempo de trânsito para checar as mensagens que eu havia recebido durante o dia. A primeira era de Cooper “Hey maninho. Quando vai vir me visitar?”, respondi com um simples “Espero que breve.” e passei para a próxima mensagem.

“Você nunca mais falou comigo, acho que deveríamos tomar café um dia desses.” Jeremiah nunca mais havia me mandado mensagens, e essa acabou me surpreendendo. Apenas ignorei, apaguei e passei para a próxima, tentando esconder meu celular de Kurt. Se ele visse a mensagem, certamente o final de semana mudaria totalmente.

“Está tudo certo com você e Kurt? Não queremos ver vocês brigados depois de tanto tempo para ficarem juntos. Eu e Nick estamos torcendo por vocês!” Essa mensagem era de Jeff. Não era novidade que ele e Nick estavam sempre juntos. Kurt até tinha uma teoria de que eles tinham mais que uma amizade, mas eu nunca acreditei nisso. “Estamos bem sim. Nenhum Douglas irá nos separar.” Respondi e voltei meu olhar para a casa de Kurt, aonde havíamos estacionado nesse momento.

– Boa tarde, meninos. – Disse Burt lendo jornal na sala, acompanhado de Finn que mexia em seu celular com um sorriso bobo no rosto. Algo me dizia que recebia mensagens de Rachel. – Já almoçaram?

– Comemos no cinema. – Kurt disse subindo as escadas e eu o acompanhei, depois de cumprimentar os dois.

Caminhamos pelo corredor ainda de mãos dadas, porém chegando ao quarto de Kurt assim que ele se virou para fechar a porta eu capturei seus lábios com urgência, já passando minhas mãos pela sua cintura. O castanho não era bobo de recusar um beijo daqueles. Ficamos alguns minutos naquilo, até nos separarmos.

– Eu... – Kurt disse procurando palavras, ou talvez algum ar. – Vou tomar banho...

Assenti, vendo Kurt deixar sua bolsa em cima da cama, pegar algumas roupas no armário e seguir para o banheiro, trancando a porta. Me sentei na cama, procurando algo para fazer enquanto meu namorado estava ocupado.

Folheei algumas revistas, zapeei alguns canais na tv, sem sucesso em achar algo interativo e interessante. Senti uma vibração na cama, e peguei meu celular a fim de verificar, porém não era o meu. De longe, vi algo brilhando dentro da bolsa de couro de Kurt. Olhei para a porta do banheiro, esperando que o castanho demorasse em seu banho e voltei minha visão para a tela brilhante do iphone do rapaz.

Eu não deveria pegar aquele celular. Eu deveria confiar em Kurt, mas eu confiava. A única coisa é que minha curiosidade batia mais forte, e mais, e mais. Alcancei o aparelho aonde havia 4 mensagens. Destravei, agradecendo por não ter senha e comecei a ler.

A primeira vinha de Rachel. “Acabei de ver você e Blaine entrarem no cinema. Estou no shopping com Mercedes, Santana, Brittany e Quinn. Caso quiserem se juntar a nós, estamos no terceiro andar tentando tirar Brittany do carrossel.” Sorri com a mensagem. Era impressionante o fato de Kurt continuar amigo dos integrantes do ND mesmo estando em outra escola e em um coral rival.

“Deu tudo certo entre você e Blaine? Vocês sabem que todos nós torcemos por vocês.” Era a mensagem de Thad, me fazendo lembrar de um certo momento.

Olhei para Kurt, Kurt olhou para mim. Finalmente estávamos oficialmente juntos. Não oficialmente. Teríamos que nos “assumir” para nossos amigos. Segurei a mão do agora meu namorado, encarando aquela gigante porta em nossa frente. Vi Kurt assentir com a cabeça para mim e entramos na sala.

Assim que os integrantes do coral nos viram de mãos dadas entrar na sala, alguns sorriram, outros levantaram a sobrancelha em dúvida. Eu e Kurt nos sentamos, tentando segurar um sorriso que tentava aparecer em nossos lábios.

Alguns segundos de silêncio, foi o que precisou. Depois daquele tempo, todos os Warblers começaram a gritar e vir em nossa direção, nos abraçar.

– Até que enfim. – Disse Jeff participando do abraço grupal.

– Meu Deus, vocês são adoráveis! – Wes falou, tirando um sorriso de todos.

Eu e Kurt nunca rimos tanto em nossa vida. Era bom se sentir amado. Era bom estarmos juntos de uma vez por todas. Quando eu e Kurt éramos apenas amigos, Nick e Thad sempre davam um jeito de falar como o castanho era bonito, ou cantava bem. Não era surpresa que eles queriam que ficássemos juntos.

O barulho do chuveiro ainda continuava intenso, então passei a mensagem de Thad e continuei a ler as outras. A seguinte era também de Thomas. “Ei Kutse... Já fez meu trabalho de francês? xD” Sorri com aquilo. Thomas sempre fora o certinho da Dalton, porém no dia que descobriu que Kurt era fluente nessa outra língua, começou a obrigar o amigo a fazer seus trabalhos. Kurt fazia, pois adorava.

Passei para a segunda mensagem. “O céu pareceu ter mais cor quando eu te vi pela primeira vez. A cor de seus olhos fez parecer o azul do oceano um cinza para mim. Sua suave voz me fez duvidar de todos os sons que eu havia escutado até agora, e seu sorriso faz eu perguntar se consigo ficar mais um dia longe de você. Hey K, precisamos conversar sobre o que aconteceu começo da semana, ok? Beijos, saudades.” Era de Douglas.

– Hey, B. O que faz com meu celular? – Disse Kurt saindo do banheiro, já vestido, porém com uma toalha enrolada em seus cabelos. Virei meu rosto para encarar o moreno. Meus olhos estavam marejados e longes. Minha voz estava embargada e eu podia jurar que se eu tentasse falar algo, não sairia.

Me levantei da cama, caminhando até Kurt. Fiquei alguns segundos parado em sua frente, tentando absorver o fato de que Douglas havia mandado aquela mensagem. De que algo acontecera começo de semana e que aqueles olhos azuis não eram admirados somente por mim. Acabei por entregar o celular para Kurt, que olhou para o visor.

– Blaine... – Foi a última coisa que ouvi antes de fechar a porta do quarto e sair daquela casa.


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Notas finais do capítulo

XIIIIIIIII. Feliz páscoa pra todos! {=^.^=}