Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 25
Capítulo 25 - Ainda é Cedo




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Antes que Vitor pudesse responder, ele mesmo saiu porta afora. Fatinha decidiu entrar no seu quarto pra pensar. 

- Lia! - Chamou Vitor, quando ela estava prestes a subir as escadas da pracinha. Ela se virou, parecia que o olhava decepcionada. 

- O que você quer? - Disse ela, como se estivesse cansada depois de ouvir uma longa e chata conversa.

- Só pra dizer que você foi ótima hoje. - Disse ele, já quase completamente encharcado pela chuva. - Todo mundo gostou do que você leu.

- Valeu. - Disse ela, se virando. Vitor tirou rapidamente o papel amassado de seu bolso e abriu para ler.

- Não pude ler a minha, porque queria que você estivesse lá. - Lia ainda se mantinha de costas para Vitor quando ele começou.

"Uma menina me ensinou

Quase tudo que eu sei

Era quase escravidão

Mas ela me tratava como um rei

Ela fazia muitos planos

Eu só queria estar ali

Sempre ao lado dela

Eu não tinha aonde ir

Mas, egoísta que eu sou,

Me esqueci de ajudar

A ela como ela me ajudou

E não quis me separar

Ela também estava perdida

E por isso se agarrava a mim também

E eu me agarrava a ela

Porque eu não tinha mais ninguém

E eu dizia: - Ainda é cedo

cedo, cedo, cedo, cedo"

Ao fim da leitura, o papel já estava completamente molhado e com as letras borradas. Lia se virou e Vitor poderia jurar que ela estava chorando, mesmo que fosse difícil perceber já que as lágrimas estariam se misturando com a chuva, à esse ponto. Lia não entendia o que ele queria dizer com aquela letra. Parecia dizer tudo e nada ao mesmo tempo.

- É pra você. - Completou ele. O silêncio ficou no ar por alguns segundos. Vitor estendeu o poema em sua mão, o alcançando para Lia, que guardou cuidadosamente em seu casaco preto, mesmo com o papel naquele estado.

- Hm. -  Lia ainda pensava no que dizer para parecer forte. - E o que você quer dizer com isso?

- Ué. Que você foi uma coisa ótima que me aconteceu. - Disse ele.

- Eu não sou a melhor coisa que te aconteceu? - Lia se entregou assim, deixando Vitor saber que ela lembrava bem daquela noite em que bebeu demais e arrancou essas palavras de Vitor.

- Me pegou agora. - Vitor riu. - Então você é bem consciente bêbada?

- Mais ou menos. - Disse Lia, sorrindo sem graça. - Bom, parece que agora você tem alguém melhor. - Disse ela, tentando manter a pose.

- Você tá falando da Fatinha?

- Olha, eu vi vocês na frente do hostel, tá bom? Não precisa se fazer mais. Vocês tão namorando, eu acho isso ótimo. 

- Você acha mesmo? - Disse ele, se aproximando aos poucos de Lia.

- Acho. - Disse ela, desviando o olhar do dele. Dessa vez a mentira era evidente.

- Que bom que a gente finalmente chegou a um pouco de paz. Quero que você seja muito feliz com o Dinho. - Provocou Vitor.

- Você sabe que eu não tenho nada com o Dinho! 

- Ah, tudo bem... Se você diz, eu acredito. - Disse Vitor, fingindo nem se importar, o que irritou muito Lia.

- Vocês combinam, Vitor. Ficam com todo mundo, quem sabe não param agora, né? 

- Porque você não admite que tá com ciúmes? - Vitor esboçou um sorriso.

- Ah, Vitor, por favor. - Disse Lia, se virando e fazendo Vitor a puxar pelo braço pra ela olhar de novo pra ele. Nesse momento os dois estavam bem próximos.

- Eu não tô namorando ela. - Lia o olhou com atenção dessa vez. - Eu só falei aquilo pro Bruno sair dali sem brigar e sem ficar por cima da situação. - Lia ficou surpesa e aliviada, ao mesmo tempo.

- Mas deve ser o que você quer, afinal, quer algo sério.

- Não com ela. Você devia saber.

- Eu não sei mais o que você quer, Vitor.

- E eu nunca soube o que VOCÊ quer. Dá pra me dizer?

- Eu quero... Eu queria te dar uma chance. Mas você só faz merda! - Disse ela, frustrada.

- Então me dá logo. Eu vou me comportar.

- Não tem como... Olha o que você faz. Tá tudo bem e aí você tá com a Fatinha!

- Tudo bem?? Lia, você me deu um fora es-pe-ta-cu-lar. O que você esperava que eu fizesse?

- Olha, ficar com a Fatinha era algo que eu não esperava, né! Custava ser mais paciente? Parece que você só quer isso porque não pode ter.

- Ah, eu não posso? 

- Não! - Disse Lia, nada convincente.

- Você tá precisando aprender a mentir melhor. 

- Com você?

- Para, Lia! - Disse Vitor, se irritando e pegando no braço dela, sem machucar. - Me ouve, de uma vez por todas... Eu e a Fatinha não tem nada a ver. Nada. Ela não gosta de mim e eu não gosto dela! Quer dizer... Só como amigo, mesmo. - Vitor puxou o rosto de Lia delicadamente com a mão, a fazendo olhar pra ele. - Presta atenção. Eu não posso te prometer que não vou te machucar, como você também não pode. Mas, é sério Lia, eu não tenho medo. Arrisca comigo.

- Tá! - Disse ela, raivosa.

- Tá, o que? Você me dá uma chance?

- Sim. - Ela tentava se acalmar. - Sim! Eu não aguento mais ver você com outra. Vitor envolveu seus braços na cintura de Lia, a grudando em seu corpo.

- Essa foi a aceitação de pedido de namoro mais sem vontade que eu já vi. - Brincou ele.

- Vitor. Eu quero namorar com você. Agora me beija logo antes que eu desista. - Disse ela, deixando a imparcialidade de lado e abrindo um sorriso. E Vitor a obedeceu.

Os dois se beijavam com a pressa de quem não fazia isso há muito tempo. Lia passava a mão pelo cabelo de Vitor, dando leves puxadas, do jeito que ele gostava. Em resposta, Vitor foi descendo sua mão pelas costas de Lia, que deu um puxão na mão dele, se afastando.

- Tá maluco? 

- Ah, Lia... - Ela somente riu dele. Vitor voltou a abraçar pela cintura, beijando o rosto dela.

- Ah, antes que eu me esqueça... O que eu li era pra você. - Interrompeu Lia.

- Você acha que eu não percebi? - Disse Vitor, dando um selinho em Lia.

- Você é convencido, né? Vou ter que me acostumar.

- Vai mesmo, afinal agora que eu vou me achar mesmo, já que tô namorando a menina mais incrível daquele colégio. - Lia  se aproximou mais ainda dele e mordeu seu lábio inferior, fazendo Vitor se arrepiar. - Vamos pra um lugar mais reservado...

- Que isso, garoto. - Disse Lia, dando um tapa de leve no ombro de Vitor. - A gente tá encharcado, a gente namora a menos de um minuto e você acha que vai ser fácil assim?

- Claro que não, afinal é por isso que eu tô namorando com você. 

- Idiota. 

- Linda.

- Faz assim... - Lia começou a passar a mão pela nuca de Vitor, a arranhando com a pouca unha que tinha. - Espera, porque eu quero também... - Ela agora lançava um olhar cheio de más intenções pra ele, fazendo ele sorrir mais ainda. - ...mas a gente tem todo o tempo do mundo e é bom que você aguente um pouco.

- Quer me torturar, é??

- Você merece um pouco. - Lia piscou pra ele.

- Tudo bem... Como quiser. Mas se você continuar perto assim, eu não me responsabilizo pelos meus atos. - Lia juntou seu corpo mais ainda com o dele, fazendo uma aproximação maior ser quase impossível. - Você vai se arrepender. - Disse ele, indo beijar ela, que foi pra trás quando ele estava quase lá.

- Espera, idiota. - Disse Lia, em tom de brincadeira. - Me pega amanhã, antes da escola?

- Pode deixar, pego direitinho. 

- Ai, meu Deus! - Ela riu. - Você não para mesmo... Mas sério. Quero andar naquela moto e entrar no colégio como sua namorada, pode ser?

- Só pode ser.

- E dane-se o que vão pensar. 

- E dane-se!

- E agora vou entrar porque eu vou pegar uma gripe logo, logo.

- Certo. - Vitor se aproximou para dar mais um beijo longo na namorada. - Agora eu fui. 

Vitor a acompanhou até o prédio e acabou indo pra casa. Deitou a cabeça no travesseiro, custando a acreditar em tudo que acontecia. Achava que depois do fora e do lance com Fatinha, ele não teria muitas chances... Agora ele estava totalmente empenhado a fazer o namoro com Lia funcionar, e a fazer ela se apaixonar por ele, coisa que não estava clara ainda, nem pra ele. 


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Notas finais do capítulo

*Música do capítulo: Ainda é Cedo - Legião Urbana
Não fiquem brabos comigo porque eu não ando postando... Tempo tá difícil. Continuem comentando pra me fazer feliz e escrever mais, ok?? Espero que curtam o capítulo. Não vou deixar a fanfic, fiquem tranquilos! Vai até o fim dessa temporada da novela :)