Trouble escrita por Julice Smolder


Capítulo 7
Please don't leave me


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, como eu havia prometido aqui está mais um capitulo sendo postado essa semana. Esse capitulo é bem grande e tem povs Damon e Elena. Espero que gostem. Leiam também nossas outras fics e comentem.
E um SUPER muito obrigado para a Karollyne que foi a primeira a recomendar a fic. Garota você está com a gente desde o primeiro cap dessa historia, sério do fundo do meu coração eu te agradeço por todo o carinho que tem com Trouble.
Enfim, sintam-se a vontade para Recomendar, comentar e boa leitura.



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Pov Damon

-Promete que nunca vai se esquecer de mim se eu morrer? –April sorria como se aquilo fosse apenas uma brincadeira.Mas meu corpo inteiro estava congelado como pedra ao ouvir tais palavras. Não conseguia imaginar minha irmã morta, tão gelada e pálida como nosso pai estava há cinco anos.

-April, não fale bobagens –Balancei minha cabeça negativamente notando seus olhos azuis se arregalarem.

-Prometa! –Ela falou em seu tom autoritário.

-Eu nunca irei te abandonar, nem esquecer. –Beijei suas mãos que estavam entrelaçadas com as minhas. Nesse momento senti meus olhos se carregarem por lágrimas quentes ameaçando escorrer pelos mesmos.

-Não chore Dam, eu também nunca irei te esquecer –Um sorriso sincero brotou em seus lábios enquanto a morena passava a mão pelo cabelo escuro o colocando para trás da orelha.

Tentei desviar meu olhar de minha irmã enquanto analisava seu quarto branco apenas colorido por seus desenhos. As janelas embaçadas cheias de desenhos, como costumávamos fazer. Uma nostalgia invadiu meu corpo e resisti o máximo que pude para não deixar as tão teimosas lágrimas escorrerem pelo mesmo.

Sempre que April tocava nesse assunto –morte- eu sentia que ela a cada dia se afastava mais de mim. Tinha medo de perdê-la, ela mal viveu sua vida, está com apenas quinze anos, nunca teve namorados, ou uma festa digna de aniversário. Ela, minha mãe e meu irmão, são tudo o que eu tenho, não posso me permitir perde-los. Eu não irei deixar a vida de minha irmã acabar tão cedo.

-Mamãe, Papai e Stef virão essa noite me ver? –Perguntou juntando as duas mãos no colo, sobre o vestido azul que cobria suas pernas.

Nunca tivemos coragem de contar a ela que nosso pai tinha morrido. April sofre com depressão há anos ela está sendo tratada, mas nunca conseguiu realmente se curar. E como diversas vezes ela tem suas profundas recaídas, eu e minha mãe decidimos que para o bem estar dela, nunca contaríamos.

-Papai está em uma viajem pelo Brasil, não poderá vir te visitar anjo. –Beijei sua testinha enquanto o rosto da garotinha assumia uma expressão de tristeza, que quebrava com meu coração. Não conseguia vê-la assim.

-Tudo bem, ele sempre vem me ver, todos os dias –Ela deu de ombros. –Ele diz que um dia vai me levar viajar, para um lugar muito lindo. –April bateu palminhas empolgada com a idéia. Senti as lágrimas que antes tanto lutava para mandar embora, se acumularem e descerem pelas minhas bochechas.

-Sim meu anjo, tudo ficará bem. –Abracei o seu pequeno corpo magrinho, enquanto sentia os seus bracinhos quentes passarem pelo meu corpo.

-Não chora Dam, um dia você pode ir junto com nós. –Ela deitou sua cabecinha em meu ombro. Meu coração martelava em meu peito, minhas mãos tremiam, e meus olhos não paravam de jorrar água. Como eu era fraco quando se tratava de April.

-Sabia que a tia Rebekah disse que amanhã eu irei ao parquinho? –Perguntou levantando a cabeça para que pudesse olhar dentro dos meus olhos.

Meus olhos se abriram assustados, enxergando acima de mim um teto branco, desbotado e manchado. Meu coração parecia querer saltar de meu corpo, e minhas mãos estavam tão tremulas quanto gelatina. Sonhar com April sempre me deixava sensível, me trazia lembranças que tentava esquecer, mas que eram inevitáveis uma vez que eu prometi não esquecê-la.

Retirei as cobertas de cima de mim, e levantei-me do colchão caminhando até a janela embaçada do quarto de Elena, quando ouvi um resmungo baixinho que me fez sorrir.

-O que aconteceu? –Ela perguntou coçando os olhos enquanto se levantava da cama e caminhava até o meu lado.

-Sonhos –Dei de ombros passando meus dedos sobre o vidro deixando embaixo dele uma linha torta. –Quer saber a historia por trás desses desenhos em janelas? –Perguntei notando os olhos de Elena se enxerem de curiosidade e entusiasmo.

-Sim, eu adoraria. –Ela deu pulinhos e parou ao meu lado encarando o vidro.

-Quando minha irmã era pequena, eu costumava desenhar na janela de seu quarto símbolos que com o tempo ela foi identificando como, sol, chuva, ou neve. –Sorri –Depois de anos ela começou a entender as letras, palavras e começamos a nos comunicar através disso –Rabisquei sobre o vidro um “oi” fazendo Elena sorrir. –Eu ou ela escrevíamos e no dia seguinte, depois do frio, descobríamos as palavras através disso –Assoprei sobre o “oi” fazendo o mesmo parecer mais visível.  –Agora tente. –Incentivei.

Os dedos finos de Elena se desgrudaram do vestido e passaram a se arrastar pelo vidro formando um rosto feliz. Não pude deixar de sorrir, e continuei com a brincadeira, até que notei Elena bocejar. Então escrevi no vidro um “Boa noite” que foi respondido com um “Bons sonhos” dela.

Ficar com Elena me lembra de April, e ter contado essa historia a ela só me fez sentir mais saudades de minha irmã. Mas por um lado, me deixou feliz, como eu me sentia há muitos anos atrás na companhia de minha irmã.

Sabia que não conseguiria mais dormir, então apenas me sentei em uma das cadeiras de madeiras que estava no quarto de Elena e a observei dormir. O jeito que seus cabelos caiam sobre seu rosto angelical, a sua boca entre aberta, seus olhos que estavam inquietos, e seu nariz pequeno que dava a ela um ar de boneca.

-x-

Pov Elena.

A chuva batia na janela causando um barulho tão acolhedor que me fez despertar. Abri os olhos e tirei o edredom de cima do meu corpo, mas logo tratei de puxá-lo de volta assim que senti o frio congelar meu corpo. Varri o quarto com meus olhos a procura do moreno que havia dormido ali durante a noite, mas não o encontrei, tudo o que encontrei foi seu colchão encostado na parede e suas malas postas ao lado do mesmo. Remexi-me na cama tentando me levantar, mas o frio que o quarto se encontrava, não permitia que eu o fizesse. Bufei frustrada e escondi meu rosto nas cobertas quentinhas que estavam postas sobre mim.

-Acordada? –A voz conhecida de Damon ecoa pelo quarto fazendo um sorriso surgir em meus lábios.

-Uhum –Resmunguei tirando minha cabeça debaixo das cobertas. –Bom dia –Sorri passando as mãos pelo meu rosto amassado devido ao sono.

-Lorena mandou que lhe trouxesse o café –Ele deu de ombros entrando no quarto com uma bandeja sobre os braços. Caminhou até mim lentamente, cuidando para que nada caísse da bandeja e a colocou sobre meu colo. Olhei para a mesma que estava repleta de comidas que eu não via há anos. Minha boca se encheu de água e meu estomago revirou, sorri para Damon e quando estiquei a mão para pegar uma bolacha o moreno segurou meu braço.

-Primeiro os remédios Lena. –Lembrou ele e eu apenas revirei os olhos assentindo.

O moreno caminhou até a mesinha que ficava na parede sul do meu quarto e de lá pegou um dos remédios que ontem ele havia retirado de meu colchão. Caminhou novamente até mim e colocou a pequena pedrinha sobre minhas mãos geladas.Olhei para o remédio branco e com cara de nojo o engoli, sentindo-o raspar pela minha garganta. Tossi e depois tomei um gole do suco de laranja que estava sobre a bandeja.

-Melhor? –Damon perguntou sentando-se na beirada de minha cama.

-Não sinto diferença –Dei de ombros e finalmente comecei a comer as diversas comidas postas sobre a bandeja até que minha visão começou a ficar turva, e minhas mãos a tremerem. Levantei minha cabeça colando meus olhos com os de Damon que em segundos já estava ao meu lado me segurando para que meu corpo não atingisse o chão.

-Elena? O que aconteceu? –Ele perguntou me colocando em seu colo. Sem perceber minha boca se abriu e um grito escapou por entre meus lábios fazendo com que os braços de Damon se apertassem mais ao meu redor. Meu corpo começou a se bater por vontade própria, eu não conseguia fazer meus braços pararem, ou meus pés se aquietarem. Damon em momento algum retirava suas mãos de mim, e eu queria gritar para que ele fizesse, eu não queria machucá-lo, mas minha visão começou a ficar escura e em segundos eu já não conseguia mais ver nada a minha volta. Meu corpo amoleceu sobre os braços de Damon e depois eu apaguei.

Pov Damon

Elena estava desmaiada sobre meus braços, seus braços estavam com pequenos cortes causados por suas unhas e suas pernas com pequenos hematomas roxos devido aos chutes que ela se dera. Coloquei o pequeno corpo dela sobre a cama desarrumada e suja devido à bandeja ter caído e virado toda a comida sobre os lençóis de Elena.

Assim que ia acordar a garota desmaiada, uma dor forte porem suportável atingiu o lado esquerdo da minha testa.Pousei minha mão sobre o local e notei que ele estava úmido, sem pensar corri para o banheiro para avaliar o estado que se encontrava minha testa. Quando fitei a figura no espelho me deparei com um corte pequeno mais profundo do lado esquerdo da minha testa, o corte se concentrava a poucos centímetros da minha sobrancelha, parecendo quase invisível, porem a dor e o sangue provavam que o mesmo estava ali. Liguei a torneira e coloquei meus dedos sobre a água gelada e em seguida os levei até o machucado, lavando-o. Aos poucos o sangue começou a desaparecer e tudo o que restava era um pequeno corte e a dor.

Voltei para o quarto e a Elena que antes estava desacordada agora começava a resmungar e a forçar os olhos para de abrirem.Me sentei no chão ao lado da sua cama e segurei suas mãos esperando que a morena voltasse a si e como já convivi com ela a um bom tempo, sei que ela terá um choque assim que perceber o que aconteceu.

-O que aconteceu? –Ela perguntou sentando-se na cama. Seu rosto calmo e sereno foi substituído por uma expressão de horror que a fez levar uma das mãos a boca. –Meu Deus de novo não. –As mãos passaram a cobrir seus olhos enquanto a mesma desmoronava em lágrimas.

-Viu por isso eu não tomo remédios, coisas ruins acontecem quando eu os tomo. –Esbravejou socando a cama abaixo de si. Assim que os cortes sobre sua mão atingiram o tecido fino sobre o colchão a garota fez uma cara de dor, mas tentou a coberta-la por uma falsa cara de rancor, que na verdade eu sabia ser decepção. Ela odiava mais que tudo ter esses surtos e isso eu já havia notado há algum tempo, parecia doer mais em nela quando ela estava acordada do que durante o surto. Não gostava da decepção que preenchia seus olhos, não conseguia vê-la se culpar por uma coisa que ela não teve controle.

-Eu entendi Elena. –Abaixei a cabeça fitando minhas mãos entrelaçadas sobre minhas coxas. –Vou buscar os curativos para colar em você. –Levantei da cama ainda de cabeça baixa, e caminhei até a porta saindo completamente do quarto.

Adentrei na sala de reuniões dos médicos da clinica. Dirigi-me até um armário branco, decorado com placas com as seguintes palavras “Medicamentos de uso restrito, use apenas quando necessário”. Abri as portas e retirei de lá uma caixinha de band-aids e a guardei no bolso do meu jaleco. Assim que estava pronto para sair da sala, notei Lorena sentada em uma poltrona, lendo um jornal com uma xícara entre os dedos. Aproximei-me dela, sentando-me ao seu lado.

-Bom dia. –Ela levantou o olhar e sorriu, não pude deixar de retribuir o sorriso.

-Não diria que é um bom dia –Dei de ombros retirando de suas mãos a xícara de café deixando a morena com um bico grande cobrindo o rosto.

-Posso saber o que aconteceu? –Ergueu uma sobrancelha e tomou a xícara de minhas mãos.

-Elena teve um ataque –Desviei o olhar da morena e passei a fitar o chão branco da clinica.

-É a terceira vez em dois meses –Lorena colocou o café sobre a mesa no centro da sala. –Precisamos monitorar esses surtos –A morena levou a mão até o queixo e seu olhar estava distante. Bufou e em seguida passou a mão sobre os cabelos castanhos. –Pode voltar ao quarto da paciente, mais tarde eu lhe procuro. –Avisou, eu apenas assenti e sai da sala.

...

Pov Elena

Meus olhos estavam colados no teto enquanto meu corpo congelava sobre os cobertores gelados abaixo de mim. Desde que Damon deixou o quarto eu me encontro nesse estado. Sentia as lágrimas doloridas transbordarem de meus olhos e queimarem minhas bochechas. Eu estava cansada dessa vida, se eu pudesse eu mesma acabava com esse sufoco, mas é para isso que existe essa clinica, para que eu não cometa um suicídio. Soltei uma risada seca pelos meus lábios. Se eu morresse duvido muito que John ou Isobel se importasse, acho que até ficariam felizes, afinal eu sou apenas um estorvo na vida dos dois. Solucei sentindo que estava perto do precipício,mais alguns passos e não sei se agüentaria. Abracei meu corpo formando ao redor de mim um casulo.Meus ossos doíam, minha cabeça rodava e minha visão estava ficando embaçada devido as lágrimas.

-Elena? –A voz de Damon se espalha pelo quarto. –Você está bem? –Perguntou e com muito esforço eu balancei a cabeça negativamente. –O que está sentindo? –Perguntou acariciando minha testa com a ponta dos dedos.

-Faça parar Damon –Chorei escondendo minha cabeça entre meus cabelos negros. O moreno tirou os cabelos do meu rosto e segurou o mesmo entre as mãos.

-Elena, olha para mim. –Ele pediu e eu fiz. Se ele sabe como parar, eu vou obedecer. –Fica calma, eu vou cuidar de você. –Ele beijou minha bochecha fazendo a mesma queimar logo em seguida.

Seu corpo se distanciou um pouco da cama e ele abriu o jaleco tirando de lá uma caixinha de band-aids e abri-la. Quando ele pegou o pequeno curativo entre os dedos eu notei desenhos de flores no mesmo e não pude evitar um sorriso. O moreno segurou meu braço direito e avaliou os cortes pelo mesmo, sua expressão era triste, como se doesse mais nele do que em mim. Depois de um tempo ele começou a colocar os curativos sobre o meu braço, deixando os mesmos todos coloridos devido às estampas de flores que os curativos levavam.

-Estou me sentindo um arco-íris. –Resmunguei fazendo o moreno rir. De certo modo aquele cuidado todo que ele me dava me fazia muito bem. Fazia a dor sumir, e ser substituída por outro sentimento...não sei explicar, acho que chega a ser...felicidade?

-Cores ficam bem em você. –Ele abriu um sorriso tímido me fazendo sorrir.

-Obrigado –Sorri e pela primeira vez levantei a cabeça para fitar seus olhos. Notei que um pouco a cima de sua cabeça estava um pequeno corte. Meu corpo inteiro foi tomado por um arrepio horrível. Eu tinha o machucado?

-O que é isso? –Coloquei meus dedos sobre sua testa e no mesmo instante o homem recuou. –Eu que fiz? –Meus olhos estavam arregalados fitando os dele.

-Sim, mas não dói –Tentou me acalmar. Logo em seguida tentou segurar minhas mãos, mas eu recuei. Estava me sentindo um monstro. Eu o machuquei, fiz ele sangrar, eu sabia que isso uma hora ou outra aconteceria. Era perigoso de mais ele continuar comigo. –Elena... –Ele chamou e eu me afastei dele ainda mais. Como se eu fosse um inseto fugindo da luz. Meus olhos se encheram de lágrimas e meus dentes se trincaram.

Eu ainda não conseguia acreditar que no meio de um dos meus surtos eu acabei machucando uma das pessoas que mais cuidava de mim. Eu me odiava. Tudo o que eu menos queria que acontecesse aconteceu. Minha cabeça rodava e tudo o que mais queria era desaparecer, deixar de sentir dor ou culpa. Voltar a ser aquela Elena com doze anos que era tão amada e querida por todos. Que tinha tudo o que quisesse e era feliz, sem culpa ou dor perseguido-a.

-Não está doendo, foi apenas um arranhão –Damon estendeu a mão para mim mas eu apenas olhei da direção aposta.

-Fica longe de mim –Gritei. –Sai daqui, agora. –Berrei sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto. A dor que eu sentia ao pronunciar aquelas palavras era quase como se uma estaca atravessasse todo o meu corpo, me transformando em pó.

-Elena, por favor –Insistiu e eu apenas apontei para a porta do quarto esperando que o mesmo saísse. –Tudo bem, te deixarei sozinha por enquanto. –Bufei devido ao final da sua frase e assim que o Doutor saiu do quarto eu desabei a chorar.

Deitei minha cabeça sobre a janela, desabando a chorar acompanhando o ritmo da chuva, suspirei pesadamente tentando me acalmar e sem querer a janela em minha frente se embaçou me fazendo achar as palavras e rabiscos da noite passada, “oi” “boa noite” “bons sonhos” agora as lagrimas escorriam por conta própria, nem se eu quisesse conseguiria pará-las, me entreguei aos pensamentos obscuros que percorriam a minha mente, formulei várias frases para afastar Damon de mim, não posso ter ele por perto, não posso ser um risco para ele. Estava destinada a afastá-lo de mim, mesmo que isso custe a minha sanidade.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?Odiaram? Comentem, recomendem e deixem duas escritoras felizes. xx