Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 41
Capítulo 41 - Muito Azar




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Muito azar. Muita provocação. Vitor tinha lido a lista antes, com certeza. Era o que ela pensava, e pensava certo. Como o emprego na oficina estava completamente descartado de seus planos até se recuperar completamente da perna, Vitor achou a oportunidade perfeita. Ganharia menos, mas trabalharia muito menos. Uma aula por semana, poucos alunos... Nada de estresse ou de desafios para ele. Era tranquilo. 

- Algumas aulas serão em grupos, algumas individuais... Mas vocês todos tem afinidade com esses colegas e vão conseguir ir bem. Os pais aprovaram o método. Esperamos por resultados. - Disse Mathias. - As aulas serão no colégio mesmo, nas salas vagas. 

Mathias logo se retirou e Lia não ousou olhar pro lado e ver a cara de satisfação de Vitor. Logo que o sinal bateu para o intervalo, Orelha comunicou à todos que na sexta-feira haveria uma despedida para Dinho no apartamento dele, já que o amigo iria embora no sábado. Quando foram pro pátio, Lia se juntou à Ju e Gil, que dessa vez incluíram mais ela na conversa. Vitor chegou e cumprimentou o casal, e estendeu a mão para entregar à Lia um papel.

- Aí está minha grade de horários. Dei preferência à você, então escolhe um desses dias e dessas horas aí pro atendimento. - Ele disse, sem fazer cara de provocação, nem nada.

- Você deve estar adorando isso. - Disse ela, pegando o papel da mão dele bruscamente, evitando olhar nos olhos. Ju e Gil só se olhavam.

- Na verdade, estou sim. Já perceberam que as alunas mais gostosas do terceiro e segundo ano tem dificuldade em História? - Ele sorriu. - Sorte a minha. - Vitor alcançou uma caneta para Lia marcar o horário desejado no papel.

- Babaca. - Lia devolveu o papel e a caneta, mas Vitor ainda não saiu dali. Ficava apenas sorrindo, com as mãos pra trás.

- Mas vem cá, o que você tava fazendo no dia daquela prova, que não conseguiu acordar? - Perguntou ele.

- A Lia não consegue dormir direito quando a mãe dela tem plantão. - Disse Ju, recebendo um olhar feio de Lia.

- Ahhh, que coisa mais lindinha. - Debochou Vitor. - Agora vai ter que me aguentar. - Ele piscou pra ela, virando as costas.

- Daria tudo pra ter feito aquela prova. - Resmungou Lia, mas Vitor não se deu ao trabalho de olhar pra trás.

- Esse cara é um idiota mesmo... - Disse Gil. - Como pode o irmão dele ser legal e ele ainda perder tempo pra te encher o saco?

- Não sei... - Disse Lia, enquanto observava Vitor abordar um grupo de garotas e passar o papel entre elas. - Mas se ele quer me irritar, tá conseguindo.

Na saída do colégio, Sal esperava o irmão antecipadamente, sentado perto do portão. Vitor deixou todos saírem para conseguir sair com calma, e acabou por encontrar Lia, Orelha e Ju conversando com Sal.

- Mas então, Sal. Te espero sexta lá! - Disse Orelha, se despedindo do grupo enquanto Vitor se aproximava.

- Certo, moleque. - Respondeu ele. Ao ver Vitor, Sal prontamente foi ao seu encontro para ajudar. - Fala, rapaz.

- Pode deixar, Sal. Tô me virando bem.

- E aí, conseguiu o trampo? - Perguntou Sal, enquanto Lia revirou os olhos pra Vitor.

- Sim. Facinho. - Vitor olhou pra Lia. - E aí, Lia. Vamos repitir a dose qualquer dia desses? - Disse ele, sorrindo. Lia ficou branca.

- Re-repetir o que?? - Disse ela, nervosa.

- Os estudos, ué. Sal, sabia que a Lia vai ser minha aluna?

- É sério? Pô, Lia. Tá em boas mãos, o moleque é fera em História. Quem sabe assim vocês não param de se bicar, ein.

- Difícil acreditar. - Disse Lia, se recuperando do susto e dando um beijo no rosto de Sal. - Bom, vou indo. Até amanhã. - Ela se dirigia somente a Sal, ignorando a presença de Vitor. 

No carro, Sal lembrou de contar detalhes da viagem para Vitor, exceto algumas coisas... Vitor se incomodava com a proximidade deSal com Lia, apesar de não achar que havia interesse algum pela parte do irmão, que comentava animadamente sobre Fatinha.

Antes das férias, Fatinha pediu desculpas para Sal por ter deixado ele no vácuo na festa do colégio, mas Sal era bem resolvido e logo os dois ficaram de boa. Ju e Gil tinham quase engatado um namoro de cara, mas preferiram não rotular por enquanto.  Sal estava se sentindo no paraíso com duas gatas como Lia e Fatinha desfilando, de vez em quando, de biquíni na sua frente. Mesmo com longas horas de conversa com Lia, nada ela falava sobre o que ocorreu com seu irmão, apenas torcia o nariz sempre que Sal tocava no nome "Vitor". Sal adorou conhecer Lia, mas quanto mais a conhecia, menos entendia o porque do ódio do irmão com a garota, mas imaginou que só poderia ser um grande mal entendido.

Ao chegar em casa, Lia se afundou em seu travesseiro, lembrando dos arrepios que Vitor a causou logo no começo da manhã e no quanto aquilo foi errado. Agora ia ter que ter aula com ele toda a semana, mas o lado bom é que raramente os dois iam ser deixados sozinhos, o que ia manter ela sob controle.

Levantou em um pulo e abriu a porta do armário. Lá estava ele. O casaco que usou na noite da chuva, em que Vitor leu a letra daquela música para ela, em que eles começaram a... "Namorar". Dentro do bolso ainda se encontrava o papel amassado com a letra e o anel que Vitor havia dado para ela. Pegou os dois e desceu rapidamente até o térreo. Abriu o container de lixo e jogou os dois lá dentro.

- EEEEi, roqueira. - Disse Fatinha, se apressando no passo para chegar até Lia.

- Fala, Fatinha.

- Então. Seguinte. Se vocês e o Vitor não tivessem nada a ver mais, eu deixaria quieto. Mas tá na cara que tá rolando coisa ainda.

- Não fala besteira.

- Besteira, pode ser... Incrível como vocês dois adoram negar que gostam um do outro. Mas tudo bem. Mesmo assim... Lia, eu preciso saber se você quis beijar o Dinho aquela noite, aqui na frente.

- Porque isso agora?

- Porque sim! Sério, só me diz isso. Eu não acredito que você tenha correspondido.

- É óbvio que eu não beijei o Dinho, Fatinha. Não tem nada a ver. 

- Eu sabia!

- Mas foi bom ele ter me beijado.

- Bom!?

- Sim, bom. Assim eu percebi que eu não sinto mais absolutamente nada por ele além de remorso. Tentei perdoar, até converso com ele, mas ele é um idiota. E o Vitor também é. - Disse Lia, dando as costas.

- Nem tanto, marrentinha. - Lia olhou pra trás. - Você vai ver. - Disse Fatinha, voltando para o hostel.

Quando a noite chegou, Lia começou a lembrar dos bons momentos com Vitor. Não era possível que alguém fosse tão ruim assim, a ponto de ser falso em tudo. Em tudo que disseram... Ela nem sabia mais se devia dar ouvidos à ele. Talvez devesse pedir à Raquel para fazer aula particular em outro lugar. Não ia ter sossego com Vitor por perto. Não entendia o que mais ele queria dela. Só sabia que o mesmo impulso que a levou a jogar os presentes dele no lixo, foi o mesmo que fez ela entrar no enorme container para buscá-los.

Marcela, que passava na rua em sua corrida da noite, tirou um dos fones de ouvido para se aproximar e ter certeza de que estava enxergando bem.

- Lia!?

- Marcela? - Disse Lia, se apressando para sair de dentro da lixeira.


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