Sofia escrita por Larissa M


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Heey! Eu sei, eu sei, 3 semanas...
Me perdoem, tempo é curto e internet consome as minhas atenções qnd eu posso entrar.
Mas, queria dizer que nesse capítulo apresento dois personagens, que, embora não muito importantes no momento, no futuro terão seu valor.
Boa leitura!



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Os planos para a mudança até Londres haviam enfim se concretizado.

Sofia sabia que sua mãe estaria um tanto mais disposta a aceitar a troca de residências após a visita à mansão. Ninguém pôde evitar que o assunto viesse à tona, sendo ele algo em comum dentre as duas famílias e de importância até mesmo ao Sr. Joseph Foster. A Sra. Foster e Catlyn foram de uma grande força ao convencer a mãe de Sofia, que acabou por ceder.

Agora, a carruagem levava ambas à Londres, junto de parte de suas bagagens, e com o cocheiro de confiança de Richard Foster. Sofia tentava distrair-se com a vista da pequena janelinha da carruagem, só incomodada pelo balanço e as sacudidelas da carruagem na estrada desregular. O resto da bagagem viria atrás, em outra carruagem mais apropriada.

No pouco tempo que se passara desde o jantar na mansão Foster, [n/a para amigos imaginários] a ajuda de Richard às Eastwood fora significativa. Ele conseguira, através de suas boas relações em Londres, conseguir dois inquilinos para alugar Highgrove Cottage: Dr. e Sra. Herbert, ambos conhecidos seus de Londres, a procura de um lugar calmo para se situarem na aposentadoria do Dr.

Sofia estava ansiosa para conhecer os novos donos de Highgrove Cottage, e também para se familiarizar com Brakefield Hall. Nunca havia visitado a antiga moradia de seus amigos, mas fora garantida de que era aconchegante o suficiente para ela e sua mãe, com ótima vizinhança, e, embora não fosse localizada em uma das ruas de maior prestígio em Londres (o que Sofia fez questão de dizer que não se importava), não ficava muito distante de tal.

O Dr. e a Sra. Herbert passariam em Manson Street antes de seguirem viagem para Highgrove Cottage, a fim de jantaram com os Foster e as Eastwood. O doutor, dissera Richard a Sofia, tinha amigos em comum aos dele, sendo assim como se conheceram. Ele sabia que Dr. Herbert estava em busca de uma casa como o chalé de Highgrove justamente por ser no campo, ser uma casa pequena e perco de um vilarejo, onde poderia atender seus clientes sem maiores problemas, e sua esposa, Sra. Herbert, estaria bem aconchegada na calmaria do campo.

Assim, Sofia estava ansiosa para chegar. As semanas que haviam se passado arrumando o chalé, guardando e separando o que iriam levar foram agitadas, mas ela de alguma forma passara sem maiores problemas nem estresses. Catlyn viera visitá-la algumas vezes, para manter Sofia atualizada dos progressos de Richard em Londres. Estava decidido que ela e Richard ficariam em outra casa da família Foster, pertencente ao irmão de Joseph, e agora a Richard, na parte mais rica da capital, e que poucos dias antes das Eastwood iriam à Londres para os preparativos finais da Brakefield Hall.

O último solavanco da carruagem ao parar estacionada foi o que acordou Sofia. A moça acabara caindo no sono durante o percurso, sonolenta pela falta de atividade. Sua mãe não fizera menção de acordá-la até o presente momento, pois acabavam de chegar à Brakefield Hall.

- Sofia, querida... Você acaba de acordar.. Vamos, os Foster devem estar nos aguardando.

As duas saíram da carruagem, virando-se para ver melhor a casa após dar instruções ao cocheiro sobre a bagagem de mão que carregavam.

- Como é linda! – exclamou Frances. – Sofia, você assim imaginava Brakefield Hall? Os Foster certamente não poderiam ter sido mais gentis conosco. Temos que agradecer-lhes, certamente.

Sofia parou para admirar a casa, e teve de concordar com sua mãe.

- Oh, Catlyn sabia que isto seria até demais para nós! Depois do nosso modesto chalé...

Brakefield Hall não era comparável em tamanho à Highgrove Park, mas decerto, como ambas as Eastwood haviam observado, era muito menos modesto que o chalé de Highgrove. A começar pelo tamanho, em seus dois andares haviam muitos mais janelas visíveis que em um chalé, com uma varanda e uma pequeno caminho em frente bem cuidados. A pintura era recente, simples, agradável. Toda a construção se resumia numa boa surpresa, e no que seria residência das personagens por muito mais do que as próprias imaginavam.

***

A noite trouxe algumas surpresas igualmente agradáveis para as duas Eastwood.

Após terem se acomodado e acostumado com Brakefield Hall, Richard tendo as levado por toda a casa, as duas haviam sossegado no andar de cima, muito mais amplo que no chalé, com aposentos únicos e muitíssimo satisfatórios à mãe e filha. Embora sua mãe não houvesse expressado uma palavra a respeito, Sofia sabia que ela sentiria falta de seu jardim do chalé, sendo Brakefield muito mais urbano que o desejado. Já a Sra. Eastwood tinha certeza que em tudo agradava sua filha, e não admitiria nem para si própria algum incômodo.

A chegada dos visitantes esperados para a noite se deu precisamente no horário marcado por Richard e Catlyn. A Sra. Foster se dera a liberdade de comandar os assuntos caseiros daquela noite, sendo as duas novas proprietárias muito mais parecidas com visitas do que tal.

O Dr. e a Sra. Herbert causaram uma boa primeira impressão em todos. Sendo ele muitos anos mais velho que ela, aparentava também muito mais austeridade e retenção; uma figura de respeitabilidade, ao passo que a Sra. Herbert era muito mais elogios e jovialidade. Suas feições delicadas só acresciam a sua aparência jovem, e seus olhinhos apertados quase desapareciam ao sorrir. Embora fosse uma mulher de pequeno porte, esteve claro desde o primeiro momento que sua presença numa sala não era fácil de ignorar, e muitas vezes se tornava o centro das atenções.

- Sra. Foster, mas que adorável residência! É um prazer conhecê-los, ambos, os Foster, e as senhoras também – disse, referindo-se as Eastwood – Uma ótima oportunidade que nos ofereceu, Sra. Foster!; assim que o Sr. Foster veio a oferecer essa proposta, disse ao meu marido que não podíamos recusar; sempre disse a ele que acabaríamos num pequeno chalé no interior; só não sabia que seria em Surrey... Claro, é vantajoso para nós, dado a proximidade com Londres. – Ela sorria, sentada num dos sofás ao lado de seu marido, e, embora parecesse que seu discurso se dirigisse a todos, olhava principalmente a Catlyn, quem sabia ser a senhora da casa. Desviando seus olhinhos pequenos para a mãe de Sofia, acrescentou – Acredito, Sra. Eastwood, que a senhora e sua filha fizeram este mesma viagem nesse dia, ou estou errada?

- Sim, Sra. Herbert, viemos de Surrey hoje mesmo. – Frances respondeu com um sorriso um tanto fraco perante a intensidade da outra senhora.

- Magnífico! Faremos a mesma viagem daqui a poucas semanas, eu e o Sr. Herbert, a exata mesma viagem, para o chalé de onde vocês mesmas vieram... Mas creio que já estejam todas cientes disso; a Sra. Foster decerto lhes contou, não é mesmo? Diga-lhes, Sr. Herbert, nossa animação para nos mudar para Surrey! – ela disse, embora não desse muito espaço para que ele pudesse lhe responder, e continuou ela mesma – Sempre adorei coisas como um chalé um pouco afastado de tudo, na modéstia e simplicidade! Há muitos casas, Sra. Foster, aqui em Londres mesmo, que até chegamos a visitar, que extrapolam em coisinhas bobas como decorações, assim como os Madison, lembra-se, querido?, e que lhe garanto que o exagero fica óbvio! Nada como a simplicidade, sempre pensei, e o que melhor que um chalé mais humilde e amável numa região como Surrey?

Sofia mordeu o lábio, evitando que os olhinhos apertados da Sra. Herbert se fixassem nela. Seria difícil esconder o seu descontentamento com aquela situação, principalmente sendo aquela senhora tão faladeira quanto se mostrava.

- Garanto-lhe, Sra. Herbert, - disse Sofia, o mais delicadamente possível – que Highgrove Cottage é tão amável quanto a senhora imagina.

- Oh, mas claro! Uma pequena casa no campo, não poderia deixar de ser, não é mesmo? – ela disse, e, embora seu largo sorriso garantisse a Sofia seus modos de ser delicada, não deixou muita certeza.

Sofia calou-se, sem saber o que mais responder à Sra. Herbert. Por ela, já havia visto o bastante do caráter de sua nova vizinha para saber que poderia dar adeus a toda a antiga simplicidade de Highgrove.

Quando ao Dr. Herbert, Sofia só teve chance de conversar com ele tempos depois, após o jantar e apenas quando Richard e o próprio doutor vieram juntar-se às mulheres, numa das saletas de estar de Brakefield. As mulheres haviam acabado de passar por uma série de minutos preenchida pelas especulações da Sra. Herbert, nas quais Catlyn mais uma vez se destacava como principal ouvinte, sempre atenta e paciente, de modo a restringir Sra. Herbert à ela. Sofia “escapou” de ter que ouvir, e foi então que pôde se aproximar do Dr. Herbert quando este se afastou um pouco de todos e pôs-se a observar alguns títulos dispostos na prateleira da saleta. Muitos de alguns objetos ou móveis ficariam para trás com Sofia e Frances, outro favor do casal Foster, incluindo os livros. Ao observá-los, o doutor aparentava estar de mais bom humor do que quando chegara a casa, e, portanto, Sofia se animou a abordá-lo:

- Dr. Herbert, é por acaso leitor assíduo? Vejo que admira com maior interesse os livros do que qualquer outra coisa... – Sofia puxou assunto ao se aproximar, sorrindo.

O doutor, se ficou surpreso com a repentina aproximação, não demonstrou. Muito calmamente olhou para Sofia e respondeu em poucas palavras:

- Está certa em afirmar isso. De fato leio tanto quanto minha profissão o exige, e ainda mais por empenho próprio.

- É claro, acredito ser a medicina uma das carreiras que mais necessitam de uma leitura empenhada. Alegra-me a perspectiva de que Highgrove Cottage vá encher-se outra vez de livros! Não que me vanglorie de minha própria coleção, a maioria que está aqui é de Catlyn, mas meu tio certamente foi um leitor assíduo, assim como também exigia sua profissão.

O Dr. Herbert, demonstrando tato, aquiesceu, e apenas ousou perguntar:

- Era doutor, então?

- Não, não; escritor. Embora a leitura seja de diferente teor que a acadêmica, ainda assim é necessária.

- Decerto. – ele concordou. – Meus pêsames por seu tio. O Sr. Foster delicadamente me explicou a situação... – ele dizia, mostrando-se ser muito mais sensível e discreto que sua esposa.

Sofia respondeu apropriadamente, e depois desviou o assunto novamente para leitura. Achara o Dr. Herbert, embora passasse uma impressão de introvertido, com muito tato, e com a aparência de ser uma pessoa correta. Highgrove Cottage estaria em boas mãos, e, talvez, algum dia ela lá retornasse... Ela parou de pensar nisso, e tornou a se concentrar no que o doutor dizia.

Eles continuaram a conversar até o fim da visita, dando-se muito bem e falando de assuntos que giravam em torno de suas vidas: Sofia chegou a perguntar de sua profissão, e viu o médico respondendo com sentimento o quanto gostava de exercê-la, e o quanto ansiava por aquela casa, ou melhor ainda, como ele próprio disse, chalé no campo.

- Oh, eu acho que sentirei falta do campo. – Sofia exclamou.

- Tenho certeza que a senhorita achará boas qualidades e atividades aqui na capital... Eu particularmente procuro o silêncio. – o olhar do Dr. Herbert, inadvertidamente ou não, pousou em sua esposa. Ela ainda se mostrava com muita energia ao falar com Catlyn, com Richard e Frances.

- Não tenho dúvidas de que o achará. – Sofia comentou num tom otimista, sem deixar de inclinar a cabeça também para observar o outro grupo. – Recomendo-lhe uma caminhada pelos bosques de Highgrove. Encontrará no Sr. Joseph Foster um homem que lhe receberá de bom grado, e lhe abrirá as portas à Highgrove Park e cercanias. – ela sorriu.

- Obrigado, senhorita Eastwood. Acredito serem os Foster uma família caracterizada bela generosidade.

- Já os conhece há tempos?

- Sim, de fato, tenho contato com o Sr. Richard Foster e sua esposa já há certo tempo. Amigos, bons amigos.

- Compreendo.

As amabilidades entre os dois continuaram até que o próprio Dr. Herbert, sentindo que já estava na hora de ir, deu a noite por encerrada, e chamou a sua esposa à saída e à: “Deveríamos ir, para maior sossego de nossos anfitriões, querida Sra. Herbert”.

Educadamente o Sr. Foster alegou ainda estar cedo, o que não foi desculpa aceita pelos Herbert. O doutor já estava decidido a ir, e, assim que a carruagem foi chamada, ambos saíram de Brakefield Hall, deixando para trás opiniões bem similares acerca de caracteres bem divergentes.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Pra deixar claro: fui pesquisar o plural de "caráter" e descobri que era "caracteres" mesmo. Confiando no Google, deixei assim kkk