Eu nem sabia se ele estava lá no quarto dele, mas não custava nada tentar. Bati e esperei por uns, sei lá, meio segundo, ele responder. Depois desse "longo tempo" eu comecei a dar meia volta quando a porta se abriu.

_ O que você quer? _ ele perguntou.

_ Só queria saber de que horas vai ser o tal torneio? _ eu quis saber despreocupadamente.

_ Daqui a dez minutos _ ele respondeu em um suspiro.

_ Daria tempo de você participar ainda? _ não que eu me importasse muito.

_ Para que você quer saber? _ Filipe disse colocando um sorriso esperançoso no rosto.

_ Porque possa ser que eu vá _ eu encolhi os ombros.

Ele nem esperou eu falar mais nada, voltou rapidamente para dentro do seu quarto, mas não demorou muito, logo voltou com o skate na mão um capacete na cabeça e o que parecia ser umas proteções de joelho e cotovelo pendurado na outra mão.

_ Vamos logo _ ele me puxou pelo braço corredor a fora.

Quando adentramos no elevador ele apertou freneticamente o botão para a Metrópole.

_ Se você quebrar o botão vai ser pior _ eu alertei.

Ele ficou inquieto dentro do elevador, andava para lá e para cá, as vezes ele até esbarrava em mim, mas sempre me pedia desculpas. Você precisava ver a cara que ele fazia quando o elevador parava para que alguém subisse, o desespero aflorava dele. Ele não falava nada para as pessoas que entravam ou saiam, mas todos perceberam sua angústia e sempre perguntavam o que tinha acontecido. Ele sempre respondia a mesma coisa: que estava tentando chegar a tempo no torneio. Eles estranhavam aquilo, porque todos sabiam que ele tava muito ansioso e que achavam que naquele momento ele já estaria lá, mas ele não dizia que a culpa era minha, ele simplesmente dizia que tinha se atrasado por outros motivos, como por exemplo: ele tava tão nervoso que teve que ir varias vezes ao banheiro antes de sair. Todas as pessoas sempre lhe diziam o mesmo: que ele não se preocupasse, que daria muito bem ele chegar a tempo.Assim que o elevador parou na Metrópole ele me puxou novamente pelo braço e saimos correndo pelas ruas até chegar na recreação. O lugar estava um pouco diferente de hoje cedo quando eu fui para o treinamento físico. Tava cheio de gente da mesma idade ou um pouco mais velha que eu.

Eu parei e me dobrei no meio tentando tomar fôlego.

_ Ainda não começou _ ele falou olhando em volta _ Eu vou lá para o barracão me preparar _ disse indo correndo para o barracão que ficava do outro lado.

Eu fiquei ali tomando um pouco mais de fôlego, quando alguém me comprimentou:

_ Você veio _ a Brenda se aproximava de mim junto com o Hugo _ cadê o Filipe?_ Foi lá para o barracão _ eu consegui falar.

_ Então vai lá _ o Hugo falou.

_ Eu não _ disse me erguendo novamente.

_ Os parceiros dos outros competidores estão lá dando força _ o Hugo informou _ eu bem que queri estar lá.

_ É só ir _ eu falei como se fosse óbvio.

_ Não é tão simples assim _ ele começou a dizer _ só os parceiros podem entrar.

_ Vai lá Suzan _ a Brenda pediu _ e diz para ele que estamos torcendo muito por ele _ e ela apontou para um canto do parque.Naquele lugar estavam todas as pessoas que sempre tomava café com a gente: O Derik e o Jonas, fora algumas pessoas que eu lembrava de ter visto nas aulas e treinamentos.

Olhei para a Brenda, suspirei e sai em direção ao barracão. No caminho para lá percebi que a recreação estava todo enfeitado. Tinha algumas fitas,que balançava como bandeiras, presas nas árvores. O local que tinha as rampas de skate estava rodeado com umas grades de proteção, pessoas já estavam por ali por perto, provavelmente na intenção de não perder nada das apresentações.

Logo cheguei ao barracão, que também estava um pouco modificado, o local estava todo dividido com cortinas de diversas cores e dentro do espaço demarcado tinham garotos, e até algumas poucas garotas, vestindo camisas das mesmas cores de as cortinas. Provavelmente eles dividiram os inscritos por grupos.Comecei a andar pelo barracão a procura do Filipe, quando esbarrei em algo, melhor dizendo, em alguém:

_ Tá cega? _ perguntou a pessoa, que era nada mais nada menos que o Marcos. Ele vestia uma camiseta branca, uma bermuda que ia até os joelhos, um capacete, parecido com o do Filipe só que no Marcos ficava pequeno, e tinha uma camisa da cor verde no ombro. Ele parecia totalmente fora do contesto.

_ Preferia _ eu respondi com aquela visão ridicula.

_Tá fazendo o que aqui? _ ele fingiu querer saber _ não diga que vai competir.Eu bufei, revirei os olhos e lhe dei as costas.

_ Para competir _ ele começou me segurando pelo braço _ você precisa de equipamentos de proteção e _ ele resaltou bem o "e" _ um skate.

_ Eu não vim aqui para competir _ respondi me soltando da mão dele._ Então você não pode ficar aqui _ o Marcos retrucou.

_ Posso sim _ eu o corrigi _ meu parceiro vai competir.

_ E quem é o seu parceiro? _ ele perguntou displicentemente.

Eu o encarei em duvida se devia responder ou simplesmente me virar e continuar a busca pelo Filipe. Pencei bem e achei mais fácil dizer quem era assim ele podia logo me dizer onde o Filipe estava.

_ É o Filipe.Ele franzio a testa, como quem tentava lembrar de alguém.

_ Felipe _ ele repetiu, e como se uma luz o iluminsse ele me olhou _ o frangote? _ ele perguntou, foi assim que o Marcos chamou o Filipe na ultma vez que eles se encontraram _ sério que o o frangote é o teu parceiro?Não respondi dessa vez, só dei as costas para me afastar.

_ Ele tá no amarelo _ o Marcos gritou.Continuei andando até achar as cortinas amarelas. As encontrei no final do barracão.

_ Finalmente eu te encontrei _ eu falei quando eu consegui o reconhecer no meio das pessoas que vestiam amarelo, ele se encontrava sentado em um banco, dentro do espaço das cortinas, o Filipe amarrava o cadaço do tênis.

_ Disseram que os parceros podiam ficar aqui _ eu expliquei me sentando junto a ele.

_ Então que bom que você tá aqui _ ele falou erguendo a cabeça.Ele terminou de arrumar os tênis e se levantou.

_ E ai? _ ele perguntou me olhando _ algunas palavras de incentivo?

Eu o encarei de volta. Talvez a Brenda tivesse razão, ele parecia legal apesar de tudo.

_ A Brenda pediu para dizer que tem muita gente torcendo por você lá fora _ eu passei o recado.

_ E você? _ ele me perguntou.Nessa hora apareceu um cara um pouco mais velho que a gente.

_ Hora de ir para a pista _ ele chamou a todos na tenda amarela.

O Filipe apertou mais o seu equipamento de proteção, pegou o skate que estava no chão ao lado dele e começou a sair da tenda.

_ Boa sorte _ eu desejei antes que ele se afastado muito.

O Filipe olhou para mim e balançou a cabeça positivamente e por fim saiu. Ainda ficaram algumas pessoas na tenda, os paeceiros dos outros competidores.Ninguém se demorou muito lá, todos sairam rápido. Eu fui até o local que a Brenda tinha me mostrado onde eles estavam. Não tive muita dificuldade em os encontrar, eles estavam perto das grades.

_ Ele tá muito nervoso? _ a Brenda me perguntou quando eu cheguei perto deles.

Sinceramente eu não sabia o que responder, então encolhi os ombros.

_ Competidores _ ouviu-se uma voz nos alto falantes que tinham sido postados ao redor do espaço _ hora de aquecer!

Todos os competidores entraram nas rampas deslizando para lá e para cáLogo achamos o Felipe, os meninos urravam de entusiasmo e a Brenda dava tchauzinhos para ele, mas parecia que ele estava tentando se concentrar, porque demorou um pouco para nos ver, isso não o impediu de sorrir de volta para a sua torcida.