O dia amanheceu ensolarado, mas não era isso que alegrava a mansão dos Castillo. No quarto principal, uma loira ainda dormia sonhando com seu príncipe encantado. Ele por outro lado, já estava no escritório todo atrapalhado com todos aqueles papéis e problemas. Outra ligação tinha o acordado nessa manhã. Ele não queria sair de perto dela, mas tinha que atender.

Depois de organizar tudo, ou pelo menos tentar, ele resolveu voltar para o quarto. Abriu a porta em silêncio para não acordá-la e deitou ao seu lado. Ele a observava com carinho e paixão, mas não conseguiu resistir e beijou sua testa. Ela se mexeu na cama, meio que se espreguiçando e abriu os olhos.

- Bom dia, meu amor. – A primeira coisa que ela viu foi seu sorriso, o que a fez sorrir.

- Bom dia – ela respondeu sorrindo. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa ele se aproximou e a beijou.

- Como você dormiu?

- Melhor impossível. - Angie sorria de orelha a orelha enquanto German a observava.  – Preciso levantar, tenho que ir ao Studio.

Ela falou relutante. Não queria sair dali, onde seu mundo estava perfeito, onde ela tinha German.

- Já? – ele perguntou triste.

- Tenho muito que fazer...

Angie se levantou e foi se arrumar. German sentou na cama e ficou pensando em tudo que estava acontecendo. Para ele a única coisa que importava naquele momento, era que Angie estava lá.

Pov. Violetta.

Assim que acordei vi que meu celular tinha duas mensagens, ambas de Leon.

“Bom dia meu amor”

“Posso passar te pegar para ir ao Studio?”

Pensei bem antes de responder. Eu precisava conversar com Angie, mas eu não queria dispensar Leon. Resolvi ligar para ele.

- Bom dia – falei animada.

- Bom dia meu amor, como estão às coisas?

- Melhor impossível. – Eu estava sorrindo como uma boba. – E ai na sua casa?

- Estão indo... Então posso te passar para irmos juntos ao Studio?

- Ah, então. Você sabe que te amo né?

- É, cheguei a desconfiar disso em algum momento... – Ele falou brincando e me fez rir.

- Seu bobo. É que... – Mesmo Angie sendo professora do Leon eu tinha que falar para ele, não podia explicar para ele de outro jeito. – Angie dormiu aqui noite passada, e queria conversar com ela.

- Tudo bem, vou me sentir trocado.

- Como você está carente hoje, garoto.

- E estou com saudades também. Mas eu te entendo. Então nos encontramos no Studio?

- Com certeza.

- Não cheguem atrasadas. Te amo.

- Também te amo.

Desliguei o telefone e fui me arrumar.  Enquanto descia para tomar café da manhã, notei que a casa estava alegre, e isso não se devia ao fato de estar lindo o dia. A energia da casa estava boa. Não existiam mais mentiras, nem enganações. Apenas o amor. O café não estava pronto, então sentei no piano e comecei a tocar.

Hay algo que tal ves deba decirte,

Es algo que te hace muy, muy bien

Se siente tan real, esta en tu mente,

Y dime se eres quien tu quieres ser.

Escutei passos na escada e olhei para trás parando de cantar, mas continuando com a melodia. Angie e meu pai desciam de mãos dadas e ambos estavam sorrindo mais do que nunca.  

- Continua Vilu – meu pai disse.

Parei de tocar piano e encarei Angie por um tempo.

- Canta comigo Angie?

- N... Nã... Não... – ela gaguejava e mudou seu olhar rapidamente para a ponta do seu sapato.

- Por que não Angie?

Papai também a olhava ansioso.

- Vilu...

Antes que ela pudesse falar alguma coisa voltei a tocar. Meu pai disse alguma coisa em seu ouvido e ela sorriu.

No hay nada que no puedas conseguir, Si vuelas alto…

Sorri para Angie e ela cantou o refrão comigo.

Hay mil sueños de colores

No hay mejores, ni peores

Solo amor, amor, amor y mil canciones, Oh

Ya no ha razas, ni razones

No hay mejores, ni peores

Solo amor, amor, amor y mil opciones

De ser mejor.

Quando acabamos, Olga, Ramalho e meu pai nos olhavam admirados. Angie voltou a olhar para seus pés e papai a abraçou.

- Que lindo, minha pequenina – Olga falou me abraçando.

- Obrigada Olga.

- Angeles... – ela disse. German soltou Angie para Olga abraçá-la. -Canta tão bem quanto sua irmã.

- Obrigada Olga.

- Muito lindo. Parabéns.

- Obrigada Ramalho – respondi.

Angeles voltou a olhar para baixo.

- O café está servindo.

- Então vamos – falei levantando do piano. – Obrigada Angie, por cantar comigo.

A abracei e fui para a mesa. Papai e Angie não demoraram muito, mas quando percebi que Angie iria novamente sentar ao meu lado, olhei severamente para ela, que entendeu o que eu quis dizer.

- Quais são os planos para hoje? - Meu pai perguntou.

- Vai depender muito do que minha professora de canto resolver fazer.

- Então, quais são os planos para hoje? – Papai repetiu a pergunta, mas dessa vez diretamente para Angie.

- Conversar com Antonio, passar no Resto e aviso vocês na aula. Dependendo do que eu consiga vou convencer Gregório a nos ajudar.

- Ajudar em que Angie?

- Alguém precisa fazer a coreografia...

- Pede pro Pablo.

Meu comentário escapou sem querer. Quando percebi que poderia ter dito besteira olhei para meu pai, porém ele parecia normal.

- Veremos. – Angie falou comendo sua torrada.

O resto da refeição foi tranquilo. Como em uma família normal, onde não tiveram brigas nem discussões.

- Violetta olha a hora! – Angie exclamou levantando-se da mesa. – Estamos atrasadas, vamos!

Tínhamos dez minutos para chegar ao Studio e levando em consideração que Angie é a professora, ela já deveria estar lá.

- Tchau papai.

- Tchau Vilu – ele se levantou e beijou minha testa.

- Te espero lá fora Angie.

Pov. Violetta Off.

- Podemos jantar juntos? – German perguntou à Angie.

Por mais que ela quisesse, ela precisava de um tempo para pensar em tudo que está acontecendo.

- Não sei. Tenho que conversar com minha mãe. Você a conhece – “ou pelo menos deveria” ela pensou, mas não disse – não sei como vai reagir a isso. Eu te ligo pode ser?

- Tudo bem. Tenha um bom dia.

- Você também.

Seus lábios se encostaram levemente e ela saiu. Na frente do portão, Violetta esperava sorridente.

- Angie! – ela falou saltitando. – Você é a melhor pessoa do mundo sabia?

- Eu Violetta? Por quê?

- Você contagia a todos com seu sorriso, com sua alegria. Você deixa o papai feliz e para mim isso que importa. Agora precisamos planejar o casamento.

- Vilu, teu pai não me pediu em casamento.

- E você acha que ele não queria se casar com uma pessoa maravilhosa como você?

A pela branca da loira ficou vermelha e quando o silêncio não bastava ela disse:

- E como você está com o Leon?

- Ah, Angie... – Violetta respondeu sonhadora. – Está tudo tão perfeito. Nem parece que é verdade.

- Não fala assim, Violetta.

- Mas é verdade. Ser feliz, por um tempo pareceu impossível para mim.

- Mas agora tudo está certo, não é?

Elas pararam de andar e Angie olhou atentamente para Violetta.

- Claro que sim! Eu tenho uma família, não minto mais para meu pai, meu pai está feliz, você está feliz e eu estou feliz. Mais feliz impossível.

Elas se abraçaram e continuaram caminhando em direção ao Studio. Elas conversavam, riam e se divertiam juntas.  

- Vilu, eu vou conversar com Antonio e depois vou ao Resto. Se tudo der certo, vocês vão precisar montar uma tabela de horários.

- Tudo bem. Avise-nos assim que souber.

Angie entrou na sala dos professores, enquanto Violetta ia em direção ao vestiário.

Pov. Violetta.

Entrei na sala de dança e apenas Ludmila estava lá. Assim que me viu entrar, soltou a música e começou a dançar. Ignorei seu exibicionismo e fui me alongar. Tive que escutar a mesma música quatro vezes, até Leon chegar à sala.

- Vilu – ele se aproximou. - Conversou com Angie?

- Conversei sim – não conseguia controlar meu sorriso. – Está tudo certo.

- Fico feliz. Então, podemos ir ao Resto hoje? Depois da aula do Gregório?

- O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AI PARADOS? – Gregório entrou na sala, com sua bolinha na mão, gritando.

Enquanto falava com Leon, não percebi que todos haviam chegado.  Todos nós fomos para nossas posições e quando Gregório soltou a música começamos a dançar. Depois da aula, fui com Leon até o Resto. Sentamos em uma mesa e pedimos dois sucos. Estávamos conversando sobre partituras quando uma menina interrompeu.

- Leon? – ela parou do lado da mesa e percebi que ela não frequentava o Studio.

- Sim.

- Ai meu Deus, eu nem acredito que finalmente te encontrei!

- Desculpe... Mas eu te conheço? – meu namorado perguntou educadamente.

- Sim, quer dizer, não... Eu... Desde...

A menina estava alegre de mais, ela não conseguia parar de sorrir, muito menos conseguia completar uma frase.

- Se acalma – Leon falou sorrindo. – Respira fundo e começa de novo.

- Nossa Leon! Eu nem acredito que te encontrei! Desde o The U Mix, sonho com esse dia e agora eu pareço uma boba. – Ela tirou o celular da bolsa e me entregou. – Pode tirar uma foto nossa? Por favor!

Leon assentiu com a cabeça e se levantou. Peguei o celular da menina e tentei sorrir, mas a situação estava começando a me irritar.

- Sorriam! – falei ironicamente e tirei a foto.

- Ai! Obrigada! – a menina disse ainda sorrindo. Rapidamente ela deu um beijo na bochecha do Leon e disse. – Te amo Leon.

Por sorte da menina, ela beijou o meu namorado e foi embora, se não eu ia bater na casa daquela desaforada. Leon riu quando percebeu o ódio que estava claramente estampado em meu rosto..

- Não me olha assim Leon. – falei brava.

- Mas eu tenho culpa que sou irresistível?

Virei de costas e cruzei os braços batendo o pé no chão. Ele colocou suas mãos na minha cintura e me abraçou por trás.

- Minha pequena está com ciúmes? – eu continuei o ignorando sem olhar para ele. – Se você quer ficar em silêncio, vamos aproveitá-lo para outra coisa.

Leon me girou, mal deu tempo dos nossos olhares se encontrarem, pois logo estávamos nos beijando apaixonadamente. Esqueci todo o ciúme que me consumia há poucos segundos atrás e aproveitei aquele momento com meu namorado.