Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 34
Capítulo 34




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Apesar do dia chuvoso, o movimento foi constante na loja. Angélica mal teve tempo de parar para tomar um café. Mas ela gostava do serviço, estava se sentindo útil e isso á fez ficar tranquila quanto as outras preocupações.

Pouco antes da loja fechar, finalmente ela parou um pouco. Ficou encarando a estante de maquiagens um tempo e resolveu comprar uma sobra preta, já que a sua estava acabando. Pegou também uma marrom, e um rímel. Era tudo o que precisava, pensou ela. Quando desviou o olhar para a prateleira de baixo onde continham batons. Ela sorriu ao lembrar de Carol, para ela os batons eram tão importantes quanto a sombra preta era pra Angélica. Se lembrou de uma frase que a amiga sempre dizia: “Escolher o batom certo é um ritual, no final, ele que vai determinar se o garoto vai te beijar ou recuar.” Acabou pegando um vermelho em homenagem á amiga, e um simples rosa cor de boca, pois Raphael ia gostar.

Quando chegou em casa, todos já estavam se arrumando para ir á igreja. Tirou o uniforme e tomou um longo banho. Ao entrar no quarto, abriu uma mensagem de Raphael;

“Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa. Vamos fazer algo diferente hj, vem aqui pra gente assistir um filme.” –R

-Você vai? –Perguntou Natália.

-Hã?

-Á igreja.

-Não. Vou ficar.

-Ok. Tchau.

-Tchau.

Angélica se arrumou tranquila sem ninguém por perto. Apesar do frio, ela pôs um vestidinho florido com cinto de tachas e meia-calça preta com all-star cano médio. Ela não se maquiou, já que Raphael fez a gentileza de convida-la, ela também queria fazer essa surpresa á ele. Passou apenas o batom rosa que trouxe da loja. Pôs uma jaqueta jeans e pegou o guarda chuva para atravessar a rua.

Foi correndo e deixou o guarda chuva na varanda e entrou. Ela tirou a jaqueta e foi até Raphael, que estava sentado no chão da sala com uma pilha de dvd’s á sua volta.

Ela se sentou no sofá e ele perguntou:

-E aí? O que você quer ver?

-Qualquer coisa que não seja “A Paixão de Cristo”.

-Então hoje é seu dia de sorte. Comédia? –Disse sacudindo “O Mentiroso”

-Claro! Adoro “O Massacre da Serra Elétrica”

Ele olhou surpreso pra ela, que estava mesmo falando sério, então pegou o primeiro filme de terror que viu pela frente e colocou.

O começo do filme foi tranquilo, com um contando vantagem sobre o outro. Mas quando era chegada a hora da primeira morte, no sofá ele foi se aproximando de Angélica que mordia uma almofada.  No momento em que o assassino ia chegando perto da coadjuvante ingênua, houve o barulho de trovão lá fora e a televisão desligou, e tudo ficou escuro. Angélica gritou enquanto Raphael caiu na gargalhada:

-Para de rir! –Disse jogando uma almofada nele.

-Desculpa. –Disse ele rindo mais.

-Quase que eu morro de susto!

Se recompondo, Raphael foi até o interruptor tentar acender a luz:

-Ops... acho que a gente tá sem energia.

-Fala sério.

-O raio deve ter atingido um poste.

-Que droga.

-Estamos presos no escuro. –Disse ele

-Que ótimo. –Disse ela irritada, cruzando os braços.

Ficaram em silêncio um tempo, completamente entediados. Raphael foi até o quarto e trouxe alguns cobertores por causa do frio. Angélica afastou a mesa de centro e sentou-se no tapete se enrolando num cobertor. Foi quando reparou que Raphael estava acendendo velas por toda a sala:

-Pra que isso? –Perguntou ela hesitante.

-Precisamos de um pouco de luz até eu conseguir acender a lareira.

-Ah... –Respondeu ela aliviada. Ele á olhou um instante, como que dizendo “eu sei o que você pensou”, e ela ficou vermelha por isso.

Após acender uma quantidade considerável de velas, ele começou a se dedicar em acender a lareira. Impaciente, Angélica foi até a cozinha preparar algo para comerem.  Fez leite com chocolate, e achou alguns biscoitos, pegou também algumas frutas e pôs tudo numa linda bandeja. Voltou para a sala onde Raphael tinha acabado de acender a lareira.

-Com fome? –Disse ela se sentando no chão pondo a bandeja entre eles.

-Muita! –Respondeu pegando uma xicara.

Eles comeram em silêncio, encostados no sofá e encarando a lareira. Mas de repente, Raphael se pegou observando Angélica, e reparou que ela estava sem maquiagem:

-Bonito batom..

-Obrigada. Pensei em você quando comprei. –Disse com ar de convencida.

-Eu que agradeço então. –Falou sorrindo.

-Na verdade... Estava pensando na minha amiga Carol também.

Raphael sabia que Carol era a amiga morta, então apenas deixou que ela continuasse:

-Ela adorava batons. Dizia que era até um tipo de ritual usa-los.

-Que bom que ela te ensinou alguma coisa. –Brincou ele e Angélica riu.

Houve mais uma pausa. Até que ela decidiu que esse era o momento de falar com ele sobre o sonho/pesadelo:

-Rapha... Se eu te perguntar uma coisa, você promete ser sincero?

-Prometo! O que foi? –Disse ele dando o ultimo gole no leite.

-Quando éramos crianças... Você me beijou alguma vez?

Ele ficou surpreso, se lembrava muito bem do acontecido, mas antes de confirmar, ele quis saber mais:

-Por que a pergunta?

-É que eu tive um pesadelo... Sonho! Em que isso acontecia. Então fiquei confusa entre lembrança ou fantasia.

-Ah... Eu não me lembro disso. –Ele mentiu, mas pensou que se ela não lembrava era por que não foi importante, então melhor não falar. Mas acabou perguntando:

-Como foi?

-O pesadelo?

-O beijo.

-Ah... Eu não sei. Foi só um selinho. Coisa de criança, tipo naquele filme : ABC do amor. –Disse dando de ombros, estava se sentindo desconfortável, porém ele continuou:

-Foi bom?

-Eu sei lá... Foi um sonho, não dá pra saber.

-Mesmo? –Disse contendo a risada.

-É... –Ela não estava sem graça como ele esperava, mas sim impaciente com a conversa.

-Você não sabe se foi... Firme... quente?

-Não sei! Não dá pra comparar sonho com realidade. –Ela evitou olha-lo nos olhos e então ficou encarando o outro lado da sala.

-Foi tipo assim...? –De repente, ele segurou o rosto dela, como no sonho, á virou e sem dar tempo pra que ela pudesse recuar, deu um breve selinho nela.

-RAPHAEL!!!  -Gritou ela lhe dando um tapa no braço, enquanto ele não parava de rir.

-Agora você tem com o que comparar –Disse se contendo.

Ela cruzou os braços emburrada. Ele percebeu e parou de rir, então disse:

-E aí? Foi bom?

Ela suspirou impaciente e olhou para ele de modo sarcástico.

-Pra mim foi. –Disse ele –As duas vezes.

-Mas você disse que não aconteceu.

-É... Mas aconteceu sim. Desculpe ter mentido.

Ela pensou um pouco, então disse:

-Tudo bem.

-Mas... Por que você não lembra?

-Não sei... Você me pegou de surpresa, vai ver eu fiquei com tanto medo que meu cérebro bloqueou.

-Medo?

-Eu só tinha 7 anos!!!

Ele riu e disse:

-Ta bom, eu entendo.

-E você?? Por que me beijou??

Ele apenas sorriu olhando pra ela.

-Por que Raphael? –Insistiu ela.

-Por nada. Deixa pra lá... –Disse ficando sério, mas com um sorriso bobo.

Ficaram um pouco em silêncio, depois voltaram a conversar normalmente. Depois de um tempo, de repente ele observou tudo e começou a dar risada.

-O que foi? –Perguntou ela.

-Nada. –Mas continuou dando risada.

-Fala!

-É que... É romântico.

-Romântico?

-É... O “piquenique”, as velas...

-Ah...

-Se fosse combinado não teria dado tão certo.

Ela riu e disse:

-É verdade. Mas eu duvido que alguém faria tudo isso pra mim...

-E por que não?

-Por que eu não sou esse tipo de garota.

-Que tipo?

-O tipo... que os caras se esforçam pra fazer uma surpresa bonitinha, só pra dizer que gosta.

-Ah... Se te ajuda a se sentir melhor, eu posso dizer que tudo isso foi de propósito. Afinal, a gente até se beijou.

Ela apenas deu risada, depois disse;

-Você parece o tipo de cara que faz essas coisas...

-Não mesmo! Sério! Já fiz essas surpresas e no final deu tudo errado.

-O que houve?

-Em resumo, eu quis uma menina que não era pra mim, fiz uma surpresa muito legal, e ela me humilhou em publico dizendo que nunca ia ficar com um “nerd” como eu.

Ela ficou séria, depois disse:

-Que menina horrível.

-Eu me vinguei depois, relaxa. –Disse rindo

Mas ela continuou séria, e uma lagrima caiu de seus olhos, ao lembrar que ela mesma também já havia feito aquilo, e não com um, mas com vários garotos.

-Mesmo assim, ela não é nem nunca vai ser a garota que eu mais amei. –Disse ele dando de ombros.

-Então quem foi?

Ele pensou um pouco para responder, e quando se virou para falar, as luzes acenderam. Angélica gritou de alegria ao ver que tinha voltado a energia:

-Ainda bem!!!

Ele apenas riu e pensou: “bem na hora”, depois disse:

-É melhor a gente aproveitar pra arrumar aqui.

Eles dobraram e guardaram os cobertores, apagaram as velas e lavaram a louça. Enquanto Raphael guardava as coisas no armário, Angélica pensou no que Andressa disse sobre quebrar as regras, sem pensar direito, acabou dizendo á Raphael:

-A gente devia sair.

-Sair?

-É, pra se divertir.

-E sua vó ia deixar?

-Eu podia dar um jeito... Tô ficando entediada me encontrando só com você. –Disse dando uma risada debochada.

-Ah é? Então tá. Só tem 2 problemas.

-Quais?

-1. Não tem nada pra fazer nessa cidade. 2. Não podemos ser vistos juntos.

-2 problemas, 1 solução! –Falou ela como num comercial de produto de limpeza. –Não precisa ser aqui.

-Hum... –Ele ficou pensativo.

-Olha! Eu dou um jeito de sair de casa e você arranja o resto tá?

-Tá né?

Ela deu um beijo no rosto dele se despedindo, e foi pra casa.


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