Ela continuou pensativa, quando de repente ele disse com euforia:

-Vamos mergulhar!!

-O que? –Perguntou ela surpresa, mas querendo rir.

-Estamos aqui não é?

-Mas está muito frio, essa agua deve estar congelando.

Ele se levantou e tirou a jaqueta

-Fala sério Angélica.

-E o que eu vou dizer pra minha vó quando chegar toda molhada em casa?

-Diz que choveu ué- Respondeu ele tirando os tênis e meias.

-E claro que ela vai acreditar cegamente.

-O que mais acontece nessa cidade é chuva, aproveita ué. –Falou tirando a camiseta.

Ela ia responder, mas esqueceu na hora ao ver a tatuagem que Rafhael tinha nas costas. “FREDOM” Assim mesmo, em impact. Tinha mais algumas outras, mas não se destacavam tanto quanto essa, tanto que ela nem percebeu que ele tinha tirado a calça e mergulhado.

Sem saber o que pensar e completamente distraída, da agua, Raphael á chamou:

-Ei! Acorda! Vem logo, a agua tá uma delicia.

-Duvido.

-É sério.

-Não vou!

-Tá com medinho é?- Provocou ele. –A Angélica que eu conheci jamais evitaria uma diversão dessas por medo de castigo.

-Não estou com medo, só quero evitar a hipotermia. –Respondeu ela decidida.

-Mas a agua não está congelante, como você diz, tá temperatura ambiente.

-Acontece que a temperatura ambiente daqui é -1, portanto eu não vou entrar.

-Depois que você entra nem se nota. Olha pra mim, estou dando sinais de hipotermia?

-Demora um tempo até o sintomas aparecerem...

-Você tem que se acostumar com o ambiente... Quer ver? Tira a blusa de frio.

Angélica revirou os olhos, mas querendo provar que estava certa, se levantou e fez o que ele disse.

-Não deu certo, estou morrendo de frio. - Disse ela tremula cruzando os braços.

-Mas a agua não está, olha aqui minha mão, está quente... –Ele estendeu a mão para ela. Foi tão rápido que Angélica nem teve tempo de pensar na maldade que Rafhael ia fazer, inocentemente ela deu a mão para ele, que instantaneamente á puxou para dentro d’agua.

Ela imergiu para a superfície gritando:

-VOCÊ FICOU LOUCO??? ESSA AGUA ESTÁ CONGELANDO E EU ESTOU VESTIDA!!!!

Ele não conseguia parar de rir, gargalhadas que pareciam eternas para Angélica, que não viu nenhuma graça nisso tudo.

Quando ele conseguiu se conter, disse:

-Desculpa mas eu não consegui resistir, você tem que aproveitar mais a vida.

-Não é congelando numa cachoeira que eu vou aproveitar a vida!- Disse trêmula.

-Calma, daqui a pouco esquenta.

-Não! Quero ir embora! –Disse nadando para a margem, ele á segurou.

-É serio! Já vai melhorar!- Garantiu Raphael.

Ela ficou séria e desviou o olhar dele. Mas percebeu que ele á olhava muito atentamente, como que á estudando.

-Que foi?

-Você tem uma cicatriz.

Sabendo do que ele falava, instantaneamente ela olhou para o ombro esquerdo, onde pela força da agua a blusa dela ficou caída, e mostrava a tal cicatriz.

-É do acidente. Não me lembro por que é no ombro.- Disse triste arrumando a blusa.

-Bonita.

-O que?

-É bonita.

-É uma cicatriz inútil.

-Cicatrizes são marcas de coisas pelas quais passamos. Podem nos descrever.

-Como as suas tatuagens?

Ele riu e disse:

-É por aí...

Quando ela estava pensando em algo para responder, três rapazes chegaram gritando e pulando na cachoeira, Raphael e Angélica riram e saíram da agua.

Angélica pegou seu moletom e saiu andando na frente , enquanto Raphael ficou pra traz se vestindo.

Mas logo ele á acompanhou:

-O que você vai fazer?- Perguntou ele se referindo a ela estar completamente ensopada.

-Você devia ter pensado nisso antes. –Respondeu ela com raiva.

-Me desculpa.

-Não Raphael! O que eu vou dizer pra minha vó???

-Diz a verdade, que você foi caminhar e encontrou a cachoeira, então resolveu dar um mergulho. Não precisa dizer que estava comigo.

-De roupa??

-Então fala que você escorregou nas pedras enquanto admirava o lugar da sua infância. –Ele fez uma cara dramática para a frase, ela riu, mas continuou com raiva:

-Nunca mais vou sair com você!!

Ele não respondeu, e ela saiu andando novamente. Ele ficou parado olhando pro céu, então á chamou:

-ANGÉÉÉÉÉÉLICA!!!!

-O QUE??????

Quando ela se virou para olha-lo, caiu uma torrente do céu, a chuva forte e salvadora de que Angélica precisava.

Ela sorriu para Raphael e saiu correndo para casa.

Por causa da chuva, não houve suspeitas quanto a porque Angélica chegou molhada em casa, assim ela teve um pouco de tranquilidade, além de espirros e febre, é claro.