Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 24
Capítulo 24 - Subentendido




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Algumas semanas se passaram sem Vitor e Lia se falarem direito. Lia morria de ciúmes a cada vez que via ele com Fatinha, e a coisa só piorava com o passar do tempo. Mathias anunciou que o colégio faria uma festa no meio do ano e outra no fim, com o propósito de ajudar os alunos do terceiro ano a pagarem a formatura no fim do ano, com o dinheiro dos ingressos. 

A professora Isabela aproveitou pra passar na aula do terceiro ano, no fim da manhã, animada como sempre. Era segunda-feira e os alunos estavam ou dormindo ou querendo dormir.

- Então, alunos. Tenho um trabalho pra amanhã valendo nota. - Todos entraram em desespero. - É pra complementar a nota final, e é bem fácil. Todos devem interpretar uma letra de música ao seu gosto. Eu quero ver interpretação aqui, pessoal. A música tem que significar algo pra vocês ou ter significado. É bem simples e os melhores ganham caixas de bombom. - Todos comemoraram.

Vitor estava meio sem cabeça pra qualquer coisa. Ele não suspeitava que Lia estava realmente mal por sua causa. Queria que Lia falasse alguma coisa, pra ter certeza. Ele só queria saber que tinha uma chance.

O dia seguinte chegou e Vitor não havia pensado em nada ainda. Apesar de não precisar de nota extra, ele queria achar um jeito de usar esse trabalho como meio de chegar até Lia, de falar alguma coisa indiretamente. Lia foi chamada, depois de poucos alunos terem realmente feito a tarefa seriamente.

- Bom, pessoal. - Disse Lia, envergonhada. Vitor não conseguia segurar o pânico que tinha de perceber que o que Lia leria a seguir era para Dinho. Se isso acontecesse, ele provavelmente perderia o juízo. - Vou ler uma música do Lulu Santos, chamada "Apenas Mais Uma de Amor".

Lia começou a ler a letra com a voz trêmula. Queria olhar pra Vitor, queria que ele percebesse que aquilo era inteiramente pra ele e era a coisa mais sincera que Lia poderia fazer, sem estar tão próxima a ele como era antes.

"Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar

Subentendido"

Lia respirou fundo para continuar. A próxima frase seria provavelmente a que mais machucava.

"Como uma idéia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer"

Ela não se segurou e deu uma rápida olhada para Vitor, que estava a assistindo atentamente e parecia mais nervoso que ela.
 

"Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato

A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então,

A alegria que me dá

Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

O que eu ganho, o que eu perco

Ninguém precisa saber"

Lia terminou a letra com os olhos marejados. Todos na sala percebiam o quão sincera ela estava sendo ao ler aquela letra. Sabiam que significava algo muito forte, mas ninguém imaginava que era para Vitor, já que todos estavam mais acostumados a verem Vitor com Fatinha agora. Todos aplaudiram, alguns mais emocionados, e Vitor ainda a olhava fixamente, tentando desvendar o que ela queria dizer. Ah, ele queria muito, muito mesmo que aquilo fosse pra ele, e no momento em que ela olhou nos olhos de Vitor, enquanto todos aplaudiam, e deu um sorriso tímido, ele achou que sim, era pra ele.

Lia pediu permissão para sair e Isabela, que fez questão de mostrar o quanto estava arrepiada com a leitura de Lia, a deixou, entregando uma das caixas de bombom à aluna. Vitor deu uma desculpa qualquer sobre não ter levado o texto, quando na realidade tinha um papel em seu bolso esperando pra ser lido, mas aquilo não valeria se Lia não estivesse ali. Vitor tinha escolhido cuidadosamente uma letra que gostava muito e que ao mesmo tempo não entregava tanto o que ele sentia, evitando de deixar ele vulnerável.

Pela noite, Vitor estava voltando do trabalho de tardezinha para ir pra Penha quando notou que havia 2 pessoas brigando, ao longe, perto do hostel. Logo se deu conta que só podia se tratar de Fatinha, e a outra pessoa, o Bruno. Vitor chegou se metendo no meio dos dois. Lia estava na pracinha com a sua irmã e assistia ao longe a briga dos dois que durava mais de 20 minutos até então. Quando a coisa começou a ficar feia, Lia se levantou, quase indo em direção aos dois mas parou quando viu Vitor interferindo. Percebendo que ali poderia se formar mais uma briga, chamou Tatá e foi correndo em direção ao Hostel.

- O que tá acontecendo aqui? - Disse Vitor.

- Ah, não, cara... É sério, sai da minha frente. Você quer brigar?

- Olha, Bruno. Eu não vou bater em você porque foi uma estupidez aquilo. Dá pra você deixar ela em paz? - Lia ouvia ao longe Vitor dizer que não brigaria e, no fundo, a confortava pensar que ele ter prometido isso à ela estava sendo cumprido.

- E quem é você pra interferir? Você sabe que ela é uma vadia. - Nesse momento Vitor se irritou e chegou a fechar o punho, mas a promessa que fez à Lia falava muito mais alto em sua cabeça.

- Você não pode falar com a minha namorada assim. - Disse Vitor, fazendo a respiração de Bruno e Lia pararem, ao mesmo tempo. Bruno estava sentindo um nervoso horrível, queria socar Vitor, mas se sentia mais triste do que com raiva.

- Nossa, parabéns. Faça bom proveito. - Disse Bruno, rindo e indo embora, constrangido porém sem dar o braço à torcer.

Vitor abraçou Fatinha fortemente e Lia, ainda chocada, começava a reunir forças pra sair dali. Não queria, por nada no mundo, que os dois percebessem que ela viu a cena e se importou com a declaração de Vitor. Lia subiu com Tatá, que notou a óbvia tristeza de Lia, que não se conteve e começou a chorar enquanto a cena de Vitor defendendo a sua nova 'namorada' passava repetidamente em sua cabeça. Tatá entendia perfeitamente o porque do choro da irmã e a abraçou apenas, ficando em silêncio. Lia esperou um tempo para se acalmar, entrou em casa, tentando agir naturalmente e pediu à Raquel para dormir na casa de Ju.

- Caramba, Fatinha. Se depois dessa você não desistiu desse babaca, eu largo você de mão. - Disse Vitor.

- Tudo bem, tudo bem... Eu preciso desistir dele mesmo, tá difícil, Vitor. - Disse ela, quase chorando.

- Não chora, Fatinha. Não por ele. - Vitor a abraçou, fazendo assim ela chorar de vez.

Uma nuvem escura se aproximava dali e Vitor tentava não demorar, odiava andar de moto na chuva. Lia jogou umas roupas e outras coisas na mochila e foi para Ju, mas decidiu dar uma volta pra esfriar a cabeça antes de chegar na casa de Ju e desabafar todos seus problemas. Precisava ficar um pouco sozinha, nem que fosse uns minutos. Antes de ela sair, uma chuva forte começou a cair por ali, fazendo as pessoas recuarem para suas casas e fecharem estabelecimentos. Lia, que não ligava pra isso, saiu mesmo assim. Pretendia ficar na pracinha, pegando uma chuva, quem sabe isso ajudava. Deixou sua mochila na portaria do prédio e saiu. Vitor viu Lia saindo ao longe e Fatinha o analisava, pra ver o que ele pretendia fazer.

- Vai lá logo. - Disse Fatinha.

- Você tá falando sério?

- Tô tão de saco cheio que acho que você tem que aproveitar a vida, já que eu odeio gostar de quem eu gosto. Sei lá, não me deixa pensar muito se não eu não vou te deixar ir lá.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, dificilmente postarei amanhã. Não tenho nenhum capítulo adiantado e na tarde de amanhã talvez não tenha tempo de escrever mais um. Mas espero escrever muito no fim de semana! Aguardem que ideia tem, mas tempo tá difícil haha :))