My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 15
Ligação de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Oi! Nossa, como estou feliz! O capítulo anterior teve vários reviews, todos adoraram a reviravolta que a estória teve. Bom, esse capítulo aqui é pequeno e eu acho meio chatinho, mas prometo que vai valer a pena. Espero que gostem e boa leitura! :DD



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Eu chorei. Eu me sentei no chão do quarto, encostei na parede e chorei por um bom tempo. Nem sabia se vampiros eram capazes de chorar, mas eram. O Marcus disse que eles... nós só choramos lágrimas verdadeiras quando os nossa agonia for muito, mas muito forte mesmo. Ele disse que a única vez que chorou desde que virou um vampiro foi quando matou a irmã. Desde então, mais nenhuma lágrima escapou por seus olhos.

Depois de tomar aquele sangue, o Marcus me deixou sozinha. Ele ficou me observando durante alguns minutos antes de sair. Levou o saco vazio junto. E eu fiquei sozinha, apenas com meus novos sentidos super aguçados.

Eu chorei e chorei até não sair mais nenhuma lágrima. Acho que esgotei todo o estoque restante dentro do meu corpo morto.

Eu continuava sentada no chão do quarto Eu podia distinguir se era dia ou noite, e naquele momento era noite. De alguma forma meu corpo tinha essa certeza. Era como se ele me dissesse que era o meu momento. E quando era dia, ele dissesse que era hora de se recolher. Acho que vampiros não dormiam porque eu não sentia sono nenhum. E o sol só indicava um cansaço leve (vampiros não queimam no sol, apenas ficam fracos demais quando estão expostos a ele, vulneráveis).

Agora que eu não precisava mais de comida humana e água, o Marcus não vinha mais trazer. Já fazia um tempo que eu não o via, ele tinha entendido perfeitamente como eu o odiava mais naquele momento e que queria ficar livre de sua presença. Mas eu fui percebendo que a morte podia deixar a gente mais solitária do que o normal.

Eu mal tinha me transformado em vampira, e já estava odiando cada segundo. Só de pensar em eternidade eu sentia um frio percorrer minha espinha.

Lembrei-me dos meus amigos. Eu era um monstro agora, e viveria para sempre. Eles iriam me odiar por muito tempo e depois eu ia ver cada um deles morrer. Meu irmão indo embora, minha única família. Minha melhor amiga e o Tony. O único cara eu já tinha...

Amado?

Eu não devia ficar na dúvida, afinal, amar o Tony era completamente certo. Mas de algum jeito o certo não parecia mais certo. Pensei que ia chorar novamente, mas nenhuma lágrima se manifestou.

Eu queria sair dali. Queria ver o mundo novamente. Eu queria... 

Caçar. 

Minha nossa, já estava até pensando como um monstro.

Eu não podia sair. Não sabia o que seria capaz de fazer ao encontrar pessoas. E um pensamento mais assustador me invadiu. E se eu matasse meu próprio irmão, assim como aconteceu com o Marcus? Aquela ideia me deixou aterrorizada e ao mesmo tempo agitada ao pensar no sangue.

Eu não era mais eu e não sabia como poderia me acostumar com aquilo.

Acho que foram dois dias que eu passei ali sozinha. Marcus não deu nenhum sinal de sua presença. Cada segundo foi longo e solitário, mas foi melhor assim. Se ele tivesse voltado antes, eu teria ido para cima dele novamente, mesmo que não fizesse nenhum estrago. Eu só ia deixá-lo irritado e ficaria mal por isso.

Odiava ainda mais essa ligação e submissão entre cria e criador. Era outra coisa que eu ia ter que lidar, mas não sabia como. E era só pensar no diabo que ele aparecia.

Consegui ouvir os passos do Marcus se aproximando. Eu me levantei e me sentei na cama, não queria que ele me visse mais ali no chão demonstrando fraqueza. Fiquei surpresa como mudei de lugar em menos de um milésimo de segundo. Agilidade de vampiros.

Marcus entrou no quarto. Novamente eu fiquei um pouco surpresa ao ver a beleza dele que eu não tinha notado verdadeiramente quando era humana. Fiquei parecendo uma boba por alguns segundos. Mas acabei despertado e desviando o olhar.

O vampiro ficou me olhando sem nada dizer. Eu conseguia ouvir o chiado do silêncio tenso que fazia ali. Teria ouvido até o meu coração bater, se ele ainda batesse. O Marcus quebrou o silêncio.

– Eu vou sair. – Ele disse.

Eu podia ser uma vampira, mas o meu instinto de caçadora ficou alerta naquele momento.

– Você vai sair para matar pessoas. – Eu afirmei.

Ele ficou calado por um minuto, antes de dizer:

– Eu vou me alimentar. E se alguém tiver que morrer para isso, não posso fazer nada.

– Isso é errado. – Eu falei baixo. Raiva crescia aos poucos em minha voz. – Será que você nunca parou para pensar o porquê de existir os caçadores?

– E os caçadores nunca pararam para pensar que isso faz parte da existência de ser um vampiro?

Eu franzi a testa para ele.

– Nada pode justificar o que vocês fazem. E não venha dizer que o que nós fazemos está errado. Nós protegemos as pessoas do mal que são vocês vampiros...

Eu parei de falar porque ele começou a rir. Depois de alguns segundos ele falou:

– Primeiro: Isso se chama cadeia alimentar. Se o único alimento dos vampiros é sangue humano, a gente não pode mudar isso. Segundo: Acho que você precisa aprender o novo vocabulário. Você faz parte do “nós” aqui agora, dos vampiros. Não mais dos caçadores.

Eu me calei porque ele tinha razão. Eu ainda estava falando de mim como se fosse do outro lado. Mas eu não era mais humana, era uma vampira e teria que ficar repetindo isso até entender. Eu não ia aceitar, de jeito nenhum, mas tinha que entender pelo menos. Ficar em negação seria pior.

– Vamos deixar de papo agora. Levanta e vamos caçar. – Ele falou.

Eu o olhei surpresa e indignada. Ele realmente esperava que eu fosse sair com ele para matar pessoas? Só podia ser uma piada.

– Você está brincando, não é?! Só pode.

A expressão dele se agitou.

– Será que dá para você abrir essa sua cabecinha e perceber a sua atual condição? – Ele falou irritado. – Você ainda não entendeu que agora é uma V.A.M.P.I.R.A.!

Ele disse a última palavra bem devagar. Eu desviei meu olhar.

– Eu não vou matar pessoas. – Eu disse baixo.

– Então vai passar fome. – Ele falou.

– E aquela bolsa de sangue que você trouxe para mim? Por que vocês não tomam só daquilo?

O Marcus riu.

– Não é a mesma coisa. E você acha que teria sangue suficiente para todos os vampiros? Sem contar que roubar dos hospitais levantaria alguma suspeita, não é?!

– Mas você trouxe para mim...

– Só porque eu sabia que você não ia beber de ninguém na minha primeira vez...

– Nem nunca. – Eu disse.

Ficamos os dois em silêncio por um tempo. Ele ainda esperava que eu mudasse de ideia. Mas eu fiquei calada.

– Você não vai mesmo, não é?

Eu não respondi. Eu queria liberdade, queria sair daquele quarto. Mas se o preço era matar alguém, eu preferia ficar trancada ali.

– Tudo bem. Dessa vez eu não vou forçar. Você vai conseguir aguentar mais uns dois dias, no máximo! Depois eu quero ver como vai se virar. A fome vai levar você à loucura. Acredite, eu sei o que estou dizendo.

Eu o olhei ao ouvi-lo dizer aquilo. Sua expressão tinha ficado séria. Mas eu não tive tempo para analisar mais. Ele caminhou até a porta e saiu. Ouvi seus passos até eles sumirem ao longe. Eu estava mais uma vez sozinha com meus pensamentos, que agora estavam mais confusos.

 Eu queria tanto extravasar. Queria tanto...

Matar um vampiro.

Esse pensamento me assustou um pouco. Mas também me trouxe um pouco de esperança.

Os minutos foram passando. Eu continuava agoniada. Estava deitada na cama e tentando não pensar em coisa alguma. Para minha surpresa, isso era fácil. Acho que minha condição de vampira me permitia me desligar, ou sei lá o que fosse aquilo. Só sei que era bom por um tempo.

Resolvi ir tomar um banho. Um banho sempre dava uma ajudinha.

Tirei minha roupa inteira e deixei em cima da cama. Fui para o banheiro e entrei debaixo do chuveiro. Era tão bom sentir aquela água tocar minha pele. Na minha nova condição, era como se eu conseguisse sentir cada gota caindo e entrando pelos poros do meu corpo. Eu podia ficar para sempre ali embaixo. E eu odiava aquela sensação tão boa. Era tão errado eu gostar de sentir aquilo tudo naquela condição. Tão errado...

E tão certo ao mesmo tempo. Era o que eu era agora.

Fiquei bastante tempo ali. Queria me afogar se pudesse. Ao mesmo tempo que eu pensava aquilo, foi quando eu senti uma coisa ruim. Uma sensação tomando conta de mim. Eu tentei me concentrar para saber o que era aquilo, mas não tinha ideia. Era quase como se sentisse dor, mas não intensamente. Era uma dor superficial. Mas o que eu sentia mesmo era um nervosismo, medo. Medo... percebi que era pelo Marcus. Alguma coisa estava errada com ele. Ele estava... ferido. Eu tinha certeza, estava sentindo isso.

Eu desliguei o chuveiro e saí do banheiro toda molhada mesmo. Meu coturno estava ali na porta, eu enfiei meus pés neles e corri para a porta do quarto, esquecendo que estava trancada. Eu dei uma risada nervosa ao ver que nem tinha ideia do que ia fazer mesmo que pudesse sair.

Eu andei de um lado para o outro sem saber como reagir, nem mesmo o que pensar daquela situação. Só um tempo depois foi que me toquei que estava nua, então peguei uma toalha e me enrolei.

Continuava sentindo aquela agonia. A dor do Marcus. Não sabia o que estava acontecendo, ou o motivo de eu ter certeza que ele estava ferido. Comecei a raciocinar e aí me dei conta que devia a nossa ligação de cria e criador. Fiquei com mais medo. E odiei mais ainda aquela situação. Eu não devia me preocupar com o Marcus, mas era como se não tivesse escolha.

Não tinha nada que eu pudesse fazer. Só ficar na apreensão, esperando, desejando, que ele aparecesse naquela porta.


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Notas finais do capítulo

Então gente? O que acham que aconteceu com o Marcus? Ai ai! Estão gostando mesmo da fic? Querem mais? Porque eu AMEI escrever o próximo capítulo e estou doida para que vocês leiam! REVIEWS! REVIEWS! :DD