Eles voltaram, e ele á deixou em frente de casa. Guardou a moto e voltou para entrar pela porta da frente, mas á viu parada na varanda da casa da vó. Não entendeu o proque e foi até ela;

-Ei – Ele tocou o braço dela. –Você não vai entrar? –Disse sussurrando.

-Não sei. –O tom de voz de Angélica era normal.

-Como assim? –Raphael continuou sussurrando.

-Eu... Não posso entrar agora.

-Mas já é quase de manhã. Você tem que entrar antes da sua vó acordar.

Ela não disse nada, foi quando ele percebeu os olhos dela cheios de lagrimas.

-Angélica, o que está acontecendo?

Ela apenas olhou pra baixo, e ele entendeu o que estava acontecendo.

-Você quer que ela saiba.

-Não! Eu queria... Mas agora...

-Agora o que? Mudou?

-É... Eu não sabia que você ia me beijar, eu já tinha planejado tudo, mas aí... –Ela já estava chorando e ele completou:

-Aí tudo mudou...

Ele saiu para sua casa e ela gritou:

-Não! Espera!!!

Raphael não respondeu, apenas virou as costas e foi embora. Angélica limpou as lagrimas e resolveu que a vó não saberia daquela noite. Tirou os tênis e entrou em casa com todo o cuidado pra não acordar ninguém. Sua única preocupação agora era se desculpar com Raphael.

Ao entrar no quarto, ficou em choque ao ver que Natalia não estava na cama. Colocou o All-Star em baixo da cama, tirou rapidamente toda a roupa e se enfiou debaixo da cobertas.

-A noite foi boa? –Disse Natália entrando no quarto.

Angélica quase começou a chorar novamente, mas se sentou na cama e disse;

-Não conta por favor!

-Você estava com ele? –Angélica recomeçou a chorar. –Estava? –Insistiu Natália.

-Sim. Mas não vai mais acontecer.

-Então vocês terminaram? –Falou ela com ar de vitoriosa.

-É... Está feliz?

-Muito.

-Por que?

-Você me disse que ele não seria meu. Bom... Agra nem seu.

-Como você consegue me desejar tão mal?

-Não te desejo mal.

-Mas também não quer o meu bem. Faz de tudo pra vovó desconfiar de mim.

-Você não precisa da minha ajuda pra isso.

-Então você não vai contar?

-Não foi o que eu disse. –Disse ela saindo do quarto novamente.

Angélica ia discutir, mas o despertador tocou, indicando que era hora de levantar. Ela tentou agir normalmente, mas no café da manhã, a tia não resistiu e disse:

-Você está com uma cara péssima.

Angélica estremeceu, mas disse:

-Não dormi bem.

-Não dormiu nada você quer dizer –Disse Natália. –Andou a noite toda...

Angélica não respondeu, estava com medo.

-Eu vou na escola hoje. –Disse a vó tirando o clima pesado que estava entre as netas.

-Para...? –Disse Angélica.

-Vou exigir que você seja trocada de sala. Não quero você perto daquele marginal.

-Meio tarde pra se preocupar com isso... –Provocou Natália.

-O que você quer dizer? –Perguntou a vó.

-Nada! –Disse Angélica impedindo Natália.

-O que está acontecendo aqui?? –Perguntou a vó.

-Nada vó, só acho que isso não vai ajudar a manter a Angélica longe dele. –Falou Natália.

-De qualquer modo eu preciso tentar. Vamos! –Falou a vó se levantando.

Ao chegarem na escola, Angélica foi com a vó até a diretoria, onde sem dificuldade, Angelica foi mudada para a sala de Natália.

Ela nem prestou atenção na aula, só aguardava ansiosamente a hora do intervalo para talvez poder falar com Raphael. E se ele não falasse com ela, queria que ele pelo menos entendesse.

Na hora do tão aguardado intervalo, ela o viu de longe. Quase foi se sentar com ele. Ninguém tinha parado com os insultos e fofoca sobre eles, e ela realmente queria falar com ele, mas temendo que tudo piorasse, não fez nada.