Capítulo 5: Descoberta

- Se isso for obra daquela rena idiota, eu faço seu querido irmão em pedacinhos asgardianos. – Comentou Tony Stark, dando voltas em círculos pela sala de reunião.

- Não vejo como ele seria capaz de fazer isso. Está em uma cela em Asgard. – Defendeu-se Thor, o deus do trovão.

- É claro que você não vê. Se visse tudo o que ele faz, teria jogado seu irmão de uma montanha quando teve chance. – Comentou Stark amargamente. Era nítido que ele não sabia o que fazer.

Bom, os Vingadores estavam em reunião na Torre Stark. Todos: Steve Rogers, Tony Stark, Bruce Banner, Thor, Natasha Romanoff, Clint Barton e Gambit. Nick Fury os chamara a fim de contar algo surpreendente. Porém, até agora não chegara para dar a tão esperada notícia. E, enquanto todos o esperavam, a energia da Torre Stark simplesmente caíra.

Obviamente, Tony Stark estava aturdido com tal acontecimento. Isso porque a energia da Torre Stark era auto-sustentável com base no Reator ARC. Não poderia simplesmente ser desligada. A coisa toda funcionava sozinha, fornecendo energia praticamente ilimitada a Torre, de modo que simplesmente ter se desligado gerava um murmúrio entre todos naquele recinto.

- Alguém desligou a Torre. – Afirmou Natasha, cruzando os braços. Ela estava de pé ao redor da mesa em que todos se encontravam.

- Querida, ninguém desliga uma energia como a do Reator ARC. Isso é impossível. – Disse Tony, resignado.

- Impossível? Devia ter tirado essa palavra do seu vocabulário desde que o Loki quase destruiu a Terra... – Comentou Steve, indiferente.

- Ora, agora o Picolé resolveu fazer piadinhas? Vamos ver, vamos ver... – Replicou Stark.

- Será que estamos sob ataque? – Indagou Banner, falando calmamente, apesar das circunstâncias. – Quer dizer... O Fury ainda não apareceu. A energia foi cortada. Acho que devemos dar uma olhada...

- Concordo. – Disse Steve, levantando-se.

- Galera... Acho bom ver isso... – Comentou Barton, olhando por uma persiana para fora da Torre.

- Ninguém além de você enxerga no escuro, esperto. – Comentou Tony.

- Não... Lá fora... – Corrigiu Barton.

Todos se dirigiram para a janela. Como estavam no segundo andar, era possível observar o lado de fora com perfeição. Somente a energia da Torre Stark tinha sido desligada. Ao redor, as ruas, as casas, tudo estava sob perfeita ordem. A exceção de uma coisa... No chão, em frente à Torre, uma figura pequena jazia inconsciente...

- Que esquisito... O único lugar sem energia é aqui. O resto parece normal. – Comentou Steve, alarmado.

- Tem uma garota lá embaixo... – Comentou Natasha, olhando atentamente.

- O que você chama de garota, eu chamo de armadilha. – Disse Gambit pela primeira vez.

- Senhores, acho que vamos dar uma voltinha... – Convidou Stark animadamente.

- Você também vem, francês. – Chamou Stark, referindo-se a Gambit.

Gambit, ou Remy LeBeau, não fazia parte dos Vingadores oficialmente, mas Nick Fury o mandara para lá porque achava que os Vingadores precisavam de alguém com algum conhecimento de magia.

Era o terceiro encontro de Gambit com os Vingadores, de modo que este ainda não estava totalmente à vontade, principalmente com as piadinhas de Stark. Remy era alto e magro, porém atlético. Tinha os cabelos lisos no tom de mel e levemente desarrumados. Usava sempre um chapéu que escondia esses fios e os olhos castanhos. Olhos que viviam mudando de cor, ora vermelhos, ora pretos. Ele tinha o semblante sério e cara de poucos amigos, falando o estritamente necessário sempre com ares de mistério. Tinha um sotaque francês característico, mas sabia a língua local com perfeição. Vivia jogando cartas pelos cantos ou brandindo seu bastão.

Assim, todos seguiram para a frente da Torre Stark.

Anne sentiu que caíra no chão. A dor cessara completamente, o que era estranho. Mas, mais estranho do que isso era a sensação que ela tinha. Como se pudesse sentir ao seu redor tudo que era capaz de se movimentar. Definitivamente, algo não estava bem. Anne decidiu que buscaria ajuda assim que conseguisse se levantar, mas ainda estava fraca.

Steve Rogers foi o primeiro a deixar a Torre. Ele caminhou seguramente até a figura da garota que ele via no chão. Experiente em guerras, agiu como se resgatasse um soldado ferido em combate. Ele ajoelhou-se ao lado da garota e virou-a, de modo que pudesse ver seu rosto.

- Ei, garota, você está bem? – Perguntou ele, dando tapinhas no ombro de Anne.

Anne abriu os olhos, sentindo que a giravam. Ela observou o cara em sua frente. Apesar de a máscara ocultar seu belo rosto, ela o reconheceu de pronto. Capitão América. Apesar de ter certeza de que delirava, resolveu conversar mesmo assim:

- Não... Olha, amigo, meu irmão deve estar me procurando...

Capitão America riu, ao ver que a menina girava os olhos como se estivesse em órbita.

- Você tem nome? – Perguntou ele, ajudando Anne a se sentar no chão.

- Anne. Anne Stein. – Respondeu ela, ainda tonta.

- Bom, Anne, vamos chamar uma ambulância... – Disse Steve.

Mas Gambit se aproximou, letal.

- Saia daí, Capitão. Essa garota é uma mutante! – Alertou ele, ao que Steve levantou-se de pronto.

- Eu sou o que? – Indagou Anne, confusa, tentando levantar-se do chão.

- Eu senti o seu poder de longe, garota. Você desligou a energia da Torre Stark. Pra quem você trabalha? – Perguntou Gambit, levantando-a agressivamente do chão. Ele segurou Anne pelo pulso e a fez levantar-se.

- Cara, eu não sei do que você está falando... – Disse Anne, ainda mais confusa e irritada.

Como ela poderia ter desligado a energia do prédio mais moderno do mundo? Ou, pior, como poderia ela ser mutante? Ela estava sendo atacada por um bando de caras fantasiados e ela que era louca? Anne desvencilhou-se do aperto de Gambit e recuou alguns passos, falando no tom mais ameaçador que pôde pensar:

- Fica longe de mim...

Foi aí que percebeu. Uma carga elétrica perpassou seu corpo, iluminando-a momentaneamente. Anne não teve tempo para se sobressaltar. Percebeu que Gambit planejou um ataque de volta. Ele esticou os braços no ar e fez alguns movimentos, ao que cartas de baralho apareceram no ar e seguiram com sincronia o movimento de suas mãos. Anne não sabia o que aquilo significava, mas sabia que problema era uma bela definição.

- Eu que determino as regras, mutante... – Ameaçou Gambit.

Foi então que Anne concentrou-se em Gambit. Novamente, aquela sensação a tomou. Era como se captasse o movimento de cada átomo presente no corpo do homem que a atacava. Além disso, sentiu que, inexplicavelmente, seria capaz de fazer o que quisesse com aqueles átomos.

Anne olhou para Gambit, sentindo cada movimento, e o desligou.

Simples assim, o homem caiu no chão desmaiado. As suas cartas de baralho, outrora no ar, também desmoronaram uma a uma, e caíram sobre o corpo do homem que tentara atacar Anne. Ela o desligara. Como se tivesse apertado um interruptor comum. Simples assim.

- Ai meu Deus! – Anne arquejou, olhando para suas mãos.

- O que essa garota fez? – Indagou Tony, aproximando-se da cena.

- Ele não está morto. Só... Inconsciente. – Avisou Steve, medindo a pulsação de Gambit.

Natasha também se aproximou, amparando Anne antes que ela caísse no chão.

- Fique calma, está bem? Nós vamos levá-la até a SHIELD. Isso está parecendo algum processo de mutação, mas estudaremos o caso melhor...

- Me desculpa, mas eu fiquei com raiva desse cara... Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas sei que tem algo estranho... – Comentou Anne, sentindo que choraria.

- Não se preocupe. Todo mundo tem raiva dele. – Finalizou Natasha.