Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira
Na mesa de café da manhã, no dia seguinte, Angélica se esforçava para ficar acordada, enquanto tentava ignorar o enjôo. Estava tão cansada que pôs a primeira roupa que viu pela frente e nem sequer havia se maquiado.
-O almoço foi excelente ontem!! –Disse a vó puxando assunto.
-É... –Responde Angélica desanimada.
-Foi tudo lindo vó. Tirando alguns convidados inconvenientes... –Natalia disse a ultima frase olhando sugestivamente para Angélica.
-Ah, eu sei querida. Mas eu sou amiga da Erika á muito tempo, e ela não tem culpa dos erros do filho. –Disse a vó se referindo a mãe de Raphael.
-Claro. Mas tudo bem, nós temos que AMAR nossos inimigos. –Novamente olhando para Angélica.
-Você é tão boa. –Disse a mãe de Natalia para a filha.
-Não tão boa quanto a Angélica, ela até cumprimentou ele ontem.
No momento em que ouviu isso, Angélica soltou a xicara de café com raiva, mas se controlou.
-É verdade? –Perguntou a vó.
-É-é... Mas foi rápido. –Ela olhou para Natalia, como que pedindo que ela não contasse o resto, e ela concordou.
-Hum... –Disse a vó não muito satisfeita.
-Agora vamos Natália, eu não quero chegar atrasada na escola –Angélica disse se levantando da mesa e saindo.
No caminho da escola, porém, ela tirou á limpo toda aquela cena de Natália:
-Qual é a sua hein?? –Disse ela segurando o braço da prima.
-Ai!!! Qual é a minha oque?
-Isso de ficar jogando indiretas na mesa do café.
-Mas eu não fiz nada. Só comentei.
-Só comentou??? Você viu a cara da vó? Ela vai ficar ainda mais no meu pé!
-Eu não tenho nada a ver com isso.
-Como não? Você provocou!
-Mas você quebrou as regras.
-Eu não quebrei regra nenhuma!
-Então por que está com medo? –Natália foi sarcástica o suficiente para fazer Angélica se afastar.
-Achei que você tinha mudado. –Disse incrédula com a maldade de Natalia.
-Pessoas nunca mudam. Lembre-se disse sobre seu amiguinho. –Disse ela saindo na frente e entrando na escola.
Angélica não conseguiu se concentrar na aula, e aproveitando a dor de cabeça, acabou dormindo. A professora chamou sua atenção duas vezes e ela continuou ignorando. Raphael jogou uma bolinha de papel nela, mas ainda assim ela não respondeu. Quando a professora chamou pela terceira vez e ela não respondeu, recebeu um puxão de cabelo:
-Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!
-Ah!!!! Achei que você estava morta. –Respondeu a professora realmente aliviada.
-Não me viu respirando por acaso?
-Eu te chamei três vezes e você não respondeu.
-Tá... o que foi?
-Como o que foi? Você precisa prestar atenção na aula.
-Hum... –Disse ela entediada.
A professora pensou um pouco e disse:
-Quer saber? Não é a primeira vez que isso acontece. Venha comigo. –Disse saindo da sala.
-Pra que? – Respondeu Angélica á seguindo.
-Venha.
Ao chegarem no corredor, a professora falou:
-Vou te dar uma advertência.
-Que??? Você não pode fazer isso!
-Posso e vou.
-Não. Por favor. Eu não faço de novo. Eu prometo.
A professora parou de andar e falou olhando nos olhos dela:
-Olha... eu não sei por que você é tão rebelde e ao mesmo tempo tão vulnerável. Mas você não pode fugir das suas responsabilidades.
-Eu sei... –Disse insatisfeita.
Angélica pensou em discutir, mas como não levaria a nada, apenas pegou o papel com a advertência da professora e voltaram pra sala.
Ao chegar em casa, a Vó quase teve um ataque do coração ao ver a advertência que teria que assinar;
-COMO ASSIM DORMINDO NA AULA???
-Dormindo ué... –Angélica tentou não parecer tão irônica.
-É só isso que você tem a dizer?
-Desculpe... eu estava cansada.
-Cansada? A única coisa que você tem feito é se trancar naquele quarto e dormir o dia inteiro!
-Mas eu te ajudo em casa!
-Não faz mais do que sua obrigação. Mas sua obrigação também é ficar acordada na escola!
Angélica não respondeu, e ficou apenas se afundando mais no sofá, de braços cruzados, apenas observando a Vó despejar a enxurrada de insultos e “concelhos” á ela. Sentiu os olhos encherem de lagrimas, mas não se permitiu chorar, abaixou a cabeça e continuou apenas ouvindo.
-Voce vai ficar de castigo!
-Castigo como se eu não faço nada nessa droga de cidade?- Respondeu Angélica sem pensar.
-Eu vou pensar em algo. –Disse ela realmente pensando e falou de repente – As caminhadas que você tanto gosta. Acabam aqui!
-O quê???
-Pois é, e só vai voltar a ter essa liberdade quando eu for na sua escola e me certificar que está fazendo tudo direito.
-Você não pode fazer isso! –Gritou Angélica.
-Posso!
-Eu vou morrer trancada aqui!!!!
-Não seja dramática. Use seu tempo aqui pra pensar no que fazer da vida.
-Isso não é justo!!
-Eu decido isso Angélica! Agora vai para o seu quarto e não saia de lá até a hora do jantar.
Angélica saiu batendo o pé e se trancou no quarto.
Isso foi o fim do mundo pra ela. Pois além de as caminhadas serem uma desculpa para ir até a cachoeira ver Raphael, era nas caminhadas que ela extravasava suas emoções.
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