- Como eu vou fazer isso? – Perguntei desesperado sério para o Dobe enquanto ele enchia a boca de rámen. 

Eu tinha um problema, e Naruto, na função de melhor amigo, conselheiro e quase irmão, com certeza me ajudaria. – Não sei. Isso é problema seu. – Ou não. Estava pronto para esganá-lo, colocar um laço nele e me desculpar com a Hinata por ter matado seu namorado sem querer. – Espera... – Ele se engasgou e começou a tossir como uma hiena louca com tuberculose. – Acho que acabei de...

- Ter uma ideia?

- Não, Teme. Acabei de vomitar meu pâncreas. – Eu já estava avançando tal qual um leão em direção a uma gazela, pronto para dar o bote. Tal qual um lobo caçando um alce. – Espera!

- O que foi agora? Seu fígado?

- Não, não... Eu só tive uma ideia.

**********

- Que gentileza sua, Sasuke-kun. – Ela falou sorrindo. - Me convidar pra ir ao festival de fim de ano. – Falou agarrando meu braço e andando ao meu lado por entre as barraquinhas. Nós dois de quimono. Eu extremamente desconfortável por estar de “vestido” e ela, natural, como sempre.

- Hn.

- Sabe... Vou sentir saudades disso. – Ela comentou como quem não quer nada. E eu senti que aquilo poderia ser uma indireta. – Se eu pudesse ficar... – Realmente poderia ser uma indireta. – Por algum motivo de força maior... Ou por alguém.

- Sakura... – Parei de andar na rua e a olhei dentro de seus olhos. Suas bochechas haviam corado e os lábios estavam entreabertos, num misto de confusão e esperança. – A Ino não vai te corresponder. Ela gosta do Sai.

Ela inflou as bochechas e saiu em disparada na minha frente e sumindo por entre a multidão. Era agora ou nunca.

Como passar por um mar de pessoas? Tudo seria diferente se eu tivesse um cajado! Mas não, eu não tinha. Poderia eu pular por cima de suas cabeças tal qual Mario e suas tartarugas? Optei por outra opção. Gritei 'THIS IS SPARTA' e saí correndo. Corri, corri, corri e corri mais um pouco procurando qualquer mecha de cabelo rosado. Não a encontrei. Quando eu estava quase chorando incessantemente em posição fetal, ouvi vozes conhecidas.

- Sakura, você já deveria ter desistido desse idiota. Sei que vocês são amigos, mas ele é muito lerdo, nunca vai te notar, não do jeito que você quer.  – Ino bufou.

- Não, Ino, sei que ele também deve nutrir algum sentimento por mim. Se ele me dissesse aquelas três palavrinhas... desistiria de tudo para ficar com ele.  – Sakura falou chorosamente.

De quem será que ela estaria falando? Pelo menos Sakura não era lésbica! Havia ainda uma esperança. E ainda, o que seriam aquelas três palavrinhas? De qualquer modo, deveria tentar. Não aceitaria perder minha rosada. Me aproximei dela e Ino saiu, quase que relutante. Ok, ela só saiu por que eu sem querer a empurrei de volta para a multidão.

- Precisamos conversar – Comecei, sentindo que meu coração ia parar de bater se continuasse naquele ritmo frenético. – Tenho que te confessar uma coisa.

- Pode dizer Sasuke-kun. 

Ah, droga, que três palavras ela queria ouvir? Deveria ter pensado nisso antes de vir falar com ela. Mas não, não pensei. E agora ela está me encarando com esses esperançosos olhos verdes.

- Bom, Sakura... eu tenho comida. – Sorri. – São três palavras, e comida é algo que todos gostam, né? Tudo bem que você está de dieta, mas...

- Sasuke, cala a boca. – Sakura sorriu e me beijou.

Aquele beijo era tudo o que faltava. A puxei para mim pela cintura e aprofundei o beijo, repleto de sentimentos que ela havia começado. Infelizmente o ar existe e nós precisamos dele para sobreviver, então nos separamos ofegantes.

- Não sabia que gostava tanto de comida. Se eu soubesse tinha dito antes.

- Também te amo, Sasuke-kun. – Ela vinha na minha direção para mais um beijo desentupidor de pia, mas a parei antes.

Peguei o celular do bolso interno do kimono e liguei para o Dobe. – Naruto, plano cancelado. Guarde as tartarugas. – Esperei que ele terminasse de falar. – Não, também não precisamos das cobras, nem dos trampolins.

Segundos depois Naruto sai do arbusto ao nosso lado, carregando caixas e mais caixas. Lançou-me seu melhor olhar mortal e foi embora como uma criança que acaba de ter seu pirulito roubado. Pobre Naruto...

- Cobras, tartarugas e trampolins? – Sakura perguntou sorridente.

- Eu estava planejando esse momento há muito tempo atrás. Mas o seu intercâmbio me obrigou a fazer tudo agora. – Pigarreei e comecei meu discurso – Sei que não sou a Ino, mas sou bem mais bonito que ela e sei que posso te fazer mais feliz. Fica, por favor. – Fim do discurso e minha boca estava seca. Eu precisava desesperadamente de agua.

É isso que dá falar demais.

- Eu fico, Sasuke, idiota. – Falou pulando em cima de mim.

- É, mas sou seu idiota. – E mais um beijo incrível da garota incrível que eu amava. Eu sinceramente podia me acostumar com isso. Quem sabe podíamos ficar assim o resto de nossas vidas. Se bem que casamento já é outra história, quem sabe quando ela entrar em outro tipo de intercâmbio eu faça esse pedido. – Eu te amo, Sakura.