Sofia escrita por Larissa M


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então, meus leitores queridos, estou de volta com mais uma fanfiction, mais uma original e mais um romance. Não, eu não pretendo mudar de gênero xD Maaas, pretendo dar meu melhor nesta história =)
Aproveitem, semana que vem volto com outro capítulo! (toda terça-feira podem esperar que eu irei atualizar!)



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Deitar-se a cama à noite e fechar os olhos muitas vezes traz os pensamentos indesejáveis que por horas do dia quase findo tentava-se esquecer. É um momento reservado para o relaxamento do corpo, mas onde a mente ainda vela acordada, guiando os pensamentos invariavelmente para a reflexão. Sofia Eastwood nesse estado assim se encontrava, sem enxergar nada no quase breu de seu quarto, e esperando afundar na infinitude da escuridão. A moça tinha lá os seus motivos, e, no tempo correto deste ritual necessário e recompensador, conseguiu ser engolida pelo torpor.

O sono traz consigo o oposto do que o ato de deitar-se primeiramente trouxe, penetrando num mundo inteiramente de quem sonha, sem mágoas nem dores, sem alegrias nem sorrisos. E o acordar, etapa final do ciclo de cada noite, traz de volta tudo o que o sono tirou.

Na manhã de uma segunda-feira chuvosa, Sofia se ergueu da cama sentindo-se mais refeita do que quando fora deitar-se. Ainda sentia a dor daquela perda recente apertar o seu peito, mas, como invariavelmente a vida teria de seguir, colocou os pés para fora da cama, sentindo o frio assoalho com a sola de seus pés.

Em busca de um espelho, seguiu até a penteadeira de seu quarto, fitando-se para avaliar seu próprio estado. Tentou não olhar para seu rosto enquanto ajeitava os cachos negros com um pente, deixando-os cair sedosos por suas costas. Apenas depois se permitiu olhar o rosto. Suas olheiras e a pele pálida sem cor não deixavam dúvidas: seus últimos dias e noites não haviam sido fáceis para o corpo. Sentia-se um tanto mais revigorada, era verdade, mas apenas no que se diz respeito aos próprios sentimentos.

Os olhos negros de Sofia eram a única peça que em contraste ainda brilhava. Lágrimas dali partiram, transformando o despreocupado olhar de antes num que, ao mesmo tempo, sustentava a tristeza e tentava escondê-la. Agora, estavam secos, mas o rastro molhado cavara fundo, e fragilidade de sua alma ia atingir a qualquer um que investigasse mais fundo seu olhar.

Um acontecimento fatídico se abatera sobre as Eastwood não havia nem um mês. A família, formada antes de mãe, filha (a própria Sofia) e tio, agora perdera um de seus membros. De modo abrupto e extremamente abalador, Charles Ackroyd encontrara a morte mal tendo atingido a velhice. A doença fora rápida, e implacável. Podia-se dizer que o tio de Sofia não sofrera, no entanto, seu sofrimento fora indiretamente proporcional ao que deixou para trás em seus conhecidos.

Sofia lentamente se vestiu, mais uma vez combatendo às insistentes memórias. Por mais que não estivesse em sua melhor forma, sabia que sua mãe sentia a perda mais do que ela, apesar de nunca demonstrar. Charles fora demasiado presente e importante na vida da mais velha para que ela conseguisse se desprender de um irmão assim tão rapidamente. Há aqueles vínculos os quais, mesmo de sangue, não são tão fortes; porém, há os que não nos imaginamos sem, e, para a infelicidade de Frances Eastwood, esse caso se tratava do último.

Enquanto passava mais uma vez pela penteadeira, Sofia não conseguiu evitar um vislumbre de seu próprio reflexo. Seguindo caminho ao descer pelas escadas, a moça manteve a imagem na cabeça. Tentou conter as memórias que a partir dali surgiam, mas debalde.

 As maçãs do rosto pálidas e sem cor de agora outrora foram coradas e cheias de vida; as olheiras, inexistentes; os olhos, fulgurantes e alegres; e ela até mesmo se permitia certa vaidade ao cuidar de si própria e arrumar-se. Podia-se dizer que sua beleza fora irresistível para alguns e invejável para outras. Seu intelecto era outro ponto a seu favor, e facilmente notado no modo de falar e se expressar da moça. Numa primeira impressão, Sofia se saía bem aos olhos de qualquer um.

No entanto, a vida da moça não fora toda uma coroa de flores, nem ela poderia dizer que sempre tivera os atributos já mencionados. Sofia crescera ao redor de problemas: numa vida preenchida por uma má situação financeira, um pai que morrera cedo demais e uma mãe que tinha mais coração do que pendência para cuidar das finanças. Frances fizera o seu melhor, dando toda a educação e bons modos que poderia para sua filha, sem esquecer-se de afeto e boa vontade. No entanto, nenhum desses resolveria a questão do dinheiro.

Ao passar pelo quarto da mãe, mais adiante no corredor, Sofia parou. A porta estava entreaberta, com uma única nesga do sol nascente vinda da janela e passando por ali. Aproximando-se, empurrou a porta alguns centímetros a mais, a fim de olhar o interior. Averiguou o que já esperava: Frances estava adormecida, pois, como de costume, gastava um pouco mais de tempo que a filha ainda dormindo.

Fechando a porta, Sofia seguiu para o andar debaixo mais tranquila. Sua mãe era uma mulher de temperamento calmo, que dificilmente se deixava abalar, e sempre tirava o melhor de cada situação. Tanto a vida assim exigira dela, quanto ela já apresentava propensão a este comportamento, sendo sempre conhecida por sustentar um sorriso no rosto. Porém, há certas coisas que até mesmo Frances sentiria, e dentre essas estava a morte de seu irmão. Sofia via a mãe oferecer-lhe um sorriso vez ou outra, mesmo que lhe custasse fazê-lo. Era com esses pequenos gestos que a filha sabia que, com o tempo, ela iria voltar ao que era antes.

Já no andar debaixo, Sofia serviu-se do desjejum com certa pressa, mecanicamente. Completamente desperta, já enumerava mentalmente as tarefas do dia, as quais ela organizava propositalmente para trazer o máximo de trabalho possível. Era uma sexta-feira, ainda bem cedo na manhã, mas a moça sabia que, do tempo que levava de sua casa até os correios, era muito provável que a correspondência matutina já houvesse sido entregue, e era justamente por ela que Sofia se apressava.

A moça saiu da cozinha e cruzou a porta em direção ao vestíbulo. Retendo-se brevemente ali, ela juntou uma pena e um pedaço de papel e escreveu de forma clara: Irei à cidade. Volto em breve. Se Frances acordasse na ausência de Sofia, não haveria problema algum, a moça pensou, ao prender o bilhetinho debaixo do pote de tinta.

Já do lado de fora de sua casa, Sofia ficou grata por sentir a brisa leve da manhã afagar-lhe o rosto. Gostava de passeios pelos arredores de Highgrove Cottage, no geral por prados ou bosques, e em especial pela manhã. Mais uma vez recordou-se do tio, e sua insistente ociosidade e preferência ao lar do que àquelas caminhadas.

Por mais que se sentisse culpada pelo gesto, um sorriso tímido despontou nos lábios de Sofia. Representava mais a alegria das recordações do que a alegria presente.

Sofia passara muito pouco tempo na infância com a companhia do pai. Poucas memórias ainda conservava dele. Essa figura paterna ausente fora substituída naturalmente por outra, ainda em sua infância, quando à mãe e filha fora oferecida, num dos momentos em que mais a necessitavam, a ajuda de Charles. Passavam ambas pelos tais problemas financeiros que se seguiram logo após a morte do pai, tendo a constante renda dele se esvaído com sua morte, e os grandes esforços da mãe tendo sido insuficientes para os gastos anuais.

O bondoso Charles Ackroyd, embora abalado pela recente viuvez, esperava encontrar consolo na presença e no amparo de sua irmã e sua sobrinha, e elas, tão logo souberam de suas intenções, nele. Era um prestigioso escritor, de boa índole, e disposto a cuidar de ambas as Eastwood.

Sempre nutrira por seu tio uma mescla de afeição, admiração e gratidão, pois, assim que chegara a idade o suficiente para compreender a ideia de que ele fora o principal responsável por manter o sustento dela e de sua mãe, este último sentimento houvera sido inevitável. Igualmente o tinha em alta estima, e sempre o admirara muitíssimo por sua profissão.

Com o tempo, os três chegaram a uma convivência harmoniosa na casa de campo comprada no condado de Surrey, ao sul de Londres, a mesma que ficara agora para Sofia e sua mãe. Um ano se sucedeu ao outro, e a infância de Sofia deu lugar a adolescência, e depois, a uma jovem adulta. Ambas as fases poderiam não ter tido abundância de recursos, mas de modo algum isso intervira na felicidade dela.

A menina aprendera seus limites, tendo-lhe a vida ensinado ou ela mesma os percebido, e sabia respeitá-los. Criara também um grande senso de decoro, ciente do que sua condição financeira poderia torná-la aos olhos dos outros. Os únicos momentos em que se permitia escapar da realidade e mergulhar em fantasia eram aqueles dedicados às suas leituras, fossem livros ou poesia, as quais ela tanto gostava. Eram livros alugados, mas nisso não via problema algum; traziam as mesmas fantasias e deliciosas tramas que os caríssimos exemplares enfeitando prateleiras e prateleiras de bibliotecas de nobres famílias. Sofia era uma leitura assídua, incentivada tanto pelo tio, que buscava conhecimento nas leituras para depois escrever, tanto por sua mãe, que fora quem primeiro se tornara sócia da biblioteca do vilarejo.

Entre alegrias familiares, deliciosas tardes em leituras de livros alugados, e passeios matutinos e vespertinos pelos campos, Sofia cresceu, alcançando a maioridade e o início da vida adulta, a medida que também crescia um sonho: ser escritora.

Determinação e incentivo nunca faltaram. O exemplo de seu tio já era o suficiente para Sofia se espelhar, e os constantes elogios ou observações a respeito do que ela escrevia mantinham-na determinada a se superar.

No início, encontrou certas dificuldades, no entanto, felizmente para a moça, ela era possuidora do dom da escrita. O único ponto que ela carecia era certa ambição, pois, embora escrevesse e se melhorasse a cada vez que o fazia, suas perspectivas quanto à publicação eram limitadas: não se permitia sonhar mais do que o estritamente saudável, pois sabia que para uma mulher tão jovem quanto ela, do século XVIII, isto beirava o impossível.

Entretanto, há um ano, foi exposta a uma ideia afortunada de seu tio. “Se não pode ser aceita como mulher, que o seja como homem.” Sofia ainda se recordava claramente das palavras dele, ditas num entusiasmo repentino, e cujo significado a encantara imediatamente. Esconder-se por trás de um nome masculino não fora trabalhoso, na verdade, não trouxera nenhum incômodo para Sofia, a não ser pelo fato de não ser publicamente reconhecida. Charles cuidara de toda a burocracia e todos os negócios, dizendo uma única verdade: ser parente do “autor”.

Sofia lembrou-se de quando parou, no ano passado, para refletir em busca de um nome que pudesse representá-la nessa empreitada. Foi então que fez nascer Stephen Penketh. “Por problemas de saúde, o escritor não sai nem de casa nem de seu condado; portanto, nada de visitas à Londres e à sede da editora.” Dissera essas palavras Charles, as quais, após ponderar um pouco, Sofia aprovou. Nem seria necessária biografia, ainda acrescentou, se Stephen assim requisitasse.

A moça já caminhava por certo tempo, num ritmo apressado, pois não queria perder tempo. A residência dos Eastwood não ficava muito afastada da cidade, porém era uma distância considerável. Para passar o tempo e se distrair, Sofia se punha a observar a paisagem – longe de ser uma tarefa que lhe seria um sofrimento – e a aproveitar o clima bucólico.

Sendo a estação do ano o verão, uma das favoritas de Sofia e uma das mais propícias a caminhadas, a estrada a qual ela tomava era toda ladeada por tons dos mais verdes, tanto tingindo as cores das copas das árvores quanto formando o espesso tapete de grama encobrindo o chão. Os prados visíveis por entre os galhos e folhas eram todos de mesma cor, revelando a parte mais rural da cidade. O sol do início da manhã dava a tudo um especial brilho dourado, derramando-se sobre os prados e encontrando frestas as quais atravessar por entre as árvores.

“Numa manhã como esta, não seria difícil usar-me da natureza como inspiração...” Sofia pensava consigo mesma. Uma de suas principais fontes de inspiração e calma era observar a natureza, a outra, apreciar uma composição musical. Não era raro que ela e o tio dividissem uma mesma sala, pondo-se os dois a observar periodicamente a vista na janela, e gastar o resto do tempo rabiscando ideias ou parágrafos. Não raro, também, pediam auxílio um ao outro, seja em busca por uma palavra, seja por conferir uma grafia.

Dando continuidade a sua própria história, agora Sofia se viu, meses depois de seu tio já ter retornado de sua viagem à Londres e a editora. Tentara primeiro na editora que já  o conhecia e publicava, e tivera sorte ali mesmo.  Uma carta fora enviada a sua residência, com o remetente de sobrenome e títulos marcantes – Saunders, auxiliar de revisões – e um texto redigido animadamente com uma aceitação. Sofia celebrara ao lado de Charles, genuína e inigualavelmente alegre. Seu primeiro romance fora publicado.

Sofia aprendera com o tempo a se conformar com a ideia de que seu nome não estava sendo reconhecido, e passou a se divertir sempre que os outros comentavam sobre suas obras, considerando elogios à Penketh elogios para si. No geral, havia aquele mexerico sobre o aparente desconhecimento geral sobre a identidade do autor; nunca fora visto, mas era sempre muito comentado. Sofia segurara a língua em uma ou duas ocasiões, onde quase agradecera a elogios, assim como tivera que manter seu rosto impassível diante de críticas. Quando lhe perguntavam sua opinião, fazia rodeios e nunca dava um veredicto concreto. Seus livros eram seu orgulho, e seu pseudônimo uma fonte de divertimento.

As ideias para histórias surgiam naturalmente para Sofia, e a moça se divertia com a escrita, tratando-a quase como um passatempo. Não tardou para que escolhesse uma ideia e a carregasse adiante. Sofia começou a escrever os primeiros esboços de um segundo romance, animada com a perspectiva de outra publicação. No decorrer de um ano, desenvolvera a ideia, criara e escrevera, tendo concluído o romance tão satisfatoriamente quanto começara.

Durante este tempo, Charles a ajudara, tanto nas ideias quanto na transação que ela sabia que viria se o editor aceitasse o manuscrito. Enviando os primeiros capítulos a Londres logo quando ficaram prontos, Charles já havia conseguido como resposta a garantia de que eles lhe interessavam, porém, o editor não mais escrevera desde então.

Era justamente isto que Sofia pretendia resolver indo aos correios. Sobre pressão de seu tio, enviara uma carta dizendo que o manuscrito estava completo, e agora ia a busca de uma carta do editor.

A ânsia de Sofia por encontrar uma resposta positiva era justificável, não pela satisfação e autogratificação que a seguiriam, mas muito mais pela questão monetária. Assim como acontecera anos antes com seu pai, agora, quando o tio falecera, o dinheiro também fora junto. Era inegável que Charles possuíra mais fama que sua sobrinha, e, por conseguinte, conseguira, até então, quase todo o financiamento necessário para a vida da família. Além de histórias, contribuía também para o periódico do vilarejo: outra renda constante e indispensável. Ela sabia que, se não cuidasse direito das finanças, não demoraria a que ela se esvaísse.

Sofia chegou às primeiras casinhas enfileiradas, que indicavam o início do centro do vilarejo. Não tardaria, e os correios já estariam à vista. A moça, na tal concentração que estava refletindo, nem sequer percebia os arredores, e nem precisava. Já conhecedora do vilarejo e de todas as ruas e vielas por anos de uso, fazia o percurso maquinalmente.

Por fim, surgiu o prédio baixo dos correios logo à frente de Sofia, encaixado entre duas outras construções logo na esquina, em formato de triângulo. O sol refletia nas janelas, ofuscando a vista que Sofia poderia ter do interior. No entanto, sabia que a construção já estava funcionando assim que avistou um senhor entrando, e o sininho da porta batendo em alarme.

- Srta. Eastwood, não é mesmo? – perguntou o funcionário baixinho, assim que Sofia se pôs diante dele. Estava só no meio de pilhas de cartas e pacotes de encomendas, postando os pedidos e eventualmente entregando outros. A moça lembrava-se dele de vista, mas não sabia seu nome.

- Exato. Há algo em meu nome...? Não, espere, procure também por Sr. Charles Ackroyd. – ela se corrigiu e acrescentou – Meu falecido tio.

O homenzinho inclinou a cabeça em concordância, reconhecendo o nome, e saiu para a procura da encomenda. Sofia aguardou até seu retorno.

- Aqui está, senhorita. Apenas estas duas cartas. Uma para a senhorita, outra... Bem, aqui estão.

Sofia agradeceu, recebendo as cartas e virando-se para a rua. Saiu do estabelecimento, mal notando dessa vez o barulho do sininho e a expressão de pena no rosto do atendente.

E. Saunders, auxiliar de revisões

Editora Margioli,

Londres, etc.

 O resto do endereço lia-se abaixo, mas Sofia inicialmente não prestou atenção. Rasgou o envelope e buscou pela carta em si.

Lendo por alto, pulou todas as cerimônias de seu remetente e seguiu para a parte que a interessava:

...Seria um prazer ter o próximo romance de Stephen Penketh no mercado. Como deve ser do conhecimento do senhor e do autor seu sobrinho, o primeiro, A Primavera, fez um estrondoso sucesso, sendo o seu nome repetido e recomendado por toda a Londres. Tudo indica que a publicação de um segundo repercutiria com tal entusiasmo e impecável reputação, que inflaria o renome de Penketh mais do já o é grandioso.

Se o senhor fizesse a gentileza de entrar em contato com seu sobrinho em busca do manuscrito original, saiba que os estarei recebendo no momento em que mais lhes apraze na sede da editora a qual represento, em Londres...

Sofia não pôde evitar um sorriso de alegria e alívio. Conseguiria o dinheiro, e, pela linguagem do auxiliar de revisões, que parecia ele mesmo ser um fervoroso fã de Stephen Penketh, não era ela a única a ficar alegre com a publicação.

Voltando seus olhos à página escrita, reparou num trecho que não lera, conseguinte ao qual parara, no final da carta:

...seria um prazer indizível tanto a mim quanto ao meu superior e editor – friso que este é um pedido diretamente dele – se o Sr. Penketh pudesse comparecer em pessoa à sede da editora. Compreendo e repasso a meu superior o delicado estado de saúde do senhor acima mencionado, entretanto, cortesamente insisto no pedido, tendo na memória as garantias me feitas no passado por sua própria pessoa de que nosso autor havia tido melhoras.

Meus cumprimentos,

E. Saunders, auxiliar de revisões.

A esta parte especificamente Sofia não poderia responder com um sorriso. Daria um jeito de negar os pedidos de E. Saunders na próxima carta, e manter sua identidade em sigilo...

Para o outro envelope que o funcionário dos correios entregara a Sofia, ela reservou mais tempo e paciência na leitura, enquanto circulava pelas ruas da cidade. Logo reconheceu o nome no envelope, Catlyn Foster, e o abriu com igual curiosidade que havia feito com o primeiro. O teor da carta era completamente diferente, e igualmente aprazível:

Querida Sofia,

Meus sentimentos a você e a sua mãe, e todo meu apoio, no que precisarem. Acredito que terão forças ao passar por este momento tão difícil; conheço muito bem vocês duas para me enganar a esse respeito. Richard reforça os meus dizeres com o mais caloroso afeto. Era de nosso desejo que vocês duas pudessem ter uma mudança de ares, talvez se afastar um pouco de Surrey... Sofia, deixarei isso a seu critério, mas saiba que nossa residência aqui está com as portas abertas.

Londres é muito mais diferente do que você possa imaginar. O movimento, a variedade de personalidades, os ambientes sempre tão animados; tudo! Richard adquiriu, sim, a moradia que eu estava lhe descrevendo em minha última carta, e de fato é tão aconchegante quanto imaginávamos. Não me reterei muitos nos detalhes, você já está a par deles.

Minha amiga, você terá de desculpar-me a brevidade desta carta, mas creio que o fará sem problemas... Escrevo-lhe primordialmente para contar que sou esperada na casa de minha mãe, aí em Surrey, para passar algumas semanas. Em parte, minha visita se dá pelos constantes pedidos dela, mas também para ver-lhe em pessoa. Não pude conter minha preocupação quando li sua última carta, Sofia.

O convite para vir comigo para Londres ainda está em aberto; voltarei para cá após algumas semanas na casa de minha mãe.

Com carinho, de sua amiga,

Catlyn Foster.

Sofia fechou a carta, grata por todo o apoio de sua amiga, e alegre com a perspectiva de uma visita. Uma mudança de ares realmente lhe faria bem.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ansiosos para continuação? Não? Ok...
Sim ou não, respondam-me nos reviews! Sugestões, ideias, críticas e etc, tudo é bem-vindo.
Até a próxima semana.