Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 26
Capítulo 26




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No dia seguinte, ela estava morrendo de dor nas costas, pois o sofá não foi muito bom com ela, e foi para o quarto, decidida a não ir para escola. Mas a Vó entrou e á obrigou a levantar e ir.

Ela foi com Natália como sempre. Mas não trocaram uma palavra se quer o caminho todo. Na escola, ela esperou Natália entrar, e depois saiu, estava morrendo de sono e sem vontade nenhuma de encarar todo mundo. Estava passando pelo portão quando esbarrou em Raphael, ela ficou feliz em vê-lo, mas ele estava com a irmã, então apenas se desculpou e saiu.

Quando já tinha atravessado a rua, recebeu uma mensagem de Raphael:

             “Onde vc vai?”-R

            “Não sei” –A

            “Como assim?” –R

            “Só preciso dar um tempo.” –A

            “Vc está bem?” –R

            “Não” –A

            “Me espera. Vou com vc.” –R

Ela ficou confusa, mas esperou como ele disse.

Ele atravessou a rua para encontra-la, quando foi dar um beijo no rosto dela viu as marcas de aranhões e passou a mão:

-O que foi isso?

Ela se afastou com dor:

-Ai... não foi nada. –E saiu andando.

-Parece que um tigre meteu a pata em você. –Disse ele á acompanhando.

-Você devia ver a Natália...

-O que??

-A gente brigou.

-Por quê?

Ela pensou um pouco e disse:

-Por que ela é uma falsa hipócrita.

-Nossa! Você não perdoa ninguém.

-Não foi por maldade. Mas é a verdade.

-É... eu também concordo que ela é meia estranha. –Falou ele imitando um gesto de Natália e Angélica riu.

-Mas fala... é só por isso que não quer entrar? –Perguntou ele.

-Não. É que... eu to com a cabeça cheia, e ainda cansada, só queria sumir!

-Ah... –Disse ele rindo.

-Só queria ir pra qualquer lugar onde eu pudesse ler em paz.

-Tem uma biblioteca no centro.

-Não podemos ir lá.

-É mesmo...

Ele ficou pensativo um instante e disse:

-Eu tenho um amigo na outra cidade que tem um sebo. Quer ir pra lá?

-Mas até a gente chegar lá já deu a hora de voltar.

Ele ficou calado e ela deu um sorriso malicioso:

-Seria mais fácil... se tivéssemos uma moto.

Ele também sorriu:

-Também não podemos ir pra casa.

-Eu sei que seus pais não estão lá. Você vai rapidinho e eu te espero aqui.

-Você tem o dom pro mal sabia? –Disse saindo pra fazer o que ela disse.

Em menos de meia hora já estavam na estrada. Ao longo da viajem, ela observou curiosa as pequenas casas do interior, afastadas umas das outras. Seria um paraíso morar alí. Pra quem gosta de sossego claro.

Ele pegou um atalho por uma estrada de terra e em mais dez minutos chegaram ao destino.

O lugar, que mais parecia um porão, até que era aconchegante, tinha portas de vidro, e no lugar do piso de cerâmica tinha tapetes, sem ordem nem padrão nenhum. Nas paredes vários pôsteres e desenhos de bandas e pessoas que fizeram coisas marcantes. E é claro, prateleiras e mais prateleiras de livros.

Estava admirando todos os livros, quando ouviu alguém chamar;

-Raphael! –Um rapaz, que parecia ter a idade de Raphael saiu de traz de uma das estantes – Que bom te ver cara!- Disse ele indo abraçar o amigo.

-É bom te ver também.

-Quando saiu?

-Já tem praticamente um mês.

-Parabéns! –Foi quando ele percebeu a presença de Angélica – E a senhorita?

Ela olhou tímida para Raphael, que á apresentou;

-Essa é minha amiga Angélica.

Ele logo tratou cumprimenta-la beijando sua mão e se apresentou;

-Tiago, muito prazer... –Ele á encarou calmamente – Você tem olhos maravilhosos...

-Obrigada. –Disse ela um pouco sem graça.

Se desvencilhando da sensação arrebatadora que os olhos de Angélica lhe causaram, ele logo disse:

-Como posso ajuda-los?

Raphael deu de ombros e disse:

-Ela quer algo pra ler.

Tiago riu e disse;

-Vieram ao lugar certo. Fiquem a vontade.

Ele saiu e Angélica ficou a vontade por entre as estantes de livros amarelados e empoeirados.

Andou por entre uma estante á outra deslizando os dedos por entre os livros. Sentindo-os, respirando-os.

Enquanto se imaginava lendo todos aqueles livros, de repente ouviu o som de um teclado. Saiu de traz de uma das estantes e viu Raphael tocando um teclado perto do balcão onde Tiago estava. Sorriu e voltou a olhar os livros.

Derrubou a bolsa no chão, quando viu um exemplar quase rasgado de uma segunda tiragem de “Perto do Coração Selvagem”. Pegou-o na mão e se sentou no chão para ler.

Clarisse Lispector sempre era uma doce viagem pra ela.

Enquanto avançava pelas primeiras páginas, Raphael se aproximou e se sentou ao lado dela. Estava tão absorvida pela leitura que praticamente nem percebeu. Só depois, quando ele passou a mão em outro machucado, no pescoço dela.

-Ai!!! –Disse ela assustada.

-Desculpa. Não tinha visto esse.

Ela ignorou e continuou a leitura. Ele disse:

-Eu já li esse.

-Você já leu Clarisse Lispector? –Disse surpresa.

-Eu tive muito tempo livre sabe...?

-Então o que acontece?

-Bom...

-Não! Eu não quero saber! Acredito em você!

-Mas eu nem falei nada. –Disse ele rindo.

-E vai continuar assim. –Ela pôs o dedo indicador na boca, mostrando á ele para ficar calado e voltou a ler.

Ele continuou sentado com ela. Mas Angélica estava muito cansada por causa da noite anterior ela foi sentindo os olhos pesarem, encostou a cabeça no ombro de Raphael e acabou dormindo.

Ele sorriu e para deixa-la mais confortável a deitou em seu colo. Ficou á observando por um tempo. Não conseguia evitar de acha-la linda, com seus cabelos mais perfeitos do que de uma boneca. Quando eram crianças, ele nunca havia reparado nisso, ela era apenas a menina com quem ele brincava. Agora ela era uma linda jovem, tão linda como complicada, para quem ele tinha que oferecer mais do que um desenho dos dois.

Deixando-a dormir, ele pegou o livro e terminou a leitura que ela havia começado.

Quando de repente, num susto, ela acordou:

-O que foi? –Perguntou ele confuso.

-Nada não... –Disse ofegante.

-Você teve um pesadelo?

-Acontece. –Disse ela tentando evitar a vontade de esfregar os olhos, para não borrar a maquiagem.

-Sempre?

-As vezes.

Ele ficou calado, observando ela se ajeitar e evitar o assunto. Olhou no relógio e disse;

-A gente tem que ir.

-Já?

-O horário que estaríamos voltando da escola.

-Ah... é mesmo, então vamos né?

Eles se levantaram e se despediram de Tiago, que disse que eles podiam voltar sempre.

Na volta pra casa, ele á deixou uma rua antes de casa, para ela seguir a pé.


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