Eu cai no chão. Via apenas as pessoas que estavam ao meu redor completamente embaçadas e não estava dentro de mim. Comecei ouvir a voz do meu pai gritando meu nome várias vezes. Logo após ouvia barulhos de motores ligando mas não consegui identificar que tipo de máquina fazia aquele barulho. Espera aí. Quem levou aquele tiro foi eu? Aquele BAM foi para mim? Quer dizer que eu morri? Morrer não, mas eu estava gravemente ferida no peito. Acabei adormecendo ali mesmo no chão. Não sabia o que estava acontecendo e fiquei com medo do que iria acontecer quando eu acordasse. Vai que eu acordasse em um barco pequeno com um tigre ao meu lado? Eu não hein. Até que tigres são fofos, mas bem longe de mim. Meus olhos foram abrindo aos poucos e eu via as coisas cada vez mais claras. A primeira pessoa que vi foi um homem alto, moreno, bonito aparentemente, olhando para uma máquina e fazendo anotações. Provavelmente era um médico. Não conseguia mover minhas mãos e ainda sentia uma dor no peito, que continuava forte e ardente. Eu estava certa de que estava em um hospital. Abri os olhos definitivamente e via tudo completamente claro. O homem moreno se virou para mim com um sorriso lindo e brilhante e abriu quatro dedos e olhou para mim ainda sorrindo.

- Quantos dedos têm aqui?

- Hum... Nove. – Falei brincando mas com tom de “sou doida e acho tem você pode ter nove dedos em uma mão só”. Ele riu.

- Estou falando sério Sra. Stark. Quantos dedos têm aqui? – Insistiu ele.

- Quatro dedos, Senhor.

- Senhor não. Richard. Sou o médico do seu pai e ele te trouxe há três dias para eu ver se havia alguma solução para o seu problema. E... Você finalmente acordou! – Ele disse completamente entusiasmado. Eu ri.

- Onde está meu pai? E todos os outros que estavam comigo naquela no... EU FIQUEI DORMINDO POR TRÊS DIAS?! – Logo parei para pensar e me deparei com esse detalhe.

- Sim. Três dias mocinha. Acho que alguém perdeu uns dias de aula. – Ele riu tentando ser engraçado. Eu ri junto para ser educada.

- Ai... Pode ligar a tevê? Ou chamar meu pai? – Pedi apontando para a televisão. Ele a ligou, mas não foi chamar meu pai. Simplesmente saiu da sala e me deixou assistindo Harry Potter e a Ordem da Fênix. Não entendi nada mas conseguia ouvir cochichos e vozes completamente diferentes e em tons baixos. Possivelmente falavam de mim e possivelmente não falavam de mim. O filme era bom mas eu estava mesmo é interessada em saber quem estava cochichando na frente do meu quarto. Logo após tudo isso, o médico voltou e voltou a escrever naquele papel, provavelmente minha fixa. Ele desligou a tevê e olhou para mim.

- Seu pai está aqui. E quer falar com você.

- Mande-o entrar é claro! – Assim que falei, ele sorriu e foi até a porta. Trinta segundos depois meu pai entrou completamente aflito e se sentou na cama dura de hospital que eu estava deitada.

- Ei minha Am. Como você está? – Ele perguntou e começou a fazer cafuné na minha cabeça. Abri um sorriso brilhante para ele.

- Fiquei preocupado com você. Você ficou sem acordar durante três dias, sem nem se mexer. Eu estava quase chorando lá dentro. – Ele disse.

- Quase? – Duvidei. – Aposto que você chorou.

- Um pouquinho só... Mas não foi tanto quanto você quase caiu do palco na sua apresentação da Pequena Sereia na terceira série. – Ele me disse isso e eu comecei a rir e coloquei a mão no rosto.

- Ah meu deus você se lembra disso? Fiquei com o apelido de “Ariel desastrada” o ano inteiro por causa disso. Que mico!

- Mas você ficou tão fofinha com aquela saia verde claro para fazer a calda da sereia.

- Papai!

- O que foi? Só estou me lembrando de momentos bons. – Bons? A pequena sereia da terceira série foi uma vergonha total. Eu não era uma boa bailarina, mas lembro de que ele chegou a dar uma festinha por termos ganhado o prêmio de melhor apresentação de Ballet naquele ano. O que posso dizer sou uma fofa.

- Você realmente não sabe o susto que me deu quando aquela arma disparou e eu vi você caída no chão toda sangrenta. Não conseguimos fazer nada em relação a Loki, sou seja. Ele se mandou daqui.

- ELE VOLTOU PARA ASGARD? QUER DIZER QUE ACABOU TUDO? SÉRIO? – Falei contente e esperançosa. Meu pai tirou o sorriso do rosto.

- Não. Ele saiu daqui, fugiu. Perdemos ele. Ele atira em você e a culpa é toda nossa.

- O que? Como assim? Vocês não pode... – Ele me cortou.

- Desculpa, eu sei que não poderíamos ter perdido ele mas infelizmente perdemos. – Sorri ao ver ele se levantando completamente aflito.

- Posso terminar de falar? – Ele sorriu e assentiu com a cabeça. – Vocês não podem ficar se culpando por perderem ele. Aconteceu, assim como da ultima vez... Lembra? Vocês sempre irão acha-lo. E sempre irão ganhar. Todos vocês. Enquanto estiverem juntos, lutando um para ajudar o outro. – Nem eu havia entendido direito o que falei, só sei que fiz lágrimas serem formadas nos olhos do meu pai. Ele sorriu e chegou perto de mim novamente e me deu um beijo na testa.

- Am... Thor gostaria de ver você. Posso deixar ele entrar? Ele não saiu daqui nem um segundo, ficou na porta do seu quarto dia e noite durante esses três dias, sem comer, dormir... Se é que ele faz isso. – Nós dois rimos. – Ele está realmente preocupado com você. – Legal, mais essa. Assenti com a cabeça e meu pai sorriu. Abriu a porta e vi Thor entrando no quarto e meu pai indo para o lado de fora. Senti meu coração acelerando a cada passo que ele dava. E eu conseguia ver aqueles olhos azuis cada vez mais de perto, e estavam brilhando a cada passo dado por ele.

- Ei princesa. – Ah Senhor! Fazia tanto tempo que ele não me chamava assim. Coisa de... Um ano. Sentia falta disso. Ele se sentou ao meu lado e tudo que eu conseguia fazer era sorrir para ele.

- Olá. – Falei baixo e ainda sorrindo.

- Como você está se sentindo? Eu sei que ainda dói porque levar um tiro no peito não é tão normal assim. – Ele colocou uma de suas mãos sobre minha perna. – Mas eu estou aqui com você. Para sempre.

- Não existe o “para sempre” Thor. Você não esteve aqui comigo quando eu mais precisei do seu apoio durante o ano inteiro. Você me deixou aqui sem nenhuma explicação quando voltou para Asgard e eu fiq... – Fui interrompida por algo doce. Um beijo. Thor não me deixou continuar e chegou perto de mim e me beijou, foi algo tão diferente do que era no passado, algo tão... bom. Não sei se era porque sentia falta dele e de seus carinhos ou se realmente havia sido bom. – Por que você fez isso? – Perguntei quando terminamos de nos beijar, mas eu não deixei de sorrir e de querer mais.

- Para provar o tamanho do meu amor por você. Que é... Bem maior que um simples beijo em uma cama de hospital. Se eu pudesse morrer Amelie, eu morreria por você.

- Não fale isso, ninguém morreria por mim. – Falei virando meu rosto para o lado. Ele colocou sua mão no meu queixo e virou meu rosto para poder olhar para meus olhos.

- Eu morreria. Se fosse possível eu faria. – Dizendo isso um sorriso enorme se abriu em meu rosto e quando me dei conta estávamos nos beijando novamente e eu estava sentindo frio na barriga. Meu coração estava quase saindo bela boca e quase atrapalhando nosso beijo. Quase agradeci a Loki por me dar um tiro e eu parar aqui em uma cama de hospital, beijando o homem da minha vida. Um barulho na porta nos fez parar o beijo e Clint e Natasha entraram rindo no quarto. Provavelmente estavam bêbados.

- Vocês precisam saber o que está acontecendo a frente do hospital. – Disse Natasha com os olhos arregalados por nos ver tão perto um do outro.

- Sabe aquela garota que quase matou Steve? – Eles riram. – Pois é... Os dois estão se pegando agora lá na rua. – Começamos a rir e eles saíram do quarto ainda rindo. São dois malucos.

- Olha, Capitão América está pegando uma mulher que quase o matou. – Falei sorrindo. Thor não parava de sorrir e olhar para mim. – O que foi?

- Quase matei alguém quando chegou no segundo dia e você não havia acordado ainda. Você me deu um susto grande menina. Mas agora você está aqui comigo. Para sempre... Certo?

- Eu já te disse que o para sempre não existe, mas eu estou aqui com você. Até o dia em que nenhum de nós dois querer mais isso.