Um Outro Olhar escrita por shadowangel


Capítulo 1
Devastadora - Parte 01 - [Adrian POV]


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo iria ser único, mas resolvi partir para testar a Fic, pra ver se alguém gosta. Se ninguém gostar, deleto tudo, combinado? ;)



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Cena do livro "Frostbite" (Aura Negra), quando Adrian encontra Rose pela primeira vez no Resort. Rose estava esquiando e vinha pela porta de trás do prédio e também tinha um olho roxo, fruto de uma briga que teve com sua mãe Janine, durante um treino.


Eu conhecia bem aquilo. Era uma sensação prazerosa e indescritível. O maior bem estar que se podia sentir. Era como flutuar, como sonhar acordado. Mas eu também sabia o que vinha depois. Trevas, desespero, pavor. O espírito funcionava assim. Ao mesmo tempo em que me agradava, também me destruía. Mas eu não podia evitar. Não era como se eu pudesse escolher quando usar. Estava em mim, fazia parte de mim, me enlouquecia... Eu precisava de mais bebida. Urgentemente. Era a única maneira de anestesiar aquilo.

“Mais um desse,” falei para o bartender, erguendo o copo vazio. “Rápido!”

“Você não acha que já bebeu demais, amigo?” Ele falou em um tom amistoso, porém reprovador. “Este é um resort fantástico, sendo rico e bonito, não deve faltar diversão e, no entanto, você está aqui desde cedo, apenas bebendo e bebendo...”

“Mais uma dose. Dupla.” Falei, ignorando deliberadamente seu conselho. Claro que eu não precisava de conselhos. Eu odiava conselhos. Principalmente porque todos sempre vinham acompanhados de severas críticas. Somente eu sabia sobre mim mesmo e mais ninguém. Apontei para o copo, sem olhar para ele. O homem deu de ombros e encheu com brandy. Eu o bebi em um único gole. Era como se fosse beber água. Às vezes era assim. Parecia que todo álcool não era suficiente para adormecer aquela mágica poderosa que parecia cobrir minha mente de negro. Eu precisava de mais. Bati os bolsos do meu casaco, procurando por meus cigarros. Quando comecei a acender um, o bartender, novamente veio me importunar.

“Não é permitido cigarros aqui. Se quer fumar, vai ter que ir para um lugar aberto.” Seu tom não era de reclamação. Ele estava apenas dando um aviso mecânico, cumprindo o seu dever, mas eu sentia a intolerância crescer. Era mais um efeito do espírito em mim. Eu conhecia bem isso e sabia onde iria dar.Eu rolei os olhos, impaciente. Sempre detestei receber ordens, de quem quer que fosse, ainda mais com as forças do espírito me invadindo.

Sem contar, joguei um bolo de notas de dinheiro em cima do balcão e sai apressado, antes que aquela escuridão aumentasse e tomasse meus pensamentos. Segui até a varanda mal iluminada da parte de trás que tinha uma visão espetacular das pistas e das montanhas. Olhei em volta e agradeci mentalmente por não haver mais ninguém ali. Estava frio e as pessoas preferiam as áreas quentes do lado de dentro. Acendi rapidamente meu cigarro e deixei a fumaça entrar no meu organismo. Era como um anestésico para aquela sensação terrível de estar prestes a cair de um abismo.

Mas, antes que eu pudesse terminar o meu cigarro, a minha paz acabou logo. Como sempre acontecia, antes que alguém pudesse aparecer, pude ouvir o som de passadas na neve. Essa era, ao mesmo tempo, uma vantagem e uma desvantagem de ser um vampiro. Qualquer som, jamais passava despercebido. Esperei despreocupadamente pela pessoa que se aproximava até uma garota dhampir subir os poucos degraus, batendo a neve de suas botas. Ela ergueu rapidamente a cabeça, como se pudesse sentir a minha presença ali, de modo que eu pude ver perfeitamente o seu rosto. E que belo rosto. Tão bonito como jamais tinha visto em toda minha vida. Rapidamente, ajeitei minha postura, mesmo ainda permanecendo encostado na parede. Eu estava com sorte, garotas dhampirs sempre geravam uma boa diversão.

“Hey, pequena dhampir.” Chamei, sem conseguir ficar incógnito. Ela tinha uma beleza fenomenal e eu jamais deixava passar garotas assim. Com os sentidos atentos, ela voltou-se imediatamente para onde eu estava, olhando para mim cheia de desconfiança. Eu não podia fazer nada além de sorrir. Ela parecia selvagem e eu gostava disso. Aliás, ela tinha algo que me agradou naquele exato momento. Algo que eu não sabia explicar. Joguei o restante do cigarro que fumava fora e pisei a ponta.

“Sim?” Ela perguntou, me encarando e me sondando.

Eu a analisei por um momento. Ela estava vestida com pesadas roupas de esqui, mas dava para ter uma ideia de que seu corpo não era nada mal. Seu olho estava roxo, como se tivesse levado um soco, mas isso não atrapalhava sua beleza. O espírito estava totalmente em ação dentro de mim e sempre me fazia ver as coisas muito além e, no caso dela, algo bastante intrigante. Sua aura. Ela era negra como a noite. Negra como a morte. Como eu nunca tinha visto em qualquer outra pessoa antes. Não dava para ter qualquer ideia do significado disso. Era mais uma coisa para me atrair a ela.

“Só estava dizendo oi. Só isso.” Respondi casualmente, dando de ombros. Apesar de ter me distraído com ela, ainda podia sentir os efeitos do espírito. Busquei meu maço de cigarros pelos meus bolsos, quando ela começou a se afastar. O movimento dela fez com que um agradável aroma viesse até mim. Era o seu cheiro. Outra vantagem de ser um vampiro. Ou bem, vantagem nessas horas, quando se tratava de uma mulher bonita e interessante.

“Sabe, você cheira bem.” Comentei.

“Hum? Eu... O quê?” Ela perguntou confusa, claramente sendo pega de surpresa. Eu senti a diversão começar. Ela parecia um pouco arredia, então soltei uma leve compulsão ao falar novamente. Eu não queria que ela fosse embora. Não tão cedo.

“Você cheira bem.” Repeti.

“Você está brincando? Eu suei o dia todo. Estou nojenta.”

Eu sabia que não podia usar o espírito sem consequências, mas tudo funcionava quase sem percepção comigo. Compulsão, carisma, bem estar.Tudo vinha dele e raramente eu conseguia impedir de sair de mim, a maioria das vezes eu simplesmente não queria deixar de usar. Ainda mais quando eu estava com uma pessoa que me interessava. Eu podia sentir a mágica aumentar e fluir.

A garota, muito esperta, me olhava como se soubesse que aquela vontade que ela tinha de conversar comigo não fosse normal, mas realmente eu não me importava com isso. O importante era que eu a estava prendendo naquele momento. Eu me acomodei, me encostando na parede.

“Suor não é uma coisa ruim. Algumas das melhores coisas da vida acontecem enquanto suamos. Claro, se você sua muito e é velho e fedorento, fica bem nojento. Mas em uma mulher bonita? É intoxicante. Se você pudesse sentir o cheiro das coisas como um vampiro, você saberia do que eu estou falando. A maioria das pessoas estragam tudo e se mergulham em perfume. Perfume pode ser bom... especialmente se você usa um que combina com sua química. Mas você só precisa de um pouco. Misture 20% disso com 80% de seu próprio suor... hummm.” Eu me inclinei um pouco para olhar provocadoramente para ela. “Muito sexy.” Completei, sabendo que era mais um devaneio do que algo que realmente fizesse sentido, mas não estava preocupado em não parecer insano.

“Bem, obrigado pela lição de higiene,” ela disse com um tom de ironia. “Mas eu não tenho nenhum perfume, e eu vou tirar todo esse suor de mim com um banho. Desculpe.”

Ela começou a se afastar novamente, e novamente, deixei a compulsão sair, mesmo sabendo que aquilo ia me custar caro. Usar o espírito justamente quando ele estava tentando se apropriar de mim era algo enlouquecedor. Tentando parecer casual, puxei meu maço de cigarros e lhe ofereci. Ela negou. E eu acendi um.

“Mal hábito.” Sua voz demonstrava a desaprovação.

“Um entre muitos. Você está aqui com a St. Vlads?”

“Sim.”

“Então você vai ser uma guardiã quando crescer.” Provoquei.

“Obviamente.” Ela parecia impaciente com aquela conversa, mas a compulsão não a deixaria ir embora. Eu dei uma longa tragada e deixei a fumaça sair lentamente.

“Quanto tempo até você crescer? Eu posso precisar de um guardião.”

“Eu me formo na primavera. Mas eu já tenho um protegido. Desculpe.”

A ideia em requisitá-la para ser minha guardiã pareceu ser boa mesmo, eu precisava saber quem tinha chegado na minha frente. “É? Quem é ele?”

“Ela é Vasilisa Dragomir.” Ela respondeu orgulhosa e tudo ficou claro para mim. Eu conhecia bem a fama da pretensa guardiã da minha ‘prima’ Vasilisa. Nós sempre considerávamos os outros da realeza como sendo parentes, mesmo que não fossem próximos. Não pude deixar de sorrir abertamente. Se as informações que corriam sobre ela fossem verdadeiras, eu estava diante da garota mais explosiva de todos os tempos. Eu realmente era um cara de sorte.

“Ah,eu sabia que você era um problema assim que lhe vi. Você é a filha de Janine Hathaway.”

O rosto dela se fechou, mostrando que ela não havia gostado da definição que eu lhe dera. Eu não tive tempo para me questionar qual parte da minha fala tinha a desagradado.

“Eu sou Rose Hathaway.” Ela disse bravamente.

Eu reagi instintivamente, estendendo a mão para ela. “Prazer em conhecer você, Rose Hathaway.” Ela apertou de volta, com hesitação. “Adrian Ivashkov.”


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