Eu abri a porta rapidamente e lá estava ele. Ele vestia uma calça jeans preta, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro. Ele estava muito bonito. Eu reparei que nunca percebi que roupas que ele usava, eu não conseguia desviar os olhos de seu rosto.

  - Você está linda. – ele disse depois de um tempo.

  - Você também.

  - Vamos? – ele disse me estendendo um braço.

  - Vamos.

     O tempo fora da escola parecia lindo. O sol se punha ao oeste, o tempo estava agradável e os alunos pareciam muito animados por terem um final de semana de folga. Esse foi o primeiro dia em semanas que eu me senti bem de verdade. Ele me levou para do portão – que já tinha sido arrumado – e eu me senti livre. Ele parou em frente de uma moto preta e linda, mas não parecia nem um pouco segura. Ele subiu e ligou o motor.

   - Venha, suba aqui. – ele batia na garupa atrás dele.

   - Isso é seguro? – ele percebeu minha hesitação.

   - Totalmente. Venha.

   Subi na moto e passei meus braços por sua cintura, talvez até forte demais. Ele deu uma risadinha e começou a moto andar. Eu fiquei com muito medo no começo, mas depois eu fui sentindo o vento no meu cabelo e me senti muito bem. Nós chegamos na cidade quando anoiteceu e haviam muitas pessoas na rua. Essa agitação, essas luzes e essa liberdade me lembravam de Londres. Parecia que havia passado uma eternidade desde que não me divertia tanto. Ele parou a moto em um estacionamento lotado e desceu.

   - Chegamos. – ele disse enquanto me ajudava a descer da moto.

   - Onde estamos?

   - No parque de diversões mais legal de Manhattan.

  Ele pegou na minha mãe e me levou para a entrada. O parque era todo iluminado, com muitas pessoas e brinquedos. Parecia ser mesmo o melhor parque de Manhattan.

   - Devo admitir que esse deve ser um dos melhores encontros da minha vida. Em Londres, tinham paparazzis e pessoas inconvenientes em todo lugar.

   - Um dos? Eu vou fazer esse encontro ficar o melhor.

  - Convencido.

    Nós fomos na montanha russa, na roda gigante – que tinha vista para a cidade toda -, no trem fantasma e no carrinho de bate bate. Nós estávamos no fliperama do parque, quando ele falou que iria comprar alguma coisa para nós comermos. Eu estava me divertindo muito. Eu não estava sendo fotografada, não tinha que tomar cuidado para não cometer besteiras e estava com um garoto por quem eu estava realmente apaixonada. Eu estava jogando quando alguém pegou na minha cintura. Eu pensei que fosse Damen, mas quando me virei não era ele. Era um garoto loiro, magro, mas musculoso, alto e bronzeado. Não parecia o tipo de garoto que você encontraria aqui. Ele era bonito. Seus olhos azuis elétricos me encaravam e eu encarei de volta.

    - Me solta. – eu ordenei.

    - Damen não me disse o quão bonita você é Ever – ele disse com um sotaque australiano.

    - Quem é você?  - eu disse desconfiada.

    - Sou Jude. Um velho amigo do seu namorado. Como ele está? Pelo visto muito bem.

   - O que você está fazendo aqui?

   - Calma gatinha, eu fui contratado para fazer uns servicinhos, mas já estou de saída. – ele disse com um sorriso presunçoso. Ele me olhou direto nos olhos e disse: Não conte a Damen que estou aqui, não ainda. E ele se foi.

   Eu fiquei um pouco confusa e tonta, parecia que eu ia desmaiar. Senti braços quentes me segurando e relaxei.

   - Você está bem? – ele perguntou claramente preocupado.

   - Sim. Eu só me senti um pouco tonta, mas eu não lembro o porquê.

  Ele comprou cachorros quentes, refrigerantes e algodão doce. Nós comemos e voltamos para o fliperama. Ele jogou um jogo de tiros e ganhou um urso enorme para mim. Ele estava certo, esse definitivamente foi o melhor encontro da minha vida. Em nenhum momento ele soltou a minha mão. Eu poderia ficar aqui para sempre. Aqui era tão colorido, confortante e familiar. Parece que eu já estive aqui antes. Nós andamos até a praia e sentamos na areia. Dava para ver os fogos de artificio do parque perfeitamente e eu não queria que esse momento acabasse.

   - Aqui é lindo.

  - É sim. – ele disse olhando para o céu.

  - Como foi a primeira vez em que você me conheceu? – eu perguntei de repente.

  - Foi há algum tempo. Eu era protetor há alguns anos, mas nunca tinha protegido ninguém. Quando fui designado para tomar conta de você, você já era uma adolescente. Você era mimada, e sempre conseguia tudo o que queria. Mas você era inteligente, porque você descobriu sozinha que eu estava te seguindo. Eu te contei que era seu protetor, no começo você não acreditou, mas depois levou tudo na boa. Você era filha de um homem poderoso na Itália renascentista. Você era linda, parecia muito com você hoje. Todos os homens da sociedade queriam casar com você, mas você queria casar comigo. Estava tudo dando certo, eu ia pedir a benção de seu pai, mas você morreu afogada no mesmo dia.

   - Nossa. Deve ter sido triste.

  - E foi. Depois disso eu não queria proteger mais ninguém, mas ai eu encontrei você de novo e me apaixonei.

   Eu o abracei e ele me pegou no colo. Damen começou a me beijar suavemente. Diferente do beijo da biblioteca, esse foi mais suave, mais carinhoso, melhor. Eu passei meus braços em volta do seu pescoço e apertei seus cabelos. Nós estávamos sentados na areia – eu em seu colo -, mas ainda sim parecia a coisa mais confortável do mundo. Nesse momento eu soube que eu estava perdidamente apaixonada por ele e queria que ele fosse meu para sempre. Nós paramos para respirar e depois começou tudo de novo.