Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 53
Capítulo 53 - Inevitável




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Vitor não foi na aula aquela semana inteira. Não queria conversa, pensaria meticulosamente sobre tudo que iria dizer pra não soar grosso, idiota, impulsivo ou qualquer uma dessas coisas que geralmente o definiam. Só queria um tempo pra pensar. Pra pensar se o tal destino queria mesmo os dois juntos ou se dava todos os sinais de que aquilo nunca daria certo. Porque ela tinha dúvida? Essa era a coisa que mais deixava ele aflito, o levando a quase ligar pra ela e a quase bater na porta dela a quase todo o momento.

Lia tentava ligar pra ele a todo momento, preocupada de alguma coisa grave ter acontecido com ele, mas Fatinha insistia que ele estava apenas sem saco pra ir pra aula e queria beber em casa. Ao ser questionada do porque que ele não atendia as suas ligações, Fatinha ficava em silêncio, assim como Orelha. Na manhã de sexta, Lia fez questão de arrastar Fatinha pelos corredores do colégio até a sala de monitoria, vazia, no andar de cima.

- Tá maluca?? - Perguntou Fatinha, no trajeto.

- Nem pensa em fugir, Fatinha. - Disse Lia, enquanto entrava com ela na sala.

- Tá, eu já sei o que vai perguntar.

- Então, cadê ele? O que tá acontecendo? Fala logo, Fatinha. Eu não vou parar até você me dizer.

- Lia, eu sei lá! Você tem que falar com ele.

- Eu tô tentando, você não tá vendo?

- Ok, eu sei, tá bom? Então espera ele te procurar.

- Meu Deus, o que foi que eu fiz?

- Ah, você não sabe, é? Que coisa. - Disse Fatinha, totalmente ironica. - Dá uma varrida nessa sua cabeçinha de vento e tenta encontrar algo.

- Ele falou com o Sal?

- Sobre o que? - Fatinha continuava com o tom de ironia. - Sim, Lia. Eu já sei que você pegou o irmão do Vitor. Você não tem vergonha? - Fatinha soltou, ignorando os pedidos de Vitor para não falar nada com Lia.

- Meu Deus, Meu Deus. - Lia sentou no canto da sala, abraçando os joelhos. - Que merda.

- Éééé. Ele que o diga. E você, tem como se explicar dessa vez? - Fatinha perguntou, ouvindo como resposta apenas o silêncio. - E eu que comecei a querer vocês juntos, né. Devo ter um pouco de culpa! - Disse Fatinha, quase saindo.

- Fatinha, espera! - Fatinha voltou uns passos, encarando Lia com pouca paciência. - Se eu aparecer no Orelha, ele fala comigo?

- Acho que sim. Mas sério, Lia... Se você não tem uma desculpa, é bom se preparar pra ouvir muita coisa.

- Tudo bem.

Vitor estava esperando conseguir chegar pelo menos até segunda sem Lia simplesmente invadir a casa de Orelha. Pela tarde de sexta, enquanto Orelha e Morgana "estudavam" no sofá da sala, ouviram batidas insistentes na porta.  Orelha lançou um olhar para Morgana, como se soubesse o que aconteceria. Abriu a porta e Lia entrou no apartamento, sem esperar convite.

- Oi Morg. - Disse Lia sem graça, logo voltando a se dirigir à Orelha. - Orelha, o Vitor tá no quarto?

- E-ele não aparece aqui há dias, Lia. - Lia analisou bem o rosto de Orelha. 

- Ele sempre mente assim, tão mal? - Perguntou Lia a Morgana. - Orelha, eu vou entrar. Com licença. - Foi então que Orelha pulou em cima de Lia, como se a abraçasse por trás. Morgana olhou pra ele como se ele fosse doido.

- Orelha, dá pra sair de cima de mim?

- Vitor, foge pela janela! - Orelha gritou em direção ao fim do corredor, segurando Lia, que não fazia esforço algum.

- Orelha, isso é ridículo. - Disse Lia, jogando Orelha no chão, com um mínimo esforço.

Lia entrou no quarto de Vitor abrindo a porta com força e ele já a esperava, sentado em um canto do quarto com um caderno apoioado nas pernas e uma caneta na mão. Suspirou profundamente, insatisfeito com seu plano quase sucessivo. Ainda não estava pronto.

- Vitor, eu preciso que você me entenda. Eu fiz besteira, tá bom? Você fez várias também. A gente tava indo tão bem.

- Lia... - Vitor respondeu, com a voz suave, levantando do chão. - Você não tá cansada?

- Do que? - Ela perguntou, confusa.

- De tanta confusão. Me falaram uma vez que o amor é quando você tá se sentindo feliz com alguém, quando nada mais importa. Você tá feliz? A todo momento tem alguma coisa. Eu tô cansando.

- Vitor, não tem coisa nenhuma... Eu gosto de você. E eu sei que você tem medo de ser feliz, eu também! E é por isso que a gente estragou as coisas tantas vezes mas eu não quero mais estragar nada. Eu quero ser feliz com você.

- Isso é muito bonito, mas você se esqueceu que antes de ter tanta certeza, minutinhos antes, você estava em dúvidas.

- Vitor, para... - Ela tentou.

- Eu vou facilitar pra você. Não sou mais uma opção. Tá bom?

- Para com isso! Cala essa boca! - Ela falava alto, botando uma mão no rosto dele. - Você sabe quanto é difícil duas pessoas se gostarem como a gente se gosta?

- Sim, é difícil tanta doença.

- Vitor... Chega. 

- Chega mesmo! - Ele gritou, se afastando. - Pra mim chega. Por um bom tempo. Chega de você.

- Vitor, para de drama e olha pra mim.

E ele olhou. Ela agora começava a chorar. O arrependimento por suas palavras duras fez com que Vitor a abraçasse com força, posicionando uma das mãos nos cabelos dela, o que a fez chorar ainda mais.

- Eu não quero te ver assim, menina. Eu não sou bom pra você.

- Cala essa boca... - Ela falava, suavemente. - Você é o melhor pra mim. - Vitor a soltou, ficando apenas alguns centímetros longe dela, sem tocar em nenhuma parte de Lia. E então lembrou de uma das coisas que tinha que dizer.

- Imagina isso. Você descobre que eu tava em dúvidas entre você e a Luana. Que eu beijei a Luana, que logo depois eu fui correndo te procurar e transar com você, e dizer que te amo. Sendo que eu tinha beijado outra pessoa e ficado em dúvida minutos antes. Só me diz Lia, me diz se eu tô sendo injusto aqui?

Ela olhou pra aqueles olhos azuis, sem saber o que falar. Ela provavelmente ia bater nele até ele sangrar se soubesse disso. 

- A gente precisa ver como é ficar um sem o outro, a gente precisa conseguir isso. E então talvez você tenha essa certeza. - Lia se irritou mais uma vez com o comentário dele, pois ela e só ela sabia da certeza que tinha. Derramou a última lágrima e se dirigiu até a porta, dizendo em claro e bom som antes de sair.

- Você é um medroso idiota. Mas tem razão. E se você acha que eu vou correr atrás de você... Tchau, Vitor. - Ela saiu, batendo a porta. 


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Notas finais do capítulo

Pessoal, peço mil desculpas por não ter postado ontem. Acabei saindo de última hora pro protesto que aconteceu em Porto Alegre. Beijos!