Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 38
Capítulo 38 - A Festa (parte 2)




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Vitor deu um toque para o celular do irmão antes que pirasse. Sal foi rapidamente até lá e logo atacado com vários pedidos  do irmão para ir embora dali, até que ele concordou. Disse para Fatinha que voltaria em uma hora e ela não se importou, ficando na companhia dos amigos. 

Dinho foi na festa para encontrar os amigos juntos pela última vez, já que voltaria para Miami dali a duas semanas, no fim das férias de julho. Ao encontrar Lia, a puxou para um canto, pedindo desculpas sinceras pelo beijo que roubou dela e para que os dois ficassem bem antes de ele ir embora. Lia decidiu não guardar mais mágoa pela primeira vez na vida, já que estava animada na festa.

Depois de uma hora, Sal voltou, porém Fatinha tinha sumido da festa. Dinho tinha ido embora também, e Gil e Ju estavam meio isolados do grupo.

Sal avistou Lia sendo abordada por um garoto de sua turma, Guga, que tentava se aproximar de todo jeito, mas Lia estava claramente querendo dançar com os amigos. 

- Com licença, campeão. - Disse Sal, se enfiando no meio dos dois.

- Opa, desculpa... Vocês tão juntos? - Disse Guga.

- Não, não. Mas eu preciso roubar ela por uns minutinhos, assunto importante, se importa? 

- Claro... Sem problemas. - Disse Guga, dando um beijo no rosto de Lia e saindo de perto, desajeitado.

- Te salvei?

- É, não tenho clima pra isso agora. Preciso sentar um pouco. Não me acostumei com esse salto. - Pediu Lia.

Os dois se dirigiram até as arquibancadas, ocupadas por alunos solitários ou por casais se pegando loucamente. Lia e Sal se sentaram na primeira fileira e Lia aproveitou pra tirar um pouco o sapato dos pés.

- Ah, que alívio. - Disse ela, fazendo Sal rir.

- Obrigada por ter me apresentado a galera, são todos muito legais.

- Nossa, jura! O pessoal gostou de você. Você é muito legal.

- Valeu. - Os dois olharam para a pista e viram Ju ficando com Gil. Não puderam evitar sorrir.

- Tava na cara, né. - Disse Sal.

- Tava muuuito na cara. - Lia riu. - Mas vem cá, como tá o Vitor?

- Recebeu alta, mas tá irritado. Chegou a vir aqui na festa, você não viu?

- É sério? - Disse Lia, surpresa.

- É! Não ficou nem meia hora. Acho que ele se irritou com algumas pessoas que olharam pra ele com pena.

- Ah, é bem a cara dele. - Disse Lia. 

- Se eu soubesse que minha companhia ia sumir, teria ficado em casa mesmo.

- Nem liga, é a Fatinha, né... - Os dois notaram um grupo de garotos ao longe, olhando para onde eles estavam e comentando.

- Tá todo mundo te querendo hoje, ein. - Disse Sal.

- O que um decote não faz? - Ela riu. - Deve ser estranho a roqueira da sala, que usa roupas largas todos os dias, estar vestida assim.

- É bom variar.

- É... Então, achou o apartamento?

- Achei, bem legal, vista pro mar.

- Que maravilha.

- É mesmo. Quer conhecer?

- Claro! Vamos lá qualquer hora.

- Porque não agora? - Disse Sal, fazendo Lia o olhar como se ele tivesse proposto a coisa mais indecente do mundo. - Calma, sem malícia!  Tem um violões e umas guitarras lá, algo me diz que algum dos dois você curte. 

- Eu toco guitarra também! Que legal!

- Na verdade eu não toco muito bem. Tá bem, na verdade eu não toco nada. Um dia eu comprei uma Gibson e uma Fender porque achei que ia aprender. Mas nada.

- Nossa, são as melhores marcas! Sonho com uma Gibson.

- Ah, então você vai adorar a minha. É bem rock'n'roll.

- É... Mas não sei não, Sal. Imagina o trabalho pra você me trazer de volta. - Disse ela, dando uma desculpa. Mal conhecia Sal, ele parecia legal, mas aquilo parecia errado.

- Não tem problema algum. Sério, vai com mais certeza, menina. Não sou estuprador ou coisa assim. Afinal, o Vitor tá lá também.

- Ele tá? - Disse Lia, surpresa.

- Sim! Na tia Rosa não tem cama e ele precisa ser bem instalado. Eu sei que vocês não se dão bem, Lia. Mas quero defender meu irmão nessa. Nosso exemplo de "amor" e de "casal" é péssimo. Não sei se ele te falou dos nossos pais.

- Sim... Ele falou.

- Pois é. Mas e aí, vamos? - Lia pensou um pouco, mas sua impulsividade venceu, outra vez.

- Vamos.

No caminho até o apartamento, Sal continuava a falar do irmão, a encorajar Lia para que ela não levasse a sério o lance da aposta, já que ele tinha feito coisas parecidas com essa inúmeras vezes em Brasília, o que deixou Lia se perguntando se valeria mesmo a ida a um lugar em que ele se encontraria. Mas já não tinha volta. Sal era um cara muito adulto e responsável. Pela conversa, além de inteligente, ele tinha um ótimo senso de humor. Como poderiam dois irmãos serem tão diferentes? Mesmo assim, o mistério de Vitor era vinte vezes mais interessante do que tudo isso. Pelo menos para ela.

Sal estacionou o carro na garagem do prédio, que tinha uma fachada maravilhosa. Sal estava sendo modesto quando disse que o apartamento tinha vista para o mar. Ele ficava de frente para o mar. Quando o elevador abriu, o corredor denunciava que haviam apenas dois apartamentos por andar. Lia se surpreendeu com o tamanho da peça principal, ao entrar.

Mesmo sem ter acesso à todo o apartamento, só pela espaçosa sala, Lia deduziu que deveria existir uns 3 quartos. Não tinha quase nenhum cômodo, já que Sal mal teve tempo de conseguir alguma coisa, só o básico. Sal foi levar ela até o quarto em que se encontravam suas guitarras e Lia percebeu um quarto com a porta fechada e o som ligado.

- Esse aí vai ficar horas viajando com música. Não vai nem perceber a gente. - Ah, mas Lia queria que ele percebesse. Chegando ao quarto, os olhos dela brilharam ao ver uma Gibson Les Paul preta. - Pode pegar. - Disse Sal, sorrindo ao ver a cara de Lia como se fosse uma criança vendo o brinquedo mais legal do mundo.

- É demais, cara!

- Só tá muito tarde pra tocar, mas outra hora, se você voltar, eu prometo que a gente faz um som. Ou que eu estrago seu som com o meu. 

- Ah, deve estar sendo modesto, né!

Vitor percebeu que Sal não estava sozinho pelos barulhos vindos da sala. Provavelmente o persistente irmão teria conseguido fisgar Fatinha. Bem que seria bom, alguém decente, com boas intenções, na vida de Fatinha. Só pra variar um pouco. O apartamento tinha um bom isolamento acústico, então era difícil ouvir definidamente a voz dos dois. Aumentou o som e ajeitou os travesseiros na cama de casal do seu quarto. Pediu para Sal o menor quarto, mas ainda assim era 3 vezes o tamanho da sala de Rosa, onde ele costumava dormir. A iluminação indireta do quarto era aconchegante o suficiente pra suprir a falta de móveis: No quarto só se encontravam a cama, as malas de Vitor, em um canto, a cadeira de rodas em outro e uma mesinha com abajur e uns livros que Sal comprou para ele no hospital.

Lia e Sal ficaram conversando durante uma hora e alguns minutos, quando Lia começou a ameaçar dormir. Sal se tocou e ofereceu a ela uma carona para a casa, pedindo para tomar um banho antes, alertando que ele geralmente demorava mas que ia tentar moderar, por ela. A oportunidade perfeita.

Vitor tomava seus últimos remédios, a fim de tentar dormir, quando ouviu o barulho da maçaneta da porta girando. Teve que pensar seriamente por vários segundos se aquilo era realmente real. A oportunidade de ver Lia naquele vestido de novo tinha sumido dos seus pensamentos. Mas ficaria em sua imaginação por um bom tempo, afinal, era difícil de tirar. Por baixo dos lençóis, apertou a roupa de cama, numa tentativa de se manter sério.

- Oi. - Disse ela, esperando um convite para entrar no quarto. O pequeno sorriso que se formava nos lábios de Vitor só poderia ser o convite.


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