Roommate escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 4
#4


Notas iniciais do capítulo

(http://www.youtube.com/watch?v=r_8ydghbGSg) Skycraper - Demi Lovato.



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Sabe quando você fica quanto tempo sozinho que começa a se acostumar com a solidão? Como se ninguém quisesse ficar do seu lado e sua vida parasse de ter sentido? Não é ser dramático, é realmente o que eu estou sentindo. Sabe quando você tenta manter contato com uma pessoa especial, mas parece que ela tem outras coisas mais importantes pra fazer? É desse jeito que o mundo está caindo sob meus pés.

Não posso falar que a culpa é toda de Kurt, alguma parte dela é minha também, afinal, eu não o procurei. Desde aquele dia que eu saí de seu quarto, eu não o procurei mais. Mandei mensagens, mas não fui respondido, porém pelo menos foi algum ato. Ele não me respondeu.

Talvez Kurt estivesse ocupado demais com Douglas. Talvez. Eu nunca fiquei tanto tempo sem falar com Kurt. Uma semana não parece muito tempo quando se está feliz, mas quando se está triste se torna o tempo mais interminável de todos. E é. Ter Kurt longe me faz sem sentido, me faz tentar lembrar como eu era sem ele aqui na Dalton.

Me questiono se eu tivesse o procurado, ele estaria aqui sentado comigo nesse piano. Se estaríamos cantando um dueto feliz como antes de Douglas aparecer na Dalton. Me recuso a gostar daquele garoto. Tudo isso é culpa dele. Não é de Kurt, nem minha. É dele.

Meus dedos deslizam sob as teclas frias do teclado, querendo conhecê-las. Só havia uma música que descrevia aquele momento. Teclas foram pressionadas criando uma melodia. Aproveitei a chance de começar a cantar, já que até isso Douglas havia roubado de mim.

Skies are crying, I am watching
Catching teardrops in my hands
Only silence as it's ending
Like we never had a chance

Fecho meus olhos tentando esquecer tudo o que está acontecendo. Todo aquele sentimento que senti na sala de reunião ao beijá-lo havia voltado. Aquele frio na barriga de como eu tivesse fazendo algo errado, mas eu não estava. Porém estou fazendo agora.

Do you have to make me feel like
There is nothing left of me?

Talvez Douglas o faça mais feliz.

You can take everything I have
You can break everything I am
Like i'm made of glass
Like i'm made of paper

Talvez eu tenha fechado meus olhos para relembrar, ou talvez apenas para não deixar as lágrimas caírem. Em vão. Elas rolam pelo meu rosto agora e eu pareço sentir o calor da mão de Kurt sob a minha. Pareço sentir seus beijos em seus lábios que agora são um ponto de parada para as lágrimas.

Go on and try to tear me down
I will be rising from the ground
Like a skyscraper!
Like a skyscraper!

Continuo a tocar o piano, porém minha voz é falha. Ela fica cada vez mais fraca do mesmo jeito que a ferida no meu coração se abre mais e mais. Eu havia perdido Kurt.

As the smoke clears, I awaken
And untangle you from me
Would it make you feel better
To watch me while I bleed?

All my windows still are broken
But I'm standing on my feet

Era sexta-feira e a noite já vinha chegando ao longe. Todos os alunos deveriam ter ido para casa passar o final de semana e eu me encontrei só na sala do coral. Aquilo só magoava mais ainda. Eu deveria estar em Lima junto com Kurt. Burt havia tornado os jantares de sexta-feiras em família algo novo, e eu havia me tornado família.

You can take everything I have
You can break everything I am
Like i'm made of glass

Meus braços pareceram cansar, assim como minha voz... E meu coração. Não fui capaz de terminar a música e me achei em lágrimas sentado em um piano, com minhas lembranças em Kurt e em todos os momentos que tivemos e talvez nunca iríamos ter novamente. Que se dane seu orgulho, Blaine.

Me levantei daquele banco com intenção de pegar meu carro e dirigir até Lima. De pedir desculpas para Kurt por estar tão ausente, o abraçar e não soltar tão cedo. Porém assim que me virei encontrei Kurt encostado da porta que dava acesso à sala do coral. Seu olhar estava em mim, e pude ver em seu olhar seu coração quebrado, assim como o meu.

Fui até ele e ele até mim, e no meio do caminho nos abraçamos. Que saudade que eu senti do calor do seu corpo, dos seus braços rodeando minha nuca. Seu cheiro continuava o mesmo, e se eu tivesse a opção eu não o soltaria nunca mais, e creio que isso era recíproco. Meus dedos apertavam suas costas, tentando fazer o ficar ali pra sempre. Lágrimas não desciam mais pelo meu rosto, mas minha respiração ainda estava comprometida.

– Senti tanto sua falta. – Falei ainda de olhos fechados, apertando-o mais ainda contra mim. Kurt não respondeu, somente me puxou mais pra perto se possível. De todos os abraços, aquele ficaria no topo. Era um pedido de desculpas de ambos.

Eu sentia sua respiração um pouco abaixo de minha orelha e isso me arrepiava. Eu ainda lembrava o sabor de seu beijo, eu ainda sentia seus lábios no meu desde a última vez que nos beijamos, mas eu queria aquele sentimento novamente. Descolei meu rosto do seu pescoço e então olhei para aquele rosto branco, aqueles olhos azuis agora vermelhos e sabia o que fazer. Apenas fechei meus olhos novamente e encostei minha boca na sua.

Kurt correspondeu ao beijo no mesmo momento que entrei com minha língua em sua boca. Seu beijo continuava o mesmo, nossa sintonia também. Coloquei minhas mãos em sua cintura e Kurt repousou a sua em minha nuca. Beijar Kurt era o que eu precisava para me preencher. Preencher aquele vazio que eu estava sentindo minutos atrás.

Nos separamos lentamente e assim que abri meus olhos encontrei Kurt ainda de olhos fechados e boca semi-aberta, com lábios vermelhos e bochechas coradas. Lentamente ele abriu os olhos e foi formando um pequeno sorriso em seus lábios.

– Senti sua falta também. – Ele falou, soltando seus braços de minha nuca e levando suas mãos à minha. Sorri também, um sorriso forçado pra quem estava chorando à alguns minutos. – Vamos.

Kurt estava me puxando pela mão pelos corredores da Dalton. Eu perguntava o motivo, sem obter respostas. Isso me lembrou do dia em que nos conhecemos, aonde eu o puxava pela mão sem a menor vergonha. Quem diria que em poucos meses estaríamos namorando, precisando um do outro como nunca.

Chegamos ao estacionamento. Kurt me abraçou e quando eu fui retribuir o abraço percebi que o único motivo dele fazer aquilo era pra pegar a chave do meu carro que estava no bolso do blazer que eu usava. Com um sorriso ele abriu a porta do passageiro para mim e fez menção para eu entrar. Entrei, mesmo não entendendo nada do que estava acontecendo e Kurt começou a dirigir para fora do colégio.

Perguntei algumas vezes para onde estávamos indo, e sem obter respostas percebi que era inútil perguntar. Ignorei minha curiosidade em saber o destino e fiquei apenas observando Kurt enquanto dirigia. Fiquei observando o jeito que seu cabelo caía sob sua testa, as gotas de suor escorrerem pelo canto do rosto e se perderem na gola da camisa. Kurt era perfeito.

Quando percebi, Kurt havia estacionado o carro. Olhei para ver aonde estávamos e reconheci uma pequena casa, reconheci também esse sorriso no rosto de Kurt que só se abria quando encontrava seu pai. Kurt tinha dirigido até Lima. Saí do carro junto com Kurt e nos dirigimos até a porta da casa, aonde Burt nos esperava.

– Boa noite, meninos. – Burt segurou o blazer de Kurt e o meu assim que entramos. Dentro da casa estavam também Rachel, Finn e Carole. Olhei para meu namorado e o vi me encarando com um sorriso. Esse era seu jeito de se desculpar. Ele havia me levado até sua casa para me mostrar que eu ainda fazia parte da família, para eu me sentir amado novamente. Apertei sua mão e me sentei à mesa, aonde todos estavam.

– E então, meninos. Como está a escola? – Carole dizia enquanto servia a janta para todos. Não era um banquete, mas era o suficiente para eu me sentir em casa de um jeito que eu não sentia faz tempo. Eu apreciava as tentativas de minha mãe de tentar juntar nossa família para refeições finais de semanas, porém nunca saía perfeito. Meu pai sempre acabava bebendo uísque demais e acabava brigando e jogando na minha cara que eu era o filho que ele não queria nunca ter tido. Foi por esse motivo que eu parei de freqüentar minha casa finais de semana, e Kurt sabia disso. Foi exatamente por isso que ele me chamou para passá-los aqui com sua família. Carole me adorava, e Burt no fundo também. Ele sabia o bem que eu fazia para Kurt.

– Bom. – Respondi enquanto comia.

– Kurt falou que vocês tem um amigo novo. Douglas, certo? – Finn falou, me fazendo soltar o garfo na hora involuntariamente. Me olharam, mas eu apenas voltei a comer, deixando Kurt responder.

– Sim, ele é meu colega de quarto. É também o mais novo solista dos Warblers. – Kurt segurou minha mão por debaixo da mesa e eu o encarei com um sorriso acolhedor. Estava tudo bem desde que estivéssemos juntos.

– Blaine não é mais? – Perguntou Rachel me encarando confusa.

– Resolveram me tirar e colocar o novato. – Falei ríspido.

– Então ele deve ser bom mesmo... – Rachel deu um gole em sua água. – Digo... Tiraram você pra colocar ele, então ele deve ser bom.

– Ele é normal. – Falei como quem quisesse encerrar aquele assunto, e todos perceberam minha antipatia com aquele cara. O resto da conversa seguiu normalmente, assim como aquela agradável noite. Acabamos eu, Finn e Burt sentados no sofá assistindo ao futebol de todas as sextas enquanto Kurt, Rachel e Carole conversavam na cozinha.

– Você não gosta daquele Douglas, não é? – Perguntou Burt enquanto abaixava o volume da televisão para me ouvir responder. Levei meu olhar ao homem mais velho que me encarava, assim como Finn.

– Sinceramente não. Mas se ele faz Kurt bem, é um ótimo amigo.

Burt e Finn sorriram ao ouvir minha resposta. Eu me preocupava com Kurt. Antes ele parecia perdido na Dalton, como se falasse com meus amigos por obrigação, mas agora ele tinha o seu próprio e eu não podia o proibir de ter amizades. Me levantei do sofá, arrumando as almofadas.

– Vou me retirar. Foi um dia cansativo. Boa noite. – Acenei para Kurt na cozinha e comecei a subir os degraus, quando Carole chamou minha atenção.

– Blaine, querido. Rachel vai ficar com o quarto de hóspedes já que a cama de Finn é de solteiro. Você se importaria de dormir com Kurt? – Carole me perguntou e Burt não pareceu se importar. Eu namorava Kurt a tempo suficiente para isso?

– Se Kurt não se incomodar... – Falei encarando o castanho.

– Tudo bem por mim. Eu também já iria me retirar... – Deu um beijo na mulher mais velha e acenou para seu pai na sala.

– Boa noite, meninos. Juízo. – Falou Burt voltando a assistir a tv com naturalidade. Segurei a mão de Kurt e subimos as escadas juntos, caminhando até seu quarto. Entramos e a porta foi fechada.

– Kurt, teria como você me emprestar um pijama seu? Você me arrastou pra cá sem sequer deixar eu preparar algumas roupas... – Falei me sentando na beirada da cama enquanto Kurt procurava seu pijama no guarda-roupa. Ele assentiu com a cabeça enquanto ainda procurava algumas roupas.

– Serve uma camiseta e uma bermuda?

– Sim. – Peguei as peças de roupa que Kurt oferecia e fui até o banheiro me trocar. A camiseta ainda tinha o cheiro de Kurt. Ela ficou um pouco apertada, mas nada que incomodasse. Assim que abri a porta, Kurt entrou e eu saí. Distribuí os travesseiros e me sentei na cama enquanto mexia em meu celular ajustando o despertador. Eu queria que Kurt escolhesse o lado qual quisesse ficar. Alguns minutos depois, Kurt saiu do banheiro.

– Esquerda ou direita? – Perguntei tirando meus olhos do visor do aparelho e encontrando Kurt vestindo um pijama azul escuro, porém lindo do mesmo jeito. Me levantei e dei a chance de ele ir para a cama. Kurt escolheu o lado direito, me fazendo dar a volta na cama para deitar também.

Deitamos virados um para o outro, tentando assimilar o que iríamos fazer. Seria a primeira vez que dormiríamos juntos, e seus pais sabiam e confiavam em nós o suficiente para fazer isso. Kurt deu um sorriso e se aproximou de mim, e eu repeti o mesmo ato. Logo nossos corpos estavam colados e nossas testas também. Quebrei aquele pequeno existente espaço selando nossos lábios e pousando minha mão em sua cintura. Kurt correspondeu o beijo que começou lento, mas depois foi ficando mais intenso, aonde sugava todo nosso ar.

Puxei Kurt pra mim, passando com meus braços por suas costas. Kurt separou o beijo para respirar, mas eu o puxei novamente para meus braços. A luz do abajur iluminava nossos corpos cobertos apenas com um fino lençol. Senti os lábios de Kurt saírem dos meus.

– Blaine, eu... nunca... – Kurt falou me alertando, se afastando um pouco de mim na cama.

– Eu também não.

– Não precisamos fazer isso hoje, precisamos? – Kurt me olhava, esperando alguma resposta. Demorei um pouco pra saber o que falar.

– Não, não. Tá tudo bem. – O puxei novamente para um selinho. – Vamos apenas nos deitar.

Kurt se virou, e eu o abracei por trás. Nada novo, pois sempre que víamos filme ficávamos assim de conchinha. Kurt se deitou por um dos meus braços enquanto o outro circulava seu peito. Nossos quadris se encaixavam e minha respiração esquentava o pescoço de Kurt.

– Boa noite, Blaine. – Kurt falou fechando os olhos e naquele momento eu senti uma força maior que eu, algo que precisava ser dito naquele momento mais que nos demais.

– Eu te amo, Kurt. – Falei e Kurt se virou lentamente para me encarar. Ele não me olhava com espanto, muito pelo contrário. Simplicidade estava em seu olhar. Ele sorriu um pouco e capturou meus lábios em um beijo curto.

– Eu também te amo, Blaine. – Ele se virou novamente, apertando meus braços contra si. – Esse final de semana vai ser ótimo.

Assenti e o abracei. Adormecemos em pouco tempo, mas eu sabia que seria um final de semana inesquecível. Eu nunca tive tanta certeza disso, mas é com Kurt que eu quero ficar até o final de nossas vidas.

– Boa noite, Kurt. – Falei quase pegando no sono, mas Kurt não respondeu. O castanho já estava na terra dos sonhos.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora pra postar. Sem Douglas nesse capítulo por que eu senti a necessidade de fazer um romance. Tem capítulo novo quarta-feira se tudo correr como eu planejo. Beijos e continuem lendo.

PS. Mudei meu nick aqui no NYAH de KlaineAddicted para Lyandra. Só avisando pra vocês não se confundirem. Beijos.