Trouble escrita por Julice Smolder


Capítulo 2
Your touch


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, devo dizer que eu e Ali AMAMOS os comentários de vocês, que bom que a fic foi tão bem recebida assim. Então ai está mais um cap.

Boa Leitura.



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Acordei com o vento gelado que chicoteava meu rosto, sem pensar duas vezes agarrei minhas cobertas e cobri todo o meu corpo com elas, aquele tecido duro me incomodava, mas era isso ou morrer de frio. Forcei meus olhos a se fecharem novamente, mas quando ouvi o barulho da porta do meu quarto sendo aberta forcei os mesmos a se abrirem.

–Senhorita Gilbert você está acordada? –A voz de Lorena ecoou pelos meus ouvidos e eu apenas movi minha cabeça confirmando.

–Seu irmão veio te visitar. –Ela falou e involuntariamente um sorriso tomou conta dos meus lábios.

Jer, a que saudades do meu irmão, fazia quase um mês que eu não o via e ele era o mais perto que eu tinha de uma família agora, então qualquer visita dele transformava meu dia do inferno ao paraíso. Amava meu irmão, ele sempre me apoiou e me ajudou quando precisei não me imagino vivendo sem ele.

–O mande entrar. –Sussurrei e ouvi Lorena fechar a porta.

Sentei-me na cama mantendo as cobertas envoltas em meu corpo, não entendia o porquê, mas hoje meu quarto estava extremamente frio. Fitei as paredes brancas ao meu redor enquanto esperava Jer entrar pela porta.Não demorou muito e meu irmão entrou pelo meu quarto com um olhar preocupado e um sorriso seco no rosto.

–Jer. –Sorri e o moreno veio em minha direção me abraçando com força, retribui o abraço e dei um beijo estalado em sua bochecha.

–Lena eu fiquei tão preocupado. –Ele se sentou ao meu lado na cama puxando as cobertas para o seu colo e me abraçando. –Ontem Lorena me ligou dizendo que você teve um surto, eu fiquei muito preocupado e disse que chegaria aqui pela manhã. –Seus braços me apertaram mais, me mantendo mais colada a ele. –Eu só tenho você na minha vida, se eu te perder não sei o que faço. –Sussurrou e senti meus olhos marejarem, era ótimo ter ao menos uma pessoa que se preocupasse tanto com você.

–Você também é a única coisa que eu tenho Jer, e eu juro que nunca irá me perder. –Beijei sua mão que acariciava as postas de meus cabelos e ele sorriu.

–Por quanto tempo ficará aqui? –Perguntei suspirando tristemente.

–O quanto você precisar, hoje tirei o dia de folga para ficar com minha irmãzinha. –Não pude deixar de abrir um sorriso gigante. Hoje com certeza seria um ótimo dia, e ótimo dia é uma coisa difícil de acontecer aqui na clinica.

Me aconcheguei em seu colo, ouvindo ele contar sobre seu trabalho como advogado e sobre as viagens que andou fazendo, eu ficava me imaginando no lugar dele, como meu irmão tem sorte, ele é incrível e tem a vida que eu desejo a anos.A porta do quarto se abriu interrompendo meus devaneios.

–Desculpe interromper, mas está na hora de seus remédios. –Lorena me entregou os dois copinhos de plásticos e eu abri um sorriso falso para a mesma, esperando que ela saísse do quarto para que eu jogasse as pedrinhas de remédio para de baixo no meu colchão.

Lorena se retirou do quarto e eu passei meus dedos pelo colchão procurando pelo buraco familiar que havia feito no mesmo, assim que achei comecei a colocar os remédios um por um dentro do buraco notando os olhos de Jeremy se arregalarem.

–Lena?Você não toma os medicamentos? –Perguntou segurando meu pulso.

–Não. –Dei de ombros soltando meu pulso e voltando a colocar os remédios no buraco.

–Assim você nunca irá se curar, eles servem para te ajudar.

–Jer, esses remédios são feitos para me dopar, para evitar a dor de estar abandonada, não adianta para curar a depressão, ao menos enquanto eu tomava não notei minha melhora então... –Coloquei o ultimo remédio no furo e tomei a água do outro copo. –Parei de tomar. –Completei.

–Nunca pensou que eles podem colocar remédio na água? –Seus olhos castanhos estavam curiosos, ele nunca me fez muitas perguntas por que sempre que nos víamos era no máximo por cinco minutos.

–Eles não colocam, eu já me certifiquei disso. –Sorri orgulhosa.

–Lena eu quero sua melhora, e não parece que parar de tomar os remédios está adiantando. –Falou me relembrando do dia anterior, senti minhas bochechas corarem.

–Aquilo foi um surto, não vai se repetir eu prometo. –Na verdade eu não poderia prometer aquilo por que não tinha controle sobre isso, mas para deixar meu irmão mais tranqüilo eu finjo prometer.

–Espero mesmo minha irmã. –Pegou minha mão e acariciou a mesma.

–Jer se me der licença eu vou tomar um banho. –Falei apontando para minhas roupas e fazendo uma cara de nojo.

–Tudo bem, estarei te esperando. –Sorriu e eu fui em direção ao meu armário.Peguei uma calça jeans escura e uma camiseta rosa, minha roupa intima e caminhei em direção ao banheiro.

Me despi e entrei embaixo da água quente que escorria pelo meu corpo me relaxando, eu amava essa sensação, me tranqüilizava. Peguei o pedaço de sabonete que estava sobre a pia e comecei a massagear meu corpo com ele. Logo em seguida usei meu shampoo para massagear meus cabelos, acabando me sequei e vesti minhas roupas.Sai do banheiro e novamente o vento gelado fez um arrepio percorrer meu corpo, corri até a cama e me aconcheguei embaixo das cobertas ouvindo Jer rir da minha situação.

–Ta com frio é? –Perguntou e eu concordei rindo. –Deixa eu ir fechar a janela. –Se levantou e caminhou até a janela que estava com metade aberta, a fechou e o vento parou de me incomodar, sorri para o moreno e o mesmo se jogou na cama.

–Obrigado. –Sorri.

–De nada. –Retribuiu o sorriso. –Então Leninha, quem é o seu médico novo? –Abriu um sorriso malicioso e eu rolei os olhos.

–Damon. –Dei de ombros. –Por que o interesse?

–Soube que foi ele quem te acalmou ontem. –O sorriso se ampliou e eu suspirei.

–Lorena anda muito fofoqueira. –Soltei e ele riu.

–Ela faz o que eu mando.

–Mas eu não quero um vigia, quero um irmão. –Falei manhosa.

–Eu sou um pouco dos dois. –Me abraçou. –Eu me preocupo com você baixinha.

–Eu sei me virar Jer. –Sussurrei e ele beijou o topo da minha cabeça.

Não demorou muito e novamente Lorena entra no quarto avisando que minha aula de artes começará em alguns minutos, aviso que já estou a caminho e ela se retira do quarto.Levanto-me da cama e pego um casaco no meu armário, visto e ele e viro-me para Jer.

–Quer me ver pintar coisas idiotas? –Sorri.

–Adoraria Lena, mas estou morrendo de fome, vou tomar um café e mais tarde apareço na sua sala de artes. –O sorriso no meu rosto murchou, mas eu assenti e caminhei até a porta.

Depois de uns trinta passos cheguei ao meu destino. A sala estava lotada de pessoas uma coisa que eu não gostava, mas por obrigação precisava suportar. Sentei-me na mesa mais afastada que encontrei, respirei fundo e esperei Lorena trazer uma folha branca para que eu pudesse rabiscar.

–Elena querida? –Lorena disse segurando a folha entre seus dedos finos. –Hoje o Damon supervisionará você durante essa aula. –Ela sorriu e eu bufei.

–Tenho uma nova baba agora. –Falei irônica e Lorena riu.

–Nunca pensei que tinha cara de baba. –A voz de Damon ecoou pela sala e eu olhei na direção em que a voz vinha e encontrei o moreno sorrindo com as mãos nos bolsos de suas calças jeans e seus olhos estavam brilhando, tentei conter o sorriso que insistia em querer aparecer.

Desviei meu olhar do dele e me concentrei na folha branca que estava nas mãos de Lorena. Ela me entregou a mesma e saiu do local. Peguei um lápis de cor e comecei a passear com ele pela folha. Achei que o desenho estava ficando bom, aquilo estava me lembrando à rua aonde eu costumava viver antes de ser trazida para cá.

–O que isso significa exatamente? –Damon perguntou.

–Não sei, acho que a rua onde eu morava. –Dei de ombros.

–Sente falta da sua casa ou família? –Se debruçou sobre a mesa ficando perigosamente perto de mim. Senti meu coração se acelerar e minha respiração se alterar.

–Nem um pouco, minha família me abandonou não tenho por que sentir saudades. –Não sei por que estava contando a ele essas coisas, mas senti necessidade.

–Não pensa em perdoá-los? –Ergueu uma sobrancelha. Assim que fitei seus olhos um arrepio estranho passou pelo meu corpo, tentei quebrar o contato, mas era mais forte que eu.

–Não cansa de fazer perguntas? –As palavras saltaram da minha boca e o moreno quebrou a ligação dos nossos olhos.

–Eu preciso te conhecer melhor. –Ele disse.

–Para me usar como experiência? –Soltei uma risada pelo nariz enquanto rabiscava a folha com o lápis azul.

–Para te ajudar a sair daqui.

Liberdade, isso era o que eu mais desejava desde que entrei aqui. Cheguei a cogitar a idéia de fugir uma vez, mas fui pega pelos seguranças e eles só aumentaram mais a quantidade de remédios que eu costumava tomar.

– Vai entender quando que eu sou louca? E pelo o que eu saiba não existe cura para isso – soltei as palavras e ele arregalou os olhos

– Como pode dizer isso de você? – perguntou cuidadoso

– Ouço isso de todos, família, médicos, agora até meu subconsciente grita essa palavra pra mim. – dei mais algumas pinceladas longas no desenho – E o ultimo enfermeiro disse que seria mais fácil para mim mesma “aceitar” minha doença. – dei de ombros

– Vamos fazer um acordo, ok? – me fitou profundamente com seus olhos azuis – Eu vou provar para você que você não é louca, mas em troca vai me conceder um café no Starbucks assim que sair da clinica – sorriu largo pra mim, e não pude deixar de sorrir de volta, é raro eu me sentir bem perto de alguém, mas como eu disse Damon me traz uma paz indescritível.

– Fechado – sorri divertida – Mas não me culpe se você se decepcionar ao perceber que sou louca de pedra mesmo – gargalhei e ele sorriu de lado

– Que tal parar de ser chamar de louca dona Elena? – passou a mão em meus cabelos colocando uma mecha de meus fios castanhos atrás da minha orelha, pela primeira vez não fiquei enojada e não senti vontade de sair gritando por alguém que não fosse Jer ou Lorena estar tocando em mim.


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Notas finais do capítulo

A um aviso, o próximo capitulo será com Pov Damon para vocês entenderem como ele vê a Elena.

Gostaram?Odiaram?Comentem e deixem duas escritoras felizes :)xx